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terça-feira, 18 de março de 2008

Reflexões sobre o ciberespaço
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Nádia Sousa
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A Comunicação ganhou um aliado que ultrapassa todas as barreiras com uma velocidade incrível. Através de avanços tecnológicos, as redes digitais multimídias encurtaram as distâncias, possibilitando-nos partilhar o ambiente virtual e a interatividade; com uma veiculação que, além de ser imediata, propicia o envio e recebimento de imagens, sons e informações diversas.
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No ciberespaço a comunicação deixa de ser apenas unilateral. Há espaço para interconexões generalizadas que se auto-organizam e se retroalimentam continuamente. A partir da hipertextualidade, a web deixa tudo em contato com tudo. Basta selecionar o assunto que lhe interessa e, com a praticidade de um clique, projeta-se na tela o conteúdo requerido. O hipertexto não é linear, é composto por fragmentos de informação que dão margem à sua interpretação. A possibilidade da articulação do discurso à imagens, mapas, diagramas e sons, valoriza a estruturação dos textos (arquitetura da informação). A leitura deixa de depender de um código de reconhecimento totalizador, pondo em xeque as articulações definitivas.
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A pragmática da Internet desfaz a polaridade entre um centro emissor ativo e receptores passivos. Cada um torna-se potencial emissor e receptor, num espaço qualitativamente distinto. Naturalmente as pessoas vão se unindo, de acordo com seus interesses comuns, numa paisagem coletiva de sentido e saber. Não há filtros de avaliação. Isso desfaz os limites demarcados por instituições hegemônicas e pela mídia. Não existem na web rotas pré-estabelecidas de leitura. O receptor escolhe o que quer, na hora que quer e na freqüência que quer. Portanto, a Cibercultura universaliza sem totalizar, “mundializa” modos de organização social contrastantes, sem favorecer pensamentos únicos.
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A Internet situa-se na base de criação de uma fronteira que é simultâneamente física e abstrata. Por um lado é independente de atributos físicos e por outro revestida de carga simbólica, apta para ampliar as percepções da realidade. No ambiente virtual das redes digitais, os códigos de conduta vêm de dentro, devem ser aceitos pelos usuários e adaptados às práticas e tradições dos grupos.
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A ética interativa infiltra-se nos grupos e listas de discussão, conferências eletrônicas e chats (salas de bate-papo). Os usuários formam comunidades autônomas de tamanhos substantivos, predispostas a responder estímulos associativos. Entretanto, devido à inexistência de protocolos rígidos de controle, existe também o uso de pseudônimos eventuais, abusos e atitudes deletérias. Sim, o ciberespaço tem sofrido transgressões inconcebíveis, motivando a organização de uma “ciberética”, para que possa haver uma autogestão democrática e o necessário combate aos bandidos digitais.


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