Loading

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cinema CRJ: nesta quinta, às 19h
.

.
40 anos do Pasquim: resistência com humor
.
A primeira edição do Pasquim chegou às bancas no dia 26 de junho de 1969. O tablóide surgiu seis meses depois da promulgação do AI-5 e durou até 1991. Com nomes como Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ziraldo, Millôr, Claudius, a publicação marcou época pelas suas entrevistas, seus ensaios e pelo humor ora sutil, ora escrachado.
.
“Quando Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) morreu, há cinco anos (30 de dezembro de 1968), abriu-se um vazio tão grande numa área do jornalismo de crítica e de humor que até hoje nas enquetes, quando se faz aquela pergunta – quem morreu e quem merecia estar vivo? – a resposta é quase sempre Sérgio Porto. O Pasquim surgiu dentro deste vazio, menos de um ano depois de sua morte, e imediatamente o escolhemos para patrono”, escreveu Sérgio Cabral em outubro de 1973, na edição nº 222 de O Pasquim.
.
Existem várias versões de como foi dado e quem deu o pontapé inicial para o começo do Pasquim. Sabe-se com certeza, apenas, que queriam substituir o tablóide humorístico Carapuça, que havia acabado com a morte de Sérgio Porto. Na época, os nomes que formariam o Pasquim trabalhavam em diversos outros veículos. Jaguar era cartunista na revista Senhor, que era de jornalismo cultural, e Millôr havia lançado o tablóide humorístico “Pif Paf”, que durou só oito edições.
.
“Todas essas pessoas (envolvidas com o Pasquim) queriam uma publicação de humor e maior espaço editorial”, conta o jornalista e cartunista Arnaldo Branco, que acompanha o jornal desde criança, quando lia as charges da Graúna, do Henfil. “O Pasquim foi um jornal feito bem em cima da proibição pesada da ditadura. Antes do ato institucional, ainda havia esperança de recrudescimento. Eles queriam fazer um jornal para meter pau na ditadura e a coisa deu certa, pois em menos de seis meses estavam vendendo 200 mil exemplares”, disse.
.
O nome, que significa jornal difamador, foi sugestão de Jaguar. “Terão de inventar outros nomes para nos xingar”, dizia o cartunista na época. O Pasquim se esforçou para honrar o seu nome, mas ele não era só tiração de sarro. Havia ensaios e entrevistas com figuras públicas da época. O jornal inventou uma nova forma de entrevista, que antes era na base do copydesk. Isso ocorreu logo na primeira edição, quando Jaguar entrevistou Ibraim Sued. “As entrevistas eram sensacionais. Eles provocavam os entrevistados, eram afiados. Na verdade, era mais uma conversa que uma entrevista”, conta Branco. O Decreto Leila Diniz, que instalou a censura prévia à imprensa, foi criado por causa de uma desbocada entrevista do Pasquim com a atriz.
.
Em novembro de 1970 a redação inteira foi presa por causa de uma charge que satirizava o quadro de Pedro Américo, O Grito do Ipiranga. Ficaram dois meses presos. Muitos sustos e histórias para contar depois, estavam soltos. Os militares, que esperavam que o jornal saísse de circulação, foram pegos de surpresa quando vários colaboradores, como Glauber Rocha, passaram a ajudar na recriação do tablóide.
.
As prisões continuariam nos anos seguintes. Os militares então apelaram e passaram explodir bancas que vendiam o Pasquim. Vários jornaleiros desistiram de vender o tablóide. O jornal perdeu sua força, mas sobreviveu à abertura política de 1985. A última edição foi publicada em 11 de novembro de 1991. Dos membros originais, Jaguar era o único que ainda se mantinha a frente do jornal.
.
Para comemorar as quatro décadas do jornal, a editora Desiderata está lançando o terceiro volume da Antologia do Pasquim, que engloba os anos 1973 e 1974 e uma edição comemorativa com 40 capas antológicas do tablóide e que reúne textos inéditos de Millôr Fernandes, Chico Caruso, Jaguar e Sérgio Augusto.
.
No período compilado pelo terceiro volume da antologia, Millôr Fernandes ocupava o cargo de editor, Henfil era o editor-executivo, enquanto Ziraldo e Jaguar respondiam pela área gráfica e edição de arte. Ivan Lessa e Sérgio Augusto imprimiam o estilo peculiar ao texto final, que mesclava erudição, ironia e bom-humor. Paulo Francis – radicado em Nova York – mandava seus originais pelo malote da Varig. E todos driblavam à sua maneira os olhos da censura prévia. “O que levou a ter uma geração tão boa de humoristas? Talvez a formação escolar melhor, a revolução sexual da época. O Pasquim era um grande improviso de uma gente que passou a vida inteira ensaiando, misturando formação erudita e a formação de bar. Eles tiraram a gravata do jornalismo”, conclui Branco.
.
FONTE: Jornal do Commercio.
.

domingo, 26 de julho de 2009

Tabagismo e os perigos do cigarro
.
Gilberto Alexandre
.
O fumo é considerado um dos maiores causadores de doenças para a humanidade. Entre elas, temos: as cardíacas, as respiratórias e o câncer em suas mais diversas formas – de pulmão, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rins, bexiga, entre outros tipos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) registra que mais de 80% dos tabagistas começam a fumar antes dos 18 anos.
.

O Brasil tem aproximadamente 22 milhões de fumantes. Entre os jovens com esse hábito, 70% têm pais tabagistas e alguns até admitem ter aprendido a fumar com eles. O pneumologista e professor Mário Rigatto afirma que o cigarro se tornou em menos de um século a mais importante causa de doenças cardiovasculares – como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) – e pneumopatias crônicas.
.

Ao fumar, temos a diminuição da capacidade respiratória e, proporcionalmente, aumentamos o risco de contrair problemas respiratórios, tais como: tosse, falta de ar, crise de asma, bronquite crônica, enfisema pulmonar e infecções nas vias respiratórias. Também aumenta o perigo da insuficiência vascular periférica – que causa má circulação sanguínea nos membros inferiores e impotência sexual – das doenças coronárias como angina e infarto do miocárdio, e ainda triplica o risco de morte por infarto, principalmente em homens com menos de 55 anos de idade.
.

O cigarro contém mais de 400 substâncias cancerígenas. Os dependentes de nicotina aprendem e acreditam que o cigarro preenche vazios internos, é companheiro e ajuda a lidar com o estresse. Entretanto esses falsos benefícios do tabagismo devem-se ao fato do viciado desenvolver forte tolerância à nicotina, piorando o funcionamento do cérebro na ausência desta substância.
.

Já os benefícios ao para de fumar são diversos. Entre eles podemos citar: a melhoria da capacidade física, do paladar (apetite) e a redução de gastos com tratamentos de saúde. “Quando você larga o cigarro o fôlego melhora em duas os três semanas, a circulação sanguínea também; voltamos a sentir o gosto da comida, o cheiro das coisas; o sono fica melhor, mais tranqüilo; e a respiração não dá nem para acreditar como melhora”, revela o médico e ex-fumante, Dráuzio Varela. Portanto, chega de adiar este momento: tente respirar fundo e jogue agora mesmo aquele maço de cigarros que você tem, amarrotado e mal cheiroso, no lixo para sempre!
.

Respeitando a diversidade
.
Ricardo Coutinho (*)
.
A luta contra a discriminação ao segmento LGBT é uma questão de direitos. Direitos esses, inclusive, garantidos na Constituição Federal, que proíbe todo e qualquer tipo de discriminação. A intolerância e o preconceito banalizam a violência, cotidianamente vivenciadas por pessoas cujo único desejo é viverem a sua sexualidade de forma livre. Portanto, precisamos unir esforços no sentido de fortalecer uma cultura de paz e respeito ao ser humano.
.

A partir do ano de 2005, com a criação da Assessoria da Diversidade Humana, a Prefeitura de João Pessoa deu início a discussões e ações que até então não faziam parte da agenda política no âmbito do setor Público em nosso estado.
.

Discutir estratégias anti-discriminatórias e pautar debates que coloquem a livre orientação e expressão sexual com direito humano, vem fazendo parte das ações do município, que visam à promoção da cidadania e respeito desta população. Setores como educação, saúde e desenvolvimento social vêm tratando a questão da diversidade sexual através de processos formativos, preventivos e de combate à homofobia, que contribui, inclusive no âmbito do espaço de trabalho, para a eliminação das práticas discriminatórias e preconceituosas.
.

A interlocução com o movimento LGBT vem consubstanciar esforços, no sentido de promover políticas públicas que correspondam aos anseios e à luta histórica desse segmento, que quer os seus direitos garantidos e o reconhecimento à diversidade humana.
.

Acreditamos em projetos emancipatórios, quando todos os sujeitos participam, dividem responsabilidades e atuam propositivamente e democraticamente em meio às diversidades. Há muita coisa ainda por fazer, mas os caminhos são visíveis e os passos seguem.
.

(*) Prefeito da cidade de João Pessoa-PB.
.

FONTE: cartilha "GLBT, à Luz dos Direitos Humanos".
.
Interatividade na nova era audiovisual
.
Lívia Cirne (*)
.
Para se produzir programa de televisão, nos dias atuais, é necessário ,antes de tudo, entender a atual fase da indústria midiática. Conhecer o sistema midiático não é só saber que a programação televisiva, obrigatoriamente, exige participação popular. Até aí não tem nada de tão especial, pois o rádio “faz” isso há décadas e para o jornal, as fontes sempre foram e serão a “voz do povo”.
.

Sem dúvidas, com tantos novos recursos multimidiáticos coexistentes, na disputa desigual por audiência, fica complicado para formatos analógicos (ultrapassados) garantirem a atenção de telespectadores contemporâneos, que convivem com agilidade, digitalização e ambientes de inteligência coletiva o tempo todo. Mesmo assim, nessa guerrilha, as emissoras tentam, a todo custo, convidar a audiência a um contato mais íntimo e fiel com o seu público.
.

Se adentramos a era da cultura da convergência midiática, precisamos firmar os pés no chão e cair na real de que esta convergência não está apenas associada à distribuição de informação em múltiplos suportes distintos. Crer de tal maneira é compartilhar com uma percepção muito vaga, pois, muito além desse propósito, a convergência traz consigo rupturas paradigmáticas. Ela ocorre no cérebro dos telespectadores, na busca por novas experiências, sensações e conexões com conteúdos dispersos.
.

Tangível a este contexto, ousadia e criatividade são palavras fundamentais no novo processo por qual “passa” a televisão analógica. Pensa que manter contato por e-mail é a grande sacada? Preciso dizer que essa técnica já está ultrapassada. Em meio a blog, youtube, orkut, e ao [lento, mas, mesmo assim, crescente] sucesso do twitter, - os quais permitem um maior vínculo ativo e mais preciso, bem como uma produção colaborativa, na maioria das vezes em tempo real - fica impossível admitir que certos programas (locais) ainda solicitem que o telespectador escreva cartas à emissora. Sim, Cartas! Papel, envelope, destinatário, remetente e selo! Sem delatar, é difícil acreditar, mas recorrentemente se testemunha episódio desses em emissoras "trashes" locais.
.

Contrapondo o discurso de que novos meios de comunicação substituirão rapidamente os antigos, o que de fato é urgente compreender é: eles irão conviver por muito tempo ainda e precisam interagir. Dessa forma, as empresas midiáticas devem repensar suas teorias sobre o que significa consumir mídia. Admitir interatividade real e telespectadores participativos, significa fidelização, ou seja, a conquista da audiência, o consumo de conteúdo e produtos. Então, vamos brincar de “fazer interatividade” direito, porque até a indústria de margarina está desenvolvendo estratégias interessantes; estimulando a participação do consumidor em promoções, por meio de SMS. Está acabando aquele negócio de sorteio de cartas, com a supervisão de um auditor da Lotep para conferir as embalagens.
.

(*) Jornalista, formada em Telecomunicações e Mestranda do programa de Pós-graduação em Comunicação e Culturas Midiáticas (UFPB).
.

FONTE: http://www.consultesamways.com.br
.

sábado, 18 de julho de 2009

REPORTAGEM FOTOGRÁFICA
Dança popular: tradição nordestina
.
Pedro Cassiano

.


A dança popular teve sua origem e consolidação no século passado. Os negros foram os primeiros a experimentar os movimentos, a partir da capoeira. Depois vieram os franceses com as quadrilhas. Em pouco tempo esses ritmos conquistaram a região Nordeste. Hoje, temos as quadrilhas estilizadas, as danças com ritmos mais acelerados. Outros folguedos sempre tiveram destaque em nossa região, tais como: Bumba meu Boi, Ciranda de Roda, Cavalo Marinho, etc.
.
A ética e a era da mídia
.
Rosa Alegria (*)
.
Para concretizarmos a possibilidade de um mundo mais sustentável e humano, temos que rever os valores éticos que a mídia, em seu reinado absoluto na era da informação, tem propagado, e repensar sobre as escolhas dos meios de comunicação, na difusão de hábitos, pensamentos e culturas. Para curar essa cultura repleta de doenças que transcendem a esfera social e afetam o estado físico, como a anorexia nervosa e a bulimia, a neofilia - manifestação compulsiva e patológica pelos novos produtos lançados pelo marketing - pelos índices crescentes de obesidade infantil, que só nos últimos 20 anos aumentou 240%, sem falar do déficit da atenção e infostress provocados pelo excesso de carga informativa.
.
O momento é de grande potencial e infinitos recursos. O acesso à mídia de massa tem aumentado mais do que nunca na história. Essa expansão envolve rádios, TVs, computadores e telefones móveis, todos cada vez mais baratos, e a nova mídia broadcast, como satélites e Internet, que aumentam o acesso e a possibilidade de escolha.
.
Mais e mais pessoas participam ativamente daquilo que a futurista Hazel Henderson chama de " midiocracia", um poder fortalecido pelo acesso aos meios de informação e ao mesmo tempo ameaçado pelo excesso de poder concentrado pelos grandes grupos. A nova ordem é abrir espaço para múltiplas vozes, promover participação em conversas públicas e desenvolver uma cidadania informada. A conversação passa a imperar nas relações comerciais. A Internet, até então voltada para resultados financeiros, passa a estar mais focada na qualidade das conversações com os mercados na micromídia. Alguns sinais dessas mudanças são a crise da mídia impressa, o advento da Web 2.0, a expansão da propaganda on-line, a revolução do You Tube, 27 milhões de blogs, os podcasts e videocasts, os wikis e o poder do boca-a-boca pela busca da transparência e da confiança.
.
Manifestações da sociedade já podem ser observadas como resistência a essa concentração de poder sobre a informação. Numa pesquisa realizada em 2006 com jovens, pela Bloomberg em parceria com o jornal norte-americano Los Angeles Times, 28% dos adolescentes e 38% dos jovens adultos ouvidos disseram preferir se informar a partir dos canais de TV locais, que foram a fonte de notícias mais procurada por eles depois das conversas com amigos e família.
.
A crise de confiança
.
A economia atual está na berlinda, e em seu colo, estão as organizações. Depois dos grandes escândalos corporativos como os da Enron, WorldCom e Parmalat, as empresas têm se esforçado para incorporar a ética e a transparência em seu dia-a-dia. No entanto existe uma grande crise de confiança. O público confia cada vez menos nas organizações. Os clientes têm menos confiança e até mesmo os funcionários não confiam na empresa em que trabalham. Uma pesquisa realizada pela consultoria inglesa Edelmann em 11 países, indica que a comunicação de igual para igual - com alguém no mesmo nível hierárquico, tem muito mais credibilidade do que a que vem oficialmente da empresa.
.
Será o mundo real aquele que os murais de avisos e publicações institucionais estão querendo mostrar? Sair da Matrix dos números manipulados, das notícias maquiadas, das pílulas douradas pode representar uma ação corretiva imediata para o resgate da reputação institucional. Entrar no Self da consciência ambiental, da responsabilidade social, da valorização da vida, é o chamado para as organizações que se propõem a ser sustentáveis e a trabalhar para a sustentabilidade do Planeta.
.
A ética soberana de uma nova mídia que desperte para uma nova consciência que promova o desenvolvimento sustentável poderá criar a cultura da esperança, combustível que aciona o motor do futuro e que nos fará resgatar aquilo que o frenesi do sistema tecno-produtivo nos roubou: nossa capacidade de sonhar e imaginar um mundo habitável e acolhedor a toda a civilização planetária.
.
(*) Pesquisadora, comunicóloga e ativista de midia.
.
Redes sociais: uma prática inclusiva (parte III)
.
Walter Ude
.
Estamos num momento histórico onde se busca uma nova visão de mundo, em que as coisas sejam vistas nas suas diversas interações e trocas constantes e simultâneas, passando por permanentes momentos de conflitos e de sínteses ou acordos provisórios. Nesse sentido, não se concebe o caminho da vida como uma mão única, e acredita-se que para mudar é necessário mudar-se, para transformar é necessário transformar-se e para inovar é necessário inovar-se. Nesse sentido, um pensamento em rede substitui um pensamento fragmentado. Todavia hoje temos grandes dificuldades para incorporar o ponto de vista implicado na metáfora da rede, tanto no nível das organizações propriamente ditas como da sociedade em seu conjunto.
.
A maioria das pessoas seguem pensando-se como indivíduos isolados (partículas elementares) e como parte de múltiplas redes de interações: familiares, de amizade, laborais, recreativas (ser membro de um clube), políticas (formais: ser membro de um partido; informais: ser votante, simpatizante de uma organização), culturais (pertencer ou participar atualmente de uma instituição cultural ou educativa), informativas (ser leitor, escritor ou produtor em meio de comunicação), etc. As disciplinas científicas seguem em muitos casos pensando em termo de compartimentos estanques e territórios exclusivos, crendo-se independentes da cultura e da sociedade que a nutre.
.
Por outro lado, o trabalho interdisciplinar não exclui o saber popular ou outras formas de saber. Antes de tudo ele é inclusivo. Sendo assim, num grupo de trabalho que se propõe trabalhar de forma aberta e cooperativa, todos os atores envolvidos devem participar de forma ativa. Num trabalho com crianças e adolescentes, por exemplo, eles devem opinar e cooperar na construção das propostas e das definições que dizem respeito ao seu ambiente educativo e social.
.
Por outro lado, toda a sua rede social (familiares, amigos, vizinhos, movimentos sociais e culturais, etc) devem comparecer nas discussões sempre que for do interesse da comunidade em questão. Isso significa que as mudanças se darão em rede e não de forma isolada. Aliás, o pensamento em rede não crê que possa ocorrer uma verdadeira transformação de forma segmentada. Por muito tempo acreditamos que deveríamos mudar os denominados “desviantes” da sociedade, sem alterar os demais sistemas que participavam da vida desses indivíduos. Segundo a visão tradicional, teríamos que recuperá-los, reintegrá-los e readaptá-los, pois a família, a escola, a indústria e a sociedade, dentre outros parâmetros sociais, eram concebidos como harmoniosos.
.
Dentro da perspectiva de redes sociais, essas idéias exclusivistas não encontram eco. Contudo, essa idéia não impede que haja momentos mais distintos, em que os diferentes participantes possam aprofundar suas questões mais específicas. Não podemos cair na armadilha de adotar posturas extremas, como a defesa de um coletivismo ou de um individualismo. Temos que buscar sínteses construtivas, embora tenham caráter provisório. Em seguida, passo a considerar como esses processos podem ocorrer nos níveis pessoal, institucional e comunitário, com o intuito de oferecer aos educadores sociais alguns instrumentos de trabalho.
.
FONTE: Redes sociais: possibilidade metodológica para uma prática inclusiva. In: Carvalho, et al. (org.). Políticas Públicas. Belo Horizonte, Editora UFMG/PROEX, 2002.
.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)
.
Angélica Patrícia
Bertrand Sousa
.
Para muitas pessoas falar sobre sexo é difícil, bastante complicado mesmo. E falar a respeito de doenças que podem ser contraídas durante as relações sexuais torna-se mais difícil ainda. Entretanto, quando a população em geral recebe informação e orientação adequada pode prevenir-se de tais enfermidades.
.
Para começar, vamos entender o que realmente significa uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), também chamada de Infecção Sexualmente Transmissível (IST). A definição geral diz o seguinte: trata-se de uma patologia transmitida através do contato sexual com alguém infectado. Como veremos a seguir, existem várias doenças que se enquadram nesta categoria e diferentes agentes causadores (vírus, fungos, bactérias, parasitas e protozoários).
.
O diagnóstico precoce e seu respectivo tratamento são as formas corretas para resolver, ou pelo menos amenizar, a situação. Caso contrário, as DSTs “podem evoluir para complicações mais graves, como: infertilidade, infecções neonatais, malformações congênitas, aborto (no caso de gestantes), câncer e até a morte”. O Dr. Carlos Cerri afirma que “na condução do tratamento de uma DST é importante o ‘controle de cura’, isto é, a reavaliação clínica e laboratorial após o término do tratamento. Algumas doenças podem persistir apesar da sensação de melhora relatada pelo paciente. Este é também um dos riscos da auto-medicação, pois o controle de cura adequado deve ser feito por um médico com vivência nesta área”.
.
Quando o assunto é DST uma doença se destaca, por suas características e índices fatais: a AIDS ou SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). O primeiro caso descoberto pela Medicina aconteceu no início dos anos 80. A Síndrome é transmitida através de sangue contaminado com o vírus HIV. Seja em transfusões sanguíneas, na utilização coletiva de uma mesma seringa, nas relações sexuais sem preservativo, durante a gravidez ou durante o parto, quando a mãe esta infectada.
.
De acordo com matéria publicada no Jornal de Brasília, em nosso país “o número total de casos registrados de AIDS, acumulados entre 1980 e junho de 2006, é de 433.067”. Atualmente, estima-se que aproximadamente 700 mil pessoas vivam com o HIV no Brasil. “Apesar da maioria das pessoas saber da camisinha, muitas deixam de usá-la com a estabilização do relacionamento. ‘O problema está aí. A pessoa deixa de usar o preservativo por confiar na fidelidade do parceiro, mas esquece que ele tem um passado sexual’, adverte a psicóloga da Associação Arco-Íris, Regina Cohen”.
.
Além da terrível SIDA existem outras DSTs, tais como: sífilis, gonorréia, HPV (verruga genital), clamídia, cancro mole, candidíase, herpes genital, tricomoníase, entre outras. É importante salientar que essas enfermidades não são contraídas apenas durante as relações sexuais, embora a maioria dos casos tenha origem nestas situações. Dentre os principais métodos de prevenção temos: evitar mudanças frequentes de parceiros sexuais; usar preservativo (camisinha) durante o contato sexual; ter bons hábitos de higiene com as partes genitais; e cuidar da saúde geral do corpo.
.
Cultura e informação no Bairro dos Novais
.
Pedro Cassiano
.
Na sexta-feira (03/07) aconteceu o “1º Dia (D) em Prol da Mulher” no Posto de Saúde da Família (PSF) do Bairro dos Novais, zona sul da Capital. A programação foi composta por palestras, apresentações musicais e de grupos folclóricos. A primeira foi do grupo Cavalo Marinho, formado por crianças de seis a quatorze anos. João do Boi, como é conhecido, tem 68 anos e há mais de 50 participa deste grupo, passado de geração para geração. “Aprendemos com meu avô e temos orgulho de passar esta dança para outras pessoas”, afirmou.
.
Além da dança, também fazem parte da apresentação os instrumentos folclóricos: banho, bandeira, atabaque, triângulo, entre outros. O corpo musical é formado por seis músicos. João do Boi é responsável pelo canto, que canta e encanta com seus embolados improvisados. O grupo tem ainda os animais brincantes: bode, burrinha, urubu, ema e o boi – que é o principal e dança com elegância. Ele entra em cena enfeitiçando o público com seus giros e pulos enormes. Enquanto isso, Catarina e Mateus – personagens mascarados – proporcionam ainda mais animação ao espetáculo. As roupas são coloridas, com espelhos, fitas e lantejoulas. Janiele, de apenas 11 anos, é a mestre do grupo, responsável por ordenar para qual direção os dançarinos devem ir. Com passos fortes e firmes, dois a dois, eles apresentam rapidamente a dança, sempre ao comando da mestre. “Eu apito e digo o lugar onde eles vão dançar”, explicou a doce menina.
.
Em seguida, a professora de educação física Luciana Cláudia aqueceu as moradoras com exercícios de alongamento. Luciana participa a dois anos do projeto “Vida Saudável”, desenvolvido pela Prefeitura Municipal João pessoa (PMJP) em diversos locais da cidade, inclusive na Praça Lauro Wanderley (Funcionários I). Ela orientou as participantes, dizendo que antes de fazer qualquer exercício físico é preciso alongar-se. Destacou também a boa alimentação, fundamental para qualquer pessoa. “Frutas, verduras, sucos naturais, devem fazer parte do nosso dia-a-dia para termos uma vida mais saudável”, disse.
.
A segunda apresentação cultural foi realizada pelo Ciranda do Sol, grupo liderado pelo mestre Manoel Baixinho e formado por 30 componentes. Detalhe: a integrante mais idosa tem 63 anos e a mais nova possui sete. O corpo musical é composto por três homens e duas mulheres. O bonde, a caixa e o ganzá são os instrumentos da dança. A saia da dançarina é rodada com uma estampa, dando um brilho especial aos movimentos. Tina, 31 anos, afirmou que o mundo atual não valoriza estes grupos de dança. “O jovem de hoje não tem valor cultural, só pensa em banda famosa, deixando de lado as origens folclóricas”, concluiu.
.
No início da ciranda é formado um grande círculo, onde todos dançam juntos o mesmo passo e cantam em voz alta. “Eu vi o trem sumindo com quanta moça bonita... Ilha do Bispo, Bayeux, Santa Rita. O trem voltou para Cabedelo, eu chegando a Cabedelo. A fortaleza abalou, eu sou o amor dela e ela é meu amor”. Esse trecho faz parte da música interpretada durante o espetáculo. Em ritmo que contagia as moradoras, Manoel enfatiza a imaginação com seus cantos.
.
O evento continuou no período da tarde, com a palestra de Rejane Duarte – enfermeira e psicóloga do Centro de Atenção Integrada à Saúde (CAIS), em Cruz das Armas – sobre “Orientação Sexual e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)”. Segundo ela, que há 12 anos faz palestras, é importante conhecer o próprio corpo para saber quando existe algo diferente. “Sintomas como corrimentos nos órgãos genitais, manchas na calcinha ou cueca, revelam a necessidade de procurar um especialista, ir ao Posto de Saúde mais próximo, mas nunca recorrer diretamente à farmácia para se tratar”, esclareceu Rejane.
.
Logo depois, a psicóloga Adriana Urquiza iniciou a palestra sobre “Violência Doméstica”, mostrando que a mulher, hoje e sempre, tem medo de ser expor e procurar ajuda quando esta sendo agredida pelo companheiro. A palestrante afirmou que as mulheres têm um poder muito forte nas mãos e que é preciso união para denunciar os abusos cometidos. Devem enfrentar corajosamente o principal problema: a vergonha de ver os maridos que amam na cadeia. Com medo de enfrentar essa realidade, muitas deixam a violência de lado, acontecendo impunemente. “O importante é tentar resolver esse fato. Quando existir violência contra a mulher, deve-se procurar ajuda e tranquilizar os sentimentos”, contou Adriana.
.
Após a palestra houve sorteio de cestas básicas, show de música gospel, apresentação de banda marcial e do grupo de teatro Estrela do Amanhã. A coordenadora do PSF, Bernadete Fernando, avaliou positivamente o evento, a partir da mobilização de várias mulheres do bairro, que assistiram e participaram do “1º Dia (D) em Prol da Mulher”. “Acredito e espero que com essas informações colocadas em pauta, elas tenham adquirido novos valores, não só para a sociedade e o marido, mas para elas mesmas”, afirmou Bernadete.
.
E para finalizar o Dia tão agitado, houve uma terapia temática com o objetivo de melhorar as relações humanas, compreender e respeitar a dor do outro, dar conselhos e falar do seu próprio eu. A sessão foi iniciada com um exercício de respiração, para deixar a mente livre. Segundo as terapeutas que conduziam esta atividade, uma interação desse nível representa uma melhoria na qualidade de vida, pois perdemos o medo de desabafar e compartilhar emoções. Enfim, tivemos um dia inteiro de cultura, entretenimento e principalmente informação.
.
Globalização e Cidadania: colocação do problema
.
Globalização é um dos conceitos em voga na atualidade, sendo seu significado na maioria das vezes reduzido ao aspecto econômico-financeiro, fato esse que tem contribuído para ocultar o caráter multidimensional que tal termo apresenta. Essa redução temática não permite que visualizemos, corretamente, inúmeras e profundas transformações que esse fenômeno tem ocasionado em todas as áreas da nossa vida social, ou seja, sem repudiarmos esse discurso único, de lugares-comuns, naturalizado e acrítico, que procura restringir o dinâmico processo da globalização somente ao seu âmbito economicista, será extremamente complicado lidarmos com as conseqüências, incertezas e riscos que essa mesma globalização tem provocado na esfera dos direitos da cidadania.
.
"O fato de ser uma palavra "da moda" fez com que ela, mesmo tendo surgido para supostamente apontar algo "novo", esteja já desgastada pelo uso excessivo e pouco rigoroso que dela se tem feito. Hoje já há um certo cansaço da idéia de globalização. Na verdade, esse "cansaço" da expressão reflete o fato de que globalização é um termo vazio de novidade, na medida em que o fenômeno a que se refere, não é, de fato, novo." Essa apologia de uma democracia de mercado global, não consegue compreender, por ser excessivamente restrita, que o "desenvolvimento entendido como simples crescimento econômico nunca foi de per si garantia de direitos, nem civis e políticos, nem econômicos e sociais."
.
Em síntese, essa linguagem do mercado global, que dá os contornos dessa mentalidade dominante, que a todos procura alcançar, em sua característica mais perversa, faz crer que qualquer tipo de manifestação contrária é inútil e contraproducente, não havendo alternativas, buscando erigir uma total uniformização através de um discurso único, no qual não existe uma responsabilidade pelo outro, pois este é encarado como um competidor em potencial, um inimigo a ser derrotado, ou seja, globalização, nessa vertente econômica, designa uma "socialização às cegas, visto ter conseguido de fato englobar o mundo."
.
Essa pretendida constituição de uma nova cidadania só será possível quando o sujeito, tanto na sua esfera privada quanto na pública, sendo ambas entendidas como eqüiprimordiais, tomar consciência de si mesmo e do outro de modo reflexivo, superando o mutismo alienante, a acomodação e o ajustamento dessa cidadania do futuro ainda é a criação e ampliação de espaços públicos não estatais não-coercitivos, os quais possibilitem um agir comunicativo guiado pelo entendimento e respeito recíproco, indo além do mero ato eleitoral em uma democracia representativa como a nossa, tornando os membros de uma comunidade do direito não apenas eleitores, mas cidadãos votantes, já que conscientes dos riscos inerentes em todas as escolhas e decisões que tomarem, assumindo criticamente sua responsabilidade política e social.
.
Daí o professor José Alfredo de Oliveira Baracho escrever que: "A nova versão de cidadania é traduzida pela idéia de uma consciência cidadã no trato com a coisa pública, tanto para a escolha dos dirigentes, como no trabalho social a ser cumprido." É neste ponto que surge, em nossa opinião, uma questão fundamental para entendermos o que é ser cidadão em um mundo globalizado: como esperar que uma pessoa que nem localmente possui ingerência política e poder de decisão possa ser inserida de maneira democrática e não excludente em um cenário internacionalizado?
.
Refletindo a respeito dessa indagação e de todas as intensas transformações resultantes do processo de globalização, aqui apresentadas, principalmente do seu vetor econômico, sabedores que as mesmas não atingiram apenas as estruturas macroecônomicas, mas também os círculos mais profundos, sociais e individuais, confrontando conceitos e idéias a muito solidificadas, e, fundamentalmente, tendo como pano de fundo as extensas redefinições das consagradas funções e papéis estatais, é que vislumbramos a necessidade de repensarmos, na próxima parte de nosso trabalho, a configuração do vigente federalismo brasileiro, buscando questionar os meios de inserir o cidadão num mundo globalizado e heterogêneo, tentando construir propostas que conciliem os instrumentos de inclusão local como os mecanismos globalizantes, em síntese, a "possibilidade de cidadania plena das pessoas depende de soluções a serem buscadas localmente..."
.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

EDITORIAL (10ª edição)
.
Caros leitores(as) estamos na área mais uma vez! Chegamos à décima edição do Comunicarte – Jornal da Oficina de Jornalismo realizada no Centro de Referência da Juventude dos Funcionários I – sempre trazendo novidades para vocês. E falando nisso, vamos aos destaques: nova diretoria do CRJ assume o cargo; nossa equipe de futsal feminino conquista mais um título; CRJ reinicia oficinas e promove debates.
.
O ano de 2009 começou bem para o nosso Centro da Juventude. As talentosas atletas da nossa equipe de futsal feminino conquistaram mais um título: campeãs do “1º Torneio Esportivo CRJ Funcionários I”, disputado na Praça Lauro Wanderley nos dias 30 e 31 de janeiro. Duas semanas depois, em plena sexta-feira 13/02, botamos o bloco na rua! Mais uma vez o "Que danado é isso?" desfilou pelo bairro ao som do Batuque Arrasta Cidade. Resultado: nota 10 em animação para os participantes.
.
Em abril deste ano tivemos a transição na diretoria do CRJ: saiu Rômulo Halysson, estudante e produtor cultural, para chegada da companheira Ziza Maia, assistente social. Desde então, a equipe de profissionais da unidade vem se reunindo com frequência, para manter o padrão de qualidade da gestão anterior, planejando e executando as ações relacionadas com a Política Pública de Juventude (PPJ) do município. A luta continua!
.
No mês seguinte (maio de 2009) reiniciaram as oficinas arte-culturais do CRJ – Jornalismo, Percussão, Teatro, Arte de Rua e Dança de Rua. Também teve início um novo curso para atender a juventude do bairro e adjacências: Aproveitamento Integral dos Alimentos. Após um período de inscrições, as turmas se formaram para começar as aulas, fato que ocorreu no dia 18 de maio.
.
Além disso, continuam acontecendo várias atividades complementares no Centro da Juventude dos Funcionários I. Temos a Estação Digital, funcionando nos três turnos; o ProJovem Adolescente e os treinos de futsal feminino (à tarde); ensaios de dança no período noturno; e debates interdisciplinares em horários diversos, a respeito de temáticas do universo juvenil. Inclusive, o próximo acontecerá no dia 16/07 às 15h, destacando o tema “Diversidade Sexual”.
.
Para finalizar, vamos falar um pouco sobre dois eventos que o CRJ apoiou neste primeiro semestre: uma nova edição do projeto “Glória Vasconcelos”, que trouxe cinema (exibição de curtas metragens) e apresentações musicais para o anfiteatro da comunidade no dia 08/05; e o grandioso “Dia do Desafio” (27/05), que mobilizou a cidade inteira em torno de uma saudável disputa, envolvendo práticas esportivas e atividades lúdicas.
.
Dica cultural: música
.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Jornalismo e novas tecnologias
.
Roberto Pinheiro
.
É inevitável que hoje o jornalista esteja ligado às novas tecnologias, independente de atuar em uma área específica da profissão. As redações do jornalismo impresso evoluíram muito no que diz respeito às tecnologias da comunicação, sobretudo com a utilização da Internet. Além disso, cada vez mais pessoas usam a rede mundial como meio de interagir e obter notícias do dia-a-dia.
.
Com a explosão da Internet nos anos 90, todo mundo estava se credenciando a fazer sites. A jornalista Sílvia Zanelle afirma que atualmente podemos ter blogs e outros tipos de páginas web, mas a prática do jornalismo e da comunicação exige responsabilidade do profissional, ligado a uma empresa midiática ou não. Existem jornalistas que participam de veículos impressos, redações on-line e também possuem blogs. Em todos esses meios deve-se informar com qualidade e critérios éticos junto ao público.
.
No recente caso do acidente com o avião da Air France no litoral brasileiro, jornalistas publicavam em seus websites “informações de bastidores” sobre o que estava acontecendo naquele momento. Também emitiam opiniões, faziam pesquisas relacionadas ao fato e apresentavam o contexto jornalístico. “Quando fazemos um texto temos que ter muito cuidado para não misturar as informações, não confundir as coisas. Vejo as ferramentas tecnológicas surgindo para acrescentar, agregar valor a produção da mídia, para que se possa fazer uma boa comunicação”, disse Sílvia Zanelle.
.
Nos processos de trabalho com as inovações da linguagem digital há várias dificuldades enfrentadas pelos jornalistas. Nas atuais redações on-line temos muita gente que migrou do jornalismo impresso e foi buscar aperfeiçoamento. Mas, de acordo com Zanelle, não se pode exigir que o profissional venha pronto, porque certamente terá algum contratempo. “A área da Internet é relativamente muito nova para todos nós e representa uma grande evolução da tecnologia. Os mecanismos da web são fascinantes, fornecendo mil possibilidades para trabalhar com aplicativos multimídias”, explicou a jornalista.
.
Os blogs para o uso do jornalismo, por exemplo, formam uma realidade cada vez mais consistente na Internet brasileira. Neste tipo de site - devido a uma estrutura simples, rápida e prática - é possível empregar muito bem o conceito de trabalho multimídia, através da utilização simultânea de hipertextos e conteúdos audiovisuais. “Percebo que as pessoas estão descobrindo e frequentando os weblogs com função jornalística”, afirmou Sílvia Zanelle.
.
Até o famoso Orkut, um dos espaços virtuais mais frequentados pelos internautas do Brasil, pode ser exemplo da massificação de informações. Antes dele, os fóruns e listas de discussão tinham maior destaque. “O Orkut vem ocupando espaço também para discussões, porque através dele as pessoas estão mais ligadas, numa grande rede social. Virou um meio de comunicação pública, como a televisão, o celular e outros que já eram voltados para as massas”, concluiu Sílvia Zanelle.
.
Resenha: “Faz de conta”
.
Angélica Patrícia
.
O título do espetáculo “Faz de conta” explica grande parte de sua história. Durante uma hora de apresentação os atores levam a mensagem da imaginação teatral para adultos e crianças. O público é conduzido a um mundo de sonhos e fantasia, que todos(as) tem vontade de conhecer.
.
As crianças se envolvem muito com a narrativa da peça e começam a dar luz ao lugar imaginário escolhido pela produção, proporcionando ainda mais criatividade ao mundo mágico que experimentam naquele momento. Os adultos entram no clima e também se tornam crianças, a partir deste lugar encantado.
.
Enfim, todos os participantes da peça se enchem de criatividade, imaginação, luz e magia, para contar e recontar esta fábula, deixando o mundo real por alguns instantes e trazendo de volta a verdadeira mágica do mundo infantil. Um lugar puro e calmo, com muitas histórias a serem ditas, tais como: “Pinóquio”, “Bela Adormecida”, “Branca de Neve”, entre outras.
.
Os atores dizem nunca ter vivido a sensação de ver crianças tão entretidas, com os olhinhos brilhando, empolgadas com tudo aquilo que estavam assistindo. Joht Cavalcanti e Adriele Daniel levaram ao público infantil um conto de fadas e aos adultos o simples prazer de voltar a infância, para lembrar dos pais contando histórias incríveis. “Fiquei sem palavras ao ver as crianças nos abraçando”, disse Joht.
.
Ao final do espetáculo, todos aplaudiram de pé, emocionados. O envolvimento com a platéia foi tão grande que as crianças deixaram os atores no chão. A dupla não conteve a emoção e recebeu o abraço de todas elas, uma por uma. A direção da peça ficou a cargo de Ingrid Castro e Joht Cavalcanti - professor de Teatro do CRJ Ilma Suzete Gama.
.
Também fiz parte deste público e senti na pele a vontade de voltar ao mundo da infância. Durante a peça deixei de lado o trabalho, os estudos e embarquei no mundo da imaginação. Sentia-me uma criança sonhadora e ao mesmo tempo uma senhora, vivendo e relembrando seu passado, querendo ser uma personagem da “Branca de Neve”, ou talvez a bruxa da “Bela Adormecida”...
.
Democratização das comunicações e da mídia
.
Autor: Osvaldo León
Tradução: Danilo Trademar
.
A democratização da comunicação é, antes de tudo, uma questão de cidadania e justiça social, que integra o direito humano à informação e à comunicação. Cabe dizer que é consubstancial a vida democrática da mesma sociedade, cuja vitalidade depende de uma cidadania devidamente informada e deliberante para participar e corresponsabilizar-se na tomada de decisão dos assuntos públicos. Nos últimos tempos, sem exceção, esta aspiração democrática tem sido seriamente debilitada pela hegemonia neoliberal que, ao colocar o mercado como eixo do ordenamento social, pretende confiscar as democracias, anulando todo sentido de cidadania. Além disso, a comunicação passou a se constituir em suporte chave dessa dinâmica. Tanto é assim que, apoiando-se no acelerado desenvolvimento de tecnologias e técnicas, os poderes estabelecidos apontam para convertê-la em paradigma de futuro, sob a fórmula de “sociedade da informação” ou qualquer outro equivalente.
.
Eis que a comunicação não só tem sido objeto de substanciais mudanças internas (subordinação da palavra à imagem, transmissões diretas e em tempo real, multimídia etc) mas também tem se convertido em um dos setores mais dinâmicos, com profundas repercussões em todos as ordens da vida social. A comunicação aparece agora como um dos setores econômicos de ponta, tanto por sua rentabilidade na busca em decifrar as chaves que apontam para a chamada “nova economia”. Portanto, ao calor da globalização econômica, é do qual com maior virulência se desatou a dinâmica de concentração empresarial e multinacionalização, que se traduziu no aparecimento de verdadeiros “moguls”, com ramificações em todos os cantos do mundo.
.
Isto é, megacorporações que se formaram pela fusão de jornais de médio porte, cadeias de televisão, tvs a cabo, cinemas, software, telecomunicações, entretenimento, turismo, entre outros. Tais produtos e serviços dessas empresas podem promover-se mutuamente entre seus diferentes ramos, em busca de uma ampliação de seus respectivos nichos de mercado. Hoje são sete as corporações que dominam o mercado mundial da comunicação. Se não se estabelecerem restrições a esta lógica oligopólica, amanhã poderão ser menos. Como se trata de um projeto global, este processo vem acompanhado a imposição tanto de políticas de liberalização e desregulamentação, sobretudo em matéria de telecomunicações, para eliminar qualquer regulamentação ao espaço estatal que pudesse interpor-se à expansão multinacional, como normas – tal o caso da nova interpretação dos direitos de propriedade intelectual – orientadas a salvaguardar seus interesses e a lograr que de uma vez por todas a informação e a produção cultural sejam consideradas meras mercadorias.
.
Ao amparo do dogma neoliberal, o que se vê configurando é uma indústria de cultura altamente concentrada e regida por critérios exclusivamente comerciais. Os critérios são de rentabilidade acima do interesse público e do paradigma do consumidor acima do cidadão. Nada surpreende que a promessa do futuro se perfile com abundante informação gratuita, mas banal, ainda que sensacionalista pela mídia, sendo que a de qualidade só poderá ter acesso quem tem condições de pagar. Tal é a força desta investida que em seu trajeto praticamente arrastou os meios de caráter público, privatizando-os todos, além de forçar todos os restantes a comercializarem-se, criando uma verdadeira erosão nesse rol, ficando sem espaços para alimentar o debate amplo, plural e aberto às diversas perspectivas, idéias e expressões culturais da sociedade.
.
No meio de todos esses desenvolvimentos, a mídia também passou a ser um espaço crucial na configuração do espaço público e da cidadania – dizemos crucial para assinalar que não se trata de um fenômeno novo, mas sim intenso e substancial – tanto pelo peso que agora tem para gravitar na definição das agendas públicas como para estabelecer a legitimidade de tal debate. A predominância da mídia com relação a outras instâncias de mediação social – partidos, associações de classe, igrejas, estabelecimentos educacionais, etc – é tal que, para prevalecer, estas precisão recorre àquelas. Neste contexto, o risco de que a “ditadura do mercado” se consolide a partir do enorme poder que concentrou no mundo da comunicação, para ganhar “as mentes e os corações” das pessoas, não é uma mera fantasia.
.
O curso dessa tendência só poderá ser brecado e modificado por uma ação cidadã contundente, sustentada e deliberada. Existem roteiros abertos por uma multiplicidade de iniciativas em diferentes planos. Coletivos empenhados em garantir o acesso universal às novas tecnologias de informação e comunicação; redes de intercâmbio para desenvolver software livres; espaços para pressionar em instâncias de decisão na defesa do direito à informação e à comunicação; organismos empenhados em monitorar e implementar ações críticas frente aos conteúdos sexuais, racistas, excludentes etc, veiculados pela mídia; programas de educação para desenvolver uma postura crítica frente a mídia; associações de usuários para pressionar na programação da mídia; meios independentes, comunitários, alternativos comprometidos em desenvolver a comunicação; redes cidadãs e de intercâmbio informativo articuladas por intermédio da internet; pesquisadores que contribuam para abater as chaves do sistema reinante e apontar possíveis saídas; organizações sociais que entrem na disputa da batalha da comunicação; associações de jornalistas que levantem a bandeira da ética e independência; coletivos de mulheres que articulem redes para que avance a perspectiva do gênero na comunicação; movimentos culturais que se neguem a deixar-se sepultar no esquecimento; redes de educação popular; observatório em prol da liberdade de informação; associações para se opor aos monopólios; movimentos em defesa da mídia de caráter público.
.
Se tratam de embriões de uma resistência cidadã, todavia dispersa, que precisa multiplicar-se e transformar-se em uma grande mobilização de movimentos sociais articulados na luta pela democratização da comunicação, trincheira que, na atualidade, se joga o futuro da democracia. Não é, portanto, um assunto que diga respeito unicamente a quem direta ou indiretamente se encontre vinculado à comunicação: interpela o conjunto de atores sociais.
Tratando de definir a participação popular
.

Victor Vincent Valla
.

No conjunto de discussões que há alguns anos se vêm intensificando sobre os rumos técnicos e políticos do sistema nacional de saúde, a questão da participação popular tem merecido destaque, sendo esta, entretanto, uma discussão marcada por ambigüidades que expressam as diferentes perspectivas com que se utiliza o termo. O tom vago e difuso em que a proposta de participação popular aparece em textos oficiais, ao lado de sua frágil normatização, tende a torná-la, como conseqüência, algo centralizado nas mãos dos técnicos e na burocracia governamental.
.
Para se ter uma melhor compreensão do sentido da participação popular, é interessante situar algumas definições de ‘participação social’. De forma geral, participação popular compreende as múltiplas ações que diferentes forças sociais desenvolvem para influenciar a formulação, execução, fiscalização e avaliação das políticas públicas e/ou serviços básicos na área social (saúde, educação, habitação, transporte, saneamento básico etc.). Outros sentidos mais correntes de participação são: a modernização, a integração dos grupos ‘marginalizados’ e o mutirão.
.

O termo modernização tem o sentido de superar atrasos tecnológicos e culturais de uma determinada sociedade. Equivale ao desenvolvimento de novas formas de produzir e consumir, de inovações tecnológicas (por exemplo: DDD, robôs industriais, caixa automática nos bancos, TV a cabo) e culturais (por exemplo, divórcio, hábito de lanches rápidos, aquisição de eletrodomésticos), que estariam introduzindo profundas mudanças na sociedade, das quais a população como um todo deveria participar.

.
É possível que uma modalidade da participação social vise também fazer com que a população tenha a sensação de participar de algo de que nem sempre usufrui ou controla; a melhoria de vida da população seria uma decorrência dessa modernização. A realidade brasileira, no entanto, não confirmou esse pressuposto. Não há indicações de que as inovações tenham permitido uma maior participação da população. E tampouco o padrão de vida da maioria da população melhorou.

.
A proposta da integração dos grupos ‘marginalizados’ parte do princípio de que a maioria da população, em razão da sua pobreza, encontra-se ‘fora’ da sociedade. É como se a dificuldade de acesso aos produtos e serviços básicos fosse uma decorrência da ignorância e passividade dessas populações ‘marginais’, ou para utilizar um termo mais atualizado, os excluídos, isto é, aqueles que estão ‘fora’, por sua própria culpa, precisando ser animados, incentivados, esclarecidos, para poderem participar dos benefícios do progresso econômico e cultural.

.

Essa concepção tem raízes fortes em nossa sociedade, inspirando inúmeros programas governamentais e religiosos que há muitos anos vêm se desenvolvendo com vistas a integrar os chamados marginalizados. Esse tipo de participação obscurece o fato de que estes grupos marginalizados sempre estiveram dentro da sociedade, mas participando da riqueza de forma bastante desigual. A integração deveria, então, passar necessariamente pela garantia de empregos, melhores salários e serviços básicos.
.
Uma das formas de participação popular mais utilizada é a do mutirão. Trata-se de um apelo, de um convite à população, principalmente a que mora nos bairros periféricos e favelas, para que realize, com seus próprios trabalhos, tempo de lazer e, às vezes, dinheiro, ações e obras da responsabilidade do governo. Em grande parte, os governos brasileiros, tanto o federal, como os estaduais e municipais, agem com a população de uma forma bastante autoritária, decidindo unilateralmente sobre a qualidade e quantidade dos serviços básicos. Quando, no entanto, percebem que não dão conta de um determinado problema (como a dengue ou a cólera, por exemplo), então conclamam a população a participar do combate e erradicação do mal através do mutirão.