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sexta-feira, 28 de março de 2008

Participação, cidadania e protagonismo juvenil
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A atividade dos jovens no campo social é, hoje, significativamente diferente daquela que ocorria 20, 30 anos atrás. No brasil, se na época do regime militar a principal forma de participação social de jovens dava-se por intermédio de partidos políticos, agremiações estudantis ou grupos religiosos, atualmente há uma enorme multiplicidade de formas de expressão, intervenção e organização juvenil. Um novo conceito começa a ser usado para se referir a essa realidade: protagonismo juvenil.
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Esse conceito incorpora a idéia de que o jovem não é um ser passivo – seja na família, escola ou comunidade, seja em relação ao seu próprio desenvolvimento. Ele é protagonista, pode participar da construção de sua realidade (individual e coletiva). Não que o jovem seja, por natureza, um protagonista. Mas é muito comum ouvir dele que gostaria de fazer algo pela sociedade. É evidente, também, que o papo rola mais solto entre os jovens, do que entre estes e os adultos – faz parte da questão da constituição da identidade, muito presente na adolescência. Esse fato pode se constituir em uma grande força para a prevenção.
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A população jovem chega a representar 31,8% do total de habitantes do Brasil. Entretanto, não foram elaboradas com a devida antecedência políticas públicas específicas, exigidas por uma “onda jovem” que ainda deverá predominar por pelo menos uma década. Como resultado, multiplicam-se problemas que afetam diretamente grande parte da juventude brasileira, como dificuldade de acesso à educação de qualidade e ao lazer criativo, extrema vulnerabilidade à violência e alto índice de desemprego.
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O jovem não se vê como parte integrante da sociedade. Quase sempre, as decisões que lhe dizem respeito são tomadas sem que seja consultado. Também são freqüentes os eventos que tratam da realidade do jovem falando por ele e para ele, sem ouvi-lo. O seu protagonismo ainda é pouco reconhecido.
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De maneira geral, predomina uma descrença no potencial da juventude. O idealismo e o interesse do jovem são considerados passageiros, fruto de uma crise da adolescência. Consequentemente, costumam ser desqualificados. Existe, também, o medo de que, ao se incentivar a liberdade de ação e a autonomia do jovem, perca-se o controle sobre ele, abrindo espaço para atitudes rebeldes e/ou revolucionárias.
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A sociedade ainda costuma cobrar a participação do jovem segundo parâmetros definidos décadas atrás. Caso não tenha um comprometimento político-partidário explícito, geralmente o adolescente é considerado “alienado”. O alto grau de rejeição ao modelo vigente, flagrante no reduzido número de jovens de 16 e 17 anos que vêm exercitando o direito ao voto facultativo, ainda não foi compreendido em toda a sua extensão. Com isso, alternativas de participação para a juventude não vêm sendo devidamente valorizadas.

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