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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Restrições à Internet, uma falha na democracia
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Neiff Satte Alam (*)
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A interatividade e a diversidade estão plasmadas nos caminhos desta fantástica tecnologia que viabiliza a Internet. Considerada um caminho de infinitas conexões e que globaliza o conhecimento e o coloca acima do poder, permite que as fronteiras entre os países desapareçam e comece a se formar um pensamento universal plural, mas disponível a todos os homens.
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As ditaduras não poderão resistir muito tempo à liberdade de idéias que circula pelo espaço cibernético (ciberespaço), o que levou Pierre Lévy a manifestar que este “... é um dos motivos pelos quais sou um grande entusiasta dessas técnicas de comunicação. Não pela proeza técnica em si, mas porque há uma relação profunda entre o progresso das formas de comunicação e o progresso da democracia, o progresso da emancipação do ser humano.”
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Quando, às vésperas de uma eleição, no exato momento em que a interatividade entre candidatos e eleitores deveria ser aumentada, pois é o momento em que devemos todos conhecer os que dirigirão os destinos da comunidade, a Internet começa a ser amordaçada. Sítios de relacionamento são fiscalizados e regrados de tal forma que perdem o sentido de uma liberdade de comunicação franca e proveitosa.
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O conhecimento cede ao poder restritivo dos que não percebem a importância da interatividade proposta pela Internet. Restam informações soltas e que não contribuem para a cidadania plena e um fortalecimento democrático onde a escolha de um candidato será tanto melhor quanto mais for este conhecido, isto é, escondem-se os candidatos no momento em que mais deveriam ser conhecidos, questionados e forçados a mostrarem todo o seu potencial. Se o eleitor tiver maior acesso à grande diversidade em que se constituem as propostas dos candidatos, maior será o número de opções. Esta maior capacidade de escolha deverá fortalecer a democracia, pois não há democracia sem pluralismo, sem escolha.
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A política restritiva ao uso da Internet é, portanto, um resquício ditatorial do temor da informação e do conhecimento, pois, temem os que assim pensam que os avanços democráticos desalojem políticos carreiristas e desfaçam currais eleitorais.
Não deverá ser por outro motivo que alguns países fazem uma censura tão severa à Internet, não a sites pornográficos ou de conversação descomprometida, mas a sites que tratem de política, sociologia, filosofia, história ou qualquer outra área do conhecimento que permita uma abertura de horizontes no sentido da diversidade e interatividade na construção de um mundo sem fronteiras e globalizado pelo conhecimento.
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(*) Professor universitário aposentado.
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