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terça-feira, 30 de março de 2010

Jornalismo de Precisão: uma saída
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Regiane Santos Barbosa
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Jornalismo de precisão é a aplicação de métodos de pesquisa das ciências sociais ao jornalismo. "O domínio da metodologia científica das ciências sociais e sua possível aplicação ao jornalismo constitui a coluna vertebral dessa modalidade jornalística". O criador do método é o americano Philip Meyer. Ainda estudante da Universidade de Havard, ele já era um estudioso dos métodos empíricos de investigação social. Como repórter do Detroit Free Press, ele utilizou as técnicas das ciências sociais para estudar os subúrbios de Detroit.
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A pesquisa feita para essa reportagem derrubou as duas teorias até então aceitas sobre os atos de vandalismo na cidade. Ao contrário do que se pensava, as depredações não partiam predominantemente de pessoas com baixo nível de instrução e de negros oriundos do Sul. Com o cruzamento de dados apurados com embasamento em métodos das ciências sociais, Meyer descobriu que pessoas com curso superior haviam participado dos estragos em porcentagens próximas às que não tinham completado o segundo grau.
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A partir dessa reportagem, o jornalista iniciou uma série de reflexões sobre a aplicabilidade destas ferramentas ao jornalismo, que culminou, em 1973, com a publicação do livro “A reporter´s introduction social science methods”. Em 1991, Meyer publicou seu segundo livro sobre jornalismo de precisão: “The new Precision Journalism”, que explica a aplicação direta de ferramentas como amostragem e inferência estatística nas reportagens para "aumentar o poder tradicional do repórter sem mudar a natureza de sua missão – encontrar os fatos, entendê-los e explicá-los".
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Ainda nesta obra, Meyer discute a Reportagem Assistida por Computador, sub-tema do jornalismo de precisão no qual o repórter usa e analisa informações provenientes de banco de dados da internet. Para Meyer, a falha no jornalismo é que ao mostrar os dois lados conflitantes, o jornalista não tem embasamento suficiente para tirar nenhuma conclusão. Já no jornalismo de precisão, o repórter, armado com os métodos de investigação científica, pode fazer avaliações úteis sobre o tema analisando, uma vez que está munido de metodologia e da objetividade da ciência.
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O repórter que pretende incorporar a prática do jornalismo de precisão deve conhecer e compreender conceitos de diversas áreas das ciências humanas, como sociologia, antropologia, psicologia e filosofia e ainda deve estar ciente de que, mesmo sendo dono de vasto conhecimento, nenhuma verdade, mesmo que pesquisada, medida e avaliada por métodos científicos, é absoluta. "O sentimento de certeza não é o teste da certeza. Já tivemos certeza absoluta de muitas coisas erradas". A premissa básica do jornalismo de precisão é saber o que fazer com os dados. Para isso, o repórter precisa conhecer e compreender as cinco etapas para o desenvolvimento do trabalho no jornalismo de precisão.
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A coleta de dados é a primeira delas. Ela consiste em ir a campo para realizar pesquisas definidas previamente após estudo que engloba qual método adequado para coletá-los. O passo seguinte fundamenta-se no armazenamento dos dados, através da criação de banco de dados, o que facilita a execução da próxima fase, o manejo correto dos dados apurados. Na penúltima fase, a de análise dos dados, observa-se que o jornalista pode encontrar desvios e fenômenos que variam por motivos ainda desconhecidos. Neste caso, ele precisa utilizar outras linhas de raciocínio para chegar à conclusão. Para comunicar essa análise à sociedade, o repórter deve ficar atento para traduzir, em linguagem simples e objetiva, informações e dados complexos, porque uma reportagem não entendida torna-se uma reportagem perdida.
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FONTE: www.observatoriodaimprensa.com.br
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