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terça-feira, 17 de maio de 2011

Comunidadismo

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Hernani Dimantas(*)
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Comunidade. Repetição do mundo real, mas num ambiente controlado e criado pelo homem, feito a sua imagem, seu espelho. Criamos um novo bom senso coletivo para lidar com situações mais adversas, e deixamos correr solta a volúpia do ser humano. Uma comunidade é formada por gente. Seres humanos com os mesmos deveres e direitos, mas com participações diferentes. Uns pertencem à comunidade para ouvir, aprender, ou apenas para se valer das informações geradas. Outros, participam conversando, ensinando numa dinâmica atemporal. Poucos preferem exibir seus dotes, seus dilemas e suas idéias ou ir mais fundo escrevendo artigos e opinando para o desenvolvimento desta comunidade.
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Este é um conceito diferente de como fazer a sua comunidade, ou seus consumidores, participarem da condução e gerenciamento do teu site. Sempre acreditamos nesta possibilidade, e temos experimentos reais. But time is money, e dinheiro não corrobora com o ideal de comunidade digital. Sob pressão financeira abrimos o bico para favorecer uns em detrimento de outros. Esta é a verdadeira virtualidade? Fico indignado: a comunidade deixa de ter a função de comunidade, e seus líderes passam a desempenhar um papel quase tirânico, comandando com mão de ferro quem será privilegiado, e quem será desprezado. Com um discurso frívolo e monolítico. Se a comunidade está concentrada em conversações, onde está a coerência dessa pregação revolucionária? Qual o nome deste cárcere de idéias?
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Ahhhh... uma risada ao fundo. Risos abafados pelo silêncio profano. Cheiro de éter e formol. A morte virtual ronda pela comunidade. Quem cala consente. E quem fala apoia. Gritamos pela liberdade. Embora muitos preferem deitar a cabeça no travesseiro e se calar, mas nós preferimos ser verdadeiros, transparentes e felizes. Estamos falando de tendências. A esquizofrenia é uma realidade digital. Por trás da desilusão cultural, não vemos o mundo, e sim uma representação metafísica do que pensamos ser o mundo. Esqueçam os negócios. Esqueçam o dinheiro. E pensem na tuas vidas infelizes. A trajetória abafada pelo medo da verdade. O silencio não me toca a alma. Posso tocar no fundo do teu coração com palavras fúteis. Fazer você acreditar que estou interessado pelo potencial do teu Business Plan.
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Mas não estou... Não penso só em negócios. Penso na minha
vida, nos meus livros, meus filhos, minha história. Acredito numa humanidade melhor, no ócio regenerativo para todos, na democracia, na anarquia, em final de jogo na porta do estádio. Estou falando sério, não é uma loucura psicossomática. São idéias de final de verão, virando mais uma página montada com carinho e amor. Estamos trabalhando para criar um novo mundo. Uma Internet falada em neoportuguês. Som de atabaques, batuques de axé e a segurança nunca presente nos bailes funks. Mas tudo isto se torna irrelevante, se a busca coletiva, a unidade comunitária, preferir espelhar mazelas da sociedade tradicional.
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Na Internet podemos conversar, falar com um número de pessoas que jamais sonhamos. Esta é a grande promessa da era digital. E com todo este inter relacionamento estamos vivendo em comunidades muito diferentes do que estávamos acostumados. Tudo é muito novo para supor o que vai acontecer. Mas podemos prestar atenção na maneira que já fomos absorvidos pela digitalidade social. Não pense muito, aja duas vezes antes de perceber que o mundo rodopia, a lusitana roda, e muita gente está parada esperando a mudança passar.
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É por isso que sou hacker, Marketing Hacker. Vejo os mercados aflorarem, conversando e rindo. Ahhh, ehhhehe... uma risada ao fundo. Aumente o som. Power no amplificador mental. Estamos rindo da cara dos incautos, dos perdidos, dos solitários corações, que pensam que dominam o sistema, que conhecem tudo. "Deuses, todos deuses". Estamos rindo da tua empresa tentando vender salgadinhos pela rede, dos teus portais clonados, da contra tendência que supera o silêncio. E vamos continuar a fazer o nosso trabalho. Estamos conectados, nos linkando, abrindo a nossa boca, e crescendo. Todos estão de saco cheio destas tolices sempre iguais, deste mundinho restrito de certos negócios. Estamos fora!
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(*) Pintor, poeta, pirata e pesquisador.
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FONTE:
http://www.novae.inf.br
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