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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Cineport começa nesta sexta-feira na Capital
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A abertura oficial do Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa (Cineport) acontece nesta sexta-feira (4), a partir das 19h, na Usina Cultural Saelpa, em João Pessoa. O evento, que se estenderá até o dia 13, vai exibir mais de 100 filmes produzidos em oito países. A estrutura – que inclui tendas climatizadas – foi preparada para receber um público total de até 5 mil pessoas durante os dez dias do evento. O festival conta com a parceria da Prefeitura de João Pessoa (PMJP), que incluiu na programação o projeto 'Cine Volante'.
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O diretor de produção do festival, Henrique Frade, disse que a equipe está trabalhando para receber 5 mil pessoas na 'Cidade do Cinema'. "Construímos uma estrutura com tendas climatizadas, para vários eventos. A Tenda Andorinha tem 400 lugares e a Andorinha Digital tem 250 lugares. Ainda tem uma tenda para música. O festival é dividido em duas partes. Neste final de semana, serão exibidos os filmes dos homenageados e mostras. A partir da segunda-feira, serão exibidos aqueles que irão concorrer aos prêmios", disse.
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A assessoria de imprensa do festival, informou que o Cineport já conta com mais de 100 filmes inscritos para exibição, superando a expectativa dos organizadores. O festival vai fazer homenagem ao realizador angolano Zezé Gamboa, ao cineasta português Luiz Galvão Teles e ao documentarista paraibano Wlademir Carvalho. A cerimônia de abertura nesta sexta-feira vai ser apenas para convidados. Para o público, o festival começa mesmo a partir das 14h do sábado (5).
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Durante uma semana, os eventos incluídos no festival vão acontecer tanto da Usina Saelpa, que é a sede, como em terrenos da empresa. Também haverá atividades em diversos locais da cidade. Os trabalhos serão exibidos também dentro do projeto 'Cine Volante', que leva produções cinematográficas aos bairros da Capital. As apresentações serão realizadas em praças públicas de bairros como Mangabeira, Jaguaribe, Manaíra e Mandacaru.
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As atividades também acontecem no Espaço Cultural – com exibição de filmes infantis para alunos das escolas municipais e estaduais, no Cine Banguê – e na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Na universidade, acontecerão debates e palestras com professores e os produtores das películas dos oito países participantes do evento.
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Instituído pela Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho em 2004, o Cineport tem como objetivo integrar e desenvolver o mercado audiovisual, promovendo os filmes realizados em português e dialetos falados nas nações que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), formado por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Dica cultural: evento
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Vida longa aos jornais
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Eduardo Tessler (*)
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Os alarmistas e apocalípticos de plantão já escolheram o alvo preferencial desta década: os jornais. Com a mesma sabedoria de quem decretou a extinção do veículo que ainda teima em correr de mão em mão em casas, aviões, bares e metrôs do mundo inteiro há mais de 200 anos, os analistas dizem que em 10 ou 15 anos já não haverá mais jornais no planeta.
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Pura bobagem. Erro de cálculo de quem insiste em não entender os hábitos dos cidadãos e prefere confiar em business plan ou em dados de algum gênio. Jornal é um produto rápido, prático e barato. O problema não é o objeto jornal, mas o jornal ruim, o jornal que parou no tempo, o jornal que procura informar coisas que seus leitores já sabem. E ainda tentam cobrar o equivalente a um litro de leite ou a uma cerveja por um exemplar de notícia velha.
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É verdade que nos Estados Unidos alguns jornais tradicionais fecharam as portas. Mas uma análise mais apurada revela que em nenhum caso o motivo foi a chegada de novos meios - como a Internet ou qualquer plataforma digital. Eles deixaram de circular porque estavam mal administrados. Em algum momento os administradores entenderam que o dinheiro rendia mais aplicado em bolsa de valores do que na odisséia da notícia. A crise de setembro de 2008 acabou com o sonho. Quebra total de quem aplicou onde não devia.
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A prova que jornal é um bom negócio é que mesmo em tempos de recessão empresas que enxergam o futuro lançam mais títulos no mercado, muitas vezes saturado. No início de maio Portugal conhecerá o "i", jornal de informações gerais especializado em análise dos fatos. Ou seja, há espaço, há que saber descobri-lo.
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Jornal é um produto de consumo imediato e tem curta duração de vida. Há mais de 100 anos é assim. O que mudou foi a velocidade da informação. Hoje a notícia chega por diversas formas, pela televisão ligada durante o almoço, pelo rádio do carro, pela Internet, pelos telefones celulares, pelos amigos, pelo papo de bar. Mas se a notícia envelhece durante o dia, para que serve o jornal? Para explicar. Para traduzir o enorme manancial de informações que corre pelos olhos do cidadão em informação útil. Quem souber ir mais além do fato, trabalhar o next e o why, não corre o risco de fechar.
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O problema é que poucos entenderam isso no Brasil. Na esmagadora maioria dos dias, as manchetes dos principais jornais brasileiros é exatamente o tema de abertura dos telejornais da noite anterior. Parece até que esperam a fala dos apresentadores para definirem a primeira página. Ora, os tempos mudaram. Não há mais espaço para a perda de tempo. A culpa não é da crise, mas da falta de criatividade dos jornais. O medo dos diretores é o que comanda a falta de ousadia dos jornais brasileiros.
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O Brasil não tem um The New York Times, um The Guardian ou um El País. Na vala comum da imprensa nacional os jornalões falam da farra das passagens aéreas na Câmara ou da taxa Selic. E pretendem que alguém compre um exemplar por isso. Pura ilusão. Os jornais não estão ameaçados. Mas os jornais ruins, desnecessários, estes sim estão condenados.
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(*) Jornalista e consultor de empresas de comunicação.
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Pequena história do rádio
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O rádio pode ser considerado uma inovação tecnológica para o período de 1900 a 1950, pois revolucionou o modo de se divulgar notícias na época, uma vez que a velocidade alcançada por este jamais fora sonhada pela população daquele tempo. Inicialmente as notícias eram retiradas dos jornais impressos, lidas e comentadas. Mais tarde passaram a vir de fonte própria e este incorporou um aspecto mais popular com novas “atrações” como programas de humor, novelas e músicas.
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Por ser um veículo de comunicação de massa popular foi muito utilizado no período da Segunda Guerra Mundial, pois eram necessárias informações imediatas sem precisar de grandes detalhes. Esta característica continua mesmo após a guerra.
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No Brasil a primeira transmissão foi realizada no centenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1922, em que o presidente Epitácio Pessoa, acompanhado pelos reis da Bélgica, Alberto I e Isabel, abriu a Exposição do Centenário no Rio de Janeiro. O discurso de abertura de Epitácio Pessoa foi transmitido para receptores instalados em Niterói, Petrópolis e São Paulo, através de uma antena instalada no Corcovado. Era o começo da primeira estação de rádio do Brasil: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Fundada por Roquette-Pinto a emissora foi doada ao governo em 1936 e existe até hoje, mas com o nome de Rádio MECRadio Santa Rosa.
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Características que perduraram
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Comprovando a abrangência alcançada pelo rádio pode-se citar o governo populista de Getúlio Vargas que se utilizou muito desse meio de comunicação de massa para atingir a população na época. Assim aumentava sua eficácia em relação a ideologia populista - governo regente na década de 50.
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Seguindo estes princípios foi criado o programa “Hora do Brasil”, que depois passou a se chamar “A Voz do Brasil”, em 22 de julho de 1935, tornando-se obrigatório em 1938 até hoje em todas as rádios do Brasil, evidenciando as principais notícias do país.
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Considera-se que, mesmo na Era Digital, o rádio não enfraqueceu, mas talvez mudado as formas de interagir. Os princípios continuam os mesmos, entretanto o usuário consegue ter acesso de um celular, de um computador e até mesmo possuir uma emissora de rádio, em miniatura dentro de seus lares, sendo assim, somente uma questão de ótica
TV pública: compromissos e regulamentação
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Antônio Achilis
Cláudio Magalhães
Edivaldo Farias
Evelin Maciel
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As TVs públicas do Brasil totalizam 3.300 emissoras e retransmissoras em todo o país e se preparam para dar o segundo passo em direção à sua definição de conceitos, papéis e responsabilidades. Será no 2º Fórum Nacional das TVs Públicas, em que vamos nos encontrar com nossos débitos e créditos e assinar promissórias com a sociedade.
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No encerramento do 1º Fórum Nacional das TVs públicas, em maio de 2007, o presidente Lula recebeu a Carta de Brasília e os fundamentos do que viria a ser a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), cuja face mais visível é a TV Brasil. Estava concluído, assim, o primeiro movimento para a construção do conceito da televisão pública brasileira, depois de intensas e longas discussões entre grupos temáticos, reunindo especialistas e realizadores. A Carta de Brasília enunciou princípios fundadores dessa televisão pertencente à sociedade, a ela subordinada e a ela dedicada. A lei que criou a EBC, embora limitada às emissoras do governo federal, inaugurou tais fundamentos, há muito consagrados entre nós, que fazemos televisão pública neste país nas suas diversas especificidades.
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Do ponto de vista formal, foi um salto de 1967 a 2008. É preciso lembrar que o decreto-lei 236, de 1967, determina que as emissoras educativas existam só para transmitir aulas, palestras e debates. Que nem sequer recebam doações, mesmo que o doador permaneça anônimo. E esse decreto ainda está em vigor.
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Portanto, temos uma pauta para cumprir para erigir uma televisão pública democrática, plural, dedicada à formação da cidadania neste país. E capaz de cumprir o estabelecido na Constituição Federal, em seus artigos 221 a 223, como não ocorre no segmento privado. É por isso que, mais uma vez, o campo público de televisão, por meio de suas entidades representativas, se organiza em torno de um grande fórum de debates. Dessa vez, o 2º Fórum Nacional das TVs Públicas, convocado pelas entidades do setor para acontecer em maio, será uma instância oficial da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que o governo programa para
dezembro.
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Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais), ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária), Astral (Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas) e ABCcom (Associação Brasileira de Canais Comunitários) se unem para um amplo debate das questões urgentes do setor, com o apoio inequívoco e fundamental do Ministério da Cultura e da EBC, a grande beneficiária do primeiro evento, e contando com a presença de entes públicos pertinentes aos temas, especialmente o Ministério das Comunicações e o Poder Legislativo federal.
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Ao fim do 2º fórum, vamos nos empenhar para a implantação do que for aprovado e para entrarmos consistentes na prevista Conferência Nacional de Comunicação, outro anseio inarredável da sociedade. Há um alinhamento de fatores que torna especial e imperdível essa oportunidade. Qualquer evolução nesse campo depende da qualidade da democracia em funcionamento que, evidentemente, melhorou muito nos últimos 40 anos.
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A implantação da transmissão digital terrestre, em curso, reduzirá os abismos tecnológicos existentes hoje entre as diversas emissoras e, na sequência, provocará revoluções no jeito de fazer e de usar televisão. A interatividade e a convergência de mídias apontam para o surgimento de novas verdades e novos parâmetros - acreditamos que para a construção da cidadania e do fortalecimento da educação libertadora. Por isso vamos demandar regulação, para que não nos faltem reconhecimento jurídico, compromissos democráticos e responsabilidades.
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Por isso buscamos clareza na forma de financiamento, o indispensável acesso à multiprogramação e a criação de um instituto que se dedique à evolução da atividade. Esse 2º fórum haverá de contribuir para que a sociedade se torne protagonista, ultrapasse a condição de meros consumidores e seja maior do que seus tutores em seus processos de reflexão.
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FONTE: Folha de S. Paulo
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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Em defesa da liberdade na Internet brasileira

"Quem usa Internet e tem uma certa cultura e preocupação com a própria liberdade, sabe que existe um senador (Eduardo Azeredo, do PSDB) que resolveu que poderia cortar as liberdades digitais no Brasil. A tal lei, que já deve ter sido modificada a exaustão, dado o 'morde-morde' dos integrantes das casas parlamentares brasileiras.
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Enfim, assinem e divulguem a petição on-line que tá rolando para lutar pelo veto dessa lei bestial e draconiana. A petição já conta com mais de 130 mil assinaturas. Só falta você, internauta inteligente, assinar também!" Basta clicar no link abaixo e seguir as instruções:
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Pelo veto ao projeto de cibercrimes - Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira

terça-feira, 21 de abril de 2009

Semana de voluntariado jovem no Brasil
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A Rede Nacional de Grupos, Movimentos e Organizações de Juventude (RENAJU) está este ano participando da Semana de Voluntariado Jovem no Brasil, que vai acontecer de 24 a 26 de abril em todo o Brasil. As informações a seguir têm o objetivo exclusivo de incentivar a prática do voluntariado e indicar alguns caminhos possíveis para que nossos membros possam encontrar um lugar para doar seu tempo, trabalho e talento.
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Para ser um voluntário(a), não é preciso ser especialista em algum assunto nem se dedicar o tempo todo a essa atividade. Basta ter interesse em ajudar. Há muitas formas de participar. Uma sugestão é procurar o Centro de Voluntariado de sua cidade ou Estado, ou instituições como Lions Club e Rotary. Nesses locais, você encontra uma relação de escolas, organizações não-governamentais, hospitais e outras instituições que precisam da colaboração de voluntários. Ali você também saberá com que atividade poderá contribuir e receberá orientação sobre direitos e deveres do voluntário.
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Você consegue ser voluntário(a) se: participar de alguma campanha social. Por exemplo: campanhas pela paz, pelo trote cidadão, pelo voto consciente, pela doação de sangue, pela coleta de livros, brinquedos ou agasalhos, pela reciclagem, etc; identificar necessidades comunitárias ou individuais e agir para minorar ou solucionar esses problemas. Por exemplo: alfabetizar, dar reforço escolar, oferecer serviços específicos relacionados à sua profissão, arrecadar livros, entre outras ações.
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Também torna-se voluntário aquele(a) que: junta-se a grupos comunitários e para dar apoio a alguma necessidade específica da comunidade, em problemas específicos de urbanização, saneamento, saúde, escola pública, associação de moradores; identifica alguma necessidade do bairro e formar um grupo de voluntários para buscar soluções; engaja-se em algum projeto de desenvolvimento da cidade ou de melhoria de vida em comunidade; participa da Associação de Pais e Mestres (APM) da escola de seus filhos ou de outros projetos ligados ao voluntariado; participa do corpo de voluntários de alguma organização social com a qual se identifique na área de atuação e com o público-alvo de sua preferência. Enfim, para mais informações acesse: http://www.redejuvenil.org.br
Decreto presidencial confirma realização da ConfeCOM
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Por meio de decreto publicado no Diário Oficial da última sexta-feira (17/04), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a realização da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) entre os dias 01 e 03/12 deste ano. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, presidirá o evento.
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O tema da conferência será “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”. Ela contará com a participação de representantes do poder público e da sociedade civil, eleitos em conferências estaduais e distrital. A eleição dos delegados seguirá regra ainda a ser definida pelo Ministério das Comunicações.
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O evento será bancado com verbas do próprio Ministério das Comunicações, mas será montado com a colaboração dos ministros chefes da Secretaria-Geral e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. O anúncio da realização da Confecom já havia sido feito anteriormente, mas somente hoje foi ratificado oficialmente. A Câmara dos Deputados, junto com representantes das comissões nacionais e estaduais de mobilização, realizam hoje o segundo e último dia da plenária preparatória para a Conferência.
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O objetivo do encontro, organizado pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias; de Ciência e Tecnologia; e de Legislação Participativa, é definir um plano de mobilização nacional e definir propostas para serem levadas à Confecom. A garantia de critérios democráticos para a concessão de canais de radiodifusão, a convergência digital, a universalização da banda larga de Internet, a inclusão social e o respeito à liberdade de expressão estão entre os pontos defendidos pelas comissões da Câmara.
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Redes sociais: uma prática inclusiva (parte II)
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Walter Ude
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As transformações no mundo atual têm atingido de uma maneira ou de outra a todos nós, independentemente da classe social a que pertencemos. Obviamente, as pessoas pertencentes às camadas pobres ou miseráveis estão mais expostas a situações de precariedade social que são muito mais graves, sendo que algumas delas chegam ao estado de uma verdadeira indigência. Nesse sentido, Castel (1998) nos alerta que, quando um indivíduo rompe com sua comunidade de origem e se sente desgarrado, a ponto de se sentir estranho ou ser estranho pelos outros que o rodeiam num lugar que antes era familiar, ele vive um processo que esse pesquisador nomeia de desafiliado.
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Nessas condições, sua noção de vínculo torna-se profundamente comprometida em termos de uma cidadania possível. Situações externas como essas necessitam ser revistas e repensadas, para que se possa criar várias formas de convivência, pois uma sociedade humana não pode deixar de adotar seus filhos e suas filhas. Mas quantos compatriotas estão aí jogados na rua ou na sarjeta? Quanto a isso Gadotti (1998) comenta: “Amar uma criança é amar todas as crianças, também a criança espancada, violentada, vítima da sociedade injusta (...) Não posso realmente amar plenamente meu filho enquanto existirem tantas crianças vítimas de violência.”
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Olhar fragmentado X perspectiva de redes sociais
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Como podemos construir um mundo mais humano se optarmos pelo isolamento social? Dia após dia, fica mais evidenciado que aquela forma tradicional de se pensar o trabalho social - onde cada um ficava isolado no seu setor -, atuando como se fosse o único trabalho possível de se realizar, não produz resultados que possam contribuir para uma vida em coletividade. Mesmo porque, no contexto atual, as instituições já não contam com as condições de trabalho que tinham até há alguns anos atrás, quando o assistencialismo e as medidas repressivas eram as principais estratégias para tentar conter níveis elevados de fome e de pobreza.
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Neste início de século, constata-se que a idéia de um pretenso especialista, capaz de deter todos os conhecimentos possíveis de uma determinada área científica, vai se tornando cada vez mais inviável, quando se pensa no resgate e no fortalecimento de uma sociedade civil, capaz de responsabilizar-se pelos rumos políticos, culturais e econômicos do seu povo. O profissional especializado numa única visão “técnica” corre o risco de tratar sua clientela de forma fragmentada, setorizada e desconexa em relação ao mundo social mais amplo.
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Dentro dessa lógica, funcionam mais como adaptadores do que como agentes de transformação social. Com isso, não se nega a importância de que se desenvolva uma certa especialidade numa determinada linha de trabalho ou de criação. Do contrário, pode-se perder as noções de fronteiras que distinguem os diferentes campos do conhecimento. Trabalhar de forma interdisciplinar, em que se trocam saberes, crenças e experiências diferentes, não significa perder a própria identidade.
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Outro problema sério do especialista é sua aspiração em se meter a decidir a vida dos outros. Ao se nomear e ser nomeado de “técnico” assume uma postura de tentar prescrever, prever e predizer a existência das pessoas, sem considerar a história, as necessidades, os desejos e o pensamento de um ser humano que comparece diante de si. Esse verdadeiro vício institucionalizado gerou relações de dependência entre profissionais e pacientes em vez de construir relações de cooperação, de emancipação, de reciprocidade e de responsabilidade pessoal e coletiva.
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Diante dessas constatações, propõe-se aos educadores sociais que devolvam aos sujeitos do seu atendimento a competência que eles têm para pensar e entender seus próprios problemas e sofrimentos, evitando assim, que fiquem submissos à perspectiva de um outro que, supostamente, teria a plena capacidade de definir suas vidas. Essa possibilidade só se efetiva em espaços de conversação, onde segredos e demandas sejam revelados e compartilhados por todos os participantes, de uma maneira sincera e num clima de confiança e de ética coletiva.
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Nesse contexto educativo, o trabalhador social se posiciona como um promotor de encontros, onde articula redes de apoio e de ajuda mútua. No entanto, deve capacitar-se para escutar o dito (Habermas, 1989), ou seja, mais do que ouvir o falado, deve escutar o dito – aquilo que está por trás do aparente ou do manifesto, pois apresenta níveis mais profundos de compreensão. Com essa meta, busca-se compreender o outro para que ele se compreenda e, com isso, toda rede que participa do processo possa elaborar suas próprias reflexões críticas. Contudo, torna-se fundamental o desenvolvimento de uma perspicácia, que habilite o educador social a formular boas perguntas, com o intuito de estabelecer diálogos que provoquem novas construções, ou seja, propostas e ações que vão além do que já se conseguiu construir.
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FONTE: Redes sociais: possibilidade metodológica para uma prática inclusiva. In: Carvalho, et al. (org.). Políticas Públicas. Belo Horizonte, Editora UFMG/PROEX, 2002.
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Percepções do racismo brasileiro
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Lady Christina de Almeida (*)
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Refletir sobre as relações raciais no Brasil é um dos caminhos para compreender a estrutura desigual de nossa sociedade. Nesse percurso, é imprescindível atentar para as linguagens do racismo e, também, a desigualdade estruturante entre as pessoas brancas e negras na sociedade brasileira. Há um conjunto de fatores que contribuíram e contribuem, para a reprodução das desigualdades raciais no Brasil. A cor, por exemplo, representa um estigma que reproduz preconceitos e discriminações. Ao mesmo tempo que indica a supremacia da população branca, aponta a “inferioridade” estética, cultural e social da população negra, prejudicando sua auto-estima.
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Um fator importante para compreender o racismo brasileiro é a ideologia racial vigente em nossa sociedade. A ideologia racial que predominou no Brasil foi a do branqueamento – um projeto político do século 19 em nosso país. Essa ideologia se baseava na presunção da superioridade da raça branca. De acordo com ela, o branqueamento da população tornaria possível a “melhoria” racial, estética e cultural do país. Essa ideologia está intrinsecamente ligada ao tipo de preconceito racial desenvolvido na sociedade brasileira.
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Por causa dela, é muito comum o alisamento dos cabelos por parte da população negra. Embora a busca pelo cabelo liso tenha se tornado moda vigente no mundo contemporâneo, quando uma mulher negra alisa seu cabelo, pode ser classificada como morena, afastando-se do estigma, do atributo físico “negativo” que ela carrega: o cabelo crespo.
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Em nosso cotidiano, o cabelo crespo (de negros) é denominado cabelo ruim; e o cabelo liso (de brancos) é denominado cabelo bom. Há uma série de normas de beleza relacionadas à cor e, à medida que a pessoa se afasta do padrão – esteticamente branco –, é considerada feia, sem “boa aparência”. Essa estética de cor ainda é utilizada como barreira no ingresso da população negra no mercado de trabalho. Mas veja, não existe cabelo bom ou ruim, os cabelos são lisos, crespos, encaracolados, cada um com suas especificidades e beleza.
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Entraves à mobilidade
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No Brasil, ainda hoje, a pessoa negra é pensada como um indivíduo com características inferiores às das brancas. Por causa do preconceito, o processo de ascensão social das pessoas negras é lento. Nessa perspectiva, aquelas definidas como não-brancas têm menos oportunidades educacionais, de acesso ao trabalho e de qualidade de vida que as definidas como brancas. De fato, como o sociólogo Nelson do Valle Silva salientou, os negros não são pobres porque nascem pobres, são aprisionados na pobreza por barreiras que impedem sua ascensão social.
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Pesquisas recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam desigualdades salariais, ocupacionais e educacionais entre pessoas brancas e negras. Esses institutos apontam que a condição social da população negra permanece subordinada a dos brancos. O IBGE, por exemplo, em setembro de 2008, divulgou que quando uma pessoa branca com 12 anos ou mais de estudos está no mercado de trabalho, ela pode receber 40% a mais do que uma pessoa negra (preta ou parda) com a mesma formação, exercendo a mesma função.
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Como era de se esperar, nessas condições, somente 12% do grupo de pretos e pardos está entre o 1% mais rico da população. Eles são, todavia, 73,9% dos 10% mais pobres. A população negra brasileira continua, majoritariamente, ocupando funções de status inferior à branca. Esse processo crônico de desvantagem entre pessoas brancas e negras representa uma desigualdade racial estrutural.
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Dessa maneira, o Brasil está bem longe de representar uma democracia racial. O grande desafio é não aceitar a naturalização dessas desigualdades e encontrar caminhos e estratégias para saná-las urgentemente. Esse engajamento não deve ser só de negros e negras, mas de toda a sociedade, de todo brasileiro e toda brasileira que sonha e luta por um país melhor, mais justo e mais humano.
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(*) Mestranda em Ciências Sociais pela PUC-Rio
e professora de Sociologia da Sedec Rio de Janeiro
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Inclusão digital: tecnologia para todos
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Estamos testemunhando uma nova era, na qual o equivalente moderno da estrada de ferro ou da telegrafia, a Tecnologia Digital e a Internet, podem e devem ser usados para realizar o intercâmbio da informação e do conhecimento, e com isso compartilhar o poder entre todos os usuários-cidadãos.
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Os impactos sociais da informática, conquista da ciência e da tecnologia, são capazes de levar a uma transformação maior que a da máquina a vapor. Num mundo em transformação, o computador é cada vez mais o veículo de transporte da mente e um instrumento essencial de trabalho. Neste cenário, os excluídos serão cada vez mais excluídos a não ser que se implementem eficazes e massivas ações para promover sua inclusão digital. Definimos inclusão digital (ou info-inclusão) como o ato de alfabetizar tecnologicamente alguém, transmitindo-lhe o conhecimento mínimo necessário para que o mesmo possa ser incluído no mundo digital.
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Entende-se aqui por "mundo digital", não só aquele no qual se faz uso de computadores e Internet, mas também o que exige o manuseio de outros equipamentos modernos como: auto-atendimentos bancários, forno de microondas, telefone celular, etc. O que a inclusão digital visa é ajudar as pessoas a perderem o medo da tecnologia, além de garantir o acesso de todos(as) às ferramentas da modernidade. Principalmente aquelas que se tornam de uso comum da sociedade e, dessa forma, de conhecimento indispensável para todo e qualquer cidadão.
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Já o termo exclusão digital tem a sua origem em meados da década de 90, com a publicação de um artigo de Jonathan Webber e Amy Harmon no jornal Los Angeles Times, em 1995. De acordo com Andy Carvin, da Benton Foundation, no início de 1996 houve uma declaração do então presidente dos EUA, Bill Clinton, e do vice-presidente, Al Gore, citando o termo exclusão digital num discurso realizado em Knoxville, Tennessee.
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Com efeito, a exclusão digital refere-se à distância entre indivíduos, famílias, empresas e regiões geográficas em diferentes níveis sócio-econômicos com respeito, simultaneamente, às suas oportunidades de acesso às tecnologias de informação e comunicação (TCIs) e o uso da Internet para uma ampla variedade de ações e atividades.
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terça-feira, 14 de abril de 2009

Programa Juventude Cidadã: inscrições abertas
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As atividades do programa "Juventude Cidadã" na capital paraibana tiveram início nesta segunda-feira (13/04), sob administração da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e da Produção (Sedesp), da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).
Estão sendo oferecidas 4.020 vagas distribuídas em 17 cursos, mas a Sedesp espera receber pelo menos 5 mil inscrições. Os alunos participantes receberão bolsa de R$ 110,00 durante os 10 meses de curso e poderão ser encaminhados ao mercado de trabalho. O programa espera encaminhar para as empresas pelo menos 1.206 jovens.
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As inscrições serão feitas exclusivamente pela internet no endereço da Prefeitura (http://www.joaopessoa.pb.gov.br) até o dia 29/04. Quem não tem acesso a computador pode recorer a um dos 22 centros de inclusão digital da Prefeitura, distribuídos pelos bairros da capital. No momento do cadastro online, o aluno deverá informar dados pessoais, como nome, endereço, telefone, e o número dos documentos pessoais, como carteira de identidade e CPF.
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As inscrições serão encaminhadas à Comissão de Coordenação do Projeto Juventude Cidadã, que divulgará a relação de alunos selecionados para os cursos. Podem participar jovens com idade entre 18 a 29 anos que tenham concluído ou estejam cursando o Ensino Médio. Os cursos terão 350 horas aula, divididas em 250 horas de formação técnica e 100 horas de qualificação social. Segundo o diretor de Fomento da Sedesp, Ruy Ribeiro, o início dos cursos está previsto para a segunda quinzena de maio próximo.
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O Projeto Juventude Cidadã é resultado de uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal para o desenvolvimento de ações de qualificação sócio-profissional de adolescentes e jovens de baixa renda, na faixa etária de 16 a 24 anos, sendo que em João Pessoa houve alteração na idade do grupo (18 a 29 anos). O objetivo é ampliar os conhecimentos e o desenvolvimento de competências e habilidades dos participantes a fim de aumentar suas chances de inserção e atuação cidadã no mercado de trabalho e na sociedade.
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FONTE: http://www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=10382


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Dica cultural: teatro em João Pessoa
.Premiado no Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, "Diário de um Louco" é o monólogo interpretado por André Morais, com direção do mesmo em parceria com Jorge Bweres. Adaptado no conto do autor russo Nikolai Gogol, a peça já esteve nos teatros da Capital, com sucesso de público e crítica. Saiba mais sobre o espetáculo no blog:

http://teatrolavoura.blogspot.com
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Mídia versus democracia
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Fê Cunha
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É bom tratar da democracia que muitos falam que vivemos, mas que na verdade não é uma democracia plena. Uma democracia que muitas vezes inexiste e que a população “aceita”, por acreditar que tudo que acontece na mídia é de fato e de direito e por não estarem orientadas corretamente sobre o real dever dela. Outra citação importante a ser feita é das concessões que se misturam com proprietários, tamanha é a autoridade e a indiferença que tratam a população. O direito do povo não é respeitado e em grande parte das vezes que tem voz ativa na mídia, seu espaço é aberto para exploração de sua imagem. Como todos sabemos, um fato que eleva audiência é a desgraça alheia, essa é uma das horas abertas ao povo participar. Essa feroz guerra por ibope prejudica a qualidade das mídias e em nada contribui em sua democratização, ou seja, com o direito de fato da população.
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No contexto e caracterização da mídia brasileira a concessão tem suas regras, suas leis que “tentam” impedir pessoa ou entidade de ter participação em mais de 10 emissoras de televisão. De qualquer forma o monopólio é evidente, interessante á a citação de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Sobrinho, 1997, p.13), explicando que uma coisa parte de outra e ao mesmo tempo, todas do mesmo pressuposto: ser dócil com o governo. O jornal sendo dócil com o governo tem grandes chances de ganhar concessão de rádio, sendo dócil nos dois, pode ganhar uma canal na televisão e sendo um dócil generalizado, chega aos canais de televisão a cabo, a idéia principal de democracia era essa? A de favorecer para ser favorecido, a de se submeter para crescer e ao mesmo tempo monopolizar?
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No mundo midiático a interação mídia-população é algo muito forte, todas as mídias ditam os assuntos pertinentes na vida social de seus usuários, o povo. São políticos, empresas e celebridades que usufruem da mídia para estarem na boca da população, consequentemente atingirem seus objetivos, essa agenda setting é normal no dia a dia de todos, muitos não as notam, mas ela nunca deixou de existir, a mídia que elege governantes e “vende” determinada marca.
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Dentro de mídias, seja ela televisão, rádio ou impresso é difícil haver pluralidade e autonomia plena de seus funcionários, todos devem agir de acordo com a linha da organização, que consequentemente segue a linha de seus patrocinadores ou apoiadores, é ingenuidade dizer que há democracia e liberdade de expressão dentro das redações, tudo deve passar pela triagem editorial do órgão.
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O crescimento da web informativa se dá muitas vezes em torno disso, através de um campo infinito para atitudes, idéias e projetos que podem ser colocados em prática e muitas vezes sem a repressão editorial, a mídia eletrônica mostra a oportunidade da pauta livre e o desenvolvimento independente de notícias e assuntos. O foco torna o feeling mais importante e a busca por informações novas mais crua, mais livre. Em termos de mídia em geral as coisas não deveriam funcionar dessa forma, a democracia das mídias e também da população diz haver espaço para a expressão popular, em qualquer mídia, mas segue o monopólio e autonomia de quem agenda e dita o que deve estar na boca da nação.
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A mudança dessa consciência de desinformação da população sobre seus direitos sofrerá alguma mudança apenas com a educação, o povo não tem instrução de democracia de fato. Para uns, democracia pode ser exemplo de falar o que quiser, agir como quiser, mas não é isso. A liberdade de expressão deveria existir e a compreensão do povo mais clara, com uma boa educação o próprio povo teria esse senso mais aguçado e poderia buscar seus direitos com consciência. Para as mídias, resta o repudio e a desconfiança de quem sabe o seu dever e o seu real papel perante a sociedade.
Um cantinho muito querido em boas mãos
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Rômulo Halysson
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Um cantinho muito querido... Cheio de energia, situações e possibilidades. Um cantinho muito querido... Situado numa atmosfera intensa e apaixonadamente juvenil. Um cantinho muito querido... Orvalhado pela chuva das possibilidades e vigiado pelo olhar atento das(os) inquietas(os). Um cantinho muito querido... Amado, ousado e usado por muitos(as), recreado e intensificado por todos(as). Um cantinho muito querido... Fisicamente cheio de problemas, mas, complexamente balizado pelos que mesmo assim o tem.
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Um cantinho com pessoas muito queridas... Que me ensinaram sobre convivência, sobre divergência, sobre diferença. Um cantinho de guerreiros queridos... Situados/as no mais profundo do meu sentimento. Um cantinho de amigos queridos... Que jamais serão esquecidos. Um cantinho muito querido de esporte, ousadia, desafios, ousadia, informação, ousadia, conquistas, ousadia e de muita, mas muita cultura e ousadia. Foi esse cantinho que me ensinou que referência é conseqüência de oportunidade. Foi esse cantinho que me desafiou a ser ousado para garantir oportunidades.
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Estava preocupado sobre quem iria pro cantinho, agora, não estou mais! Quais fossem das possíveis companheiras estaria de bom tamanho. Quis o destino que fosse uma militante do Movimento Juvenil. Quis o destino que fosse uma defensora veemente das questões relacionadas à equidade de direitos entre homens e mulheres. Quis o destino – e uma boa articulação – que fosse a Ziza Maia (foto abaixo).
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Assistente Social, ex-dirigente de CA, Secretária Geral da JSB da Paraíba, Secretária de Gênero da Executiva Nacional da JSB. Um currículo que é só um detalhe, ante toda construção ideológica de um processo histórico, forjado com o suor da luta em defesa da cidadania e dos direitos da juventude brasileira.
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Parabéns companheira por mais esse desafio que lhe é colocado. Parabéns ao CRJ Ilma Suzete Gama por ter ganhado não apenas uma coordenadora, mas, acima de tudo, uma militante efetiva na construção da PPJ. Espero que não pare por ai. Espero que outros CRJ possam ter mais oportunidades de avanço a começar de suas coordenações. Espero mesmo. Por fim, posso agora dormi sossegado. Pois aquele cantinho muito querido por onde estive – e que sempre estarei – irá continuar ensinando muito a muita gente sobre o muito do mundo.
O retrato do jovem brasileiro (parte I)
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Julianna Sampaio
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Segundo o Ipea, a população brasileira é composta por 51 milhões de jovens, na faixa etária de 15 a 29 anos. Eles vivem em tribos, temem a violência e o desemprego, são cada vez mais precoces e, por vezes, conservadores. O retrato dos jovens no mundo demonstra que eles são mais atuantes e conscientes de seu papel na sociedade.
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Segundos dados divulgados pelo Instituto de Política e Economia Aplicada (Ipea), a população brasileira é compreendida por 51 milhões de jovens, na faixa etária de 15 a 29 anos. De acordo com o instituto, o principal problema enfrentado pela juventude é a falta de educação. Sem acesso a um sistema educacional eficiente, ela sofre com a escassez de oportunidades no mercado de trabalho e o aumento da violência.
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Entre os jovens na faixa dos 15 aos 17 anos, apenas 48% estão matriculados no ensino médio. Nesta faixa etária, 18% estão fora das escolas e o percentual de evasão eleva-se a 66% na faixa dos 18 a 24 anos. As principais causas para tais números, no caso dos meninos é o trabalho, para as meninas é a gravidez na adolescência.
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A procura de um trabalho é um dos principais motivos para os jovens de baixa renda deixarem tão cedo a escola. Segundo o professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Laboratório de Estudos da Violência, Domingos Abreu, enquanto nos países ricos os jovens podem permanecer mais tempo fora do mercado de trabalho, no Brasil as condições de vida da maior parte dos indivíduos os obriga a procurar um emprego cedo. "No Brasil, não se permite aos jovens apenas estudar. Eles precisam trabalhar para sobreviver. Além disso, há uma expectativa muito grande dos pais para que eles ajudem no orçamento doméstico", avaliou o sociólogo.
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De acordo com o professor, para boa parte da juventude, a entrada no mercado de trabalho não significa apenas a possibilidade de um futuro promissor, mas é também a passagem para uma vida adulta. ´Na verdade, os jovens das classes mais baixas querem arranjar um emprego assim que podem. Para os jovens das classes populares, a vida adulta começa muito antes do que para os jovens da classe média´, disse o professor. Por outro lado, a falta de qualificação encaminha esses indivíduos para o desemprego. A falta de trabalho atinge 46% do total de jovens entre 15 anos e 29 anos; e 50% dos ocupados entre 18 anos e 24 anos são assalariados sem carteira.
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Seguido pelo desemprego, um outro grande problema apontado pela juventude é o excesso de violência. O Ipea revela que as duas maiores causas de mortes na população juvenil: a violência e os homicídios correspondem a 38% das mortes, enquanto os acidentes de trânsito ceifam outros 27%. Segundo o relatório do Ipea, a violência faz com que ´esse período etário seja considerado de alto risco, quando poderia ser um dos mais saudáveis do ciclo vital´. De acordo com o levantamento, o número de mortes de indivíduos do sexo masculino é maior que o do feminino devido à grande exposição dos homens à violência.
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