A diferença entre ler e aprender
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Sergio Cyrino da Costa (*)
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Há alguns anos, o saber, que estava confinado a poucos afortunados frequentadores de bibliotecas e livrarias, ganhou as ruas por algumas publicações traduzidas, em bancas de jornal. Um pequeno número de revistas deu lugar a uma verdadeira explosão de imagens, termos científicos elaborados, curiosidades, literatura, desde física quântica até criação de cachorros e lutas marciais.
Há alguns anos, o saber, que estava confinado a poucos afortunados frequentadores de bibliotecas e livrarias, ganhou as ruas por algumas publicações traduzidas, em bancas de jornal. Um pequeno número de revistas deu lugar a uma verdadeira explosão de imagens, termos científicos elaborados, curiosidades, literatura, desde física quântica até criação de cachorros e lutas marciais.
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Se um viajante do tempo entrasse hoje na banca da esquina, não iria acreditar que aquela barraca onde comprava suas revistas e fascículos se transformou numa babel de ofertas. Os fascículos semanais tinham um efeito curioso sobre o psiquismo do leitor: fazer que ele se imaginasse um bibliófilo, um imortal, cercado de volumes em que beberia na cultura completa do mundo. Ressalte-se aqui a palavra "completa". O formato atual traz justamente a ideia de um saber infinito, oceânico.
Se um viajante do tempo entrasse hoje na banca da esquina, não iria acreditar que aquela barraca onde comprava suas revistas e fascículos se transformou numa babel de ofertas. Os fascículos semanais tinham um efeito curioso sobre o psiquismo do leitor: fazer que ele se imaginasse um bibliófilo, um imortal, cercado de volumes em que beberia na cultura completa do mundo. Ressalte-se aqui a palavra "completa". O formato atual traz justamente a ideia de um saber infinito, oceânico.
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O que moveria a compulsão à informação? Como já foi dito neste artigo, o homem já nasce curioso. A criança explora avidamente seu mundo imediato e vai ampliando sua capacidade de observação, à medida que se desenvolve. Enfia o dedo nas tomadas, leva os objetos à boca, move os olhos em todas as direções, acompanhando as luzes e ruídos do ambiente, extasiada com as primeiras informações que vão se acumulando dentro de sua mente.
O que moveria a compulsão à informação? Como já foi dito neste artigo, o homem já nasce curioso. A criança explora avidamente seu mundo imediato e vai ampliando sua capacidade de observação, à medida que se desenvolve. Enfia o dedo nas tomadas, leva os objetos à boca, move os olhos em todas as direções, acompanhando as luzes e ruídos do ambiente, extasiada com as primeiras informações que vão se acumulando dentro de sua mente.
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Um dos maiores discípulos de Freud, o brilhante húngaro Sándor Ferenczi, escreveu um pequeno trabalho em 1923 intitulado "O sonho do neném sábio". Nele, Ferenczi diz que os pacientes adultos frequentemente relatam sonhos nos quais crianças pequenas, e até bebês, são capazes de ensinar aos adultos com extrema erudição e locução perfeitas. O tema não é inédito, já que aparece em vários mitos, inclusive na história do próprio Jesus Cristo, em que ensinava aos sábios do templo. Ferenczi interpreta que estes sonhos representam o desejo da criança de ultrapassar os adultos em sabedoria e ciência, invertendo, assim, a posição de inferioridade. Um adulto que se sentiu humilhado na infância ou atualmente, também poderia desejar vingar-se dos que tivessem criticado suas palavras ou atos.
Um dos maiores discípulos de Freud, o brilhante húngaro Sándor Ferenczi, escreveu um pequeno trabalho em 1923 intitulado "O sonho do neném sábio". Nele, Ferenczi diz que os pacientes adultos frequentemente relatam sonhos nos quais crianças pequenas, e até bebês, são capazes de ensinar aos adultos com extrema erudição e locução perfeitas. O tema não é inédito, já que aparece em vários mitos, inclusive na história do próprio Jesus Cristo, em que ensinava aos sábios do templo. Ferenczi interpreta que estes sonhos representam o desejo da criança de ultrapassar os adultos em sabedoria e ciência, invertendo, assim, a posição de inferioridade. Um adulto que se sentiu humilhado na infância ou atualmente, também poderia desejar vingar-se dos que tivessem criticado suas palavras ou atos.
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Afinal, o que quer o compulsivo por informação? Em primeiro lugar, aprender tudo, alimentar- se de conhecimento, saciar sua sede de saber. Em segundo, que este saber responda a todas as perguntas, como uma coleção de figurinhas que se completa, adquirindo os números faltantes. O problema é que, na realidade, sempre falta algo, porque o saber não é estático. Os compulsivos não se conformam com isso. Com o aumento gigantesco do acesso à informação, boa parte das pessoas liberou seu lado compulsivo adormecido.
Afinal, o que quer o compulsivo por informação? Em primeiro lugar, aprender tudo, alimentar- se de conhecimento, saciar sua sede de saber. Em segundo, que este saber responda a todas as perguntas, como uma coleção de figurinhas que se completa, adquirindo os números faltantes. O problema é que, na realidade, sempre falta algo, porque o saber não é estático. Os compulsivos não se conformam com isso. Com o aumento gigantesco do acesso à informação, boa parte das pessoas liberou seu lado compulsivo adormecido.
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(*) Sergio Cyrino da Costa é psiquiatra e psicanalista.
(*) Sergio Cyrino da Costa é psiquiatra e psicanalista.
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FONTE: www.cepec.org1@gmail.com
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