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terça-feira, 25 de novembro de 2008

A cultura de redes na mobilização popular
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Egeu Laus (*)

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O surgimento da Rede Social de Relacionamentos pela Internet denominada gabeira43.ning.com, em torno da candidatura de Fernando Gabeira à prefeitura do Rio, não foi uma surpresa. Esta rede, que utilizou como ferramenta a “social network” Ning.com – criada em 2004 por Marc Andreessen (autor também do navegador Netscape) e Gina Bianchini – é apenas uma, dentre as dezenas de ferramentas tecnológicas (plataformas de utilização via Internet) que vem sendo utilizadas diariamente no ambiente da grande rede (a web para os íntimos) com o objetivo de conectar pessoas com interesses comuns.
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Na sua definição mais básica e rasteira podemos dizer que qualquer artefato que permita uma comunicação mais ou menos permanente entre um determinado número de pessoas conforma uma rede. Nesse sentido, a malha telefônica de uma cidade, é a rede telefônica. Ou antigamente (muito antigamente) a de trens formava a rede ferroviária. Com o tempo, os usuários constantes de um determinado tipo de informação passam a ser chamados também de uma rede. Portanto, a Ordem dos Cavaleiros Templários configurava de certo modo uma rede, as lojas das Casas Pernambucanas eram uma rede, e assim por diante. Invente aí os exemplos que você quiser, até chegar aos emblemáticos exemplos do segmento das comunicações como a Rede Globo, a Rede Record, as redes radiofônicas e as redes de jornais e revistas, etc.
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Qual é a grande diferença entre elas e o que hoje estamos conhecendo como Redes Sociais? É que elas recebiam erradamente o nome de redes – centralizadas, quando toda a informação era enviada apenas de um ponto, ou eram chamadas de redes – descentralizadas, quando vários pontos intermediários emitiam também informações. Mas, no fundo, elas nunca desenharam realmente uma Rede.
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O que configura verdadeiramente uma Rede é a possibilidade de TODOS os pontos (ou nós ou nodos) poderem se comunicar com TODOS os outros pontos, em todas as direções, livremente, ponto a ponto (P2P), naquilo que se conhece conceitualmente como Rede Distribuída - conforme desenhada por Paul Baran para a estrutura de um projeto que se tornaria mais tarde a Internet.
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Topologia de rede
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Há portanto (ao se universalizar o acesso a Internet, uma questão estratégica, doravante), uma atenuação da necessidade da representação enquanto forma de levar a algum lugar algumas demandas. Estamos falando portanto (com todo o cuidado que isso requer) de uma diminuição da democracia representativa em direção a algumas formas de democracia participativa mais direta.
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E ainda mais: para além de todas as vantagens de se ter informacão, em grande volume, circulando livremente, a Rede Social permitirá que várias ações aconteçam, bastando para isso que haja interessados o suficiente naquela ação - e de novo, com todo o cuidado que isso requer. O surgimento do MPD – Movimento pró-Democracia foi um exemplo disso.
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Estamos falando portanto de que “pequenas causas” podem ter um poder de agregação tão forte quanto os grandes temas políticos. As Redes Sociais nos permitem perceber que há variadas formas possíveis de atuação e todas elas podem conviver. Se você não tem como contribuir nas questões do lixo urbano, pode pensar nas questões da dengue, mas se você tem contribuições em outras áreas, deve ter em mente que elas são importantes na mesma e igual medida, pois como disse Gabeira, todas as caras são bem-vindas pois “expressam uma incrível diversidade e apontam para uma unidade que não se destrói: a cara do ser humano.”
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(*) Egeu Laus é designer gráfico e pesquisador.
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