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sábado, 23 de maio de 2009

A linguagem do rádio dentro da web
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Raquel Porto Alegre
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A construção do texto radiofônico exige, além de certa dose de correção gramatical, adequação técnico-lingüística concernente à estrutura do veículo rádio. Trata-se de um texto peculiar, se comparado ao dos outros meios de comunicação. No jornalismo impresso, o leitor, com o texto em mãos, pode ler rápida ou lentamente, superficial ou detidamente, e pode, até mesmo, analisar a interação texto-fotografia. Na televisão, o telespectador, perante a fusão de imagem e som, vê facilitada a decodificação da mensagem noticiosa. O rádio, por sua vez, torna-se o meio mais fugido de alguma expressão da linguagem. O texto radiofônico tem uma única chance de ser ouvido.
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O rádio apoia-se somente no áudio para transmitir suas informações. Contudo, antes de ele apoiar-se na audição e na oralidade, conta com um texto redigido previamente. Existe, então, uma relação entre o texto escrito e o texto falado. Isso ocorre porque o texto do rádio é escritor para ser falado e para ser ouvido. Como fazer, então, para que um texto, preso à norma culta, seja falado e não lido (uma vez que o rádio exige espontaneidade e não se fala como se escreve e vice-versa)?
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A construção do texto radiofônico requer o uso de um estilo próprio oral-auditivo, conseguido a partir de características específicas, no que se refere às condições de tempo, dinâmica, melodia, sons complementares, voz, articulação e linguagem. O tempo se refere à velocidade da fala. A dinâmica trata da ênfase da frase, dos elementos estilísticos concernentes às pausas, às alterações rítmicas etc. A melodia se caracteriza pela seleção de palavras eufônicas. Os sons complementares consistem em determinados recursos que não se configuram como entrevistas, isto é, são declarações e testemunhos que só ampliam dados (sonoras).
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A voz humana dá conta de conduzir as mensagens e, no uso da voz, a articulação deve complementar a clareza: o volume e sua intensidade, devem ser observados, por exemplo. Já a linguagem do comunicador, seja qual for o estilo, deve atentar para uma formação adequada do texto radiofônico. Para a produção adequada desse texto, considera-se, conforme alguns autores, que ele pode tender a uma normatividade técnica (atendendo a especificidade do veículo), a uma normatividade gramatical (atendo-se ao uso da linguagem correta como a que se escreve) e a uma normatividade lingüística (indo ao encontro da espontaneidade da linguagem falada). No entanto essas três normas coexistem e formam o texto radiofônico.
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Para a Internet, o rádio, disponibilizado ao vivo, pode utilizar a mesma linguagem propagada via satélite, já que será ouvido, só que por meio de outra tecnologia. Já as notícias que são armazenadas, para que sejam ouvidas posteriormente, devem além de usar a informação falada, utilizar textos escritos. É aí que entram os recursos oferecidos pela internet. O hipertexto é um deles. Segundo Pierre Lévy, “tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Esses nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou podem ser eles mesmos. Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações e a comunicação”.
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É exatamente assim que funciona o hipertexto para o rádio. Ele complementa a notícia que foi veiculada (seja via satélite ou via modem) por áudio. Com um simples clique do mouse, o ouvinte-internauta pode obter informações complementares e mais profundas sobre determinada notícia que o interesse. É basicamente o hipertexto que complementa a linguagem radiofônica na internet. Isso sem falar na tecnologia utilizada para a disponibilização do áudio via modem. Esse seria um capítulo a parte que trataria somente das tecnologias que vem sendo utilizadas.
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