Loading

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O poder oculto das comunidades virtuais (parte I)
.
Tatiana Pereira Martins (*)
.

As previsões da era da informação sobre as potencialidades das comunidades virtuais ainda não foram atingidas em sua plenitude. O consultor Hermano Cintra afirma que “os conceitos relacionados a comunidades virtuais ainda estão em seus estágios iniciais”. Existe, no entanto, um aspecto que extrapolou as expectativas: a força da Internet.
.
Capaz de colecionar façanhas, dentre elas a de perturbar um gigante adormecido: a televisão. Se este meio de comunicação tradicional começa a ser ameaçado, deve ser um sinal que alterações em pequenos nichos de poder podem concretizar-se com a expansão da grande rede. No artigo “A Rede que Une”, Andrew Shapiro faz uma reflexão sobre as mudanças ocorridas na sociedade com a chegada da internet. Shapiro aponta que “um dos problemas de se viver em um tempo de grandes mudanças é que muitas vezes temos dificuldades de entender exatamente o que está mudando”.
.
A mesma dificuldade de “entendimento” pode ser observada em outros aspectos da internet. Tim Berners-Lee, um dos responsáveis pela criação da internet, apontou três expectativas pessoais com relação às mudanças provocadas pela da rede mundial de computadores: (i) Ter à disposição enormes quantidades de informação e conseguir, ao mesmo tempo, produzi-las; (ii) Trabalhar em equipe de maneira mais eficiente, especialmente superando as barreiras geográficas; (iii) Analisar o que ocorre no interior da sociedade com a chegada da web.
.
Tendo-se atingido as duas primeiras expectativas, surge o desafio de compreender os reais efeitos da internet sobre a sociedade. Muitos fatores dificultam tal análise: (i) Existe um nível de exclusão digital elevado em boa parte do planeta; (ii) As comunidades de inteligência coletiva ainda são muito incipientes; (iii) A dimensão da real interferência política da internet é objeto raro de pesquisa; e (iv) A maior parte da população que utiliza tecnologias da informação e de comunicação vêem estes bens como meros itens de consumo.
.
Pode-se verificar, de acordo com as pesquisas apontadas por Shapiro em seu artigo, que pouco se evolui em intervenções presenciais nas comunidades onde a inclusão digital avançou. Surge, então, uma grande dúvida: a democrática internet tem promovido o indivíduo ou o coletivo?
.
O Brasil tem chamado a atenção pela imensa quantidade de participantes em comunidades virtuais mundiais. Um dos fenômenos é o Orkut, no qual aproximadamente 70% dos mais de 6 milhões dos inscritos são brasileiros. A intensa participação virtual brasileira também tem se repetido no Source Forge e nas comunidades de software livre.
.
Em paralelo, a participação ativa brasileira na internet, ferramentas como blogs, wikis e fóruns de discussão têm consolidado o conceito de comunidade virtual, evidenciando alterações na estrutura social brasileira, a ponto de dois importantes analistas políticos, Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim, considerarem que a internet teve fator decisivo na última eleição presidencial, no ano de 2006.
.
(*) Engenheira de projetos no Centro de Pesquisas Renato Archer.
.
FONTE: revista A Rede, n° 30, Momento Editoral Ltda.
.

Nenhum comentário: