Charges na rua
Bertrand Sousa
Diógenes Barbosa
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Traços, cores, signos e símbolos. Elementos do universo artístico do chargista, cartunista e caricaturista Reginaldo Soares Coutinho, 47 anos, mais conhecido como Régis Soares. Um mundo de charges – desenhos humorísticos caracterizados pela crítica social e política – que os pessoenses acompanham há 20 anos através de um painel – instalado em frente ao ateliê do artista – nos jornais impressos onde trabalhou (O Momento, A Tribuna, O Norte, Correio da Paraíba, entre outros); nos livros que registram sua obra e, mais recentemente, na Internet (www.chargesnarua.com).
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Os alunos que participam das oficinas de Grafite nos Centros de Referência da Juventude dos Funcionários I e dos Expedicionários puderam conhecer de perto, no dia (02/10), este grande artista paraibano e seu valoroso trabalho de resistência cultural.
Os alunos que participam das oficinas de Grafite nos Centros de Referência da Juventude dos Funcionários I e dos Expedicionários puderam conhecer de perto, no dia (02/10), este grande artista paraibano e seu valoroso trabalho de resistência cultural.
Segundo Régis Soares, os desenhos fazem parte de sua vida desde a infância – no bairro da Torre, em João Pessoa. Na adolescência conheceu Cláudio Limeira e Chico Santos, que incentivaram decisivamente sua produção de charges e participação em mostras culturais. Daí em diante Régis não parou mais de expressar sua arte. A cada semana um novo desenho colocava em destaque os grandes problemas da sociedade (fome, miséria, desemprego, corrupção, etc.); registrando a História de maneira bem humorada, incisiva e criativa; fazendo-nos refletir criticamente sobre diversos aspectos do cotidiano.
Mas, durante essa trajetória, o chargista teve que enfrentar divergências e tentativas de censura. “Já quiseram retirar meu painel diversas vezes. Também fui mandado embora de jornais devido ao conteúdo crítico das charges”, lembra o artista.
Os políticos e a classe dominante também reagem de forma inusitada aos desenhos de Régis. “Certa vez, durante a campanha eleitoral, um candidato chegou a oferecer R$ 5 mil para colocar sua propaganda no painel onde exponho as charges. Recusei a oferta pois acredito que não há dinheiro no mundo que pague a independência, dignidade e liberdade de expressão artística. Também recebi convites de políticos para fazer projetos ligados à arte, mas nunca aceitei. Prefiro contribuir de outras formas com a sociedade, através das charges ou ajudando comunidades carentes, como a Vila Vicentina”, disse.
Durante a visita, os alunos observaram atentamente os relatos sobre a carreira de Régis, bem como seu espaço de trabalho, composto por mais de 700 fotografias, charges, caricaturas, desenhos e matérias de jornais em molduras de vidro. De acordo com o poeta e professor da UFPB, Hildeberto Barbosa Filho, a obra de Régis Soares “assume, em certo sentido, a postura de um sociólogo da compreensão, dentro da pauta diversificada da aventura do cotidiano”.
Devido ao grande volume de trabalho, faltam poucos desenhos para Régis atingir a marca das 1000 charges. Um livro e um vídeo documentário, intitulado “Assim eu num voto”, estão sendo produzidos para comemorar a façanha. O cartunista também participará de exposição no Mag Shopping, a partir do próximo oito de novembro. Vale a pena conferir!
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