Percepções do racismo brasileiro
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Lady Christina de Almeida (*)
Lady Christina de Almeida (*)
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Refletir sobre as relações raciais no Brasil é um dos caminhos para compreender a estrutura desigual de nossa sociedade. Nesse percurso, é imprescindível atentar para as linguagens do racismo e, também, a desigualdade estruturante entre as pessoas brancas e negras na sociedade brasileira. Há um conjunto de fatores que contribuíram e contribuem, para a reprodução das desigualdades raciais no Brasil. A cor, por exemplo, representa um estigma que reproduz preconceitos e discriminações. Ao mesmo tempo que indica a supremacia da população branca, aponta a “inferioridade” estética, cultural e social da população negra, prejudicando sua auto-estima.
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Um fator importante para compreender o racismo brasileiro é a ideologia racial vigente em nossa sociedade. A ideologia racial que predominou no Brasil foi a do branqueamento – um projeto político do século 19 em nosso país. Essa ideologia se baseava na presunção da superioridade da raça branca. De acordo com ela, o branqueamento da população tornaria possível a “melhoria” racial, estética e cultural do país. Essa ideologia está intrinsecamente ligada ao tipo de preconceito racial desenvolvido na sociedade brasileira.
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Por causa dela, é muito comum o alisamento dos cabelos por parte da população negra. Embora a busca pelo cabelo liso tenha se tornado moda vigente no mundo contemporâneo, quando uma mulher negra alisa seu cabelo, pode ser classificada como morena, afastando-se do estigma, do atributo físico “negativo” que ela carrega: o cabelo crespo.
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Entraves à mobilidade
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Entraves à mobilidade
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No Brasil, ainda hoje, a pessoa negra é pensada como um indivíduo com características inferiores às das brancas. Por causa do preconceito, o processo de ascensão social das pessoas negras é lento. Nessa perspectiva, aquelas definidas como não-brancas têm menos oportunidades educacionais, de acesso ao trabalho e de qualidade de vida que as definidas como brancas. De fato, como o sociólogo Nelson do Valle Silva salientou, os negros não são pobres porque nascem pobres, são aprisionados na pobreza por barreiras que impedem sua ascensão social.
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Como era de se esperar, nessas condições, somente 12% do grupo de pretos e pardos está entre o 1% mais rico da população. Eles são, todavia, 73,9% dos 10% mais pobres. A população negra brasileira continua, majoritariamente, ocupando funções de status inferior à branca. Esse processo crônico de desvantagem entre pessoas brancas e negras representa uma desigualdade racial estrutural.
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Dessa maneira, o Brasil está bem longe de representar uma democracia racial. O grande desafio é não aceitar a naturalização dessas desigualdades e encontrar caminhos e estratégias para saná-las urgentemente. Esse engajamento não deve ser só de negros e negras, mas de toda a sociedade, de todo brasileiro e toda brasileira que sonha e luta por um país melhor, mais justo e mais humano.
Dessa maneira, o Brasil está bem longe de representar uma democracia racial. O grande desafio é não aceitar a naturalização dessas desigualdades e encontrar caminhos e estratégias para saná-las urgentemente. Esse engajamento não deve ser só de negros e negras, mas de toda a sociedade, de todo brasileiro e toda brasileira que sonha e luta por um país melhor, mais justo e mais humano.
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(*) Mestranda em Ciências Sociais pela PUC-Rio
(*) Mestranda em Ciências Sociais pela PUC-Rio
e professora de Sociologia da Sedec Rio de Janeiro
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