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segunda-feira, 1 de março de 2010

Interatividade: ferramenta para o Jornalismo
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Ana Cristina Calábria
Luis Gustavo do Prado Brunelli
William Penna Crispim
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Ao abordar o tema interatividade como uma ferramenta para o jornalismo, “carregamos” uma infinidade de outros assuntos correlacionados, característicos de uma sociedade complexa e envolta em um contexto cultural. Não há como estudar o jornalismo on-line sem antes explicar o que é parte dele, o computador, a Internet, a cibercultura e o ciberespaço. A tecnologia não é um agente autônomo separado da sociedade e da cultura. Ela é um ângulo de análise do sistema social e tecnológico, dependente do restante dos efeitos das atividades humanas. Existem interações indissolúveis nas atividades humanas - pessoas vivas e pensantes; entidades materiais naturais e artificiais; idéias e representações.
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Pierre Lévy (1999) discute que não há como romper esta conexão e estudar um caso isoladamente. A tecnologia faz parte do homem assim como o homem faz parte dela. As técnicas não são somente imaginadas, fabricadas e ou reinterpretadas durante seu uso pelos homens. O próprio uso intensivo das ferramentas constitui a humanidade. Durante este artigo iremos discutir o ciberespeaço, a cibercultura e relacionamento entre usuário e a Internet, já que o número de pessoas que têm algum tipo de acesso à rede no Brasil é superior a 30 milhões.
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O ciberespaço
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O ciberespaço nada mais é que o novo espaço dos meios de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. São as várias máquinas conectadas a uma rede por cabos, onde é possível a troca de informações entre os usuários. Ele [o ciberespaço] permite a combinação de vários modos de comunicação. Encontramos, em graus de complexidade crescente: o correio eletrônico, as conferências eletrônicas, o hiperdocumento compartilhado, os sistemas avançados de aprendizagem ou de trabalho cooperativo e, enfim, os mundos virtuais multiusuários.
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Lévy (1999) atribui ao termo ciberespaço não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo de informações que ela contempla, assim como os seres humanos que “navegam” e alimentam este sistema. Vilches (2003) completa o raciocínio de Lévy, afirmando ser o ciberespaço o espaço de pensamento e de experiências humanas, formado pela coabitação de antigos meios (rádio, televisão) e novas formas de hiper-realidade. Sabemos também que o digital encontra-se no início de sua trajetória e que a Internet no Brasil completa dez anos recentemente. A interconexão continua em ritmo acelerado e muito se discute sobre os próximos padrões da comunicação, mas dificilmente se chegará a um determinante, pois a mudança é constante e ilimitada.
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O que estaria acontecendo hoje, no que se refere à mudança e à interconexão, seria uma desintegração do indivíduo clássico, isolado na tribo, já que o esgotamento da perspectiva individualista favorece um “tribalismo” contemporâneo que descreve a vontade de estar junto, de compartilhar emoções. Nascem e multiplicam-se, então, as “comunidades emocionais” no ciberespaço. São as comunidades virtuais, constituídas por um grupo de pessoas que se correspondem mutuamente por meio de computadores interconectados. Daí a importância da nova media, a Internet, funcionando como um dos vetores de comunhão, englobando a televisão, o rádio e o jornal impresso.
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Essa transformação estaria ligada às idéias de Vilches (2003) sobre migração digital. A evolução do modo humano de aproximar-se da maquina permite uma experiência de gestor. O internauta acessa a rede para buscar por si próprio tudo de que necessita, assim desprende-se da massa indiferenciada para entrar em contato com outros usuários e outras formas de consumo ativo.
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Michael L. Dertouzos (2000) vai mais longe. Para ele a primeira geração alfabetizada em computação já está ingressando no mercado da mídia. São os homens e as mulheres familiarizados com teclados, discos de dados, monitores de vídeo e a Internet. As habilidades antes aprendidas em escritórios e escolas estão sendo aplicadas em casa, transformando os indivíduos em aldeões urbanos: meio cosmopolitas sofisticados, viajando pelo mundo virtual; e meio caipiras, passando mais tempo em casa cuidando da família. Desse modo, a interatividade permite aos usuários utilizarem as mídias para organizar seu espaço e seu tempo, e não o inverso, como acontecia com os meios tradicionais baseados na manipulação das imagens e dos sons, a partir de um centro emissor.
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