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segunda-feira, 3 de março de 2008

Jornais comunitários se adaptam à tecnologia
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Brian L. Steffens (*)
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Os grandes e pequenos jornais têm longa história de adaptação às mudanças tecnológicas e mercadológicas. Jornais de pequenas cidades e de comunidades estão florescendo em uma era tecnológica nova que lhes permite oferecer cobertura e divulgação de eventos locais com detalhes e rapidez nunca antes conseguidos.
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No século 21 os jornais se tornaram camaleões, adequando-se às mudanças ambientais. Sempre tem sido assim: das prensas operadas manualmente às rotativas, das máquinas de linotipo à editoração eletrônica, do branco e preto ao colorido e, agora, do papel aos eletrônicos.
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Os jornais continuam a oferecer proposições de valor inigualável que garantem seu futuro no longo prazo mesmo que se diversifiquem para incorporar novas formas de apresentação e distribuição. Os jornais continuam sendo a única mídia fundamentalmente informativa; informação de modo geral comprovável, precisa, imparcial e em busca da verdade.
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O rádio, em sua essência, é uma mídia de música e conversação. Na televisão predomina o entretenimento. A internet é uma mídia de pesquisa que oferece acesso a ampla gama de informações sem garantia de qualidade ou veracidade do conteúdo.
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As emissoras de televisão e os jornais diários de cidades grandes atendem públicos regionais abrangendo grandes cidades, subúrbios e comunidades com populações totais na casa dos milhões. Os canais à cabo e a internet atingem públicos nacionais e internacionais. Nenhuma dessas mídias tem pessoal, tempo, espaço ou páginas para cobrir notícias de bairro de forma ampla e constante. Elas se limitam à cobertura de matérias maiores, controvérsias, e não do cotidiano, que é a principal característica dos jornais comunitários e engloba notícias locais sobre governo, escolas, recursos de saúde e assistência médica, torneios esportivos, eventos sociais, clubes de serviços e atividades religiosas.
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Isso explica por que o número de jornais diários americanos e de assinantes caiu enquanto o de jornais comunitários não diários aumentou de cerca de 5.500 para mais de 7 mil. O número de leitores de jornais não diários quase triplicou, atingindo perto de 70 milhões por semana.
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As inovações tecnológicas impõem desafios à empresa jornalística tradicional - uma nova curva de aprendizado e modelos de negócio não testados — mas essas tecnologias também trazem novas possibilidades e oportunidades às organizações de jornais locais.
Antes da Internet, as reportagens sobre as reuniões de quinta à noite do governo local ou do conselho escolar ou sobre os jogos de sexta à noite nos colégios só eram impressas na semana seguinte. A internet possibilitou aos jornais comunitários competir em pé de igualdade com jornais diários, rádio e televisão por notícias de última hora e esportes.
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Mas mesmo a web está ficando ultrapassada. O jornal local envia mensagens de texto para o meu telefone celular informando sobre notícias e jogos esportivos em andamento, bem como os resultados em tempo real. Quando o treinador local pediu demissão de forma inesperada, estive entre os primeiros a saber, e minha ânsia por detalhes me fez correr para o computador para acessar o site do jornal (eu estava em viagem a outro Estado e ainda não tinha uma edição do jornal impresso). Ao retornar, acompanhei os desdobramentos, as entrevistas pelo site, antecipando-me à próxima edição impressa. Os americanos não levam seus jornais ou computadores para todos os lugares, mas carregam seus celulares para onde quer que vão. Hoje, os jornais podem alcançar seus leitores virtualmente a qualquer momento e em qualquer lugar.
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(*) Brian L. Steffens, professor de jornalismo e diretor executivo da Associação Nacional de Jornais dos EUA (ANJ).
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