.
Além destas duas questões, defasagens na estrutura física, dificuldades na captação de recursos e, consequentemente, produção de conteúdo pelas emissoras locais são os outros obstáculos para uma relação equânime com a TV Brasil e também para a concorrência com as redes comerciais nas regiões de cobertura do sinal.
Alguns profissionais fazem uso de métodos pouco ortodoxos na investigação jornalística, como Percival de Souza, quando ainda era repórter do Jornal da Tarde. Ele arrombou um barraco para pegar uma foto de "João Boiadeiro", o doador do primeiro transplante de coração feito no Brasil. De acordo com o relato do colega de trabalho de Percival, Antônio Carlos Fon, o repórter "arrombou a porta do falecido, mexeu nas coisas dele, pegou o ‘boneco do defunto e mais: tirou todos os bonecos que ele encontrou na casa. Assim, se outro repórter chegasse depois, não encontraria nada".
Não há como escapar: polícia e traficantes aparecem como faces do mesmo problema; amigos de antes ingressam na marginalidade e não podem mais compartilhar espaços nem tampouco histórias de vida; freqüentar os bares, os pontos de encontro, é atitude que requer um esmiuçar constante dos riscos envolvidos; a ida à escola deve considerar, a cada dia, se é possível ir, ficar e voltar. A praça, que nas comunidades mais pobres é o lugar da vida social, nem sempre está disponível para a brincadeira, o namoro, o encontro com os amigos. Assim descrita, a vida nas comunidades emerge como o lugar de uma forma bastante peculiar de socialização, em que será necessário ao jovem exercitar a percepção, ficar esperto4 para escapar das inúmeras armadilhas que as trocas sociais oferecem. É preciso resistir à tentação do ganho fácil, empreender um esforço da vontade para aplicar-se nos estudos e formar um capital pessoal que mais adiante, transpostos os muitos obstáculos, possa vir a garantir um emprego que permita ao jovem apresentar-se à sociedade, finalmente, como adulto (cidadão responsável).
O julgamento moral que condena o uso da droga será aplicado, assim, às conseqüências que ela acarreta para o sujeito: a droga impede a dedicação aos estudos, esforço necessário na construção de um futuro estruturado com base no emprego sólido e nas relações afetivas estáveis. A droga compromete as relações de amizade e vizinhança, pois, drogado, o jovem se sente superpoderoso e quer matar todo mundo. Ao deslocar o tráfico, pode-se assim pôr em relevo as escalas de valor que orientam certas percepções do jovem: o núcleo de sentido em suas falas é a cabeça fraca, que afasta o jovem do emprego e da vida em família, e introduz a violência na esfera de suas relações pessoais. Mais que a segurança pessoal, preocupa o comprometimento de projetos de futuro que têm como rumo e norte a estabilidade econômica e afetiva. Consciente das dificuldades a superar para realizar esses projetos, o jovem deixa transparecer que só a cabeça forte o levará até lá.
Para Takashi Tome é difícil falar em um modelo ideal. “Não podemos defender um sistema ou outro. Devemos agora colocar as nossas demandas e desejos e exigir que sejam atendidos”, diz. Ele explica que o HD Radio/Iboc possui desvantagens em relação a repartição do espectro. A digitalização de um sinal analógico acarretaria um aumento do espaço ocupado por ele. Quando atua em ondas em FM, ocorre uma duplicação do espaço antes ocupado. Para ondas AM e OM, a transição fica mais complicada, já que o espaço é triplicado e isso faz com que ondas “vizinhas” não consigam se digitalizar. A escolha pelo padrão estadunidense seria vantajoso para grande emissoras, que garantiriam um maior espaço de atuação.
Rádios comunitárias
Para aqueles que desde a infância se descobriram amantes de livros, quero dizer que começaram bem – embora a leitura os possa levar além de bosques encantados e a prazerosos e reveladores encontros, a lugares indesejáveis, cheios de demônios os quais a leitura nos revela escondidos num dos recantos de nossas almas, dando-nos a oportunidade de identificá-los e, às vezes, vencê-los.
“Digo em autocrítica: até uma certa idade, a literatura prepara-nos para a vida. Ela canaliza o movimento entre o real e o imaginário. Aleita nossos tropismos afetivos. No final da infância, ela nos dota de uma alma... Ela propõe moldes sobre os quais se vestirão nossas tendências individuais, e este vestir, sejam roupas sob medida sejam de confecção, dará forma a nossa personalidade. Ela nos oferece antenas para entrar no mundo. Não quero dizer que ela nos adapta a este mundo: ao contrário, seus fermentos de rejeição e de inadaptação, seu caráter profundamente adolescente contradizem este mundo. Mas contradizem-no dando-nos acesso a ele."
É verdade que as pessoas podem deixar para outros a prerrogativa de tomar decisões. É comum que existam seres humanos que se achem incapazes de decidir suas próprias vidas. A moral convencional ensina que os soberanos, os pais, os mestres e os deuses são mais aptos. Entretanto, não há como evitar que alguns se rebelem contra qualquer tipo de autoridade que lhes oprima e que busquem trilhar seus próprios caminhos na vida. Os regimes tirânicos e as democracias formais do tempo presente estão longe de dar a todos a mais completa liberdade de decisão. O voto pode ser comprado e a guerra decidida em gabinetes fechados. A opinião comum é uma mercadoria especial comercializada livremente na modernidade. Trata-se do principal artigo vendido nas mídias contemporâneas. Nem sempre os vendedores conseguem sucesso total. Mas, tentam diariamente vender ou revender.
A unicidade e a originalidade dos seres humanos existem para o bem e para o mal. Adorno falou em um de seus textos que os nazifascistas mais disciplinados não eram pessoas comuns. Portavam certas características que permitiam a assunção desta ideologia. Não é qualquer pessoa que pode ser um torturador ou alguém especializado em mentir sistematicamente através de um meio de comunicação qualquer. As pessoas são recrutadas para certas funções por terem características que as tornam aptas para desenvolver as tarefas requeridas. A flexibilidade moral permite que algumas pessoas façam coisas repugnantes aos olhos dos demais seres humanos. Existem os ainda piores que decidem e mandam outros executar o que sujaria suas mãos de sangue.