Redes sociais: uma prática inclusiva (parte III)
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Walter Ude
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Estamos num momento histórico onde se busca uma nova visão de mundo, em que as coisas sejam vistas nas suas diversas interações e trocas constantes e simultâneas, passando por permanentes momentos de conflitos e de sínteses ou acordos provisórios. Nesse sentido, não se concebe o caminho da vida como uma mão única, e acredita-se que para mudar é necessário mudar-se, para transformar é necessário transformar-se e para inovar é necessário inovar-se. Nesse sentido, um pensamento em rede substitui um pensamento fragmentado. Todavia hoje temos grandes dificuldades para incorporar o ponto de vista implicado na metáfora da rede, tanto no nível das organizações propriamente ditas como da sociedade em seu conjunto.
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A maioria das pessoas seguem pensando-se como indivíduos isolados (partículas elementares) e como parte de múltiplas redes de interações: familiares, de amizade, laborais, recreativas (ser membro de um clube), políticas (formais: ser membro de um partido; informais: ser votante, simpatizante de uma organização), culturais (pertencer ou participar atualmente de uma instituição cultural ou educativa), informativas (ser leitor, escritor ou produtor em meio de comunicação), etc. As disciplinas científicas seguem em muitos casos pensando em termo de compartimentos estanques e territórios exclusivos, crendo-se independentes da cultura e da sociedade que a nutre.
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Por outro lado, o trabalho interdisciplinar não exclui o saber popular ou outras formas de saber. Antes de tudo ele é inclusivo. Sendo assim, num grupo de trabalho que se propõe trabalhar de forma aberta e cooperativa, todos os atores envolvidos devem participar de forma ativa. Num trabalho com crianças e adolescentes, por exemplo, eles devem opinar e cooperar na construção das propostas e das definições que dizem respeito ao seu ambiente educativo e social.
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Por outro lado, toda a sua rede social (familiares, amigos, vizinhos, movimentos sociais e culturais, etc) devem comparecer nas discussões sempre que for do interesse da comunidade em questão. Isso significa que as mudanças se darão em rede e não de forma isolada. Aliás, o pensamento em rede não crê que possa ocorrer uma verdadeira transformação de forma segmentada. Por muito tempo acreditamos que deveríamos mudar os denominados “desviantes” da sociedade, sem alterar os demais sistemas que participavam da vida desses indivíduos. Segundo a visão tradicional, teríamos que recuperá-los, reintegrá-los e readaptá-los, pois a família, a escola, a indústria e a sociedade, dentre outros parâmetros sociais, eram concebidos como harmoniosos.
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Dentro da perspectiva de redes sociais, essas idéias exclusivistas não encontram eco. Contudo, essa idéia não impede que haja momentos mais distintos, em que os diferentes participantes possam aprofundar suas questões mais específicas. Não podemos cair na armadilha de adotar posturas extremas, como a defesa de um coletivismo ou de um individualismo. Temos que buscar sínteses construtivas, embora tenham caráter provisório. Em seguida, passo a considerar como esses processos podem ocorrer nos níveis pessoal, institucional e comunitário, com o intuito de oferecer aos educadores sociais alguns instrumentos de trabalho.
Dentro da perspectiva de redes sociais, essas idéias exclusivistas não encontram eco. Contudo, essa idéia não impede que haja momentos mais distintos, em que os diferentes participantes possam aprofundar suas questões mais específicas. Não podemos cair na armadilha de adotar posturas extremas, como a defesa de um coletivismo ou de um individualismo. Temos que buscar sínteses construtivas, embora tenham caráter provisório. Em seguida, passo a considerar como esses processos podem ocorrer nos níveis pessoal, institucional e comunitário, com o intuito de oferecer aos educadores sociais alguns instrumentos de trabalho.
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FONTE: Redes sociais: possibilidade metodológica para uma prática inclusiva. In: Carvalho, et al. (org.). Políticas Públicas. Belo Horizonte, Editora UFMG/PROEX, 2002.
FONTE: Redes sociais: possibilidade metodológica para uma prática inclusiva. In: Carvalho, et al. (org.). Políticas Públicas. Belo Horizonte, Editora UFMG/PROEX, 2002.
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