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quarta-feira, 10 de março de 2010

Jornalismo Investigativo no Brasil
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Regiane Santos Barbosa
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Os jornais brasileiros só adotaram a reportagem investigativa após a ditadura militar. O Estado de S.Paulo, em 1976, é o primeiro a incorporar a prática. O Estadão publicou três matérias, intituladas "Assim vivem os nossos superfuncionários", que abalaram o País ao revelar a boa vida dos ministros e altos funcionários instalados em Brasília e capitais federais.
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Infelizmente, a prática da investigação jornalística no Brasil ainda é tímida. Cleofe Monteiro de Sequeira publicou em seu livro "Jornalismo Investigativo: o fato por trás da notícia", um estudo feito pelo jornalista Carlos Chaparro sobre a evolução dos gêneros jornalísticos como forma discursiva nos os últimos cinqüenta anos da imprensa brasileira, enfocando o jornalismo diário praticado nos principais jornais impressos do nosso país.
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Na amostra de 1995, a reportagem investigativa ocupava apenas 2,32% do espaço total da Folha de S.Paulo e 1,73% em O Globo; na amostra de 1945-1994, 0,20% no Estado de S.Paulo, e 0,50% no Jornal do Brasil. Segundo Carlos Chaparro, o mercado jornalístico, em especial as redações dos meios impressos, caracterizam-se por pressões do negócio e às tensões impostas pelo ritmo da produção industrial, criando detalhadas rotinas administrativas, para controlar e otimizar, sob o ponto de vista gerencial, a seleção e a produção do noticiário. No exercício dessa competência, boa parte do tempo é ocupada em atividades de depuração, no mar de informações que jorram das fontes cada vez mais organizadas. E não há tempo, nem estrutura, nem cultura, para pensar o aprofundamento dos fatos.
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Diante dessa realidade, as redações preferem jornalistas que sejam eficientes organizadores de dados provenientes de releases ou fatos mal-apurados in loco "que posteriormente transformam em notícias insípidas, sem contextualização, que servem para desinformar o leitor ao invés de informá-lo", uma vez que a fragmentação e a superficialidade das informações impedem a plena compreensão do fato que está sendo reportado ao leitor.
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Os jornais oferecem aos leitores inúmeras informações no formato de notícias e reportagens curtas. Mas será que estes fatos mal-apurados e maquiados em textos superficiais atendem ao direito básico do cidadão de informação? Uma vez que esses dados, números, estatísticas, pesquisas de opinião, que chegam prontas aos e-mails dos repórteres, sem nenhuma descrição de quais métodos utilizaram para obter aquele resultado.
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Uma das falhas do jornalismo atual é a ausência de investigação. A maioria dos repórteres acredita em todos os relatos e documentos que chegam as suas mãos. Assim, documentos que deveriam ser ponto de partida viraram pontos de chegada. Portanto, a reportagem investigativa passou a ser encarada, por grande parte dos veículos de comunicação, como um "jornalismo fiteiro". Pois na maior parte dos casos, o jornalismo se resume à simples coleta e reprodução de fitas.
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FONTE: www.observatoriodaimprensa.com.br
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