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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Gravidez na adolescência
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José Domingues dos Santos Jr.
Carla Santos Domingues


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A adolescência tem se constituído em importante objeto de preocupação, na atualidade, para várias disciplinas científicas, tendo em vista a grande expressão que passa a assumir no interior das transformações de diferentes ordens que caracterizam o mundo moderno. Concebida no início do século, no âmago das culturas ocidentais, a adolescência passa a se consolidar como uma fase específica da vida humana, à medida que as mudanças sócio-econômicas promovidas pela industrialização e urbanização dão novo contorno à formação da sociedade, com destaque para os grupos de idade.
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Assim, emerge entre a infância e a idade adulta como um período intermediário, por configurar características próprias que a diferenciam dos demais períodos. Por não serem mais crianças e, ao mesmo tempo, ainda não terem se tornado adultos, com dada idade cronológica, os indivíduos começam a viver uma fase em transição. A adolescência passa, então, a ser referida não como uma fase de vivência e experiências próprias, identificadoras do ser humano num dado período, mas como fase de transição voltada exclusivamente para a idade adulta.
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Nesse contexto histórico, os adolescentes são percebidos como sujeitos sem identidade própria porque sua vivência e projeção para o futuro constituem-se em elementos para o estabelecimento da identidade adulta. Ao mesmo tempo são descaracterizados como crianças. Dada à expressão das mudanças biológicas, a adolescência passa a ser pensada tradicionalmente como a etapa cronológica, entre 10 a 19 anos. Tal tendência, que universaliza e destitui a adolescência não somente de seu caráter psicológico - mas também histórico-social - ainda predomina nos dias de hoje na pressuposição de que neste período, necessariamente, ocorrem de maneira simultânea os processos de diferentes ordens que caracterizam o “adolescer”.
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Contexto atual
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Ao ser reconhecida como uma fase transitória, começam a surgir significações para tal. Se, por um lado, é aceita a experimentação e a descoberta do novo como sendo peculiar à adolescência, por outro, espera-se do adolescente o desempenho de comportamentos e condutas inerentes a este período preparatório, e qualquer “desvio” nesta trajetória começa a ser objeto de preocupação social. Não obstante a modernização dos costumes tenha multiplicado as oportunidades e ambientes para novas vivências, estas possibilidades são ainda cercadas de limites e determinações para os adolescentes havendo, inclusive, diferenças de gênero para a definição das relações, nesta fase, uma vez que para a mulher adolescente essa limitação continua sendo maior.
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Ao invés de se tomar o fenômeno da adolescência no mundo atual como substantivamente diferente, devido às transformações sócio-econômico-culturais por que passa a humanidade, a tendência observada por parte da sociedade é a de uma visão funcionalista e a-histórica. Portanto, acaba-se interpretando o comportamento adolescente sob parâmetros e valores tradicionais, onde o diferente e novo muitas vezes são conotados como desviantes, necessitando, pois, de controle social.
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Esses comportamentos passam, então, a ser objeto de preocupação da sociedade, emergindo a necessidade de se conhecer e identificar os problemas destes jovens, bem como a criação de uma estrutura institucional do tipo escolas e serviços de saúde voltados a atender esta população. Assim, a gravidez indesejada na adolescência, antes um problema familiar que era resolvido com um casamento às pressas, ou exílio temporário com parentes locais distantes, hoje ameaça o futuro da jovem e seu companheiro, se adolescente, passando a serem considerados os riscos físicos, emocionais e sociais decorrentes desta gravidez.
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