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terça-feira, 20 de novembro de 2007

Dia Nacional da Juventude

Bertrand Sousa
Tamyres Guedes
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A diversidade cultural foi destaque na celebração pelo “Dia Nacional da Juventude” em João Pessoa. O evento ocorreu terça-feira (30/10), na Praça Pedro Américo, Centro. Grupos de teatro, dança e música – provenientes de vários bairros da Capital – realizaram divertidas apresentações, estabelecendo a comunicação direta: de jovem para jovem.
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De acordo com Thiago Pacheco, coordenador municipal do programa Pró-Jovem, a comemoração foi muito importante porque conseguiu integrar a juventude das diversas localidades atendidas pelo Pró-Jovem, Agente Jovem, Centros de Referência da Juventude, entre outras iniciativas que trabalham com o setor juvenil. “Foi uma oportunidade para mostrarmos à sociedade o potencial artístico, cultural, e criativo que a juventude tem, quebrando alguns paradigmas e preconceitos”, afirmou.
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Os espetáculos marcaram o dia dedicado aos jovens e fizeram parte da programação da “I Semana de Juventude” da cidade, organizada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), através da Assessoria de Políticas Públicas de Juventude. O tema escolhido para esta primeira edição foi: “Protagonizando a garantia de direitos”.
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O público que compareceu a Praça Pedro Américo participou ativamente das manifestações culturais. Dentre elas, destacamos: capoeira Afro-Nagô e Oficina de Literatura (Valentina); Dança do ventre (Expedicionários e Valentina); Teatro (Rangel, Mangabeira, João XXIII e Beira da Linha); Dança de rua (B-boys e B-girls); Música (Verboso MC, Cassiano Pedra, DJ Adriano e banda Tocaia da Paraíba, que encerrou a festa).
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Na opinião do jovem Adriano Nascimento, integrante do Movimento Hip-Hop da Paraíba, sempre deveriam acontecer eventos que incentivassem os jovens a participar dos programas e projetos de inclusão social. “Foi muito legal ver os grupos se apresentando na Praça. Não faço parte dos programas, mas se tivesse a idade certa não ficaria de fora. Gostaria também que houvesse a iniciativa de outros espaços para o Hip-Hop, para que os jovens tivessem mais oportunidades e objetivos na vida, sem pensar em violência e drogas”, comentou Adriano.

A realização desta atividade comemorativa abriu novas possibilidades para o desenvolvimento dos grupos e do próprio evento. Segundo Thiago Pacheco (Pró-Jovem), é difícil realizar grandes eventos, com muita gente envolvida, em locais abertos. “Como foi o primeiro, valeu a pena! Conseguimos aglutinar pessoas que trabalham com a juventude e grupos culturais organizados”, disse.
Piratas, comunitárias ou o que?

Mariana Cunha
Cláudia Mesquita
Tânia Caliare
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Rádios comunitárias ou rádios piratas? Liberdade de expressão ou clandestinidade? Democratização dos meios de comunicação ou ação criminosa capaz até de derrubar aviões? Não tem sido fácil, pelo menos para as autoridades brasileiras, resolver essas questões, o que coloca em dúvida a competência dessas autoridades para administrar um serviço público, essencial e básico do sistema de radiodifusão. A lei 9.612, que regulamenta o serviço de rádios comunitárias, chegou, em fevereiro de 1998, trazendo a expectativa de encontrar respostas claras para essas perguntas e promover uma efetiva democracia nos meios de informação.
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Mas como acontece tantas vezes, a legislação específica não resolveu e, ao contrário, provocou um grande “imbroglio” no setor. A nova legislação está sendo contestada abertamente, tanto quanto à sua eficácia como quanto à própria legitimidade. Com um complicador recente: setores ligados as áreas de segurança têm fortes suspeitas de que algumas rádios servem de comunicação entre narco-traficantes nos morros do Rio.

O problema vai além da questão da democratização das comunicações no Brasil. Há ainda um pequeno “detalhe aritmético” que tem tirado o sono dos responsáveis pela aplicação da tal lei 9.612, que pretenderia uma “legalização” no assunto. Segundo o assessor do Ministério das Comunicações, Eduardo Balduino, já se encontram no ministério cerca de 6.000 pedidos de “Licença para Funcionamento de Estação”, documento que habilita a atuação de uma rádio comunitária.

Desde agosto deste ano, quando começaram a ser liberados os primeiros pedidos, apenas 50 chegaram à apreciação do Congresso Nacional, como prevê a legislação. Chegando lá, os pedidos das emissoras passam ainda pelo crivo da Comissão de Ciências e Tecnologia, depois pela Comissão de Constituição e Justiça, para então serem votadas no Plenário. Caso fossem aprovadas, vão para a votação no Plenário. Caso forem aprovadas, vão para a votação no Senado. Uma tramitação burocrática para país nenhum botar defeito, nem mesmo os da extinta URSS. Neste ritmo, as emissoras que desejam oferecer o chamado “Serviço de RadCom” só estarão devidamente legalizadas por volta do ano 2020. Enquanto não for aprovada no “vestibular do legislativo”, a rádio que funcionar sem concessão e desrespeitar os limites previstos na lei é considerada clandestina e deve ser lacrada. É o que está na lei, e ponto final.

Portanto prevê-se novas dores de cabeça para os responsáveis pelo cumprimento dessa lei, e uma ameaça constante pairando sobre as cabeças dos radialistas comunitários, que a qualquer momento podem ouvir alguém batendo à porta e dizendo: “abra! É a Anatel!”. Ou seja, é a polícia!

A Agência Nacional de Telecomunicações, órgão responsável pela fiscalização do serviço de radiodifusão comunitária em todo o território nacional, já lacrou só neste ano 3.882 emissoras que funcionavam sem estar legalizadas. No Ministério das Comunicações, Eduardo Balduino diz que o governo espera resolver esta questão “ainda neste mandato”. E tenta uma justificativa: “Tivemos que montar uma estrutura no ministério especialmente para fazer essas avaliações, portanto, este ritmo é de implantação”.

O assessor acrescenta que, como essas rádios não possuem uma estrutura jurídica, muitas enviam pedidos incompletos ou com erros, o que atrasa ainda mais a liberação: “por isso fazemos também um trabalho de assessoria, trocando informações e dando a chance para que todos providenciem seus documentos corretamente”.
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Abre e fecha constante
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De acordo com o delegado da Anatel em São Paulo, Everaldo Gomes Ferreira, as emissoras são lacradas após serem detectadas interferências ou a partir de denúncias, e nem todas são da Abert, claro. A partir da denúncia é possível então encontrar a rádio e solicitar um mandado de busca e apreensão na Justiça. Mas a própria Anatel admite que também fecha rádios mesmo sem a decisão judicial.

Portanto, enquanto a Anatel fecha rádios clandestinas, do outro lado uma rádio reabre. Algumas simplesmente mudam de endereço e colocam sua programação no ar novamente. Além de desgastante para todos, esta situação tem empobrecido as emissoras. De acordo com o presidente do Fórum Democracia na Comunicação, José Carlos Rocha, cada vez que os equipamentos de uma rádio são apreendidos há um prejuízo médio de R$ 10 mil, além de deixar pelo menos dez pessoas desempregadas: “são numerosas as rádios nessa situação”, explica. Se contabilizarmos, desde o início deste ano o “mercado” de pequenas rádios ficou, em média, R$ 39 milhões mais pobre. Enquanto isso, o material apreendido fica amontoado nos salões da Polícia Federal.
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Saída pelo judiciário
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Uma saída que os líderes da RadCom vêm adotado é apelar para que o Poder Judiciário conceda liminares de funcionamento temporário até que as emissoras sejam legalizadas. Para isso, eles precisam convencer o juiz que não oferecem risco às aeronaves e provar que só não estão legalizadas devido à demora do governo federal para avaliar os pedidos.

Este tipo de recurso vem conquistando alguns adeptos no Judiciário, mas Eduardo Balduino, um impecável burocrata, contesta: “não é porque eles já entraram com o pedido que podem funcionar. É preciso ter a outorga do Ministério das Comunicações e a aprovação do Congresso Nacional”. Na realidade, o que nem Balduino, nem a maioria dos envolvidos com o problema consegue, é distinguir claramente quando uma rádio deve ser considerada “comunitária” e quando ela é simplesmente uma rádio pirata.

Segundo dados da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), hoje já aproximadamente 14 mil emissoras de baixa potência no Brasil, 6 mil delas só no estado de São Paulo. De acordo com o presidente da Abraço de São Paulo, Ricardo Campolim, os números são calculados a partir da quantidade de transmissores vendidos no país. Porém, deste total, nem todas podem ser consideradas “comuni-tárias”.

Na opinião de Campolim, é preciso esclarecer a diferença entre as rádios piratas e as comunitárias para que a interminável ladainha do “abre e fecha” acabe. “Eu atribuo esta situação a um desconhecimento do nosso projeto e à confusão que fazem com as piratas”, diz. Ele explica que enquanto a RadCom possui uma gestão pública, ou seja, abre espaço para participação direta da população na programação, as piratas geralmente são administradas por um ou duas pessoas: “antes de fechar uma rádio, a Anatel teria que fazer um levantamento do seu perfil, sua organização e programação. Basta entrevistar as pessoas da comunidade”.
TV Digital: introdução ao assunto
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Gustavo Spolidoro
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Com a implementação da TV Digital no Brasil multiplica-se a capacidade de transmissão de programas, que podem ser transmitidos simultaneamente com serviços interativos de transações de dados, tais como: comércio eletrônico, sistemas informativos, jogos e até acesso à internet. Nesta revolução tecnológica será gerado no país um mercado de US$ 100 bilhões nos próximos 15 anos, mudarão substancialmente as relações entre os usuários e os produtores de programas e serviços, e serão estabelecidas as formas de comunicação e expressão que predominaram nas próximas décadas do século XXI.
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A Anatel está usando de maneira imprópria a expressão "televisão digital" para referir um serviço que vai muito além da mera transmissão de sinais de televisão - como ocorre com a tecnologia analógica - e possibilita a veiculação simultânea de diversos programas de áudio e inúmeros serviços baseados na transmissão de dados.
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O enfoque restritivo da Anatel corresponde a uma renúncia à formulação de uma política pública destinada a orientar globalmente o processo de digitalização da comunicação eletrônica no país. Isso é essencial para potencializar as melhores possibilidades econômicas, políticas e culturais deste processo. A unilateralizar seu foco de atenção e atuação em um serviço subestimado como "televisão digital" a Anatel desconecta este serviço do "rádio digital" e das diversas modalidades de TV por assinatura (TV a cabo, DTH, MMDS e LMDS) que também encontram-se em processo de digitalização de suas operações.
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Necessidade de política abrangente A massa de "consumidores das classes A/B" pode alavancar o mercado receptores a partir de um outro diferencial: a qualidade dos sinais de áudio e vídeo de alta definição. Mas para que isso seja induzido, é necessário uma política pública que oriente o papel a ser cumprido pelos serviços de TV por assinatura. Isto é, a TV por assinatura, desde que adequadamente regulada, de modo a responder a esta demanda do público por serviços de alta definição, pode proporcionar a massa de consumidores de aparelhos receptores digitais que viabilizará escala de produção e possibilitará o rebaixamento de preços e a popularização dos equipamentos e dos serviços terrestres.

A política do novo serviço - que não é apenas de "televisão digital - portanto, não pode ser pensada e formulada como algo à parte da política que deve reger as diversas modalidades de TV por assinatura. Ou seja, a viabilização econômica do novo serviço exige não uma política específica, mas uma política abrangente, que articule as interações técnicas e econômicas com outras modalidades de serviço.
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Recomposição técnica e econômica
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A digitalização da comunicação eletrônica corresponde a uma radical recomposição técnica e econômica dos atuais sistemas de rádio, televisão e TV por assinatura, com profundas repercussões políticas e culturais. É inaceitável, portanto, a adoção de políticas segmentadas, unilateralizadas em serviços específicos e desconexos entre si. O país necessita de uma política pública abrangente para a introdução da tecnologia digital na comunicação eletrônica, inclusive para correção dos traços monopolistas, antidemocráticos e culturalmente rebaixados dos atuais sistemas de rádio e televisão, decorrentes de décadas de práticas autoritárias e descomprometidas com o interesse público.
Dica cultural: dança

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Já em sua segunda edição, o projeto 'Novembro da Dança', realizado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMPJ), através da sua Fundação Cultural (Funjope), tem o objetivo de fomentar a produção de dança na Capital, através de um encontro nacional que reúne diferentes vertentes desta atividade artística, oportunizando a formação e o intercâmbio de profissionais da área e interessados. O evento conta com apoios da Fundação Nacional de Arte (Funarte), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Secretaria de Educação e Cultura (Sedec).
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Apesar de novo, o Novembro da Dança já faz parte do circuito dos importantes encontros de dança do país. Este ano, este ano o evento reúne grupos e profissionais da Paraíba, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Nesta edição, os espetáculos são apresentados nas praças recentemente construídas ou revitalizadas pela Prefeitura de João Pessoa, dentro do projeto "Circuito Cultural das Praças", que acontece semanalmente, sempre aos sábados.
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Encerramento oficial
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Quinta (29/11) – Teatro Santa Roza
Rima Cia. de Dança – Dança Contemporânea (PB);
Parangolé Cia. de Teatro e Dança – Dança Moderna/ Jazz (PB);
Romero Mota – Dança Contemporânea (solo de dança) (PB).
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Mais Informações
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Funjope: Praça Antenor Navarro, nº 6, Varadouro (Centro Histórico).
Telefone: (83) 3218-9707.
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segunda-feira, 12 de novembro de 2007






OFICINA DE JORNALISMO (*)

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
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Módulo I – Introdução a Comunicação
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1. Conceitos, elementos e tipos de Comunicação;
2. Cidadania e Direito a Informação;
3. Comunicação de massa e globalização;
4. Comunicação Comunitária e transformação social;
5. Folkcomunicação e participação popular;
6. Democratização da Comunicação.
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Módulo II – Introdução ao Jornalismo
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1. Conceitos e história do Jornalismo;
2. Categorias e gêneros jornalísticos;
3. Estrutura da notícia jornalística;
4. Agências de notícias;
5. A imprensa na Paraíba;
6. Noções de Fotojornalismo.

Módulo III – Os meios de comunicação alternativos

1. O fanzine;

2. O jornal comunitário;
3. O rádio comunitário;
4. Os blogs e comunidades on-line.

Módulo IV – Organizando a produção

1. Exposição de fotos e fanzines;
2. Documentação e análise crítica dos trabalhos;
3. Avaliação final e entrega dos certificados.

(*) Orientador: Bertrand Sousa
Investindo em sonhos
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Bertrand Sousa
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A juventude pessoense obteve uma importante conquista na última sexta-feira (26/10), com o lançamento do programa “Empreender Jovem”. O convênio assinado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) e o Banco do Brasil, apresenta-se como iniciativa ousada de investimento econômico, inclusão social e geração de emprego e renda.
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A solenidade de lançamento fez parte da “I Semana de Juventude” da capital paraibana e aconteceu no auditório da reitoria (UFPB), com a participação de gestores municipais, educadores, centenas de jovens e representantes de outros programas que atendem ao setor juvenil (ProJovem e Agente Jovem).


Alunos das oficinas de Teatro, Percussão e Dança de rua (Break), do Centro de Referência da Juventude Ilma Suzete Gama, apresentaram-se durante o evento e foram aclamados pelo público. A programação cultural teve ainda: Ginga Nação Capoeira (Mangabeira), Dança do ventre (Valentina e Expedicionários) e Hip-hop (SDS, B-boys e MCs).
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Segundo o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), a implantação do “Empreender Jovem” é um dos maiores desafios não apenas da PMJP, mas da administração brasileira. “A geração de postos de trabalho é um desafio mundial. É necessário avançar de forma sustentável e concreta, desenvolvendo a economia de baixo para cima, a partir dos excluídos. Nossa gestão escolheu o caminho do crescimento econômico apoiado na oferta de crédito e acompanhamento especializado”, afirmou o prefeito.
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Funcionamento do Programa
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O “Empreender Jovem” faz parte do consagrado “Empreender-JP” – programa permanente de crédito orientado do Governo Municipal de João Pessoa – e será destinado aos jovens entre “18 e 29 anos que estejam regularmente matriculados em instituições de ensino técnico, profissionalizante ou superior”.
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De acordo com os critérios do Programa, os valores, prazos e carências estão organizados em três patamares (categorias): (1) individual para investimento misto, (2) modelo de negócio em grupo, (3) individual para capital de giro puro. Os encargos administrativos (juros) correspondem à taxa de 0,9% ao mês. A liberação do crédito pode ocorrer de uma só vez ou em parcelas, de acordo com o plano de negócio aprovado pelo Comitê Gestor do “Empreender-JP”.

Para o assessor de Políticas Públicas de Juventude da Capital, Joubert Fonseca, a criação do “Empreender Jovem” representa um momento histórico sem precedentes. “A cidade dá um passo concreto, incentivando a juventude para tornar-se protagonista de uma nova realidade social”, disse.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Democratização da Comunicação

Não há nação democrática, sem haver também democracia na maneira como essa nação se comunica. Num país onde poucos grupos dominam os meios de comunicação social e não tem nenhuma vergonha de utilizá-los unicamente para se manter no poder e obter lucros, a luta pela democratização da comunicação se faz tão necessária quanto a luta pela democratização da terra, do capital, da saúde e da educação.
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Mas democratizar a comunicação vai além de quebrar o oligopólio das elites sobre a mídia. Ela deve ter como premissa o direito à comunicação, que não é só o direito ao acesso, mas também à produção e mediação de discursos sociais. Os indivíduos não são meros espectadores e nem merecem somente conteúdo de qualidade. Os meios de comunicação devem ser mediadores da mais variada gama de posições, visões, opiniões e idéias, desde que garantido o espaço de forma democrática e transparente.
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O momento é muito propício para essa mudança. Com o advento das novas tecnologias e com a convergência dos meios, abre-se uma oportunidade para se recomeçar direito. Além da ampliação das possibilidades midiáticas, processos regulatórios estão se iniciando e legislações antigas começam a ser revistas. É a hora e vez da participação da sociedade. É por isso que convocamos todos os interessados a engrossar as fileiras na luta contra este modelo atual capitalista, concorrente, para construirmos em seu lugar um modelo solidário e complementar. Um modelo em que o potencial educador, mobilizador e criador possa se desenvolver.
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Para por a boca no mundo
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Os veículos de Comunicação têm, como princípio fundamental, serem difusores da informação, sendo assim prestadores de serviços para a sociedade. Para o funcionamento de um veículo é preciso uma concessão, que é feita pelo Ministério das Comunicações. Ocorre que essa concessão não é privada, ela tem - é bom frisar - um caráter público, sendo a concessão pública um ato legal que visa oferecer a toda a sociedade um instrumento que lhe sirva e que sirva a todo o país.

Mas as concessões no Brasil têm sempre servido para favorecer a classe política dominante, transformando os meios de comunicação em um instrumento mantenedor da ordem vigente, de forma que movimentos sociais, sindicatos e comunidade não possuam também o seu instrumento de comunicação - sendo podados, portanto, em um direito fundamental de cidadania: a liberdade de expressão. Um veículo comunitário - universitário no caso da comunidade acadêmica - é o meio de expressão social da comunidade em que o veículo se insere. Busca valorizar o cidadão e as atividades regionais sem perder o caráter universal de ser um meio de comunicação, abrindo espaço para que os mais variados assuntos sejam debatidos de forma democrática, ampla e diversa. Um veículo comunitário é, principalmente, aquele feito com, pela e para a comunidade. Além de ser um forte instrumento para a melhoria das condições de vida, do grau de informação e da consciência crítica da população local e, consequentemente, da sociedade como um todo.
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Para nós, estudantes, a discussão gira principalmente em torno da forma de atuação e do papel que desempenhamos nos veículos universitários e comunitários. Esses são espaços que, além de ocuparem fatia crescente no mercado de trabalho, são fundamentais para nossa formação profissional e humana, pois têm um caráter de experimentação de linguagem e nos proporciona parceria com outros movimentos sociais.
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A luta pela Democratização da Comunicação enfrenta fortes barreiras, pois os detentores do poder (coincidentemente detentores das concessões) sabem que não se trata de um pequeno grupo de pessoas querendo brincar de radialista numa radiozinha de curto alcance no bairro em que mora, mas sim de milhares de pequenos grupos que fazem crescer a cada dia o número de rádios e TV's comunitárias e universitárias com total consciência da responsabilidade e do poder de fogo que isso tem, levando informação e debate para todo o Brasil. Democratizar a comunicação é muito mais do que aumentar o leque de opções midiáticas para a sociedade - é um grande passo para a real democratização do nosso país.
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Digitalização das rádios comunitárias:
quem vai pagar a conta?

Adilson Cabral (*)
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Enquanto as rádios comunitárias de todo o país se envolvem prioritariamente na preocupação mais do que pertinente de sua continuidade - visto que convivem, a cada dia, com a apreensão em terem seus equipamentos levados pela Polícia Federal e seus integrantes presos - outro duro golpe está sendo orquestrado em relação a sua continuidade no âmbito da adoção de uma nova tecnologia para o rádio digital.
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Diante de outros sistemas disponíveis, o Minicom está investindo no padrão americano IBOC (In-Band-on-Channel) e estimulando a realização de testes em rádios comerciais com a aprovação da ANATEL e o envolvimento das emissoras autorizadas até o momento, que deverão gastar de R$ 150 mil a R$ 200 mil com a adaptação.

A expectativa de 15 mil rádios comunitárias em funcionamento, segundo a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO) – com menos de 3 mil emissoras outorgadas (mesmo que em tramitação no Congresso) e mais de 8 mil apreendidas pela Polícia Federal – não é suficiente para compreender um plano específico de transição para o setor. Ao contrário, as organizações da sociedade civil envolvidas nesses projetos não foram consultadas ou mesmo consideradas na viabilização de testes no contexto do assim chamado “Serviço Especial para Fins Científicos ou Experimentais”.


Dado o envolvimento em questões jurídicas e políticas, são poucas as rádios comunitárias envolvidas ou mesmo interessadas em acompanhar essa transformação, a despeito de sua importância. A adoção de um futuro padrão digital proporcionará a futura transição de todo o sistema de radiodifusão para o modelo a ser adotado, implicando em custos demasiadamente grandes para a maioria das rádios comunitárias e mesmo para pequenas e médias rádios comerciais, se considerados os custos de aquisição de equipamentos de transmissão.
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Embora não haja nenhum impedimento nesse sentido, todos os testes autorizados até o momento são no padrão IBOC, de caráter proprietário e restritivo. A adoção desse modelo não somente implica no pagamento de royalties para a empresa que o licencia, a Ibiquity, como também não contempla a possibilidade de aumento de canais – portanto de emissoras, produtoras e vozes disponíveis no sistema.
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Outra opção
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Enquanto isso, mesmo sem a autorização da ANATEL, a Radiobrás está realizando testes com o modelo DRM (Digital Radio Mondiale) europeu, que embora possibilite um número maior de canais disponíveis, não é compatível com a transmissão em FM. O sistema se baseia em transmissão em ondas curtas, com qualidade próxima a do FM, não implicando em mudanças significativas na relação dos ouvintes com as emissoras, já que não haverá a necessidade de escolher o tipo de faixa (AM, FM, OC ou OT) para sintonizar estações de rádio digital.

O modelo DRM pode ser utilizado em conjunto com o padrão DAB, outro padrão europeu que permite transmissão em FM, mas no entanto ainda há muito a caminhar nesse sentido no Brasil, a despeito de serem encontradas como parceiras, no site do consórcio DRM, emissoras de países como Equador e Tunísia. Dadas as vantagens apresentadas em relação a esse padrão, cabe às iniciativas públicas e comunitárias se associarem para reivindicar também a autorização de testes experimentais junto à ANATEL, estabelecendo o DRM como uma alternativa possível dentro de um futuro cenário para a rádio digital no Brasil.

Publicidade aprovada

O Grupo de Trabalho Interministerial aprovou recentemente um relatório que conta com algumas propostas para reformulação da Lei de Radiodifusão Comunitária. Alegando terem contemplado reivindicações do movimento das emissoras comunitárias, um dos itens aprovados a serem encaminhados será a adoção de publicidade por parte das rádios, à razão de um minuto a cada hora de programação.

Embora represente um ganho concreto para as emissoras, essa medida de certa forma livra o poder público da criação de um fundo de apoio às rádios comunitárias que poderia vir a ser criação, visando o incremento de sua infra-estrutura e mesmo de sua melhor capacitação. Diante de um futuro em que as rádios funcionarão apenas no formato digital, após um período de transição que poderá ser de até 10 anos, cabe perguntar quem pagará a conta dos equipamentos para garantir a transmissão das rádios comunitárias, independentemente do sistema digital a ser adotado no país. Uma resposta consistente a essa pergunta será capaz de evitar a eliminação das rádios comunitárias sem mandatos de busca e apreensão, devido à imposição das restrições econômicas de adaptação no sistema, incompatíveis com o poder aquisitivo de seus empreendedores.
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(*) Professor e coordenador do informativo SETE PONTOS
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