quarta-feira, 30 de abril de 2008
terça-feira, 29 de abril de 2008
Priscila Lima
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Além das dificuldades que os jovens pobres daquela época tinham para estudar, existia também a falta de divulgação da cultura, pois era passada de pai para filho. Portanto, quem quisesse fazer parte do cenário artístico do País teria que ir de encontro aos mestres.
Essas preferências, inclusive, orientam o desenvolvimento das Políticas Públicas de Juventude (PPJs), com a realização de projetos e oficinas arte-culturais em escolas, universidades, Centros de Referência – como o CRJ Ilma Suzete Gama – e em organizações não-governamentais que trabalham diretamente com o setor juvenil.
Rachell Shallon
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A doação desse elemento é um processo de fundamental importância para o funcionamento de um hospital ou centro de saúde. Qualquer pessoa pode doar sangue, desde que sejam observadas algumas condições, tais como: sentir-se bem, com saúde; apresentar documento com foto, válido em todo território nacional; ter entre 18 e 65 anos de idade e massa corporal acima de 50kg. Não pode doar quem teve hepatite após os 10 anos de idade; é diabético, homossexual ou usuário de drogas; e pessoas que fizeram tatuagem ou colocaram piercing há menos de um ano.
O processo de coleta consiste na retirada de aproximadamente 450ml de sangue, através de materiais descartáveis de uso único e estéril. O tempo de permanência do doador no banco de sangue, incluindo triagem e coleta, é de aproximadamente 30 minutos. Após a doação o voluntário recebe um lanche, instruções referentes ao seu bem-estar e posteriormente conhece os resultados dos exames que serão feitos com seu sangue. Os testes podem detectar doenças como: AIDS, sífilis, doenças de chagas, hepatite B e C. Em caso positivo para alguma das enfermidades, o doador será convocado imediatamente para realizar novos exames (contraprova) e, se necessário, será encaminhado a um serviço de saúde.
O Hemocentro da Paraíba tem cerca de 50 mil doadores cadastrados, mas apenas cinco mil (10%) comparecem com freqüência de, pelo menos, três vezes por ano ao órgão. De acordo com a coordenadora do Serviço Social do Hemocentro, Maria das Neves Pereira, João Pessoa é a cidade com maior número de doadores no Estado – cerca de 1.700 doações por mês (8% feitas por mulheres).
Atitude, independência e livre expressão
Uma revista digital que acredita na transformação do Ser A revista Novae.inf.br nasceu em 5 de outubro de 1999 e não tem aporte de nenhum grupo financeiro. É um ponto de debate sobre temas hiperlinkados com a sociedade do conhecimento, cibercultura, inclusão digital, comportamento, ativismo de transformação, nova economia, política, cultura, literatura, mídia, filosofia, ciência, religação e cidadania. Conta com produção jornalística própria, na forma de entrevistas, reportagens, matérias especiais e um time de colaboradores e parceiros de primeira linha, que tem como recompensa estar participando dessa iniciativa dentro de avançados conceitos colaborativos: uma iniciativa inédita de open source editorial, em que as idéias ganham novas cores que, somadas inteligentemente a outras, resultam em uma publicação de personalidade surpreendente.
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O projeto editorial do site é resultado da alquimia de diversas inteligências, pontos de vista, atitudes e valores mutantes deste novo século, oriundos de alguns cantos do Planeta. Especialmente selecionado e focado em sua linha editorial, que contempla o arrojo, a profundidade e a ousadia, a www.novae.inf.br optou pela opinião, pelos conceitos e pela diversidade de idéias neste tempo de conhecimento exacerbado e, às vezes, superficial.
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Os articulistas, colaboradores e parceiros são, na verdade, os grandes responsáveis pelo êxito alcançado pelo portal. Massa crítica inovadora, fomentada pelo melhor do copyleft autoral que constrói a Internet brasileira. Num momento que surpreende pela diversidade de sabores e humores, a revista é pluralista na divulgação das comunidades na web, em língua portuguesa e espanhola. "Fusão neural" administrada como um projeto editorial consistente e com personalidade para mostrar sua visão do mundo.
Bruna Fioreti
No momento em que o Brasil possui uma nova TV pública na esfera federal, fomos buscar informações sobre esse negócio de televisão que, financiada em parte pelo governo, não chega a ser “chapa branca” - só para mencionar um termo refutado pelo presidente Lula, que convocou o jornalista Franklin Martins para tocar a idéia. Ao contrário: algumas das TVs públicas no estrangeiro exibem até programas com críticas ao governo que de alguma forma as financia. A conta também é paga, em várias nações, e em especial na Europa, pelo contribuinte, que desembolsa uma taxa anual para ver TV pública.
Na Europa, a televisão foi, desde os primórdios do negócio em vários países, incluindo a Inglaterra da BBC, uma taxa pública. No Brasil, esse vício já nasceu abastecido pela publicidade - cabe ao telespectador consumir ou não. O hábito de não pagar para ver TV já surge como a primeira distância entre uma TV pública brasileira e a BBC, citada pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, como referencial do novo projeto. Daí porque o modelo da TV pública britânica não pode ser simplesmente transposto para a realidade brasileira. “Canais públicos internacionais são referenciais a serem considerados na ampla discussão que o momento exige”, fala a pesquisadora da Universidade de São Paulo e ex-TV Cultura Tereza Otondo.
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Falta de verba ou objetivos distintos? Cada especialista tem uma tese para explicar o fenômeno da baixa audiência da TV pública nacional. Mas muitos concordam que a supremacia das TVs comerciais no Brasil tem a ver com ambos: falta de programação atrativa e de dinheiro. “O ritmo da TV comercial é o de clipe e o povo já se acostumou, além disso, ela tem dinheiro e consegue, com isso, produção com muita qualidade técnica”, diz o professor Laurindo.O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, sentenciou em artigo publicado em novembro de 2006, depois do primeiro fórum das TVs públicas: “Para a TV pública, só um caminho é possível: não competir com a televisão privada.” Seria, segundo Bucci, uma questão de foco. Sob esta lógica, caberia à TV privada entreter e à pública, os conteúdos ditos “chatos”, que não cabem na TV comercial.
Mas isso não significa abdicar da audiência? “É possível fazer uma TV pública interessante, cheia de conteúdo concernente à sua missão, num ritmo diferenciado do modelo comercial, mas interessante, capaz de alavancar ibope”, defende Laurindo Leal. Para isso, diz, bastaria se apropriar da produção cultural já existente e divulgada em algumas TVs públicas do País, acrescentar faixas de vídeo e notícias de forma o mais isenta possível. Tudo com um financiamento misto, parte vindo do Estado e parte por apoio cultural, mas sem anúncios no intervalo.
No exterior, essa espécie de imposto para a rede pública de comunicação vai bem em muitos países, até porque, em alguns, a audiência dos canais comerciais e públicos se equipara, tendo como referência dados de 2003. No caso do Reino Unido, a audiência da TV pública (46%) ultrapassa a da TV comercial (30%) e os outros modelos (24%). A rede pública britânica BBC é financiada por um imposto pago por todos os cidadãos. O pagamento pelo povo funciona no Canadá, nos Estados Unidos, na Alemanha, na França e na Itália, entre outros. Bem diferente do Brasil, diz Leal: “Dificilmente se pode aplicar modelos que exijam o pagamento de mais um imposto pelo povo em países menos abastados, como o nosso”.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Rachell Shallon
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A briga constante pela audiência levou os programas policiais brasileiros ao extremo, sobretudo os telejornais. Quanto mais imagens apelativas o assunto render, maior é o apetite desses programas. Por isso a preferência por imagens chocantes, como: cadáveres mutilados pela violência urbana, suicídio em andamento, tragédias naturais e acidentes de grandes proporções. Outro aspecto que chama a atenção é que os acusados por crimes não têm o benefício da dúvida. São inapelavelmente julgados e condenados pelos repórteres e apresentadores. Ou seja, não funciona aquele princípio que diz: “alguém é inocente até que se prove o contrário”.
Para o jornalista do programa “A Hora da Verdade”, Jonas Batista, esses programas demonstram uma dramatização exagerada, mas ressalta que não há manipulação das informações pois estão sendo relatados fatos. “A audiência dos programas policiais reside na apresentação da realidade nua e crua de algumas classes da sociedade, que convivem no seu dia-a-dia com a violência, a falta de escolaridade, o tráfico de drogas, a prostituição, entre outros problemas”, afirmou Jonas.
Na tentativa de estabelecer critérios, o Ministério da Justiça classificou em 2003 cinco telejornais policiais – entre eles o “Cidade Alerta” (TV Record) e “Brasil Urgente” (Band) – como inadequados para exibição antes das 21 horas, pelo teor de violência que expõem. De acordo com o critério de classificação indicativa (por faixa etária) do Ministério da Justiça, esses programas são impróprios para menores de 14 anos. A decisão, inédita, abarcava ainda três programas locais de Fortaleza-CE. Porém, no dia seguinte à publicação no “Diário Oficial” do despacho que classificou os programas, a medida foi revogada, sob a justificativa de que estava com “incorreções’’.
Segundo Mônica Vieira, espectadora assídua dos programas policiais, não há problema quanto à violência mostrada porque ela é real, não pode ser encoberta, só não pode ser exagerada. “O que não gosto é a repetição de um determinado fato, várias vezes ao dia e durante a semana. Torna-se cansativo”, disse Mônica.
Priscila Lima
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O primeiro – e maior deles – é o reconhecimento às terras tradicionais, com sua necessária demarcação. Os índios também lutam para ter uma educação que resgate sua história e contribua para reforçar sua identidade. Além disso, desejam melhores condições de saúde, através de políticas públicas realizadas sem discriminação. Isso implica e impõe a adoção de estratégias especiais, que considerem as práticas tradicionais de medicina popular – uso de plantas e raízes medicinais – aliadas ao trabalho de médicos e demais profissionais da saúde, para atendimento às comunidades. Os povos indígenas querem ainda que sua cultura e crenças sejam respeitadas.
Os registros históricos revelam que não houve combate à extinção dos povos indígenas, vítimas do genocídio e etnocídio europeu. A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi criada com o objetivo modificar essa realidade, mas devido à complexidade que envolve o tema – entre outros fatores – ainda não conseguiu atender todas as demandas indígenas. “A Funai deveria ser mais defensora. Contudo, em função da política, pessoas inabilitadas ocupam cargos na instituição sem conhecimento da causa. É preciso que todo povo indígena esteja disposto a lutar em defesa dos seus direitos. Só assim garantirá para si e para seus filhos o direito de ser índio, viver como índio, em terras de índio”, disse José Wagner.
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Prisões e arbitrariedades eram as marcas da ação do governo em relação aos protestos dos estudantes. Essas agressões à liberdade atingiram seu apogeu no dia 28 de março de 68 com a repressão policial utilizada para desalojar dezenas de estudantes que estavam no Restaurante Universitário "Calabouço" no Rio de Janeiro, protestando contra as péssimas condições do ensino brasileiro. Nesta ocasião foi morto o estudante Edson Luís Lima Souto, de 17 anos.
No dia 26 de junho de 68, cerca de cem mil pessoas ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante protesto contra a Ditadura Militar até então. A manifestação, iniciada a partir de um ato político na Cinelândia, pretendia cobrar uma postura do governo frente aos problemas estudantis e, ao mesmo tempo, refletia o descontentamento crescente com a situação do Brasil. Dela participaram também intelectuais, artistas, padres e um grande número de mães.
Portanto, relembrar os 40 anos da morte de Edson Luís significa refletir sobre a importância da participação popular, sobretudo, a participação da juventude nas transformações sociais do nosso país. Comemorar os 40 anos da "Passeata dos Cem Mil" é homenagear não só Edson Luís, mas todos(as) brasileiros(as) que deram aquilo que tinham de mais importante por esta transformação, suas vidas. Temos certeza que os sonhos revolucionários nunca vão morrer!
(*) Diretor do CRJ Ilma Suzete Gama
Clóvis Felipe
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O modo de vestir sempre comunica algo sobre as pessoas. No caso dos skatistas não é diferente, pois revela aspectos da vida dentro e fora do Movimento, o jeito meio "mulambo" e "vagabundo" de ser, que não está ligado a modismos baratos e points capitalistas. Como alguns pressupõem incorretamente, não se trata apenas de comprar roupas e acessórios de grifes famosas do universo sk8, objetos que servem apenas para identificar “a tribo” nos espaços urbanos. Também não é adequado aos valores mais nobres do esporte, ficar disputando entre si qual roupa é mais cara, qual marca é mais importante, quem é street e quem é playboy. No final das contas, o que vale mesmo é a consciência e o estilo de vida saudável associado ao skate.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Priscila Lima
A liberdade de imprensa, como qualquer outro tipo de liberdade, sofre restrições e condicionamentos freqüentes. Em alguns períodos estanques da nossa história a censura foi aplicada com a maior severidade. Durante as duas fases da ditadura militar – Era Vargas e Estado Novo – a imprensa nacional sofreu duros golpes, com intimidações, torturas e mortes a diversos jornalistas, formadores da opinião pública. Isso aconteceu não só no Brasil, mas em outros países da América do Sul, como: Chile, Argentina e Uruguai.
Em nosso país – como em outras partes do mundo onde a imprensa desenvolveu-se no ritmo capitalista – as limitações econômicas têm sido tão fortes quanto às políticas. Mesmo assim, podemos reprovar/condenar os condicionamentos políticos, econômicos e ideológicos a que se submete a imprensa nacional, porque seu verdadeiro papel é registrar nossa história, respeitando sempre o interesse público.
Os jornais registram as mutações semânticas, as ocorrências, daí a exigência por uma imprensa livre, consciente, que jogue limpo com a opinião pública. Por isso lamenta-se a detectação, nessa mesma imprensa, de nuances ideológicas pouco comprometidas com a verdade e com as mutações sociais que o percurso histórico exige. A observação é válida para a imprensa de todo o Brasil, quase sempre acoplada ao aparelho político-jurídico do Estado.
Na Paraíba, mais especificamente, a ideologia da grande imprensa continua sendo, de maneira geral, determinada pela classe dominante. A partir de 1826, quando teve origem o primeiro jornal do nosso estado – a “Gazeta do Governo da Paraíba do Norte” – registrou-se em solo paraibano uma história bonita de periódicos ecléticos, fundados com garra e idealismo.
Em João Pessoa temos quatro grandes jornais em circulação no momento. São eles: “A União”, fundada em três de fevereiro de 1893; “O Norte”, nascido em sete de maio de 1908; o “Correio da Paraíba”, criado em cinco de agosto de 1953; e o “Jornal da Paraíba”, o mais antigo entre eles. O primeiro é “oficial”, editado pelo Governo do Estado. Os outros são privados e mesmo assim, vez ou outra, apresentam nuances questionáveis por conta do contexto político, ideológico e econômico local.
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Na literatura, o poeta Chacal fará uma oficina de poesia e o escritor Marçal Aquino, de conto. A também escritora paraibana Clotilde Tavares irá ministrar 'Hamlet: Uma Leitura Comentada'. Mestre Pirralhinho irá conduzir a oficina 'Boi de Reis'.
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terça-feira, 15 de abril de 2008
Rafael Fernandes
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A recente competitividade e a decadência do mercado da mídia impressa fazem com que redações sejam enxugadas e jornalistas experientes sejam cortados em prol de jovens mais baratos. A necessidade de vender é inversamente proporcional ao condão do conteúdo e, particularmente na cobertura de cultura, as assessorias de artistas é que parecem pautar as redações. Isso não faz com que grandes da imprensa se tornem irrelevantes de um dia para outro. Mas é engraçado que clamem credibilidade quando vemos que a qualidade atual nem sempre acompanha a campanha. Esses fatores não impedem que tais veículos continuem nos trazendo boas análises e matérias de alto gabarito, escritas tanto por profissionais jovens quanto por experientes. Nem são motivo para já darmos aos blogs a coroa de reis da informação. Afinal, também é possível encontrar uma enormidade de baboseiras e baixo nível na rede e em maior quantidade. Muitos blogueiros sentam na cadeira da comodidade antes sequer de serem relevantes. A ignorância pode nascer em qualquer lugar.
Para responder à questão exposta no título e no primeiro parágrafo, creio que blog não precisa, necessariamente, ser jornalismo. É apenas mais uma (democrática) ferramenta de comunicação: por que deve ter apenas uma maneira "correta" de ser usado? Por que não pode ser simplesmente um "diário adolescente"? Ou um local para expor pensamentos? Existem milhares de possibilidades. A aproximação ao que se entende por jornalismo vai depender do que se propõe expor e do preparo do blogueiro. Como leitor, me baseio na própria experiência: acho que para certos assuntos é necessário que haja profunda pesquisa e levantamento de diferentes versões de um fato. Principalmente em assuntos mais "pesados" ou que necessitem de fontes que não estão à disposição na Internet, e é claro que um jornalista gabaritado ajuda a legitimar. Mas quem não for conhecido ou formado pode, aos poucos, se firmar como referência (lembram-se do "não-jornalistas" há alguns parágrafos?). Em temas de menor relevância, sem que se precise de fontes off-line, não vejo a necessidade desse tipo de atuação. E para assuntos mais específicos, de nicho, um jornalista dificilmente conseguiria cobrir de forma tão eficiente quanto uma pessoa que trabalha com o tema ou que o tenha como um "hobby sério".
A Internet parece amedrontar muitos jornalistas: a perspectiva do desconhecido à espreita do conforto. A grande diferença hoje entre blogueiros e jornalistas vem daí: os primeiros nada têm a perder; em geral têm empregos fixos, escrevem por escrever e estão crescendo com a mudança. Já os segundos têm tudo a perder: o formato em papel está acabando, sua relevância já não é mais a mesma, seus empregos estão em risco e muitos enfrentam dificuldade com tecnologia. Talvez haja receio de terem de se tornar empreendedores, procurar novas oportunidades na rede e fora dela em detrimento a posições cômodas nas redações dos grandes jornais.
Patrícia D’Abreu (*)
Como em toda prática discursiva, a TV produz sentido, o que a caracteriza como instrumento de interpretação da realidade. Se abordarmos a cultura como um conceito discursivo, podemos entender por que a atitude privada da ação coletiva que é assistir à televisão é tão comumente considerada como pertencente à esfera cultural. O uso teórico do conceito de cultura mostra a incidência freqüente de uma noção associada à idéia de um campo normativo que enfatiza cultura como um sistema geral, uma operação semiótica através da qual um julgamento social de valor se torna um método intelectual generalizado que possibilita a apreensão do real através da formulação de verdades universais. Em todos esses sistemas universalizantes (da “cultura animi” à antropologia estrutural), as definições de cultura remetem ao relacionamento com o sentido, que filosoficamente entendido como a condição necessária à existência de significações ou conceitos atuantes na organização social (...) possibilita o estabelecimento de diferenças. Em termos mais gerais, o sentido é uma marca de limites, a marca de um possível do qual não se sai. (SODRÉ: 1983, p. 44)
Além do ordenamento, a (rica) indeterminação do sentido faz com que a experiência de relacionamento com o real (e, paralelamente, a cultura) demande a necessidade de uma forma de coerência das representações. Surge aí a ideologia como pólo irradiador de decisões essenciais sobre axiomas da realidade. Na ideologia, a forma de coerência se utiliza da unidade lógica para demonstrar ao indivíduo que o mundo é transparente à razão universal. Dessa forma, a dimensão ideológica procura constituir a consciência do indivíduo de tal maneira que se resolvam imaginariamente as diferenças, as perigosas indeterminações de sentido, que se evite a sedução - o desvio do caminho da verdade. (SODRÉ: 1983, p. 67)
Em sua análise sobre as mutações culturais na contemporaneidade, Muniz Sodré diz que (...) o poder não se define pela capacidade intrínseca de realizar ou fazer, mas pela força extrínseca de mandar fazer (...) o poder busca fazer crer que seu lugar é suficientemente real para determinar o que deve ser considerado real ou irreal, incluído ou excluído, admitido ou negado. Nesse nível, poderoso é aquele que detém as aparências de controle da relação entre o determinado e o indeterminado. Assim, além do sentido de “fazer”, a palavra “poder” inscreve também o de “magia”. Todo poder é de fato “mágico”, no sentido de que se empenha em convencer os sujeitos de sua absoluta realidade. (SODRÉ: 1996, p. 59-60)
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Nos programas acima citados, pode parecer, à primeira vista, que a TV teria o poder de polícia, o poder jurídico, o poder de construção/execução de cidadania ou o poder de exteriorizar as táticas de vigilância social quando, na verdade, seu poder é o de pautar, direcionar e mesmo determinar quais devem ser as ações policiais, jurídicas, cidadãs (no caso da TV aberta) e de memória exteriorizada (no caso da TV fechada): é um poder “extrínseco” e “mágico”. O exercício desse poder funciona: foragidos são presos, leis são debatidas, acessos a direitos mínimos são efetuados e arquivos (autorizados) são coletivizados. Mas celas, plenários, favelas e memória coletiva só cabem na tela como figuras, não como objetos concretos ou caminhos de busca percorridos. Nela, o que se aprisiona, se legisla, se constrói e se coletiviza é mesmo o sentido. Um sentido que, enquadrado, busca organizar simbolicamente o caos concreto do vivido nas transgressões, obediências, riquezas, misérias e memórias do (inesperado) ser humano.
(*) Patrícia D’Abreu é jornalista, mestre em Comunicação e Cultura.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Célia Mota
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Por que falar de crítica a jornalistas culturais? Porque a eles cabe decidir sobre dois procedimentos: o do julgamento do valor qualitativo de um produto ou bem cultural ou o do julgamento do valor de mercado. Sempre é bom lembrar que vivemos em tempos pós-modernos, onde se constata o abandono dos programas ordenadores, legitimadores, atribuidores de valores estéticos e culturais. Expandem-se os sistemas técnicos incontroláveis, o império dos efeitos visuais sobre a narrativa. Com isso, troca-se o sujeito emancipador (dotado de razão, de senso estético e transformador) pelo sujeito falsamente emancipado pelas novas tecnologias.
Não queremos considerar aqui como jornalismo cultural às notinhas de shows, as agendas sobre os espetáculos diários oferecidos à população em nossas cidades, os releases de filmes, de peças de teatro ou de exposições,que tomam conta dos nossos chamados Cadernos B. O jornalismo cultural, no meu entender, coloca em debate idéias, sem deixar de lado a crítica aos espetáculos ou aos produtos de arte, que são uma forma de refletir sobre o mundo em que vivemos.
Explicar uma obra significa também mergulhar no processo criativo do seu autor. Que universo é este, em que mundo imaginário o autor vive? Como expressa este mundo através dos seus personagens, de representações culturais de sua própria realidade? Não é, portanto, um julgamento do autor ou da obra, mas um exercício de tornar visível o que é invisível, transformar em linguagem o que é silêncio, revelar o que não foi dito. É importante lembrar que a explicação de um produto cultural não se resume a uma descrição minuciosa ou ligeira do seu conteúdo, como se lê em releases de filmes, algumas vezes transcritos em jornais ou revistas. Não é, igualmente, situar a obra numa longa descrição histórica para caracterizá-la como parte de um movimento, seja literário, seja fílmico. Desde a crítica literária à crítica de cinema hoje, a tentação de enquadrar a obra num determinado ciclo é bem grande. Ou é um “romance realista”, ou é um “filme a la Tarantino”, ou é um “remake dos anos 70”, etc. Não importa a nomenclatura, mas sim o processo classificatório, a necessidade do enquadramento.
Então, como exercer a atividade crítica no jornalismo cultural? Como resgatar o sentido da crítica na sociedade atual? Em primeiro lugar, percebendo que a cultura é constitutiva da nossa identidade. Como diz Geertz, cultura são as histórias que contamos sobre nós mesmos. É no aqui, no nosso espaço de constituição de significados, que se constrói a memória cultural do país. Cabe ao jornalista debater valores culturais, definir critérios mínimos de apreciação de bens culturais e midiáticos, sem se submeter a critérios de mercados.
Como fazer isso? Em primeiro lugar, recuperando o espaço da crítica, hoje tornada resenha. E a partir daí, recuperando valores culturais, pelo que significam de processos de construção de identidade. Colocando obras de arte em debate, e com isso, provocando uma maior reflexão sobre seus conteúdos e sobre os valores que põem em circulação. O exercício crítico, aliado a uma maior informação e estudo por parte dos jornalistas dos chamados cadernos B ou C, é que vai permitir um outro olhar sobre estes produtos. E uma reflexão de caráter emancipador sobre esta nossa pós-modernidade, em que valores ocidental-americanos ou oriental-nipônicos estão sempre a confrontar nossas próprias culturas locais.
terça-feira, 8 de abril de 2008
A primeira edição deste ano do Projeto 'Alvo Visual: diálogos com a imagem' exibe nesta quinta-feira (10), a partir das 19h, no Cineclube Casarão 34, o documentário 'Quarto 666' e o programa televisivo 'Cena Aberta', com o episódio 'A hora da estrela'. Após as exibições, acontece o debate sobre o tema 'Cinema, literatura e televisão', tendo como debatedor convidado o professor doutor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Luis Antonio Mousinho, numa Promoção da Prefeitura de João Pessoa (PMPJ) por intermédio da sua Fundação Cultural (Funjope).
terça-feira, 1 de abril de 2008
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O lema da Conferência é “Levante sua bandeira”. Os eixos da discussão são “Juventude: democracia, participação e desenvolvimento nacional”; “Parâmetros e Diretrizes da Política Nacional de Juventude”; “Desafios e prioridades para as políticas públicas de juventude”. A idéia é que sejam trabalhados doze cadernos temáticos, além do texto base, abordando temas como educação, saúde, sexualidade, drogadição, emprego e renda dentre outros.
A idéia é que se ouça toda a sociedade, pais, professores, associação de moradores, os movimentos sociais, os estudantes, àqueles que lutam por terra, moradia, respeito aos direitos civis. A Conferência Nacional acontecerá de 27 a 30 de abril de 2008, em Brasília. Até lá qualquer pessoa pode participar através das Pré-Conferências (na faculdade, na universidade, nas escolas de ensino médio, todas as instituições de ensino vão receber kits do Ministério da Educação para a sua realização); através das Conferências Virtuais pelo site www.juventude.gov.br (podendo ser colocado as sugestões, fotos, músicas, vídeos) e; através das Conferências Livres que podem ser realizadas por qualquer grupo de pessoas maiores de 15 anos.
O evento aconteceu nos dias 28, 29 e 30 de março no Centro de Vivência da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e elegeu 25 delegados que representarão o Estado na Conferência Nacional da Juventude, em Brasília. Cerca de 600 jovens que integram entidades civis organizadas da Paraíba participaram do evento preparatório.
Durante os três dias foram debatidos sete temas centrais voltados para a juventude, divididos em grupos de trabalho. O primeiro grupo discutiu a “Participação Política”, o segundo “Diversidade Sexual e Direitos Sexuais Reprodutivos”, o terceiro “Educação”, o quarto “Trabalho, Geração de Renda e Desenvolvimento Sustentável”, o quinto “Cultura, Comunicação e Mídia”, o sexto “Esporte e Lazer” e o sétimo “Campo”.
FONTES:
Bertrand Sousa
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Qual seria a principal consequência das coberturas "policialescas" da realidade urbana no Brasil? A mídia ajuda a propagar o pânico e a insegurança nas grandes cidades. E faz isso sem maiores preocupações, posando de defensora dos "fracos e oprimidos" pela violência. Indo um pouco mais além, podemos dizer que o sistema midiático brasileiro está funcionando como um "relações públicas", fazendo a ligação da sociedade com os poderes constituidos, uma "linha direta com a cidadania", numa cruzada inquisitória por justiça e paz.
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É uma grande pretenção da mídia querer se colocar como solução ou alternativa para a dramática história da luta contra o crime no Brasil. Querendo ser uma espécie de tribunal público, uma instância com plenos poderes para julgar. E neste julgamento a sociedade seria a maior vitima, enquanto a mídia desempenha vários "papéis", tais como: investigadora, vítima (como no caso Tim Lopes), testemunha de acusação, juíza, etc.
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De acordo com Sylvia Moretzon, "(...) uma análise mais ampliada dessa ocupação de espaços não pode ignorar que se trata de uma estratégia empresarial muito bem conduzida no contexto do neoliberalismo: a redução do tamanho do Estado é compensada pela responsabilidade social de empresas cidadãs, de acordo com a formulação de uma nova ética de co-responsabilidade (entre Estado, empresas e sociedade civil) que mascara conflitos e valoriza indiscriminadamente iniciativas voltadas para fazer o bem."
No final das contas - do sistema capitalista em que a mídia brasileira está inserida - o lucro é o que interessa e nada mais. Se der pra ganhar mais dinheiro as custas do medo das pessoas e ainda fazer elas acreditarem que estão recebendo um ótimo serviço de informção, um exemplo de cidadadania a ser seguido, a mídia o fará. Pelo menos é assim que ela está utilizando seu famoso "quarto poder".
Frei Betto (*)
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(*) Frei Betto é escritor.
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