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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O jornalista na era do conteúdo relevante

Silvia Ferreira
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Redes sociais, internet, propaganda interativa… Os recursos que garantem o sucesso das mídias digitais estão em pauta em todos os veículos de comunicação. Até aqui, o mercado navegou por múltiplas tecnologias, formatos e filosofias de trabalho, como a supremacia do design sobre o conteúdo, por exemplo. Por muito tempo, a máxima “uma imagem vale mais do que mil palavras” roubou a cena entre os profissionais de marketing.
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Nesse cenário, a figura do jornalista foi considerada a mais arcaica da comunicação social: “parou no tempo”, insistiu nas matérias mais completas, nas grandes reportagens. Em outras palavras, tentou continuar cumprindo o papel que lhe cabia: informar com foco no interesse público. Tentar dizer a leitores, telespectadores e ouvintes o que eles realmente queriam e precisavam saber.
.Claro, podemos dizer que Comunicação também é negócio e nem todos os profissionais são assim. Mas quem é jornalista conhece a luta diária para que essa missão seja cumprida diante dos prazos apertados e da pouca disponibilidade de recursos. São limitações que muitas vezes prejudicam não só a qualidade do produto final, mas também desestabilizam o ideal de vida que nos levou à escolha da profissão. Fizemos essa opção mesmo sabendo das condições adversas. E continuamos tentando cumprir o nosso papel, todos os dias.
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Para quem não desiste, como eu, aí vai uma boa notícia: Não somos mais “os incompreendidos”. Nosso foco de trabalho ganhou outro nome e ocupou o centro das atenções. Hoje, a “informação de interesse público” é chamada de “conteúdo relevante”. Para o novo marketing, isso significa trabalhar sobre quatro pilares que garantem o retorno de audiência: engajamento, entretenimento, conhecimento e prestação de serviço. Alguma novidade?
. Esses quatro pilares sempre estiveram na nossa listinha de critérios de noticiabilidade, aquela análise subjetiva do que vale a pena entrar no jornal ou não. Alguns aprenderam esses critérios na faculdade, outros simplesmente os tinham arraigados na natureza de ser jornalista. Como o Google não indexa pixels ou bytes, mas sim palavras, nosso espaço está garantido no futuro da web.
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A má notícia é que muitas agências digitais nasceram levantando a bandeira da modernidade, mas ainda são resistentes a esse cenário. A máxima agora mudou: beleza atrai, conteúdo convence. O consumidor da era digital é diferente e o chamado e-branding não pode ser focado na auto-promoção. De nada adianta marcar presença em blogs, sites, redes sociais e dispositivos móveis transmitindo uma avalanche de informações institucionais e incoerentes. Se elas não estiverem de acordo com aqueles quatro pilares – relembrando: engajamento, entretenimento, conhecimento e prestação de serviço – a estratégia de divulgação pode até ganhar fôlego, mas não se sustentará por muito tempo. Quem continuar “desprofissionalizando” seu conteúdo vai ficar pra trás.
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FONTE: http://blogzaz.wordpress.com
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Rede social ajuda jovens a encontrar trabalho

Com o objetivo de dinamizar o relacionamento entre fornecedores e compradores, foi desenvolvida a rede social SuperTau. Acessada em 26 países, a rede tem ofertas que vão desde a troca de lâmpadas até consultoria. O nome da ferramenta web faz referência ao “Tau”, símbolo do trabalho na física moderna, que é calculado pela divisão de energia pelo tempo, vezes espaço.
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Focados em criar uma ferramenta inovadora e que aumentasse a eficiência das transações comerciais no país, o administrador Daniel Wege, o programador Jairo Moreno e o designer Marcelo Salles, após 10 meses de pesquisas de referências internacionais em e-commerce, gestão de projetos, de pessoas e de qualidade, desenvolveram o SuperTau. A missão do site é o aumento da qualidade dos serviços e geração de economia de tempo e dinheiro para os usuários. Para isso, possui um sistema de leilão onde somente os fornecedores com os pré-requisitos estabelecidos pelos contratantes podem dar lances.
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Com cadastro totalmente gratuito e interface amigável, o site se apresenta como uma solução para a exposição de portifólio de serviços de profissionais autônomos, freelancers e empresas de todo o Brasil, e possibilita que qualquer pessoa ganhe dinheiro com suas competências, por exemplo, um estudante pode trocar uma lâmpada para alguém de seu bairro ou um consultor pode ser contratado para tirar uma simples dúvida.
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Seu sistema inovador de pré-requisitos é baseado em um conceito de gestão de pessoas, o CHAO (Conhecimentos, Habilidades, Atitudes e Outros), que permite aos usuários cadastrarem tanto o que aprenderam na escola ou com a experiência e também se possuem veículo, CNPJ, pretensão salarial e até sua agenda para trabalho remoto e presencial. E para quem ainda não possui experiência, o site disponibiliza um teste de personalidade, cujo resultado é uma lista de tarefas e ocupações para cada perfil. Além disso, o site segue uma política de gestão da qualidade baseada na ISO 9001, onde qualquer sugestão, dúvida ou crítica pode ser enviada pelo sistema de feedback do site e é recebida diretamente pelos diretores.
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FONTE: http://www.infojovem.org.br
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Habilidade e inclusão digital: papel das escolas

Flávio Rech Wagner
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O Brasil tem experimentado inegáveis avanços na inclusão digital e no acesso da população à Internet, embora os números ainda revelem fortes disparidades, conforme as regiões do país, as classes sociais e o nível de escolaridade das pessoas. Esses avanços ocorrem devido ao aumento do número de lares que possuem computadores e de pessoas que têm acesso à Internet, seja em seus domicílios, no trabalho, nas escolas, ou através de lanhouses, um poderoso instrumento de inclusão digital nas periferias das grandes cidades.
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Contudo, inclusão digital não significa apenas ter acesso a um computador e à Internet. É preciso saber utilizar esses recursos para atividades variadas, classificadas em três diferentes patamares, segundo sua relação com o exercício da cidadania. Num primeiro nível, a Internet, hoje especialmente através das redes sociais, permite a comunicação entre as pessoas, o que já potencializa formas de articulação em torno de demandas sociais variadas. Num segundo nível, a Internet viabiliza a obtenção de informações e a utilização de serviços de interesse público. Num terceiro patamar, no entanto, certamente ainda mais importante para a cidadania e a nação, a inclusão digital deve permitir a geração e a disponibilização de conteúdo, através das mais diferentes formas – geração de conteúdos multimídia, digitalização de conteúdos variados, criação de páginas e blogs, etc.
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Para uma efetiva utilização dos recursos computacionais que permitem a inclusão digital, os usuários precisam adquirir habilidades variadas, que podem ser associadas aos três patamares antes mencionados. Essas habilidades incluem, por exemplo, a manipulação dos recursos básicos de um computador dotado de um sistema operacional, tais como a utilização de arquivos de texto e de outras mídias, de diretórios e de periféricos, assim como a instalação de programas. Incluem ainda a elaboração de documentos de diversos tipos, o uso de máquinas de busca e de programas de correio eletrônico, o preenchimento de formulários eletrônicos, entre outras. Além disto, o usuário precisa ter noções básicas de segurança, compreendendo os diversos tipos de riscos inerentes à Internet, além de ser capaz de tomar as medidas básicas para evitá-los.
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A Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil, realizada anualmente desde 2005, sob coordenação do Comitê Gestor da Internet, revela não apenas o crescimento da população com acesso a computadores e à Internet, mas também o crescimento nas habilidades. Apenas como exemplos, observamos que, entre 2005 e 2009, o percentual de pessoas que declaram ser capazes de utilizarem uma planilha eletrônica aumentou constantemente, de 18% para 28%, enquanto o percentual de pessoas capazes de utilizarem um mecanismo de busca na Internet também mostrou crescimento constante, passando de 27% para 45%.
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O Brasil tem feito um grande esforço para dotar de acesso à Internet todas as escolas públicas do país, em todas as regiões, mesmo em locais de difícil acesso. O Plano Nacional de Banda Larga, em discussão neste início de 2010, deve tornar esse acesso de melhor qualidade. No entanto, a ligação das escolas em banda larga não será suficiente, se os professores ou outros instrutores que atuam nas escolas não forem capazes de transmitir aos alunos as habilidades básicas no uso dos computadores e da Internet. O verdadeiro papel da escola, em relação ao uso da Internet e à inclusão digital, só será devidamente exercido quando disponibilizar aos alunos os recursos para que eles melhor exerçam sua cidadania plena, e não apenas utilizarem a Internet como meio de comunicação, por exemplo através de ferramentas de redes sociais.
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Logo, a Informática precisa entrar definitivamente na vida escolar, especialmente nas escolas públicas, o que será possível quando os professores forem capazes de utilizar de forma mais avançada os computadores e a Internet no ensino de suas próprias matérias, como Biologia, História ou Português. Para que isso ocorra, é necessário o treinamento e a disponibilização, através da Internet ou do próprio computador da escola, de ferramentas e de conteúdos didáticos de boa qualidade, em língua portuguesa.
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Jovens sabem usar computadores e Internet, assim como todas as outras tecnologias modernas, de forma muito mais efetiva, provavelmente por adquirem habilidades de modo mais natural, pela curiosidade e criatividade próprias à idade. As estatísticas mostram que as faixas etárias de 10 a 24 anos de idade apresentam percentuais muito mais elevados de domínio de habilidades no uso do computador e da Internet do que as demais. Assim, esforços feitos através das escolas terão impacto muito mais eficaz do que aqueles dirigidos às outras faixas etárias.
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Este é um esforço cujo resultado definitivo só virá em longo prazo, aliás como todos os esforços relacionados à educação, portanto não devemos nos iludir em relação a milagres de curto prazo. Possivelmente, uma geração de professores e estudantes irá passar antes que as escolas estejam efetivamente equipadas para realizarem a verdadeira inclusão digital. Ainda que alguns atalhos possam e devam ser tomados para que se aumente essa inclusão no curto prazo, em especial para populações de baixa renda ou de baixo nível de escolaridade, enquanto as habilidades essenciais ao exercício da cidadania através do computador e da Internet continuarem a ser adquiridas por meios informais, os avanços serão lentos e pouco eficazes.
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Para que esse esforço seja bem conduzido, os cursos de licenciatura precisarão reforçar com urgência o treinamento dos futuros professores no uso da Informática, não apenas em termos de habilidades que correspondem aos dois patamares iniciais de inclusão digital, mas especialmente com ênfase na geração de conteúdos, a fim de que possam chegar ao terceiro patamar, no qual se exerce a cidadania plena. Desse modo, poderemos vislumbrar um atalho necessário e que pode trazer resultados no curto prazo: o treinamento maciço de professores de primeiro e segundo grau para uso da Informática, em especial visando à melhora didática em suas próprias matérias. No entanto, apenas agora o MEC começa, de maneira ainda muito incipiente, através de iniciativas como cursos a distância dentro do programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), a oferecer treinamento aos professores das escolas públicas.
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No Brasil o uso da Informática na escola tem sido objeto de pesquisas acadêmicas há muitos anos. A Sociedade Brasileira de Computação (SBC), por exemplo, promove o Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, já em sua 21ª edição em 2010, e o Workshop de Informática na Escola, que alcança sua 16ª edição. Por mais que esses eventos atraiam grande número de professores de primeiro e segundo grau, os esforços acadêmicos ainda estão muito longe da massificação necessária para que seus frutos sejam apropriados por todas as escolas públicas no país. Além disto, precisam vir acompanhados de um grande incentivo à produção de ferramentas e conteúdos educacionais voltados à realidade brasileira e às diferentes matérias escolares. A banda larga, em todas as escolas públicas do país, já será um passo formidável de nossa cidadania, todavia precisa vir acompanhada de outras políticas e programas, cujos resultados necessariamente serão de longo prazo; sem eles, a escola brasileira não conseguirá exercer uma função social da qual ela não pode abrir mão como principal agente: a formação de habilidades intrínsecas à verdadeira inclusão digital.
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FONTE: www.cgi.br/publicacoes/artigos/artigo64.htm
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A tragédia sensacionalista

Flávia Nascimento
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A necessidade de fabulação e de dramatização do real é inata ao ser humano. Este fenômeno é explicitado nas narrativas jornalísticas que cotidianamente fazem da realidade um espetáculo. As catástrofes contadas nos jornais, chamadas vulgarmente de tragédias, não são nada mais do que o mais puro exemplo dessa dramaticidade da realidade.
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A tragédia é em princípio, um gênero dramático, cuja origem é obscura, mas, no entanto, sabe-se que derivou de cantos e danças realizadas ao deus grego Dionísio. Conta-se que estas apresentações foram criadas pelos sátiros – criaturas meio bode que cercavam Dionísio em suas orgias. O termo tragédia deriva das palavras gregas "trago", que quer dizer bode; e "ode", que significa canto; as quais combinaram-se na palavra tragoidia (canções de bode).
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De acordo com Aristóteles, a tragédia defini-se como uma “imitação da ação de caráter elevado, completa e de certa extensão, em linguagem ornamentada e com as várias espécies de ornamentos distribuídas pelas diversas partes (do drama), (imitação que se efetua) não por narrativa, mas mediante atores, e que, suscitando ‘o terror e a piedade, tem por efeito a purificação dessas emoções’”. Em outras palavras, a tragédia dramatiza os sofrimentos humanos acerca da inexorabilidade do destino, onde o drama é regido por sentimentos como vingança, ódio, honra e glória. O que move a tragédia grega, inglesa, medieval ou moderna são sempre os sentimentos humanos que tomam conta da representação dramática trágica.
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É comum usarmos a palavra tragédia para nos referirmos a um acontecimento doloroso, catastrófico, acompanhado de muitas vítimas, ou ainda para caracterizar uma paixão que resultou em um horrível assassinato. Esse tipo de aplicação ao termo tragédia ocorre geralmente nas narrativas jornalísticas, onde os atores sociais são os heróis e personagens que fazem mover a tragédia no teatro real da vida. O jornal faz da realidade um espetáculo, e em sua narrativa moderna real dramatiza a vida desses atores sociais. A mídia faz da narração dos fatos um sensacionalismo, ou seja, mexe com o sistema emocional do público através da exploração do sofrimento alheio, com a finalidade que qualquer outra instituição de fins lucrativos deseja: lucro. Nesse caso: audiência.
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Fazer dos fatos reais um espetáculo é comum nos meios de comunicação, principalmente nos jornais, sejam eles impressos, televisivos ou online. As “tragédias” contadas nas narrativas jornalísticas são partes fundamentais desse sensacionalismo midiático, pois o que poderia mexer mais com o lado emotivo do público do que a tristeza causada por uma catástrofe na vida de uma pessoa?
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A tragédia foi tirada do seu habitat natural, o gênero dramático, e foi introduzida na mídia por puro sensacionalismo. Quantas “tragédias” reais acontecem pelo mundo? Quantas são notificadas? Quantas são escolhidas a dedo para serem exibidas? Digo exibidas, por que é literalmente um exibicionismo mostrar o sofrimento e ainda lucrar com ele. Tragédia no jornalismo não está em sua forma natural, não é uma tragédia ... é antes modo de fazer sensacionalismo. Mas no fim é isso que acontece: A vida imita a arte, e o jornalismo tenta imitar a tragédia.
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FONTE :http://www.canalpb.com.br
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Comunicação compartilhada no FSM 2011

Terezinha Vicente
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Nunca a informação e a comunicação estiveram tão disputadas no mundo. A discussão das novas tecnologias e seu papel estratégico ocuparam lugar de destaque neste Fórum Social Mundial (FSM), em Dacar. O poder político das novas ferramentas, as redes de comunicação que se transformam em grandes negócios, como lidar com tudo isso para a democratização da comunicação e a transformação da realidade estiveram em debate, com a presença do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. Para os participantes, é necessário que os movimentos e organizações entendam a Comunicação como estratégica e prioritária, elemento a ser incorporado em todas as lutas.
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“Penso que o grande problema que temos é o de saber quem vai se beneficiar com o Wikileaks, pois o imperialismo aprende sempre mais depressa do que as forças anti -capitalistas”, diz o professor. Ele cita como exemplo paradigmático a revolução cubana; enquanto as esquerdas na América Latina debatiam a revolução, o imperialismo tratou de criar logo uma “aliança para o progresso” a fim de combatê-la. “O Wikileaks é uma metáfora da comunicação insurgente, porque viola segredos do Estado e das corporações, porque os segredos são fundamentais para eles. Penso que temos que ter acesso às informações do Wikileaks antes de ser tratada pelos grandes meios, pois há informações importantes para os movimentos sociais que não estão a ser transmitidas”.
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Para Jamie Mccielland, da “May first people link”, organização associativa focada na discussão da internet, em Nova York, o reconhecimento do trabalho do Wikileaks, os ataques que receberam depois da divulgação das informações secretas e a resistência e mobilização que gerou no mundo, “mostra que esta discussão é mais complicada e que não estamos protegidos contra esse tipo de ataques, mas mostrou também a fraqueza do sistema capitalista, que usa as mesmas ferramentas, e que o ativismo na internet hoje é bastante representativo”.

Como diz o professor Boaventura, em 2003 foi fundamental a informação rápida na justificativa dos EUA para a invasão do Iraque, mas a luta não foi eficaz. Agora, vimos semanas atrás como a informação pode ser rápida e eficaz, no caso da Tunísia e do Egito. “Não queremos Cairos globais, mas muitos Cairos ao mesmo temo, penso que o desafio é sincronizar nossos movimentos, fazendo pressão de maneira convergente”. Para o intelectual, ligado desde o início ao FSM, este é nosso grande desafio. “Somos capazes de sincronizar ações a nível nacional, ainda não somos capazes de sincronizar ações a nível internacional, para desestabilizar os governos contra outro mundo possível”.
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Sincronizar ações é necessário
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“Como obter informações não divulgadas pelo Wikileaks?”, pergunta Boaventura. “Para isso o Fórum Social Mundial deveria mudar. Faço o desafio ao Conselho Internacional, no sentido de dar mais capacidade à comissão da comunicação, pois há muitas informações úteis aos movimentos e quando tivermos essas informações será possível tratá-las. Assim, deveríamos formar uma comissão de investigação. Esse é o meu grande desafio, para que pudéssemos nos beneficiar de todas as informações disponibilizadas pelo Wikileaks."
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Como as informações foram divulgadas, o papel dos jornalistas, a mediação da grande mídia, são aspectos questionados por Hilde Stephansen, ativista de comunicação, da Goldsmiths, universidade de Londres. “Precisamos refletir como a grande mídia foi responsável pela mediação, como a mídia alternativa pode trabalhar com o wikileaks de forma similar, pois a comunicação envolve essa coisa dialógica, que vem e vai , precisamos falar do processo, não basta falarmos de tecnologia”. Este aspecto, assim como a questão da falta de privacidade que temos ao utilizar estas ferramentas, foi bastante questionado pelos presentes.
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Ferramenta política, poderosa em si mesma, “a Internet e o uso das tecnologias está no contexto das disputas mundiais pelo tipo de mundo que temos e o mundo que queremos ter”, diz Rita Freire, coordenadora da Ciranda, que faz a cobertura desde o primeiro encontro em Porto Alegre. O conceito de comunicação compartilhada “foi cunhado pelo FSM, quando se introduziu o acordo entre comunicadores e mídias alternativas de como utilizar as tecnologias de modo coletivo e colaborativo, uma proposta que tem acompanhado os 10 anos do FSM, incorporando novas iniciativas de comunicação”.
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FONTE: http://www.revistaforum.com.br
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Landell de Moura: brasileiro inventor do rádio

Com o conhecimento teórico e a inquietude dos que estão à frente de seu tempo, Roberto Landell de Moura transmitiu a voz humana à distância, sem fio, pela primeira vez no mundo. Foi também pioneiro ao projetar aparelhos para a transmissão de imagens (a TV) e textos (o teletipo). Previu que as ondas curtas poderiam aumentar a distância das comunicações e também utilizou-se da luz para enviar mensagens, princípio das fibras ópticas. Tudo está documentado por patentes, manuscritos, noticiário da imprensa no Brasil e no exterior e testemunhos. No entanto, a história credita a Guglielmo Marconi o invento do rádio.
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As pioneiras transmissões de rádio aconteceram no final do século XIX, ligando o alto de Santana - o Colégio Santana - à emblemática Avenida Paulista, que hoje abriga diversas antenas de emissoras de rádio e de TV. Ao transmitir a voz, Landell se diferenciou de Marconi. O cientista italiano inventou o telégrafo sem fios, ou seja, a transmissão de sinais em código Morse (conjunto de pontos e traços) e não o rádio tal como o conhecemos. As experiências do padre Landell não sensibilizaram autoridades e nem patrocinadores. Pior: um grupo de fiéis achou que o padre "falava com o demônio" e destruiu seus aparelhos.
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Mesmo tendo patenteado o rádio no Brasil (1901), Landell não obteve reconhecimento. Decidiu, então, viajar para os Estados Unidos, onde conseguiu, em 1904, três cartas patentes. De volta ao Brasil, quis fazer uma demonstração das suas invenções no Rio de Janeiro, mas, por um erro de avaliação, o Governo não lhe deu a oportunidade. Depois, ele seria "forçado" a abandonar as experimentações científicas. Morreu no ostracismo e o Brasil importou tecnologia para entrar na era das radiocomunicações!
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Landell de Moura está, agora, já em pleno século XXI, prestes a ver seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão Tancredo Neves, graças ao Projeto de Lei do senador Sérgio Zambiasi, que está atualmente em análise na Câmara dos Deputados. Estará, desse modo, ao lado de outros heróis como Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Santos Dumont e Oswaldo Cruz.
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Há anos, ele é o patrono dos rádio amadores brasileiros e seu nome está em ruas e praças de várias cidades, em instituições públicas e em livros publicados no Brasil e no Exterior. O Brasil tem agora a oportunidade de reconhecer a obra científica de Landell e incluir os seus feitos no currículo escolar obrigatório do ensino básico. É por isso que luta o Movimento Landell de Moura (MLM), integrado por voluntários de diferentes áreas, que construiu um site para angariar assinaturas em prol desse reconhecimento. No dia 30/03/2011 o Movimento pretende receber adesões em massa e encaminhar as assinaturas virtuais às autoridades do Governo Federal.
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FONTE: http://portalimprensa.uol.com.br

A família fala de si, e do jovem

Hebe Signorini Gonçalves (*)
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Dados de pesquisa acerca da violência familiar no Brasil sugerem que o espaço doméstico não é caixa de ressonância, mas lugar organicamente articulado ao social, recebendo sua influência e produzindo efeitos sobre ele. O discurso de trinta mães indica o uso amplo da punição corporal com propósitos disciplinares. As entrevistadas defendem essa prática quando regulada por limites ditados pela cultura. A essas formas punitivas, aplicadas segundo os parâmetros que as regulam, as mães recusam dar o rótulo de violentas. Elas discordam, assim, da interpretação dominante que atribui ao uso da força física um efeito pernicioso na formação e no desenvolvimento de crianças e jovens.
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Para efeito deste texto, é importante destacar os motivos que, do ponto de vista das entrevistadas, justificam o uso da punição corporal. Adotada como recurso extremo, ela é empregada em situações nas quais a criança ou mesmo o jovem, apesar de advertidos, insistem na desobediência ou no desrespeito aos pais ou mesmo aos mais velhos com os quais mantêm relações de parentesco ou vizinhança. As mães entendem que a obediência à hierarquia entre as gerações é o pilar nas relações sociais, pois é o respeito ao próximo que produz o assujeitamento necessário à transmissão de valores e à formação do caráter.
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Mais preocupadas com a violência na rua do que com os excessos disciplinares domésticos, as mães entrevistadas nomeiam uma violência que está em todo lugar e faz com que se mate por um real, ou por nenhum. Elas invocam a atração que a marginalidade fora de controle exerce sobre o jovem e o apelo contemporâneo pela afirmação da singularidade e da diferença como armadilhas da convivência entre estranhos, características incontornáveis da vida na cidade. Reconhecendo que é impossível negar a liberdade, e que seus filhos cedo ou tarde serão confrontados com os desafios da cidade, as mães entendem que a tarefa de educar tem como propósito central a boa formação, o caráter, a cabeça forte.
. Essas expressões condensam sentidos: a boa formação não se restringe à obediência no espaço doméstico, mas fala principalmente do comportamento adequado na rua, que abarca as relações respeitosas para com os mais velhos, a escolha adequada das amizades, o empreendimento de esforços na escola, a esquiva dos grupos envolvidos com drogas, criminalidade ou qualquer forma de violência. A relação dos problemas a serem evitados indica a preocupação das mães com a reconstrução da sociabilidade no espaço público. Indica, além disso, que assumem como sua essa tarefa; a frase de uma das entrevistadas não deixa margem a dúvida: as pessoas que estão na rua, violentando, atacando as pessoas, ela tem uma criação, né, então começa em casa. Se você cria seus filhos na paz, eles vão sair lá fora e não vão atacar ninguém.
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Haveria elo de ligação entre a criminalidade urbana e a violência familiar? Com base em dados produzidos nos Estados Unidos, Gelles (1997) afirma que tanto o comportamento violento como a conduta criminal são conseqüências comprovadas do abuso sofrido na infância. No Brasil, essa associação é posta em dúvida pelas mães que entrevistei. No primeiro momento, elas negam qualquer conexão com base em suas histórias pessoais: se fosse assim - declarou uma das mães -, eu também tinha sido bandida. A seguir, elas invertem a relação causal e afirmam que a punição corporal, aplicada quando requerida, contribui para forjar o caráter, tarefa doméstica por excelência: abandonado, o mundo ensina. [...] se a gente largar assim demais, é o mundo que vai ensinar. E o mundo vai ensinar errado.
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Não deixa de soar estranha essa crença na possibilidade de controle da desordem urbana a partir do doméstico. Durante longo tempo, essa justificativa para a defesa da punição corporal foi interpretada como mero argumento para validar a prática dos castigos físicos, essa sim condenável. Mas o julgamento moral precipitado dessa linha de argumentação tem furtado ao exame os fatores que informam a inclinação da família brasileira pelo uso da punição corporal. Trata-se de um procedimento que não é gratuito, nem espontâneo.
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Ele tem origem nos preceitos higienistas, que associaram a disciplina doméstica ao controle dos sujeitos no espaço público. Lopes Trovão proclamava a infância como o período em que se forja "a gênese da humanidade mais perfeita". Belisário Penna via na educação doméstica o dispositivo capaz de assegurar a ordem sem o uso da força. Para Lourenço Filho, a educação doméstica - mais até que o Estado - seria capaz de "guiar as liberdades" das crianças de modo a evitar "escolhas passionais e caprichosas" (cf. Corrêa, 1997). Repetindo esses princípios à exaustão, o higienismo ensinou que a lógica do universo familiar e a lógica da cidade se fundem numa ligação de simbiose e dependência da qual a relação mãe-filho é adubo e semente (cf. Costa, 1989). Até os anos de 1930, o higienismo incutiu a crença de que à mãe cabe evitar o ócio, a delinqüência e o vício da rua. Hoje, setenta anos mais tarde - ou no espaço de duas gerações -, as mães flagram-se isoladas nessa tarefa, sem contudo renunciar a ela.
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Sem contar com a orientação de ninguém, confiando no vivido para tomar decisões cruciais no cotidiano, as mães oferecem os elementos que permitem compreender a permanência da racionalidade higienista. Em vez da família moderna acossada pelos técnicos, sitiada pelo saber da ciência e destituída da função de educar, típica das sociedades centrais (cf. Lasch, 1991), a mãe brasileira queixa-se sobretudo da solidão, da falta de amparo e de assistência. Assistindo impotente ao crescimento da criminalidade, ela crê que pode proteger seus filhos das ameaças do público, e acredita na possibilidade de disciplinar o social a partir do doméstico.
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Entende-se assim por que a família brasileira se mantém como elemento central nos processos de regulação social. A despeito da eficácia questionável das práticas educativas, é mister reconhecer que elas empreendem um esforço em nome do coletivo. A despeito da condenação moral dessas práticas, amplamente calcadas na punição corporal, é mister reconhecer também que seus filhos, ao ecoar suas frases e expressões e ao anunciar a família como único suporte com que contam, contribuem para referendar sua crença e imprimir-lhe algum grau de eficácia.
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(*) Doutora em Psicologia, integrante do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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FONTE: http://juventudesulamericanas.org.br

Tarifa Social de energia elétrica

(clique na imagem para visualizar melhor)

Jornalismo e Literatura

Compreender o uso, pelo Jornalismo, de narrativas literárias implica observar que estamos falando de uma diferença que estabelece diferenças, nos moldes propostos por Niklas Luhmann em sua releitura da Teoria dos Sistemas. Ou seja, que a (re)aproximação de campos do conhecimento antes complementares que antagônicos, caso do Jornalismo e da Literatura, faz emergir novas e sucessivas realidades, que, por sua vez, complexificam tanto o que é próprio do Jornalismo como da Literatura, reconfigurando cenários e exigindo novos paradigmas e gramáticas explicativas de um e de outro.
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Vejamos o que ocorre, a título de exemplo, com os jornais impressos, em particular os de periodicidade diária. Se ainda veiculam, hegemonicamente, relatos concisos, objetivos, fincados em acontecimentos se realizando, deparamo-nos frequentemente com narrativas prolixas, de caráter interpretativo, ou diversional, escritas muitas vezes sem preocupação aparente de anunciar nenhuma novidade; focadas, antes, em entreter que noticiar, em contar histórias peculiares.
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Uma explicação breve: por diversional e interpretativo vamos entender o jornalismo que, por meio de recursos da narrativa literária, busca algo mais que apenas informar, ainda que também o faça. “Diversional”, nesse caso, refere-se antes a “diverso”, “diferente”, que “diversão”. O livro Abusado, de Caco Barcelos, por exemplo, enquadra-se nessa categoria. Já “interpretativo” está ligado a textos que, pelo viés de seus relatos, permitem uma explicação mais aprofundada dos fenômenos em questão. É o que ocorre com Rota 66 – A história da polícia que mata, do mesmo Caco Barcelos. A diferença entre uma e outra categoria é que a segunda usualmente está ligada ao acontecimento se realizando - uma reportagem sobre pessoas mortas pela polícia, por exemplo.
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É o que observa a pesquisa em andamento, realizada em parceria entre o Departamento de Comunicação e o Programa de Pós-graduação em Letras da Unisc. Durante 30 dias, os pesquisadores envolvidos no levantamento analisaram as páginas de dois dos principais jornais diários do Estado – Gazeta do Sul e Zero Hora – e concluíram, entre outros, que textos das categorias diversional e interpretativo não são mais exclusividades quase que somente das revistas e dos livros-reportagens. Eles incidem com muita frequência no jornalismo diário também, e isso é diferente. Ou seja, o uso de recursos próprios da literatura em textos jornalísticos, caso das subjetividades, jogos de linguagem e digressões, para ficarmos em três, até então usual em revistas impressas e livros-reportagem, está presente – e muito – em veículos que se renovam a cada 24 horas. E que são feitos, portanto, para serem consumidos rapidamente, diferentemente do que ocorre com seus pares impressos. Trata-se de uma espécie de (um bom) paradoxo.
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Há um motivo relativamente claro para textos dessa natureza frequentarem antes páginas de livros e revistas que jornais: a periodicidade. Como textos ditos “literários” são mais elaborados que as notícias, e exigem, portanto, redação e leitura mais cuidadosas, já que o ideal é que o dispositivo em que são veiculados não tenha vida breve. Uma semana, um mês, uma vida (no caso dos livros): conteúdos diferenciados exigem tratamento específico, em especial quando falamos de uma forma de conhecimento cuja produção de textos não prescinde de intencionalidade (escrever para alguém) como ocorre com a literatura (escritores escrevem para si mesmos em primeiro lugar). Mas por que, então, essa metamorfose está ocorrendo justamente com os jornais impressos diários? Dentre as explicações possíveis, e é nessa direção que se movem os passos da pesquisa referida anteriormente, é que esse fenômeno se presta, em primeiro lugar, para fortalecer a identidade dos jornais impressos. Para quê? Basicamente para que eles sejam reconhecidos, e aceitos, a partir do que são, e não apenas do que relatam.
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Interessa, por esse viés, cada vez mais, veicular informações de forma original, criativa, que simplesmente dizer o que houve. Seduzir o leitor, enfim. Por um motivo igualmente simples: todos os demais veículos ou já disseram o que houve, ou haverão de dizê-lo mais cedo ou mais tarde. Então, é preciso dizer diferente. Não se trata de fenômeno recente: basta lembrar que, em seus primeiros dias, ainda no século 17, o jornalismo opinativo era resultado principalmente do trabalho de escritores e políticos. Mesmo mais tarde, às vésperas do século 20, quando o fazer jornalístico desenvolve especificidades que nos permitem reconhecê-lo como tal, os escritores seguem se valendo das páginas dos impressos para: a) tornarem-se conhecidos e b) ganharem algum dinheiro, sempre necessários. Tempos difíceis para as duas partes, fidedignamente retratados por Honoré de Balzac em As ilusões perdidas. O que mudou, então?
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A sociedade, e, com ela, o jornalismo e a literatura. No cerne dessa transformação, que é de natureza tecnológica, mas também sócio-discursiva, observa-se o amalgamento do sistema midiático-comunicacional (composto pelos jornais, revistas, televisões, rádios, sites etc.) por meio dos nós e conexões da internet. Interligados, os dispositivos permitem que as informações circulem mais e mais rapidamente, complicando a viabilidade dos veículos justamente por torná-los iguais aos demais. Uma saída é se tornar diferente, ímpar, criativo e necessário, atributos possíveis, no caso dos jornais impressos, por meio do uso de técnicas literárias incorporadas às jornalísticas.
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FONTE: http://www.gaz.com.br

PMJP oferece cursos de música e teatro

Alunos da rede municipal de ensino agora podem aprender mais sobre teatro e música. O Centro de Arte e Cultura Municipal Teatro Ednaldo do Egypto está com as matrículas abertas para os dois cursos, que foi direcionado para a comunidade escolar. As inscrições tiveram início nesta segunda-feira (07/02) e prosseguem até o próximo dia 25 de fevereiro.
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O curso é oferecido desde 2008 e já contou com a participação de uma média de 400 alunos. "A intenção do projeto é fazer com que o aluno vivencie o processo artístico, sem ter a preocupação de formá-lo como artista, aliando o estudo, a educação e arte", afirma Beto Black, diretor do Teatro Ednaldo do Egypto.
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Inscrições – Para fazer a matrícula o interessado deve estar regularmente matriculado na rede municipal, ter entre 12 e 18 anos. É necessário obter uma autorização da escola e uma declaração dos pais permitindo que o filho frequente o curso. A inscrição deve ser feita na sede do Teatro Ednaldo do Egypto, localizado na Avenida Maria Rosa, 284, Manaíra, das 8h30 às 11h30 pela manhã, e das 13h30 às 17h na parte da tarde.
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Estão sendo oferecidas duas turmas de teatro: manhã e tarde, nas terças e quintas-feiras (08h30 às 11h e 14h30 às 17h). Para a música, os alunos poderão fazer aulas de pífano, percussão e violão. Os horários são: nas segundas e quartas-feiras, também nos dois turnos (08h30 às 11h e 14h30 às 17h). As aulas começam no próximo dia 28. Informações pelos telefones: (83) 3214-8021 e (83) 8819-5039
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Como funciona – O antigo Teatro Ednaldo do Egypto é hoje o Centro de Arte e Cultura Municipal Teatro Ednaldo do Egypto, mantido pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, através da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec). Ele funciona como anexo das escolas municipais, oferecendo aos alunos cursos de dança, música e literatura. Tudo gratuitamente, através do projeto "Sementes da Arte".
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No espaço teatral é ainda facilitado o acesso aos grupos e companhias de teatro da nossa cidade, ONGs e outras instituições filantrópicas. O Teatro desenvolve alguns projetos culturais como: Teatro vai a escola e a escola vai ao teatro, Projeto saúde família (em parceria com o psf do bairro São José), Cinema em debate (este em parceria com o SESC) e leitura dramática, desenvolvidos durante o ano letivo, sempre facilitando o acesso aos alunos das escolas municipais.
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FONTE: http://www.joaopessoa.pb.gov.br