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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Conteúdo da TV digital brasileira
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Nara Alves
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Ao contrário da escolha do padrão tecnológico, importado do Japão, o conteúdo da TV digital no País ainda é, em grande parte, nacional. A criação de novos softwares poderá acontecer aqui mesmo no País. Para o presidente do Instituto de Estudos de Televisão, Nelson Hoineff, o núcleo dessa mudança não está na disputa entre radiodifusoras e teles, mas sim na capacidade de construir conteúdo adequado às novas plataformas. “É isso que vai determinar se vamos desenhar uma televisão melhor e mais democrática, ou se vamos esperar para mais uma vez sair às compras no infame supermercado do conteúdo e da subserviência”.
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No entanto, é preciso entender algumas questões técnicas para deslumbrar as possibilidades de mudanças que a TV digital possibilita no conteúdo. Ela pode ser transmitida por radiofrequência (VHF ou UHF), por satélite, por cabo, pela telefonia ou pela Internet (iTV). A vantagem da radiofrequência, ou terrestre, é que atualmente é o sistema utilizado na maior parte dos televisores brasileiros.
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Teoricamente, seria mais fácil realizar a migração para o sinal digital. A desvantagem é a largura do espectro, que não suporta muitos canais, nem serviços interativos, por ausência de um canal de retorno. O candidato natural a esse canal de retorno é a telefonia, presente em 74,49% dos lares brasileiros em 2006, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contando aparelhos fixos e celulares.
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A questão da largura da banda seria resolvida com a transmissão de conteúdo em baixa resolução, o que possibilitaria a multiprogramação. Já a questão da interatividade depende de um componente externo à TV. Como o telefone ainda não está presente na maioria dos lares de famílias de baixo poder aquisitivo, o principal alvo da inclusão social por meio da TV.
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O desafio, portanto, é proporcionar interatividade a essas pessoas por meio da TV aberta e gratuita. No Brasil, o controle sobre a produção e transmissão de conteúdo para TV está concentrado na mão de algumas poucas emissoras, que detêm também outros meios de comunicação, como rádios, portais na internet e periódicos impressos. Tais redes, em sua maioria localizada no eixo Rio-São Paulo, não permitem que suas afiliadas distribuídas por diversos estados brasileiros tenham independência sobre o conteúdo transmitido, especialmente durante o horário nobre. Essa hegemonia faz com que a produção se concentre no sudeste do País – e se reflete, por exemplo, na contratação de atores cariocas que imitam o sotaque nordestino para interpretar um papel em uma cidade cenográfica que reproduz o Nordeste.

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A TV digital possibilita a multiprogramação (ou multicasting), isto é, a possibilidade de transmissão de até 4 programas com diferentes níveis de definição num único canal de freqüência (de 6 megahertz) utilizado pela TV digital. No entanto, isso não significa automaticamente que haverá diversidade cultural. Ainda não foi definido um marco regulatório que esclareça como será a distribuição desses novos canais. Nem ao menos se haverá realmente a abertura de novos canais digitais, mesmo que em baixa potência.

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FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br

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Um comentário:

Rafaela disse...

Compartilhar informações como essa é de grande valia! Agora, entendo um pouco mais sobre a tal TV Digital.