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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Socializando a informação

Cristina Cardozo de Oliveira
Juliana Grade Flor
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Atualmente temos a compreensão de que os grandes meios de comunicação do país retêm a informação e produzem uma única verdade sobre a sociedade, criando conceitos e paradigmas que declaram assim, a nítida função pedagógica da mídia de centralizar a informação e produzir conhecimentos. Partindo da necessidade de democratizar a informação, a comunicação comunitária surge como importante alternativa para promover e ampliar o debate sobre as relações entre Comunicação e Educação. Acreditamos que o desenvolvimento de projetos na área da Comunicação Comunitária que invertem a cristalizada pauta da grande mídia, pode ser uma estratégia produtiva para efetiva socialização da informação.
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Segundo DUARTE (2002), a concentração da mídia teve origem nos anos 60 (período da ditadura militar), quando os interesses comerciais, industriais e políticos sempre predominaram sobre os interesses das comunidades. De acordo com o relatório “Donos da mídia” produzido pelo Instituto de Estudos e Pesquisa sobre Comunicação (Epcom), a comunicação brasileira está nas mãos de poucos, pois os meios desta no Brasil são controlados por seis redes privadas (nacionais) que administram 667 veículos (emissoras de rádio e TV e jornais diários) atingindo assim, 87% dos domicílios em 98% dos municípios do país.

Não podemos deixar de considerar que os meios de comunicação vêm dominando o tempo de lazer da vida cotidiana, norteando as opiniões políticas e comportamentais, fazendo com que a identidade dos sujeitos se modele conforme um pensamento único, universal. Este acesso às informações não acontece somente pela mídia impressa - jornais e revistas -, mas sobretudo através de um sistema que abrange rádio, cinema, televisão, música, enfim, toda uma cultura de imagem que explora os sentidos.

Acreditamos que a partir desse processo que veio se formando de centralização da informação, faz-se necessário a criação de espaços midiáticos alternativos que possibilitem a inversão da pauta da grande mídia e conseqüentemente a (re) construção das identidades sociais criadas e multiplicadas pelos meios de comunicação. Como nos lembra Fischer (1997, p.59) “os meios de comunicação constroem significados e atuam decisivamente na formação dos sujeitos sociais” .

Para DUARTE (2002) a qualificação dos veículos alternativos deve ser parte fundamental do processo de democratização da comunicação no Brasil, onde são estes que não aparecem na grande imprensa, que retratam a realidade ou a visão dos pequenos grupos. Sendo assim um foco de resistência ao pensamento único.

Construir na sociedade uma outra visão de ruptura, ainda que em pequena escala, através destes veículos alternativos, com uma comunicação voltada para o interesse público, é ensinar a uma sociedade que viveu imersa ao consumo inconsciente da mídia, como entender, interpretar e criticar seus significados e suas mensagens. Ou seja, tentar construir uma forma de resistência a hegemonia cultural estabelecida pela mídia.

Desta forma, entendemos que a mídia alternativa dá recursos para que a sociedade crie uma identidade própria, utilizando-se de sua cultura como modo de fortalecer-se diante da cultura dominante, fazendo com que estes sujeitos tenham uma identidade e forma de vida própria ou tentar buscar frestas nas certezas e verdades ensinadas pela mídia diariamente, seja nas novelas, nos telejornais, no rádio, jornais ou revistas.

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