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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Um manifesto do Micro-Rádio
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Tetsuo Kogawa
(tradução de Ricardo Rosas)
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O micro rádio costumava ser um compromisso de se evitar usar transmissores de alta potência por causa do orçamento ou da regulamentação. O primeiro micro rádio deliberado começou em meados dos anos 1970 na Itália. Como escreveu Felix Guattari, cerca de mil estações de micro rádios livres apareceram junto com o movimento “Autonomia” na Itália e então influenciaram outros países, especialmente a França.
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O que se pretende dizer com micro? No núcleo dos movimentos, deveria ter implicado num significado diferente da mera extensão da potência de transmissão e da área de serviço. Ele conota algo qualitativamente diferente. Ser grande ou pequeno no tamanho físico não é tão importante. Portanto, a mesma coisa que fazíamos num micro radio poderia acontecer numa grande estação.
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O micro rádio é uma alternativa às comunicações globais e às mídias de massas que poderia abranger o planeta com qualitativamente a mesma e padronizada informação. Agora que nosso espaço microscópico está sob vigilância, o micro rádio deveria prestar atenção em áreas ainda mais micro, mas qualitativamente mais “micro”. Para entender isso, você deve usar experimentalmente um transmissor de muito baixa potência. Teoricamente, pode fazer a mesma coisa com um transmissor de alta potência, mas isso vai enganar a sua percepção do que é o micro, por que você tem sido circundado por numerosas transmissões de alta potência. Temos de usar uma espécie de “suporte fenomenológico” para perceber o que são as coisas.
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Dada a era dos vários meios globais, como a comunicação via satélite e a Internet, o micro rádio pode se concentrar em seu mais autêntico território: o espaço da onda de rádio microscópica. Por que você não vai a uma estação de rádio assim como vai a teatros? O teatro de micro rádio poderia ser possível. As ondas de rádio cobrem apenas um espaço de moradia. Isso é o bastante. Tenho organizado festas de micro rádio. Isto é uma tentativa de converter um espaço em algo qualitativamente diferente através de um micro transmissor.
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A Internet é basicamente um meio translocal. Diferentemente do meio impresso, o espaço existe temporariamente e está fora da posição geográfico-física. Quem se importa de onde você está transmitindo? Você pode manter um espaço “permanente” com seus ouvintes contanto que você e seus ouvintes concordem em se comunicar.
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Como um meio para cobrir áreas mais extensas, as ondas de rádio são destrutivas e não-ecológicas. A rádio grande não é mais necessária. Cedo ou tarde, as grandes e globais tecnologias de comunicação serão integradas na Internet. O rádio, a televisão e o telefone se tornarão nodos locais para ela. Conseqüentemente, os globalistas descartarão tais meios existentes. Um novo tipo de terminal multimídia conectando a Internet surgirá.
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Então será o tempo em que o rádio e a televisão (e mesmo o telefone) deverão reencontrar sua própria possibilidade emancipatória. A estação de micro rádio vai reencontrar uma possibilidade de congregar pessoas em espaços como o teatro e o clube. Ele não rejeitará os meios globais, mas os utilizará como meios de conexão e formação de rede. Pelo micro-meio translocal, mesmo os meios globais poderiam se tornar polimorfos e diferentes, não apenas nos conteúdos, mas igualmente no modo de fazer com que as pessoas se encontrem.
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