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quarta-feira, 16 de julho de 2008

Teatro do Oprimido
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Clóvis Domingos dos Santos
Ricardo Carvalho de Figueiredo
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Nesta quinta-feira (17/07) o Centro de Referência da Juventude Ilma Suzete Gama (CRJ Funcionários I) terá a honra de receber o espetáculo "Pedras, sonhos, nuvens. Nossos sonhos são os mesmos dos nossos pais?", do Grupo de Teatro do Oprimido de Santo André - Revolução Teatral. O evento comeca as 15h, no auditorio do CRJ. A entrada é franca e todos estão convidados a participar.
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O Teatro do Oprimido é um conjunto de jogos, exercícios e técnicas teatrais, idealizado pelo teatrólogo Augusto Boal, que tem por objetivo resgatar, desenvolver e redimensionar o teatro, tornando-o um instrumento eficaz na compreensão e na busca de alternativas para problemas sociais e interpessoais. Suas vertentes: pedagógica, social, cultural, política e terapêutica se propõem a transformar o espectador (platéia) em protagonista da ação dramática (sujeito criador e transformador), estimulando-o a refletir sobre o passado, transformar a realidade no presente e inventar o futuro.
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No jogo dramático, o oprimido ensaia uma transformação de suas atitudes e ressignifica as informações essenciais para a vida. Pensa sua prática, sua atuação no mundo. No Teatro-Imagem as questões, problemas e sentimentos se transformam em imagens concretas. Através da linguagem das imagens, busca-se então a compreensão dos fatos e uma possibilidade de releitura dos mesmos.
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Dessa forma, o Teatro caminha com a Educação quando propõe que o homem se perceba com mais profundidade, se transforme pelo contato com o outro, se aprimore pelo exercício artístico e assim derrube todas as correntes que insistem em aprisioná-lo à formas, rótulos e conceitos.
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O sistema de jogos teatrais permite reivindicar o teatro como conteúdo relevante em si. Permite também que os alunos experimentem o fazer teatral (quando jogam), desenvolvam a apreciação e a compreensão estéticas da linguagem cênica - quando assistem a outros jogarem - e contextualizem historicamente seus enunciados estéticos, durante avaliação coletiva e quando se auto-avaliam.
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Sobre o fazer, a apreciação e a contextualização da comunicação teatral no sistema de jogos teatrais: contextualizar, como explica Ana Barbosa é “estabelecer relações”. Portanto, a contextualização pode ser de natureza histórica, social, psicológica, etc. A articulação entre o fazer artístico e a apreciação estética ou a leitura da linguagem artística só é possível por meio da contextualização. E o teatro é o lugar privilegiado para esta transparência uma vez que ele amplia o foco sobre as imagens que construímos como o nosso trabalho artístico. Ler o mundo com mais criticidade.
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segunda-feira, 14 de julho de 2008

Um passeio pela Educação Pública
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Gleydson Francisco
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Em uma pesquisa realizada entre 20 e 30 de maio de 2008, com alunos do ensino público de João Pessoa, foram detectados vários problemas relacionados à Educação. O principal objetivo era saber como anda o nível de aprendizagem no município de João Pessoa. Na ocasião foram pesquisados aproximadamente 400 alunos da rede pública e privada de ensino da Capital, nos níveis fundamental e médio.
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Com as respostas lógicas e criativas dos estudantes foram surgindo os problemas. E o campeão de votos foi: a dificuldade no entendimento dos conteúdos de Matemática e Português. Houve ainda uma pergunta sobre o conceito de Educação. Inúmeras respostas foram mencionadas. Então aproveitamos para avaliar a dinâmica dos grupos em sala de aula, o comportamento e a aprendizagem. Nesse contexto, a professora de Química Maria das Neves (Nevinha) comentou que “a Educação é a base, pois vem da família. A escola é apenas um mero instrumento no processo de desenvolvimento do aluno”.
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As escolas da Rede Estadual nem sempre acompanham o desempenho das particulares, pois nessas instituições os alunos se interessam mais, os pais cobram bons resultados, e isso tudo contribui para o desenvolvimento do estudante. Todavia, ressaltamos que o colégio Papa Paulo VI, localizado em Cruz das Armas, não fica para trás. Recentemente comemorou aniversário de 30 anos de ensino, recebendo a visita de seus alunos e ex-alunos, profissionais de todas as áreas e professores. Apesar da boa fase, a diretoria comentou que a falta de professores nas áreas de Filosofia e Sociologia faz a escola descumprir o regulamento Federal, que menciona a necessidade dessas matérias para o Ensino Médio.
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Situação parecida ocorre na Escola Municipal de Ensino Fundamental Zulmira de Novais, também localizada em Cruz das Armas. Na opinião de Tereza Lúcia Albuquerque, diretora do colégio Zulmira, a família deve ser um dos pontos principais nas pesquisas da psico-pedagogia escolar. Revelou que muitos alunos realizam brincadeiras maldosas, sempre voltadas para violência e alienações televisivas. A escola preocupa-se com isso e busca formas de instruir os jovens à cidadania, como ocorre no ProJovem.
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Ainda observou que atualmente os docentes visam muito o dinheiro, mas isso não é tudo. “Enquanto não repensarmos algumas questões, a Educação no Brasil continuará muito a desejar. Antigamente os estudantes faziam de tudo para não perder uma aula. Hoje juntam uma turminha e dizem: ‘não queremos assistir aula; vamos ali tomar uma cervejinha’. É por isso que todo dia oriento meu filho a enfrentar seus limites e nunca desistir dos seus ideais, pois nunca é tarde para lutar! No próximo ano estarei me aposentando e não sei o que será de mim sem meus alunos, que também são meus filhos. Aprendemos a cuidar deles com amor”, comentou a diretora.
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Todos os dias são apontados problemas e soluções para o ensino. Mas apesar de tudo, resta um pouco de esperança, como disseram alunos da escola Cônego Nicodemos Neves, situada nos Funcionários 1. A instituição passa por difíceis problemas estruturais em suas instalações, há mais de um ano, prejudicando seus alunos em diversos aspectos.
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Enfim, o breve relato que apresentamos aqui é a pura realidade do Ensino Público em escala nacional. Enquanto cidadãos devemos lutar por melhores condições, pois como dizia Voltaire: “discordo do que dizes, mas lutarei até a morte para que conquistes o direito de ser e de dizer”. Essa garra e objetividade estão faltando nos nossos estudantes. Vivemos em uma sociedade democrática, onde juntos temos força e poder para transformar. Basta ir à luta, ter ideais bem definidos, pois a revolução educacional deve começar em cada um de nós!
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Sobre o conceito de cultura
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Bruno da Veiga
Laura Duarte
Lia Vasconcelos
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O interesse científico pela cultura como uma variável explicativa do desenvolvimento, abordando-se dimensões simbólicas como valores, crenças e orientações partilhadas entre os membros de uma sociedade, vem crescendo e ganhando novos contornos a partir da década de 1980.
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O antropólogo Cliford Geertz define a cultura como o sistema de símbolos significantes partilhados socialmente, os quais sustentam a construção de mundo dos grupos sociais, e não apenas padrões concretos de comportamento – costumes, usos, tradições, hábitos. Para o autor a cultura tem que ser antropologicamente entendida através da análise integrada de fatores biológicos, psicológicos, sociológicos e culturais. Entretanto, o conceito preciso de cultura é tão impossível para ele como para Laraia (2003) ao considerar que desvendar a cultura de forma precisa seria desvendar a própria natureza humana.
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Duas questões abordadas por Geertz são fundamentais na observação das relações entre atores nas relações sociais: i) a cultura não é um fator explicativo dos acontecimentos sociais, comportamentos, instituições ou processos, mas sim um contexto onde eles podem ser descritos para uma tentativa mais eficaz de compreendê-los; e ii) a abordagem semiótica de seu conceito permite conversar com os sujeitos da ação por meio da compreensão do mundo conceitual onde vivem.
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Ainda segundo Geertz “os valores são produtos de nossa cultura, assim como as idéias, atos e até mesmo as nossas emoções”, ao que acrescenta Laraia (2003) “a visão de mundo, comportamentos sociais e posturas corporais que são frutos do operar da cultura produzida, transmitida, reproduzida e retransmitida intra e inter gerações”.

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Maturana (2002) debate oportunamente sobre a lógica que está por trás da conduta ou da interpretação de mundo dos atores, apontando que a negação em uma relação social ocorre mais acentuadamente devido a diferenças ideológicas e não no campo da lógica. Ou seja, o sujeito traz consigo orientações (culturais) que impedem que as diferenças reconhecidas em uma dada relação social possam ser aceitas. Neste caso, não haveria uma aceitação mútua entre os atores, resultando no que o autor chama de “relações não sociais”.
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Para o autor a cultura – o tipo de comunidade que o sujeito traz consigo e que se forma na infância e juventude – condiciona a convivência social não em um processo estático, mas certamente com efeitos de longa duração. Isto implica na visão do autor que uma nova sociedade pressupõe a construção de novas identidades (novos valores e visões de mundo), e não simplesmente o estímulo à mudanças na atividade humana: um novo fazer sem a devida reflexão sobre o ser.
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sexta-feira, 11 de julho de 2008

Blogs fazem jornalismo?
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Marinilda Carvalho
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Analistas de imprensa aproveitaram o fiasco dos blogs de política nas eleições americanas para voltar a um velho debate - entenda-se "velho" segundo os padrões de tempo das novas mídias - que parece nunca terminar: blogs fazem jornalismo?
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Teóricos de valor e sem valor já definiram de muitas formas o que é o jornalismo. Blogs também, mas talvez a definição mais instigante seja "ruído aleatório no isomorfismo do noticiário". Se a maioria dos profissionais de jornalismo responde não à pergunta do título, muitos jornalistas criaram blogs e muitos jornais incorporaram blogs a suas edições online. Então, o "ruído" dessa mídia alternativa é cada vez mais alto, atraindo especialmente leitores insatisfeitos com a grande imprensa. E aí parece estar o "xis" do debate. De que blogs estamos falando?
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Para o jornalista canadense David Akin, comentarista de tecnologia que acha essa discussão entediante, há três coisas que distinguem o jornalismo: a) um contrato, uma compreensão entre leitor e jornalista sobre quem paga as contas. Os leitores do jornal The Globe and Mail (onde Akin trabalha) sabem que as contas, inclusive os salários dos jornalistas, são pagas pela venda de anúncios. Um leitor precisa saber quem está pagando as contas, para determinar a validade das notícias apresentadas; b) Um leitor tem algum senso da existência institucional do sistema: ele sabe que na ausência de um jornalista alguém tomará seu lugar, mantendo o contrato. É jornalismo quando se tem um sistema que garanta a produção das informações. Então, o jornalismo precisa existir numa instituição? Sim. c) no jornalismo, o leitor pode contar com a regularidade. Este é também um ponto do contrato entre jornalista e leitor. Enquanto jornalistas podem escrever esporadicamente, o sistema trabalha com um deadline – pode ser de ano em ano ou de hora em hora. O leitor procura e acha. Sabe que pode contar com aquela regularidade.
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Empresas jornalísticas
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Steve Outing, editor do (www.poynter.org), diz que "quando um blogueiro inteligente e com bom público dá uma informação exclusiva, ela se espalha como fogo no mato; outros blogs a reproduzem, eventualmente a grande mídia a desenvolve". Tais "blogueiros" ostentam anúncios em seus sites, recebem doações de leitores, são hóspedes "de cortesia" de grandes provedores. Contratam ajudantes, montam pequenas (e até grandes) redações. Alguns têm a cara da grande imprensa online. São blogs? Dificilmente. Antes empresas jornalísticas, mesmo que em escala menor.
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Em fevereiro de 2003, Phil Ringnalda, um dos programadores da Pyra Labs, a "empresinha" de São Francisco que criou o Blogger, resumiu as questões cruciais desse debate. Cansado da pergunta "Blogs fazem jornalismo?", que considera imbecil, ele escreveu em seu blog (http://philringnalda.com/blog): "Todo artigo de jornal e revista parece ter necessidade de perguntar isso, e geralmente responde ‘Não!’ (...) Diabos, sim! E o que é melhor, apenas com a parte divertida do jornalismo, que podemos fazer sentados, sem a parte chata."
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"Assim, ter um blog jornalístico significa cumprir a parte boa de qualquer função do jornalismo, sem nenhuma das partes chatas. Não admira que vocês continuem perguntando se 'blogs fazem jornalismo?' Não fazem jornalismo, é verdade, fazem outra coisa: trabalham pela cidadania", concluiu.
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FONTE: Observatório da Imprensa
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Transformações do corpo e da mente

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A chamada Adolescência, período de vida compreendido entre 10 e 20 anos, é uma fase bastante conturbada. Ocorrem transformações físicas e emocionais importantes, preparando a criança para assumir um novo papel perante a família e a sociedade. A criança desenvolve-se, amadurece e fica apta para usufruir sua sexualidade, firmando sua identidade sexual e buscando um par, já com a possibilidade de gerar filhos.
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A fase onde há modificações no corpo chama-se Puberdade. Ocorre a primeira menstruação nas meninas (menarca), as poluções masculinas (ejaculações espontâneas sem coito), o crescimento de pêlos no corpo, a mudança de voz nos rapazes, o amadurecimento da genitália, com aumento do tamanho do pênis e dos seios, entre outros. Mas nem sempre esta fase vem acompanhada das transformações emocionais e sociais que são o marco da adolescência. Dependendo da cultura de cada povo, a adolescência pode chegar mais tarde, independente da criança estar já bem desenvolvida fisicamente. É o caso dos países ocidentais, como os Estados Unidos e a Inglaterra ou França.
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O processo de educação continuada e a grande soma de informações, por exemplo, acabam por retardar a necessidade, por parte dos jovens, da busca de uma vida separada de seus pais. Muitos ainda moram com a família depois dos 20 anos. Já em sociedades mais simples, como em algumas regiões do Brasil, da África ou da Ásia, a necessidade de força braçal, desde muito cedo, antecipa a entrada da criança na adolescência e nas responsabilidades que lhe são devidas.
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O adolescente e sua sexualidade
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A jovem adolescente amadurece em média dois anos antes do rapaz. Busca fortificar sua feminilidade, prorrogar os encontros sexuais e selecionar um parceiro adequado para poder ter sua primeira relação sexual, o que ocorre de forma gradativa. Vai experimentando seus limites progressivamente. Os rapazes buscam encontros sexuais com mais ansiedade, geralmente, persuadindo as garotas ao sexo com eles. Em nosso meio, há uma tendência do jovem em experimentar sensações sexuais com outros de sua idade, sem necessariamente buscar uma relação sexual propriamente dita. O termo que se usa atualmente é "ficar".
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A perda da virgindade ainda é um marco importante para os jovens. É um rito de iniciação sexual, que pode ser vivenciado com orgulho ou com culpa excessiva, de acordo com a educação e tradição da família. Inicialmente, os jovens buscam apenas envolvimento sexual, testando suas novas capacidades e reações frente a sensações antes desconhecidas. É a redescoberta do corpo. Só depois procuram o envolvimento afetivo complementar passando a conviver não apenas em bandos, mas também aos pares.

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Em tempos da super informação, com a internet, a globalização, a pouca censura nos meios de comunicação de massa, há um apelo sexual freqüente e precoce, expondo os jovens à situações ainda não bem compreendidas por eles. Os adolescentes falam como adultos, querem se portar como tal e ter os privilégios da maturidade. No entanto, falta-lhes a experiência, a responsabilidade e o significado real de um envolvimento sexual. A gravidez de risco na adolescência, infelizmente, é um dos resultados desastrosos desta situação atual. A pouca informação qualificada e o precário respeito dos adultos perante as necessidades dos jovens são os verdadeiros responsáveis pelo falso e ilusório desenvolvimento do adolescente de hoje.

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FONTE: http://www.jornallivre.com.br/artigo

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sexta-feira, 4 de julho de 2008

O perigo dos anabolizantes
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Bertrand Sousa
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O mundo moderno passou a exigir um cuidado maior com o corpo e a estética. A cada dia surgem mais casos de pessoas preocupadas com a aperência, em sentirem-se mais fortes, mais bonitas. O problema é que muitas delas fazem opção por conseguir resultados rápidos através de produtos como Esteróides Anabolizantes Androgênicos (EAA).
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Segundo o professor da Academia Flipper, Sérgio Alves, a questão principal não está atrelada ao que eles fazem, mas ao que as pessoas querem que eles façam. "Sou totalmente contra a utilização de anabolizantes. Eles só deveriam ser usados para reposição hormonal ou em caso patológico (raquitismo) e com a devida orientação médica de um endocrinologista", declarou.
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Em academias grandes e pequenas existem pessoas utilizando anabolizantes de forma indiscriminada. Os instrutores afirmam que, embora não tenham conhecimento de quem esteja praticando a comercialização, isso seja uma prática comum entre os praticantes de musculação. Em algumas, chega a funcionar um comércio clandestino entre os alunos e em casos extremos, os próprios "professores" vendem as substâncias diretamente.
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Na opinião do professor da Academia Ginasium, Wilson Viana, o problema é mais grave nas academias de bairro. "Os instrutores desses locais não têm embasamento, estão querendo se promover. Eles deviam passar uma orientação correta, um treinamento adequado para atingir o objetivo das pessoas". O professor da Academia UP, José Gonçalves, concorda com a opinião e acrescenta que profissionais credenciados não indicam o uso de EAA, pois se isso acontecer e eles forem denunciados, podem perder o direito de exercer a profissão - regulada pelo Conselho Regional de Educação Física (CREF).
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A maioria dos consumidores de produtos anabólicos está na faixa etária dos 15 aos 23 anos, quando as vaidades com o corpo são maiores entre homens e mulheres. Os efeitos colaterais causados pelos anabolizantes são muitos, variam de acordo com os organismos (masculinos e femininos) e ainda estão sendo pesquisados. Deposteron, Durateston, ADE, Winstron, Equipoise, são alguns dos produtos mais conhecidos e utilizados pelos "marombeiros". Inclusive, podem ser comprados facilmente pela Internet.
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O uso contínuo pode causar nos homens atrofia testicular, esterilidade (impotência sexual), acne, calvície, crescimento da mama (ginecomastia), entre outros. Nas mulheres poder originar o agravamento da voz, hirsutismo (crescimento anormal dos pelos), ereções freqüentes e doloridas (priapismo), atrofia da mama, além de hipertrofia do clitóris. "Eu não sou contra, mas não usaria. Existem outros produtos, como os complementos alimentares que a gente compra em farmácias e academias, e que não prejudicam a saúde", afirmou Maria Betânia Vasconcelos, aluna da Academia Ginasium. De acordo com o pesquisador Carlos Magno, "nem sempre um belo corpo é sinônimo de saúde e vitalidade. E nem sempre, isso é conseguido somente através de uma genética privilegiada. A utilização de EAA deve ser evitada, justamente por não se conhecerem todos os efeitos colaterais e as causas a longo prazo do uso dessas substâncias".
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Para que serve a Web?
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Hernani Dimantas
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Ninguém sabe exatamente o que fazer com essa enxurrada de bytes que inundam a nossa vida digital. Sabemos para que serve o telefone, o radio e a televisão. A Web ainda é uma promessa, mas que tem mostrado que veio para ficar. Eu utilizo a internet para facilitar a minha vida. Consigo relacionar- me com muito mais gente do que fazia através dos meios de comunicação tradicionais. A rede é a anfetamina das conversações. Uso para trabalhar. Escovo os mercados para conhecer as tendências. A internet não é uma mídia a mais. É única, pois a convergência é só uma questão de tempo e banda. Assim como nas publicações de textos, as outras mídias se aproximam rapidamente do ambiente digital. TV pode ser assistida pela internet, qualquer pessoa pode fazer e morder uma parcela ínfima da audiência. Embora 100.000 de ínfimos formam um mercado razoável. Isso não é futuro. É realidade.
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Mas as empresas são egocêntricas. Pensam que seus negócios devam sempre girar em torno delas. Esquecem que são os mercados que ditam as regras. E na internet, além do usuário ter muito mais poder, a mensagem publicitária não atinge seus objetivos. A web não tem característica de massa. Os mercados são compostos de nichos, comunidades e de pessoas interessadas. A informação criativa está ocupando o espaço nas mentes das pessoas.
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A estratégia de marketing na web não deve ser imediatista. Estamos criando os mercados. Diferentemente da internet americana, no Brasil, estamos avançando rapidamente na infra- estrutura, mas os mercados ainda não estão desenvolvidos. Temos pouca gente on line. E não temos intimidade com a rede desde seus primórdios. Aprendemos pouco com os grupos da BBS e da Usenet. Temos que correr atrás do tempo perdido.
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Esta análise explica, em parte, o motivo da decepção empresarial. Muito dinheiro for investido para resultados inexpressíveis. Culpa- se a bolha da Nasdaq. Mas onde estavam os mercados? Não havia usuários que comprassem as grandes idéias. E será que ninguém pensou nisso!
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A vida digital continua. Somos sobreviventes da seca. Estamos recriando a internet a partir dos mercados e mostrando a força da diversidade. As pessoas conversam, criam a reputação e aparecem para o mundo. As empresas continuam caladas. Dizem estar esperando, mas ele não sabem o que falar. Empresas não conversam. E muitos empresários digitais acessam a rede através da secretária, que apenas imprime o que interessa (sic). Ficam escondidos por trás do firewall corporativo. Assim, não vão muito longe. O silêncio é fatal. A internet é uma mídia fenomenal. Mas só para quem tem paciência e conhecimento dos meandros da rede. Os resultados aparecem para que sabe conversar. Pense a longo prazo... o tempo da web é rápido.
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Dica cultural: livro
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A quinta edição do livro "O poder jovem: história da participação política dos estudantes brasileiros", de Arthur Poerner, revisada, ampliada e atualizada, foi lançada no último dia 27 de julho, na sede da Associação Brasileira de Impresa (ABI), num evento promovido pela própria ABI, em parceria com a União Nacional dos Estudantes (UNE), Clube de Engenharia e Booklink Publicações.
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Lançado há 36 anos, após o assassinato do secundarista Edson Luís de Lima Souto, o livro foi um dos primeiros a serem oficialmente proibidos depois do Ato Institucional n° 5, através de portaria do ministro da justiça Alfredo Buzaid. Uma edição clandestina foi impressa pelos estudantes na gráfica da PUC de São Paulo, em 1977. A terceira edição só pôde sair com a abertura política, em 1979, e quarta foi publicada em 1995 em São Paulo, pelo Centro de Memória da Juventude.
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Esta nova edição está sendo lançada pela Booklink e relata a participação política estudantil desde a captura do corsário francês Jean-François Duclerc no Rio, em 1710, até o encontro da diretoria da UNE com o presidente Lula, em outubro passado. Prefaciada pelo ministro da Coordenação Política e Assuntos Institucionais, Aldo Rebelo, Poerner fez questão de manter, também, os prefácios das edições anteriores, do general Pery Constant Bevilaqua - que garantiu o lançamento da 1a. edição - do acadêmico e dicionarista Antônio Houaiss e do deputado federal Lindbergh Farias, assim como o texto das orelhas do jornalista e escritor Otto Maria Carpeaux.
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Uma mídia livre, em todos os sentidos
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Wilson da Costa Bueno (*)
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Não é novidade para ninguém que a mídia tem seus vínculos e compromissos e talvez seja razoável imaginar que as coisas serão sempre assim, visto que determinadas pessoas e grupos normalmente se mobilizam para defender apenas seus interesses e manter seus privilégios. Os veículos de imprensa têm donos e, no Brasil, eles se identificam (ou são reféns ou porta-vozes) dos que detêm o poder político e econômico e que, secularmente, andam ditando as regras do jogo (que, convenhamos, não é nada democrático). Ignorar este fato é mergulhar numa santa ingenuidade.
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A maioria das emissoras de rádio nesse país está em mãos de representantes destes grupos (e seus laranjas eletrônicos espalhados por todo o lugar) e, por isso, não cumprem o papel que está reservado aos órgãos efetivamente de interesse público. A televisão (aberta ou fechada) está a mercê dos monopólios, sujeitando os cidadãos a um discurso tedioso, enjoativo, mas competente, em favor dos que se postam lá em cima, buscando recorrentemente obter benesses de empresários e governantes.
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As concessões na área da mídia constituem uma verdadeira "farra do boi" e contemplam invariavelmente os amigos dos governantes de plantão, contribuindo para aumentar o desequilíbrio entre os que já possuem tudo (ou quase tudo porque estão pretendendo sempre avançar mais sobre o nosso bolso) e os que se esfolam para sobreviver. Temos assistido, com tristeza mas sem surpresa, a disputa Sky x Abril e fica mais do que evidente nos comunicados emitidos pelos litigantes (no fundo, parceiros dos privilégios midiáticos brasileiros) que a única coisa que realmente não interessa é o telespectador, tido apenas como aquele que, ao final do processo, vai pagar a conta. Briga de cachorro grande, como a gente diz no interior, para ver quem fica com a presa, que somos todos nós.
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Nesse contexto, é fundamental louvar a realização, no mês passado, no Rio de Janeiro, do "I Fórum de Mídia Livre", um movimento que se propõe a enfrentar, com coragem e competência, o cenário desfavorável, injusto, antidemocrático que caracteriza a mídia brasileira contemporânea, onde menos de uma dezena de famílias domina o que seus súditos cinicamente costumam chamar de "liberdade de expressão". O encontro, que teve a presença de centenas de "midialivristas", aprovou uma série de propostas (um autêntico programa de luta) contra os monopólios e que não incluem apenas estratégias e ações para denunciar os abusos dos chamados "barões da mídia" (a expressão é deles e faz todo sentido), mas empenho (e pressão) junto aos governantes visando a uma maior democratização da verba publicitária que se origina do governo (o maior anunciante do País).
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Como sabemos, apesar do discurso demagógico de esquerda, os monopólios (Globo, Abril, etc.) continuam sendo aquinhoados com a verba oficial, com a justificativa de que se deve levar em conta o "custo por mil" e outros indicadores hipócritas e injustos que determinam penetração da audiência e o retorno dos investimentos. As novas tecnologias (sites, blogs, grupos de discussão etc) favorecem o fortalecimento da mídia livre e é chegado o momento de um enfrentamento necessário, com parcerias estratégicas com sindicatos não peleguistas (esse trânsito de líderes sindicais no Planalto não cheira bem), movimentos sociais autênticos (o que tem de lutas de fachada é uma beleza!), segmentos democráticos da sociedade civil, estudantes e professores de Jornalismo e sobretudo profissionais de imprensa.
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O fundamental é que a mídia se mantenha independente de verdade e não cair na sedução, comum a determinadas ONGs, de comer na mão de empresas privadas (tipo cooperativas de favelados subsidiados por construtoras, como no Real Parque, em São Paulo) ou de virar satélite de Governos que cooptam movimentos em troca de uma sustentabilidade sem dignidade, que não leva a lugar algum.
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A mídia livre tem que ser livre mesmo, e isso implica não fazer concessões de qualquer ordem para que não se veja , de uma hora para outra, no colo de corporações que têm como objetivo obter o silêncio e a cumplicidade de grupos organizados, salvando a própria pele. Há mídias aparentemente independentes, mas, que no fundo, servem a determinados interesses. Os exemplos ocorrem aos montes: uma mídia, que se diz ambiental, com páginas verdes para o Blairo Maggi, tentando vender a sua "visão sustentável"; mídias rurais com um discurso contrário aos agrotóxicos e recheada de anúncios da Monsanto, da Bayer e da Syngenta (as gigantes da biotecnologia são também as gigantes do veneno, você não sabia?); uma mídia comprometida com a saúde fazendo propaganda descarada da indústria da saúde (o FDA está sob suspeita!); ou uma mídia "cidadã" patrocinada por montadoras que estimulam a velocidade (que mata milhares de jovens anualmente), e fazem um recall por semana (só neste momento, a Volks e a Nissan confessam ter um discutível controle de qualidade) e assim por diante.
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A mídia livre deve, sobretudo, perceber as relações daqueles que a patrocinam com a mídia que aí está. Será interessante observar como reagiria a Petrobrás (que assina o site Fórum Mídia Livre) se fosse objeto de críticas oriundas deste movimento, já que, em outras oportunidades, não conseguiu, democraticamente, engolir as opiniões contrárias (a maioria justas) que os jornalistas a ela endereçaram. Não se pode ignorar que a gigante estatal anda bancando com suplementos caríssimos a mídia tradicional, que em troca garante a ela espaços generosos em suas editorias de economia (A Petrobrás tem horror a editorias de política e mais ainda de meio ambiente porque são nestes lugares que pipocam as suas vulnerabilidades).
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A mídia livre não deve ser apenas uma reação aos monopólios da comunicação, mas praticar a independência e uma voz vigilante contra todo tipo de monopólio porque são os monopólios (do petróleo, das sementes, dos fertilizantes e agrotóxicos, das construtoras, dos produtos agrícolas etc) que sustentam esta voz uníssona a favor dos privilegiados deste País, numa relação competentemente arquitetada para favorecer o capital financeiro e os grandes investidores. Precisamos de uma mídia efetivamente livre, independente, de cabeça erguida. Que não encampe, como a mídia que temos por aqui, campanhas cínicas em favor da liberdade de expressão, como a que hoje reúne grandes agências de propaganda e comunicação, monopólios televisivos, entidades de auto-regulamentação (muitas não passam de fraudes institucionais a serviço dos privilégios que proclamam combater) para impedir que a sociedade discipline os abusos de fabricantes de bebidas, montadoras, empresas de junkfood, laboratórios farmacêuticos etc. A mídia livre tem que ser livre em todos os sentidos. Não pode ser livre com moderação.
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(*) Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor da UMESP e da USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa. Editor de 4 sites temáticos e de 4 revistas digitais de comunicação.
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