Bertrand Sousa
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Qual seria a principal consequência das coberturas "policialescas" da realidade urbana no Brasil? A mídia ajuda a propagar o pânico e a insegurança nas grandes cidades. E faz isso sem maiores preocupações, posando de defensora dos "fracos e oprimidos" pela violência. Indo um pouco mais além, podemos dizer que o sistema midiático brasileiro está funcionando como um "relações públicas", fazendo a ligação da sociedade com os poderes constituidos, uma "linha direta com a cidadania", numa cruzada inquisitória por justiça e paz.
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É uma grande pretenção da mídia querer se colocar como solução ou alternativa para a dramática história da luta contra o crime no Brasil. Querendo ser uma espécie de tribunal público, uma instância com plenos poderes para julgar. E neste julgamento a sociedade seria a maior vitima, enquanto a mídia desempenha vários "papéis", tais como: investigadora, vítima (como no caso Tim Lopes), testemunha de acusação, juíza, etc.
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De acordo com Sylvia Moretzon, "(...) uma análise mais ampliada dessa ocupação de espaços não pode ignorar que se trata de uma estratégia empresarial muito bem conduzida no contexto do neoliberalismo: a redução do tamanho do Estado é compensada pela responsabilidade social de empresas cidadãs, de acordo com a formulação de uma nova ética de co-responsabilidade (entre Estado, empresas e sociedade civil) que mascara conflitos e valoriza indiscriminadamente iniciativas voltadas para fazer o bem."
No final das contas - do sistema capitalista em que a mídia brasileira está inserida - o lucro é o que interessa e nada mais. Se der pra ganhar mais dinheiro as custas do medo das pessoas e ainda fazer elas acreditarem que estão recebendo um ótimo serviço de informção, um exemplo de cidadadania a ser seguido, a mídia o fará. Pelo menos é assim que ela está utilizando seu famoso "quarto poder".
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