O Jornalismo e Paulo Freire
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Alfredo Vizeu (*)
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O Jornalismo tem muito a aprender com Paulo Freire, tanto no que diz respeito à compreensão do mundo, bem como no processo de produção da notícia. A investigação é da essência do jornalismo porque diminui a possibilidade do erro e do equívoco. Caso isso ocorra, ainda dentro das práticas jornalísticas, faz-se necessário retificar a informação publicada que se revela inexata. No entanto, uma das tarefas centrais do rigor do método, do conhecimento do Jornalismo, é evitar a ambigüidade na informação. Outro aspecto importante no atual processo de produção da notícia é estar sob a ditadura da audiência, da concorrência, a pressa que pode tornar mais precária a qualidade da informação noticiosa.
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Por isso, apropriando-me dos ensinamentos de Paulo Freire, é importante nas práticas sociais do jornalismo irmos além da mera captação dos fatos, buscando não só a interdependência entre eles, mas também o que há entre as parcialidades constitutivas da totalidade de cada um. Nesse sentido, o jornalismo necessita estabelecer uma vigilância constante sobre a sua própria atividade.
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Alfredo Vizeu (*)
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O Jornalismo tem muito a aprender com Paulo Freire, tanto no que diz respeito à compreensão do mundo, bem como no processo de produção da notícia. A investigação é da essência do jornalismo porque diminui a possibilidade do erro e do equívoco. Caso isso ocorra, ainda dentro das práticas jornalísticas, faz-se necessário retificar a informação publicada que se revela inexata. No entanto, uma das tarefas centrais do rigor do método, do conhecimento do Jornalismo, é evitar a ambigüidade na informação. Outro aspecto importante no atual processo de produção da notícia é estar sob a ditadura da audiência, da concorrência, a pressa que pode tornar mais precária a qualidade da informação noticiosa.
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Por isso, apropriando-me dos ensinamentos de Paulo Freire, é importante nas práticas sociais do jornalismo irmos além da mera captação dos fatos, buscando não só a interdependência entre eles, mas também o que há entre as parcialidades constitutivas da totalidade de cada um. Nesse sentido, o jornalismo necessita estabelecer uma vigilância constante sobre a sua própria atividade.
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Freire argumenta que não acontece uma ruptura porque a curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, continuando a ser curiosidade, se criticiza. Continuando a explicação, diz que ao criticizar-se, tornando-se curiosidade epistemológica, metodicamente “rigorizando-se” na sua aproximação ao objeto, conota seus achados de maior exatidão. A curiosidade metodicamente rigorosa do método cognoscível se torna curiosidade epistemológica, mudando de qualidade, mas não na essência. É dentro desse quadro que opera o conhecimento do jornalismo. Na produção da notícia o jornalista trabalha constantemente dentro dessa perspectiva de superação. Não é permitido ao jornalista que seja ingênuo na cobertura dos fatos. A tomada de consciência é o ponto de partida da sua atividade. Como é possível dar conta da cobertura dos acontecimentos, da mediação entre eles e a sociedade, se antes de construir a informação não conheço o objeto? É tomando consciência dele que me dou conta do objeto, que é conhecido por mim.
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A eficácia da atividade jornalística e o Conhecimento do Jornalismo estão intimamente ligados ao que Freire colocava como a capacidade de abrir a “alma” da cultura, de aprender a racionalidade da experiência por meio de caminhos múltiplos, deixando-se “molhar, ensopar” das águas culturais e históricas dos indivíduos envolvidos na experiência. É dimensão crítica do conhecimento jornalístico, num imbricamento entre teoria e prática.
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É o dever do Jornalismo a busca da verdade e a ética como singularidade. Uma utopia a ser perseguida diariamente. Um Jornalismo de frontes levantadas. Dentro desse contexto, concluo com Paulo Freire: “...o utópico não é o irrealizável; a utopia não é o idealismo, é a dialetização dos atos de denunciar a estrutura desumanizante e anunciar a estrutura humanizante. Por esta razão, a utopia é também um compromisso histórico”. O Jornalismo é a utopia realizável de um compromisso histórico com a verdade, a ética, a liberdade e a democracia.
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(*) Jornalista e coordenador do Núcleo de Jornalismo da UFPE.
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FONTE: http://novosrumosjornalistas.blogspot.com
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