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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um modelo de Jornalismo Social


Luciano Martins Costa (*)

O jornalismo deve ser considerado um bem público ou é mais uma atividade privada de interesse coletivo? Essa questão rondou o MediaOn - Seminário Internacional de Jornalismo Online, realizado em São Paulo pelo portal Terra com a Fundação Itaú Cultural. Segundo a Folha de S.Paulo, a questão ainda não tem uma resposta definitiva, uma vez que o modelo experimental de jornalismo financiado por doações ainda está em processo de invenção. O projeto chama-se ProPublica, é dirigido por Stephen Engelberg, que trabalhou 18 anos no New York Times.

Iniciado em 2008 para produzir jornalismo apenas na internet, o ProPublica chamou atenção ao ganhar o prêmio Pulitzer deste ano, o primeiro para um veículo exclusivamente online. Outra reportagem, produzida pelo site e publicada no New York Times, já havia obtido o prêmio no ano anterior. Na entrevista concedida à Folha, Engelberg afirma que, como modelo de jornalismo, o projeto já provou que funciona. Impulsionado por doações privadas, tendo como principais financiadores o casal de milionários americanos Herbert e Marion Sandler e, mais recentemente, o megainvestidor George Soros, o ProPublica tinha como desafio inicial conseguir que seus repórteres fossem tão respeitados quanto os profissionais da imprensa tradicional.
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Dedicados à investigação jornalística, seus repórteres ganharam rapidamente grande reputação, o que superou o temor inicial de que certas fontes simplesmente se negassem a retornar suas tentativas de comunicação. Entre os trabalhos destacados pode-se alinhar a revelação das condições na prisão de Guantanamo, a denúncia de violências em New Orleans após a passagem do furacão Katrina e outros temas que haviam obtido menos atenção dos jornais.

Mas o centro da questão sobre as chances de sucesso do jornalismo de objetivo exclusivamente social, sem interferência de interesses de negócio, segundo Engelberg, aparece quando se aborda questões do poder público e privado. Observe-se que o ProPublica já conta com 3 mil doadores entre indivíduos e fundações e tem grande chance de crescer com assinantes fixos. "Nosso modelo não é o melhor para encontrar patrocinadores corporativos, já que investigamos muitas empresas", diz o editor-executivo do ProPublica. Raciocinando ao contrário, pode-se insinuar que o jornalismo tradicional é mais patrocinado pela publicidade de empresas quanto mais certeza se tem de que determinados temas jamais serão publicados?
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Agarrados ao papel

A resposta não está, obviamente, nos jornais. Na reportagem que publica sobre o mesmo assunto, o Estado de S.Paulo destaca que, para ganhar credibilidade, a ProPublica desenhou um modelo de parceria com a imprensa tradicional. O site oferece conteúdos exclusivos para publicações como o New York Times, Financial Times, Washington Post, Los Angeles Times e para programas de televisão privada e TV pública. A vantagem que apresenta é o menor custo de produção de conteúdo, uma vez que a infraestrutura de redação que usa a internet como plataforma custa menos. Mas o diferencial principal é percebido na qualidade do material jornalístico: a ProPublica tem uma redação em Nova York com 35 jornalistas, que produziram em 2010 mais de uma centena de reportagens que foram publicadas em quarenta veículos.

Enquanto um repórter do jornalismo tradicional tem que cumprir duas ou mais pautas por dia, na dura rotina da imprensa brasileira, um repórter da ProPublica pode levar o tempo que precisar para compor uma boa história, podendo produzir duas grandes reportagens por ano. No pacote de reportagens que os jornais publicam nesta quarta-feira, dia 23, sobre seu próprio negócio, destaca-se também a cobertura do encerramento do seminário promovido pela Associação internacional de Marketing de Jornais. A principal preocupação dos debatedores, segundo o relato da imprensa, foi a manutenção do valor percebido da mídia impressa enquanto se busca um modelo de negócio que produza lucros com a mídia digital.

O otimismo da representante do New York Times, que vem ampliando o número de seus assinantes online, não foi suficiente para os executivos brasileiros olharem um pouco além do horizonte: o fato de que 90% do faturamento das empresas jornalísticas ainda vem do papel parece bloquear qualquer tentativa de enxergar uma imprensa totalmente digital. Juntando-se as duas reportagens, é possível elaborar uma equação interessante: o jornalismo digital funciona como sistema informativo confiável e pode atrair financiadores, quando se assume como bem público. Já o jornalismo de papel, que se assume como atividade privada de interesse coletivo, ainda não enxerga seu futuro na nova plataforma, bem mais interativa.

(*) Jornalista e escritor. É autor do livro 'O Mal Estar na Globalização'.

FONTE: http://nosdacomunicacao.com.br

Por um novo conceito de comunidade


Rogério da Costa (*)

A atual interconexão generalizada entre as pessoas tem chamado a atenção de muitos teóricos sobre seus efeitos no quadro das relações individuais e igualmente na forma como os coletivos se comportam quando se constituem como redes de alta densidade. Relações individuais e coletivas, particularmente no ciberespaço, têm despertado o interesse dos estudiosos de redes sociais, dos sociólogos, etnógrafos virtuais, dos ciberteóricos, dos especialistas em gestão do conhecimento e da informação, enfim, de todos aqueles que pressentem que há algo de novo a ser investigado, que a atual vertigem da interação coletiva pode ser compreendida dentro de uma certa lógica, dentro de certos padrões, o que já era anunciado nos anos 1980 pelos analistas estruturais de redes sociais.
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Temas como "inteligência emergente" (Steven Johnson, 2001), "coletivos inteligentes" (Howard Rheingold, 2002), "cérebro global" (Heylighen et al., 1999), "sociedade da mente" (Marvin Minsk, 1997), "inteligência conectiva" (Derrick de Kerckhove, 1997), "redes inteligentes" (Albert Barabasi, 2002), "inteligência coletiva" (Pierre Lévy, 2002) são cada vez mais recorrentes entre teóricos reconhecidos. Todos eles apontam para uma mesma situação: estamos em rede, interconectados com um número cada vez maior de pontos e com uma freqüência que só faz crescer. A partir disso, torna-se claro o desejo de compreender melhor a atividade desses coletivos, a forma como comportamentos e idéias se propagam, o modo como notícias afluem de um ponto a outro do planeta etc. A explosão das comunidades virtuais parece ter se tornado um verdadeiro desafio para nossa compreensão.
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Mas, antes de tudo, é importante salientar que todo tipo de grupo, comunidade, sociedade é fruto de uma árdua e constante negociação entre preferências individuais. Exatamente por essa razão, o fato de estarmos cada vez mais interconectados uns aos outros implica que tenhamos de nos confrontar, de algum modo, com nossas próprias preferências e sua relação com aquelas de outras pessoas. E não podemos esquecer que tal negociação não é nem evidente nem tampouco fácil. Além disso, o que chamamos de preferências "individuais" são na verdade fruto de uma autêntica construção coletiva, num jogo constante de sugestões e induções que constitui a própria dinâmica característica da sociedade.
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Em meio a todo esse alvoroço no ciberespaço, um termo tão consolidado como o de "comunidade" vem sendo discutido e mesmo questionado por alguns teóricos. Alguns reclamam sua falência, com um certo tom nostálgico, lamentando seu desgaste e perda de sentido no mundo atual. Outros apontam para os focos de resistência que comprovariam sua pertinência, mesmo em meio a nossa sociedade capitalista individualizante. Mas há os que acreditam, simplesmente, que o conceito mudou de sentido.
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Num livro publicado em 2003, intitulado "Comunidade: a busca por segurança no mundo atual", Zygmunt Bauman, sociólogo reconhecido por seus trabalhos sobre o fenômeno da globalização, procura analisar o que estaria se passando atualmente com a noção de comunidade. É possível perceber uma série de conceitos em jogo no texto do autor: individualismo, liberdade, transitoriedade, cosmopolitismo dos "bem-sucedidos", comunidade estética, segurança. Bauman supõe que haja uma oposição entre liberdade e comunidade. Considerando-se que o termo "comunidade" implique uma "obrigação fraterna de partilhar as vantagens entre seus membros, independente do talento ou importância deles", indivíduos egoístas, que percebem o mundo pela ótica do mérito (os cosmopolitas), não teriam nada a "ganhar com a bem-tecida rede de obrigações comunitárias, e muito que perder se forem capturados por ela."
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(*) Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP.
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FONTE: http://www.scielo.br

PMJP lança projeto para investir em times da Capital


A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) lançou, na tarde deste domingo (27/01), o projeto ‘João Pessoa de todas as torcidas’. A iniciativa garante investimentos de quase R$ 1 milhão para os principais clubes da Capital, o dobro do que vinha sendo destinado até 2012. Além de garantir a estruturação das equipes, o projeto trará benefícios para a rede de ensino público do Município, que passará a usufruir dos equipamentos esportivos das agremiações.
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O projeto foi lançado pelo prefeito Luciano Cartaxo, antes da partida entre Botafogo e Auto Esporte, no Estádio Leonardo Vinagre da Silveira (Estádio da Graça), em Cruz das Armas. Na oportunidade, o prefeito e o vice-prefeito, Nonato Bandeira, deram o pontapé inicial do clássico pessoense válido pelo Campeonato Paraibano. “Valorizar o futebol é valorizar a cidade como um todo. Com equipes fortes e bem posicionadas a nível nacional podemos projetar a cidade. Esperamos que os nossos clubes se destaquem nas competições e que saibam que podem contar com o apoio da Prefeitura de João Pessoa”, declarou.
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Luciano Cartaxo destacou também seu envolvimento com o esporte e sua disposição de aumentar a representatividade do futebol de João Pessoa. “Investimos muito neste projeto e garantimos um investimento fundamental para que os clubes iniciem o ano de 2013 de forma diferente. Queremos que eles consigam pagar a sua folha salarial e que também possam ser ousados na contratação de reforços. Queremos ver os times da nossa Capital alcançando um espaço cada vez maior no cenário nacional”, destacou.
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Beneficiados – O Botafogo, o Auto-esporte e o CSP serão os clubes beneficiados com o projeto. Principais representantes do futebol da Capital, eles receberão R$ 990 mil em investimentos para se estruturar de forma adequada e despontar no Campeonato Paraibano e outras competições. Do total, R$ 570 mil serão destinados ao Botafogo, R$ 240 mil para o Auto-esporte e R$ 180 mil para o CSP.
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De acordo com o secretário municipal de Esporte, Juventude e Lazer, Sérgio Meira, o critério para definição dos valores repassados para cada equipe é o resultado obtido nas competições do ano anterior. “Cada clube recebeu uma quantia referente ao seu desempenho. Este ano, os valores corresponderam ao dobro do que foi destinado a estas equipes em 2012”, revelou.
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Contrapartida social – Outro aspecto essencial no projeto ‘João Pessoa de todas as torcidas’ é a contrapartida que será oferecida pelos clubes para que possam receber os investimentos. Pelo acordo, as agremiações disponibilizam a sua estrutura física de treino para o uso dos estudantes da rede municipal de ensino, o que vai garantir a aproximação das crianças e jovens com o esporte.
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“Queremos que nossos alunos sejam contagiados pelo ambiente saudável proporcionado pelos espaços esportivos. É uma oportunidade de se relacionarem com profissionais e ver com seus próprios olhos como funciona um clube de futebol. Esperamos despertar o desejo desses garotos pela prática esportiva”, explicou o secretário Sérgio Meira.
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Clubes – A solenidade teve a presença dos representantes dos três clubes beneficiados: o presidente do Botafogo, Nelson Lira; o presidente do Auto-esporte, Emanuel Demócrito; e o presidente do CSP, Josivaldo Alves. Também estiveram no Estádio da Graça secretários municipais, vereadores e deputados estaduais.
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