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domingo, 27 de dezembro de 2009

Estação Nordeste 2010: programação
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De 02 a 30 de Janeiro de 2010
Horário: sempre a partir das 21h
Realização: Fundação Cultural de João Pessoa
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Ponto de Cem Réis (sextas-feiras)
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Dia 08/01
Moska
Eleonora Falcone
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Dia 15/01
Pinduca
Zabé da Loca
Cortejo de tribos indígenas
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Dia 22/01
Pitty
Bárbara
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Dia 29/01
Ray Lema
Adeildo Vieira
Caiana dos Crioulos
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Praia de Tambaú (sábados)
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Dia 02/01
Jorge Benjor
Banda Êxodus
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Dia 09/01
Zé Ramalho
Paulo Vinícius
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Dia 16/01
Mutantes
Cabruêra
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Dia 23/01
Daniela Mercury
Beto Brito
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Dia 30/01
Gilberto Gil
Escurinho
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FONTE: http://www.joaopessoa.pb.gov.br
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Inteligência coletiva e leitor imersivo
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Ana Cristina Calábria
Luis Gustavo do Prado Brunelli
William Penna Crispim
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A inteligência coletiva, expressão pública, em uma visão complexa dos capitais social, cultural e intelectual tem como objetivo opor-se à separação das atividades e a opacidade da organização social. O ciberespaço, instrumento de comunicação interativo e comunitário, também se faz instrumento para a inteligência coletiva levantando questionamentos sobre os problemas coletivos, a cobrança política, cultural e social.
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Não se trata aqui de uma utopia, mas de uma constatação do potencial do ciberespaço e de forçar os poderes públicos a instaurarem práticas neste novo espaço de fluxo. No entanto, tudo não passa ainda de mera potência, já que ainda faltam exemplos concretos que demonstrem a viabilidade desses projetos. As cibercidades devem aproveitar este potencial para criar formas de relação direta entre um espaço e outro (Lemos, 1999:20).
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O jornalismo pode utilizar o “ciber” para acelerar cada vez mais o ritmo das alterações tecno-sociais, colaborando para a inclusão e participação da sociedade na cibercultura. Os coletivos cosmopolitas compostos de indivíduos, instituições e técnicas não são somente meios ou ambientes para o pensamento, mas sim seus verdadeiros sujeitos (Lévy, 2000:19).
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Porém, o grande número de indivíduos sem acesso ao computador ou a rede, pode constituir um veneno. Devido ao seu aspecto participativo, socializante e emancipador, a tendência é a de que aqueles que não estiverem inseridos serem excluídos radicalmente, porque cada vez mais há a necessidade de ser incluído no grupo devido à necessidade de compartilhar emoções, de se estar junto, o que se insere no contexto da transformação ilimitada da interconexão, do meio de comunicação.
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Durante muito tempo polarizada pela “máquina”, anteriormente fragmentada pelos programas, a informática contemporânea – programas e hardware – está desconstruindo o computador em benefício de um espaço de comunicação navegável e transparente, centrado na informação (Lévy, 1999:43). O potencial de elevar o conhecimento coletivo da sociedade através do jornalismo ainda está adormecido Ao levantar este tipo de abordagem de produção de conhecimento, devemos levar em consideração o ciberleitor e seu relacionamento com o ambiente virtual.
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Lucia Santaella (2004) constrói um perfil de um leitor da era virtual. Este receptor ou usuário coloca em ação habilidades de leitura muito distintas daquelas empregadas em outras mídias como o livro. Conectado na tela, por meio de um mouse, os nexos eletrônicos dessas infovias, o leitor vai unindo, sem uma seqüência, fragmentos de informação de naturezas diversas, criando e experimentando na sua interação com o potencial dialógico da hipermídia, um tipo de comunicação multilinear e labiríntica.
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O leitor é independente para estabelecer sozinho a ordem textual, ou mesmo se perder na desorganização dos fragmentos. O ciberleitor é um organizador de conteúdo da hipermídia no ciberespaço. Ele não é mais um leitor contemplativo, que rigidamente segue as seqüências de um texto, virando páginas ou pesquisando bibliotecas, mas um leitor em estado de prontidão, que ajuda a construir o texto ao interagir com os hiperlinks.
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Essas manipulações se processam por meio de uma tela interativa ou interface que é lugar e meio para o diálogo. Por intermédio de instrumentos materiais (tela, mouse, teclado) e imateriais (linguagem de comando), o receptor transforma-se em usuário e organiza sua navegação como quiser em um campo de possibilidades cujas proporções são suficientemente grandes para dar a impressão de infinidade. Os programas interativos ainda oferecem ao navegador a possibilidade de mudar de identidade e de papel numa multiplicidade de pontos de vista (Santaella, 2004:163).
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A mensagem só toma todo o seu significado sob a intervenção do usuário que se torna, de certa forma, o criador podendo recompor a mensagem e reorganizar o conteúdo. Assim, o que deve permanecer, em meio a todas as mudanças que virão, é aquilo que chamo de leitor imersivo. Mesmo que as interfaces mudem, o leitor imersivo continuará existindo, pois navegar significa movimentar-se física e mentalmente em uma miríade de signos, em ambientes informacionais e simulados. Portanto, as mudanças cognitivas emergentes estão anunciando um novo tipo de sensibilidade perceptiva sinestésica e uma dinâmica mental distribuída que essas mudanças já colocaram em curso e que deverão sedimentar-se cada vez mais no futuro.
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O papel social dos media
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Rita Lopes (*)
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Muitas são as correntes de pensamento sobre os media e especificamente sobre a posição que ocupam hoje nas sociedades contemporâneas. Dos engenheiros aos políticos, dos teólogos aos médicos, dos gestores aos jornalistas, a comunicação é objecto de debate permanente. Mas, do que tanto se fala? O que haverá para dizer sobre a comunicação, sobre os meios de comunicação social e, designadamente, sobre o jornalismo, numa altura em que eles estão cada vez mais imiscuídos numa comunidade globalizante? Numa era em que reina a suspeição, o cepticismo, a desconfiança e a incredulidade? Numa sociedade que, como refere Lucien Sfez, “não sabe já comunicar consigo própria” porque a sua “coesão é contestada”, os seus “valores se destroem” e “possui símbolos demasiado gastos que já não conseguem ser unificadores”?
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Não são, porém, estas questões que procuramos esclarecer agora, mas antes evidenciar em que medida é que essa sociedade, transformada num verdadeiro “palco de discussão”, intervém no desempenho dos media. É certo que vivemos numa sociedade light, pobre de ideias, sem memória, avessa a ideias fortes, onde há pouca consistência e muito fala-barato. É certo também que, como se diz na abertura de um dos mais recentes romances de Mário de Carvalho “assola o país uma pulsão coloquial que põe toda a gente em estado frenético de tagarelice, numa multiplicação ansiosa de duos, trios, ensembles, coros (...) O falatório é causa de inúmeros despautérios, frouxas produtividades e más criações. Fala-se, fala-se, fala-se em todos os sotaques, em todos os tons e decibéis, em todos os azimutes. O país fala, fala, fala, desunha-se a falar e pouco do que diz tem o menor interesse”.
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Ainda assim, ninguém nega a função indispensável da comunicação de massas em democracia, pelo contrário. A informação continua a ser essencial para uma boa evolução da sociedade e sabemos que não é possível existir democracia sem uma boa rede de comunicação e sem o máximo de informação livre. Todos estamos convencidos de que é graças à informação que o ser humano vive como um ser livre. E, apesar disso, a suspeita dos media. Uma suspeita que terá a ver com a forma como os media actuam na sociedade moderna. Se, por um lado, continuam a ter o mesmo poder de informar e de tornar público o que muitas vezes não sabemos que acontece ao fundo da nossa rua, por outro, estão a perder cada vez mais o seu grau de autonomia, por se deixarem manipular por outros poderes. É por isso que hoje se discute tanto se ainda se podem designar os mass media como o “quartopoder” da sociedade. Uma matéria que será analisada mais adiante.
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O campo dos media, enquanto plataforma de ligação dos vários campos sociais, padece, pois, de uma autonomia frágil. Não é de hoje, já nasceu assim, só que a fragilidade de hoje é mais nítida, porque se deixou tomar por outros interesses; porque a concentração empresarial lhe subtraiu respiração, diversidade; porque foi invadido por proveitos pessoais e políticos que o subjugaram; porque a sociedade da velocidade retira distanciamento, contexto, reflexão e rigor; porque a memória escasseia. O campo dos media é, assim, cada vez mais um espaço de cruzamento de poderes económicos, políticos, corporativos, mais ou menos visíveis, mais ou menos assumidos. A realidade mediática substitui-se muitas vezes às instituições representativas, acentua a personalização e espectaculariza o acontecimento. Os media não reproduzem uma realidade pré-existente, determinam-se reciprocamente. Não são o espelho de uma realidade exterior, antes se envolvem com a sociedade numa relação de co-produção. Assim se faz a agenda pública, se apreendem os problemas e se agita o debate.
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Neste sentido, um pouco crítico mas, no nosso entender, adequado, importa questionar que papel social se pode atribuir aos mass media? “Provisoriamente, julgamos que o papel social representado pela mera existência dos mass media tem sido grandemente superestimado”. Mas a que se deve este julgamento? Se os media ocupam um papel principal na formação da nossa sociedade, atingindo uma vasta plateia, então porque são objecto de tanta crítica e preocupação popular? “Porque tantos se afligem com os problemas criados pelo rádio, o cinema e a imprensa e tão poucos se preocupam com os problemas criados pelo automóvel e o avião, por exemplo?”. Esta questão pode não ter nada de interessante, mas há uma lógica que lhe está subjacente e que se prende com o facto de muitos fazerem dos media um alvo de crítica hostil porque se sentem logrados pelo rumo dos acontecimentos. Recordemos o ainda recente processo “Casa Pia” que continua a ser um dos acontecimentos mais mediáticos dos últimos tempos em Portugal e que tem motivado imensos críticos e envolvidos neste caso a acusar a comunicação social pelo enredo que se criou e tem criado à volta das crianças e, sobretudo, dos políticos.
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(*) Universidade da Beira Interior (Portugal)
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Conheça as propostas aprovadas na Confecom
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A Comissão Organizadora Nacional divulgou as propostas aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). As aprovações se deram em votação na plenária final, por consenso e nos grupo de trabalho, quando a quantidade de votos favoráveis chegava a 80% do total. Entre as propostas mais debatidas e aguardadas dessa conferência, foi aprovado o fim dos monopólios ou oligopólios para evitar concentração horizontal, vertical ou cruzada dos meios de comunicação. Outra proposta há muito tempo reivindicada pela sociedade civil organizada e que foi aprvada é o controle social da mídia. Outras importantes deliberações foram pelo fim da sublocação de espaços na gradehorária das emissoras de rádio e TV e pela reativação do Conselho de Comunicação Social, previsto na Constituição Federal, porém inativo desde 2006.
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Este foi o primeiro espaço público de discussão de políticas públicas para a comunicação na história do país. Outros setores da administração pública já vem sendo debatidos em fóruns amplos e abertos há tempos, como a saúde e a educação. Apenas nos últimos seis anos foram realizados 63 conferências nacionais temáticas, algumas inéditas, como a da Igualdade Racial e da Segurança Pública.
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Diferente das conferências anteriores, a Confecom foi a primeira a ter uma divisão de delegados da sociedade civil: 40% eram da sociedade civil e 40% dos empresários. A divisão garantiu que os interesses empresariais não se confundissem com os interesses públicos. Ainda assim, a quantidade de delegados para cada setor foi criticada durante a organização da conferência. O tema desta conferência foi: "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital", e foi dividida em três eixos temáticos: Produção de Conteúdo, Meios de Distribuição e Cidadania: direitos e deveres.
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No eixo Produção de Conteúdo, foram aprovadas inicicativas de investimento público para o fomento de produção local e regional, garantia de percentual para conteúdo educativo, para contúdo sobre saúde e sobre questões de gênero, criação de um Núcleo Panamazônico para foratalcer intercâmbio audiovisual na América do Sul, criação de Conselhos de Comunicação, garantia de produção nacional, entre outros.
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No eixo Meios de Distribuição, foi aprovada uma cláusula para obrigar a ANATEL da norma que proíbe TVs comunitárias a veicularem mídias institucionais. Foram também votados o fim da criminalização das rádios comunitárias, a criação de um sistema de banda larga público, além de uma proposta para que a ECT (Correios) ofereçam tarifas diferenciadas para pequenas empresas de comunicação para romper com o monopólio de distribuição de periódicos. Também foram aprovadas normas para serem observadas na renovação ou concessão de outorgas para o setor de radiodifusão.
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No eixo Cidadania:direitos e deveres, foi aprovada uma medida para probir que políticos exerçam a função de comunicador em qualquer concessão pública durante o seu mandato. Também teve votação favorável a proposta de garantia de instalação de laboraórios atualizados de rádio, TV e informática em escolas.
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FONTE: http://www.revistaforum.com.br
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Raízes do cinema brasileiro
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Carlos Roberto de Souza
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Apenas recentemente, no limiar do terceiro milênio, foi possível ao Brasil conhecer com maior precisão, ter uma idéia mais clara, do que foi a produção cinematográfica do País. Isso se deu graças ao projeto, coordenado pela Cinemateca Brasileira, de um Censo Cinematográfico que tem por objetivo levantar quantos e quais filmes foram feitos no país, verificar sua existência ou desaparecimento e duplicar, em regime de urgência, os documentos cinematográficos em risco de perda por decomposição. Os arquivos de filmes no Brasil sempre padeceram de carência de recursos, e o primeiro depósito com condições adequadas para a conservação das películas só foi inaugurado em 2000.
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Para se avalizar a extensão das perdas do patrimônio cinematográfico brasileiro basta informar que, no período abordado neste texto, foram produzidos aproximadamente 4.800 filmes, dos quais apenas cerca de 300 ainda existem. A informação sobre essa produção pode ser consultada na base de dados do Censo Cinematográfico Brasileiro no endereço eletrônico: www.cinemateca.com.br/censo
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A primeira sessão de cinema no Brasil
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A primeira exibição de cinema no Brasil foi realizada na Rua do Ouvidor, 57, no Rio de Janeiro, a 8 de julho de 1896. O acontecimento foi noticiado da seguinte maneira: Omniógrafo - Com esse nome tão hibridamente composto, inaugurou-se ontem às duas horas da tarde, em uma sala à Rua do Ouvidor, um aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo da sala diversos espetáculos e cenas animadas por meio de uma série enorme de fotografias. (...) cremos ser este o mesmo aparelho a que se dá o nome de cinematógrafo. (...) Apaga-se a luz elétrica, fica a sala em trevas e na tela dos fundos aparece a projeção luminosa, a princípio fixa e apenas esboçada, mas vai pouco a pouco se destacando. Entrando em funções o aparelho, a cena anima-se e as figuras movem-se.
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Talvez por defeito das fotografias que se sucedem rapidamente, ou por inexperiência de quem trabalha com o aparelho, algumas cenas movem-se indistintamente em vibrações confusas; outras, porém, ressaltavam nítidas, firmes, acusando-se um relevo extraordinário, dando magnífica impressão de vida real. Entre estas, citaremos a cena emocionante de um incidente de incêndio, quando os bombeiros salvam das chamas algumas pessoas; a da dança de serpentina; a da dança do ventre etc. Vimos também uma briga de gatos; uma outra de galos; uma banda de música militar; um trecho de boulevard parisiense; a chegada do trem; a oficina do ferreiro; uma praia de mar; uma evolução espetaculosa de teatro; um acrobata no trapézio e uma cena íntima.
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O repertório do espetáculo é semelhante ao de várias primeiras sessões de cinema em todo o mundo. O problema da trepidação das imagens, que o cronista aponta, porém, pode ter sido provocado pela precariedade no fornecimento da energia elétrica, não apenas ao salão, mas a todo o país. A eletricidade mal engatinhava no Brasil, e durante algum tempo esse foi um dos motivos de as exibições cinematográficas não se firmarem. Até meados de 1897, entretanto, o Rio será visitado por diversas companhias de variedades que, juntamente com zarzuelas, macacos, cães, cabras, mulheres barbadas e acrobatas, apresentarão aparelhos e vistas confeccionadas fundamentalmente em Portugal, na França e nos Estados Unidos.
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A primeira sala fixa e primeiras filmagens
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A primeira sala fixa, destinada, embora não exclusivamente, ao cinema, inaugurou-se em julho de 1897, na Rua do Ouvidor, e seus proprietários eram Pascoal Segreto e José Roberto Cunha Salles – este, um conhecido explorador do jogo do bicho e outros jogos de azar e criador de um famoso Pantheon Ceroplástico. Ao lado de bonecos automáticos, caça-níqueis, bibelôs excêntricos, números de variedades e aparelhos de entretenimento científico, o Salão de Novidades Paris no Rio de Janeiro exibia também um Cinematógrafo Lumière.
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O sucesso do Salão de Novidades se firma de tal modo que, para atender à crescente demanda de novos filmes, partem emissários para os Estados Unidos e Europa a fim de adquirir novas vistas. Um dos irmãos de Pascoal, Afonso Segreto, afirma-se na função. As viagens são constantes, e as gazetas noticiam com freqüência exibições especiais com quadros inteiramente novos. Aparentemente, as primeiras imagens brasileiras foram captadas sobre película cinematográfica e exibidas ao público nesse mesmo ano. O responsável pela façanha foi o exibidor ambulante italiano Vittorio di Maio, e o evento aconteceu no Cassino Fluminense, em Petrópolis (RJ), em maio de 1897. Não existem informações sobre a projeção desses filmes em outros locais do país, e mais de um ano se passará antes de surgirem notícias a respeito de novas filmagens nacionais.
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A 19 de junho de 1898, Afonso Segreto regressava de uma de suas viagens comerciais, trazendo consigo uma câmara de filmar. Ainda a bordo do paquete francês “Brèsil”, ele tirou algumas vistas da baía de Guanabara. Teremos para dentro em pouco verdadeiras surpresas, profetizaram os jornais. A 5 de julho os irmãos Segreto filmam a visita do Presidente da República ao cruzador “Benjamin Constant” e, a partir de então, não deixam de filmar todos os acontecimentos políticos e populares cariocas, além de registrarem cenas recreativas.
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A avidez do público por novos filmes e a aceitação das vistas nacionais fazem com que Pascoal Segreto – dono também de outras salas de variedades –, cognominado pelo povo e imprensa “Ministro das Diversões do Rio de Janeiro”, monte um laboratório próprio, “de forma que daqui a poucos dias, qualquer acontecimento (paradas militares, incêndios, manifestações, etc.) será reproduzido fielmente, 48 horas depois, no animatógrafo do Salão de Paris no Rio. Todos os dias vistas novas, nacionais e estrangeiras, dos últimos acontecimentos”.
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Políticas para Juventude
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David da Silva
Natasha Fonseca
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Inspirada nas juventudes da década de 60 e 70, os jovens dos dias de hoje buscam maior participação. Mesmo sofrendo a influência da sociedade de consumo e globalizada, buscam mais interação nos espaços de convívio social, seja através de fóruns na Internet ou em ações locais, nas suas comunidades ou nos seus bairros. As propostas pensadas para o público com idade entre 15 e 24 anos de idade devem ter o objetivo de propiciar mudanças e avanços em sua realidade,e, em particular para aqueles que residem em áreas consideradas de risco, tendo em vista que é essa fatia da juventude que tem enfrentado problemas em relação a sua formação e inserção no meio social. Desta forma, torna-se cada vez mais necessário ampliar o espaço de debate e proposição desses jovens, que mesmo nas suas individualidades e identidades pensarem coletivamente na construção de políticas para juventude.
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É importante salientar que como políticas entendem-se “as ações coordenadas de objetivos públicos” e, por isso, se faz necessário não confundir essas políticas públicas com políticas governamentais. Assim, a sociedade civil tem participado, em muitos momentos, para o desenvolvimento e execução dessas políticas públicas para a juventude, mas essa participação tem que ser ampliada também para participação juvenil em propostas que reflitam seu próprio desenvolvimento. A verdadeira batalha pelo futuro deve ser travada em torno da construção de alternativas, oportunidades, escolaridade, capacitação e inclusão social desses jovens. Uma vez que a representatividade populacional da juventude é extensa e as ações que são pensadas para esse público ainda não atende a todos.
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O que se propõe neste artigo é uma reflexão sobre as possibilidades de debater e propor um novo modelo de políticas para juventude e combater ações implementadas sem discussão com o principal interessado: o jovem. É importante que esses trabalhos sejam realizados de forma participativa, envolvendo o jovem desde sua construção até sua execução. Pois hoje os responsáveis por essas ações encontram-se concentrados em uma construção de gabinete, ou seja, não participam os verdadeiros interessados. Os interesses em resultados quantitativos são maiores aos qualitativos.
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As organizações juvenis, como grêmios, ONGs, Grupos Culturais e Grupos Comunitários têm apontado como grandes desafios a serem superados: a falta de reconhecimento da sociedade (nossos representantes públicos) para com elas; a falta de apoio de outros atores da sociedade para o seu desenvolvimento; e ser o rotulada como eternamente inexperiente. Para a maior parte dos adultos, é difícil perceber valores nas ações empreendidas pela juventude, perceber as organizações juvenis como parceiras estratégicas na promoção do desenvolvimento.
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Entre os consensos que vêm sendo construídos no atual processo de debates sobre a necessidade de políticas de juventude, um deles é especialmente oportuno: o de que os jovens têm de ser considerados como sujeitos de direitos. Porém, levar em consideração os sujeitos a quem se destinam as políticas implica, necessariamente, procurar conhecer suas realidades, questões, práticas, opiniões e demandas. (NOVAES, 2003)
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O trecho anterior reafirma as considerações abordadas neste artigo, de que a juventude precisa protagonizar as ações e políticas voltadas pra si.Contudo para que isso aconteça, é preciso instrumentalizar, contextulizar e ampliar o campo das idéias dos jovens de hoje. È neste sentido que a proposta da rede Juventude cidadã vem contribuir neste momento para que esses consensos se concretizem em ações futuras, adequadas as diferentes juventudes que há por esse país.
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Temos que começar a investir no potencial do jovem, criar meios de comunicação onde possam trocar experiências e conhecerem realidades distintas existentes nesse meio, e com isso pensarem em mobilização e formação de grupos que visem a implantação de políticas democráticas e inclusivas de/para/com a juventude. Portanto, deve-se, sobretudo, valorizar o papel que os jovens podem desempenhar na transformação de sua realidade e da sociedade, investigando seus valores, posições, disposições e práticas de participação.
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FONTE: http://www.juventude.org.br
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2009: fim de ano em João Pessoa
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NATAL & REVEILLON
João Pessoa melhor a cada ano
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De 25 a 31 de dezembro
Local: Busto de Tamandaré (Praia de Tambaú)
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25/12 (sexta-feira) - Concerto de Natal
Orquestra de Câmara de João Pessoa
Maestro Gustavo Paco de Gea
Grupo Sa grama (PE)
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Festival Música do Mundo
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26 de dezembro (sábado)
Vitor Araújo e Rivotrill (PE)
Eduardo Araújo (PB)
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27 de dezembro (domingo)
Lanny Gordin (China)
Alex Madureira (PB)
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28 de dezembro (segunda)
Chango Spasluk (Argentina)
Luizinho calixto (PB)
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29 de dezembro (terça)
Heraldo do Monte (PE)
Jr. Espínola (PB)
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30 de dezembro (quarta-feira)
Pio Lobato e Mestre Vieira (PA)
Washington Espínola (PB)
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31/12 (quinta) - Réveillon
20h00: Samba Pura Raiz
22h00: Barbarito Torres
Buena Vista Social Club e convidados (Cuba)
00h00: Queima de fogos (show pirotecnico)
00h30: Armandinho com Trio Elétrico de Dodô e Osmar
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FONTE: http://www.joaopessoa.pb.gov.br
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ensino Médio e crescimento econômico
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Rafael Carneiro da Cunha
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“O Brasil deixa de crescer 0,5 ponto percentual por ano, porque um grande contingente de jovens não conclui o Ensino Médio. Em 40 anos deixaremos de ganhar R$ 300 bilhões (16% do PIB). O governo tem que investir pesado nessa fase escolar”. A afirmação é da doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Wanda Engels.
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Durante o seminário “Juventude Urbana: Inquietações e Perspectiva”, realizado recentemente no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo (SP), a doutora debateu a situação do Ensino Médio a partir de dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que analisa a situação dos jovens brasileiros.
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Os números mostram que de 2004 a 2006 mais de 3 milhões de alunos tinham se matriculado na 1ª série do Ensino Médio, porém apenas 1.858.615 chegaram ao final da etapa escolar. Dos concluintes, apenas 1.311.533 ingressaram nos cursos no Ensino Superior. Os motivos da desistência são diversos, porém o mais apontado é a falta de interesse. “Atualmente temos fora da escola 17,9% na faixa dos 15 a 19 anos e 68,3% na faixa que vai dos 18 a 24 anos. Para completar, o maior índice de mortalidade é dos 20 aos 24 anos”, advertiu a doutora.
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O trabalho para o jovem
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De acordo com a socióloga Helena Abramo, o desemprego é um dos pontos mais angustiantes para os jovens, pois o trabalho é considerado essencial para se ter uma vida confortável. Além disso, a experiência é considerada pelo mercado como aspecto mais importante do que a escolaridade. Helena chegou a essa conclusão após uma análise feita a partir de uma pesquisa realizada pelo Ibope no país inteiro, que sinalizou que 41,6% dos jovens tinham essa opinião.
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Na questão da desistência por parte dos alunos de frequentar as salas de aula, a pesquisa do Ibope trouxe um importante dado: nem todo jovem sai da escola para trabalhar e manter a família. “Muitos jovens preferem trabalhar a estudar porque vivem em uma sociedade de consumo e necessitam obter bens materiais. É uma geração extremamente conectada e que exige uma demanda forte por cultura e informação. É uma faixa que cada vez mais é desestimulada a estudar não somente pela família ou pela comunidade, mas pela sociedade em si”, afirmou Helena.
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FONTE: http://www.vooz.com.br/blogs
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O Jornalismo e Paulo Freire
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Alfredo Vizeu (*)
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O Jornalismo tem muito a aprender com Paulo Freire, tanto no que diz respeito à compreensão do mundo, bem como no processo de produção da notícia. A investigação é da essência do jornalismo porque diminui a possibilidade do erro e do equívoco. Caso isso ocorra, ainda dentro das práticas jornalísticas, faz-se necessário retificar a informação publicada que se revela inexata. No entanto, uma das tarefas centrais do rigor do método, do conhecimento do Jornalismo, é evitar a ambigüidade na informação. Outro aspecto importante no atual processo de produção da notícia é estar sob a ditadura da audiência, da concorrência, a pressa que pode tornar mais precária a qualidade da informação noticiosa.
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Por isso, apropriando-me dos ensinamentos de Paulo Freire, é importante nas práticas sociais do jornalismo irmos além da mera captação dos fatos, buscando não só a interdependência entre eles, mas também o que há entre as parcialidades constitutivas da totalidade de cada um. Nesse sentido, o jornalismo necessita estabelecer uma vigilância constante sobre a sua própria atividade.
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Ainda dentro da perspectiva de Freire, consideramos que a comparação que o autor faz entre a ingenuidade e a criticidade pode contribuir para entendermos o Conhecimento do Jornalismo - que trata dos acontecimentos do mundo, dos diversos saberes, dos campos da experiência e do cotidiano. O autor esclarece que não há diferença e nem distância entre a ingenuidade e a criticidade. Para Paulo Freire, entre o saber da pura experiência e dos procedimentos metodicamente rigorosos ocorre uma superação.
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Freire argumenta que não acontece uma ruptura porque a curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, continuando a ser curiosidade, se criticiza. Continuando a explicação, diz que ao criticizar-se, tornando-se curiosidade epistemológica, metodicamente “rigorizando-se” na sua aproximação ao objeto, conota seus achados de maior exatidão. A curiosidade metodicamente rigorosa do método cognoscível se torna curiosidade epistemológica, mudando de qualidade, mas não na essência. É dentro desse quadro que opera o conhecimento do jornalismo. Na produção da notícia o jornalista trabalha constantemente dentro dessa perspectiva de superação. Não é permitido ao jornalista que seja ingênuo na cobertura dos fatos. A tomada de consciência é o ponto de partida da sua atividade. Como é possível dar conta da cobertura dos acontecimentos, da mediação entre eles e a sociedade, se antes de construir a informação não conheço o objeto? É tomando consciência dele que me dou conta do objeto, que é conhecido por mim.
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A eficácia da atividade jornalística e o Conhecimento do Jornalismo estão intimamente ligados ao que Freire colocava como a capacidade de abrir a “alma” da cultura, de aprender a racionalidade da experiência por meio de caminhos múltiplos, deixando-se “molhar, ensopar” das águas culturais e históricas dos indivíduos envolvidos na experiência. É dimensão crítica do conhecimento jornalístico, num imbricamento entre teoria e prática.
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Por fim, não custa lembrar que esses ensinamentos a partir da leitura da obra de Paulo Freire (foto) têm como preocupação mostrar que o jornalista que seja tentado a abrir mão do rigor do método esquece o respeito ao outro, vítima, testemunha, parente, espezinha o respeito que deve a si mesmo: não é mais que um instrumento – um meio! – da informação. É ainda o mestre Freire quem ensina, e isso é básico para o Jornalismo: o trabalho humanizante não poderá ser outro senão o trabalho de desmistificação. Por isso, a conscientização é o olhar mais crítico possível da realidade, que a “desvela” para conhecê-la e para conhecer os mitos que enganam e que ajudam a manter a realidade da estrutura dominante.
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É o dever do Jornalismo a busca da verdade e a ética como singularidade. Uma utopia a ser perseguida diariamente. Um Jornalismo de frontes levantadas. Dentro desse contexto, concluo com Paulo Freire: “...o utópico não é o irrealizável; a utopia não é o idealismo, é a dialetização dos atos de denunciar a estrutura desumanizante e anunciar a estrutura humanizante. Por esta razão, a utopia é também um compromisso histórico”. O Jornalismo é a utopia realizável de um compromisso histórico com a verdade, a ética, a liberdade e a democracia.
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(*) Jornalista e coordenador do Núcleo de Jornalismo da UFPE.
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FONTE: http://novosrumosjornalistas.blogspot.com
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Inclusão digital: o que é e a quem se destina?
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Paulo Rebêlo
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O termo “inclusão digital”, de tão usado, já se tornou um jargão. É comum ver empresas e governos falando em democratização do acesso e inclusão digital sem critérios e sem prestar atenção se a tal inclusão promove os efeitos desejados. O problema é que virou moda falar do assunto, ainda mais no Brasil, com tantas dificuldades - impostos, burocracia, educação - para facilitar o acesso aos computadores.
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Inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. A expressão nasceu do termo “digital divide”, que em inglês significa algo como “divisória digital”. Hoje, a depender do contexto, é comum ler expressões similares como democratização da informação, universalização da tecnologia e outras variantes parecidas e politicamente corretas.
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Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas “alfabetizar” a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores. Como fazer isso? Não apenas ensinando o bê–á–bá do informatiquês, mas mostrando como ela pode ganhar dinheiro e melhorar de vida com ajuda daquele monstrengo de bits e bytes que de vez em quando trava.
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O erro de interpretação é comum, porque muita gente acha que incluir digitalmente é colocar computadores na frente das pessoas e apenas ensiná–las a usar Windows e pacotes de escritório. A analogia errônea tende a irritar os especialistas e ajuda a propagar cenários surreais da chamada inclusão digital, como é o caso de comunidades ou escolas que recebem computadores novinhos em folha, mas que nunca são utilizados porque não há telefone para conectar à internet ou porque faltam professores qualificados para repassar o conhecimento necessário.
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Desde a década de 90, acadêmicos e especialistas em Tecnologia da Informação (TI) deram início a uma série de debates sobre um quadro preocupante e que pouco mudou: os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, sobretudo os mais pobres, estão perdendo o bonde da informação. Sem os meios necessários (computadores e laboratórios) e recursos apropriados (internet rápida, telecomunicações), esses países deixam para trás um amplo leque de opções para aquecer a economia e melhorar os baixos índices sociais.
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Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê–lo a um preço menor não é, definitivamente, inclusão digital. É preciso ensiná–las a utilizá–lo em benefício próprio e coletivo. Induzir a inclusão social a partir da digital ainda é um cenário pouco estudado no Brasil, mas tem à frente os bons resultados obtidos pelo CDI no País, cujas ações são reconhecidas e elogiadas mundialmente. Inclusive, por vários estudiosos consultados pela reportagem, que costumam classificar as ações do Comitê como exemplo em palestras mundo afora.
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O presidente do CDIPE, Marcelo Fernandes, acha que agora é o momento para reflexões e críticas às atividades desenvolvidas, pois o Comitê está completando dez anos. “Nestes últimos anos, tivemos muitas conquistas e desafios. Agora é o momento para refletirmos sobre eles e prestarmos conta para a sociedade sobre as ações que realizamos”, adianta. Apesar da boa vontade, alguns empecilhos representam um grave problema à melhor socialização de comunidades carentes.
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O coordenador–executivo do CDI–PE, Diego Garcez, elege a carência de infra–estrutura como um dos piores obstáculos no Brasil e em Pernambuco. “Por exemplo, acontece de chegamos em uma comunidade de baixa renda e não termos como levar internet até lá, porque não há fiação telefônica ou instalação elétrica adequada,” cita. Outro problema apontado por Garcez é a baixa escolaridade dos instrutores, que às vezes são os jovens da própria comunidade. E é justamente aí que entra o papel da inclusão digital como indutor à inclusão social. Chico Science já dizia que os computadores fazem arte. Os especialistas concordam e acrescentam: também fazem cidadania. É preciso focar o crescimento social.
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Pensadores como Manuel Castells, um dos ícones nos estudos sociais a partir de novas tecnologias, pondera que a sociedade está passando por uma revolução informacional que pode ser comparada às grandes guinadas da História. Na clássica trilogia “A Era da Informação“, o autor é enfático em mesclar economia, cultura e informação a partir de uma inclusão digital de verdade.
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FONTE: http://webinsider.uol.com.br
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