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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

As tribos urbanas
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Adilson Schio
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Rodeadas de códigos e normas, estudadas por sociólogos e psicólogos, mal entendidas por muitos, crescendo e se multiplicando, mudando hábitos, costumes e práticas sociais, aí estão as tribos urbanas, que podem ser caracterizadas como um fenômeno juvenil dos grandes centros e que, dia após dia, ampliam sua atuação e aumentam seus adeptos. Do que se trata?
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Estamos acostumados a ver jovens “normais” em nossas comunidades e/ou cidades. O máximo do diferente é alguém com um corte de cabelo não comum, ou com uma calça jeans toda rasgada, ou ainda, jovens com roupa de cor exótica e cheios de correntes, pulseiras, botons, anéis, etc. Isso não parece preocupar. Porém, por enquanto, essa atitude é característica de nossas cidades pequenas. Nos grandes centros urbanos - e o mundo se urbaniza cada vez mais - o diferente já se organiza, tem normas, leis, códigos, adeptos...
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Cedo ou tarde este fenômeno da juventude moderna chegará até nós. É importante que conheçamos as razões de tal fenômeno para sabermos agir diante dele. Punks, rappers, clubbers, grunges, góticos, emos, hippies, rastafaris, metaleiros, cosplays, skatistas, etc, etc... Estes são apenas alguns grupamentos juvenis, chamados pelos sociólogos de tribos urbanas, encontrados diariamente nos grandes centros.
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Os Grunges, por exemplo, são filhos legítimos da recessão mundial. O movimento nasceu em Seatle, nos Estados Unidos, e os adeptos são caracterizados pela sua indumentária: bermudão abaixo dos joelhos, tênis sujos, barbichas, calças rasgadas, etc. Eles transformaram o desleixo numa provocação aos “mauricinhos” e “patricinhas”, os chamados "filhos de papai". Ainda existem outros, como os rockabillies, que amam o rock dos anos 50 e usam enormes topetes; os góticos, que cultuam as sombras e adoram poesias românticas; e muitos outros agrupamentos juvenis.
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A origem de todas essas manifestações parece ser a contestação. A violência, a apatia, o desleixo, a festa e a anarquia são as formas de contestação do mundo pós-moderno, dizem os sociólogos. Ao analisar tudo isso podemos perguntar: o que tem por trás desse estilo de vida? Olhando a História, percebemos que muitas manifestações de repúdio e revolta com os padrões dominantes se deram de uma forma muito semelhante. Porém, ficaram outras duas questões: 1) este fenômeno é um modismo, simplesmente? 2) estes jovens são assim para si ou para os outros, isto é, vestem-se e agem assim por convicção ou são assim para serem vistos e notados numa cidade/sociedade onde o anonimato é o maior medo?
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A morte da identidade pessoal promovida pela sociedade moderna e seus aparatos, não é o fim. Ainda há, na alma do jovem, a capacidade de resistir e contestar, mesmo que à margem do normal, na contra-mão da sociedade. O sentimento de vazio e descontentamento vivido pelo jovem de hoje pode levar a uma resistência diante do mundo opressor, massificador e despersonalizador. Acredito na pluralidade de opções e estilos, desde que acima de tudo esteja a vida, a liberdade, a felicidade, a construção (ou re-construção) da pessoa, não importa se ela esteja de calça azul-marinho e camisa branca ou com um macacão cor-de-abóbora da cabeça aos pés.
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FONTE: http://www.mundojovem.com.br
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