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domingo, 31 de janeiro de 2010

Redes Sociais: onde elas podem nos levar?
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Guto Carvalho
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É perceptível a velocidade com que as redes sociais (SNAs) vem se proliferando, isto já há alguns anos vem deixando ser um nicho para hackers, nerds, geeks e micreiros notívagos. As redes sociais tem se tornado cada vez mais acessíveis, indo muito além do Orkut, Last.fm e MSN. Hoje temos o fantástico conceito do micro-blogging, algo presente tanto na Internet quanto nos celulares e gadgets, sejam aparelhos populares ou mesmo os modernos smartphones.
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Praticamente qualquer gadget pode receber (e com certeza já deve ter) algum tipo de programa com foco em SNA. No meu caso, apesar de viver esta rica experiência desde 1996, nas idas das redes de IRC (Internet Relay Chat), o qual era um ambiente com recursos muito mais limitados do que encontramos hoje, tenho me surpreendido com a velocidade das mudanças e com a evolução da tecnologia, eu mesmo estou imerso em dezenas de serviços que facilitam a minha vida, mas ao mesmo tempo me deixam dependente e acostumado com a praticidade de ter tudo a mão o tempo todo, certamente faço parte dos ‘overconectados’, e assumo que é um desespero quando a bateria do EeePC ou do N95 acabam.
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O termo ‘tudo de se transforma’ faz muito sentido na grande rede, o caso do Twitter é ótimo para se utilizar como exemplo. O Twitter nasceu inocente, simples, prático, mas só o fato deste serviço existir torna o nosso ‘hoje’ diferente. Acredito que nem os seus idealizadores imaginavam que ele iria iniciar uma revolução na Internet capaz de mudar tantos paradigmas, forçando toda a estrutura conservadora de mídia e comunicação a refletir sobre o sentido e a forma de alcançar o público através de uma estratégia de comunicação clara, rápida e limpa.
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O que nasceu para aproximar pessoas e amigos, se tornou uma ferramenta de comunicação séria, hoje largamente utilizada e divulgada na grande rede. Todo o processo de pesquisar, redigir textos, editar, revisar, corrigir, diagramar e publicar faziam com que o leitor recebesse em certos casos algo frio, moldado artificialmente de acordo com a ótica e interesses de quem controla e detém o direito de publicação. Com o Twitter, Identi.ca ou qualquer outra ferramenta de micro-blogging, se algo aconteceu, já está na rede, é o cidadão comum fazendo o furo, mandando por exemplo fotos do Presidente Lula brincando com as crianças em um evento, possibilitando uma perspectiva cotidiana real, criando alternativas ao que normalmente nos é apresentado. Com o micro-blogging todos estão publicando a informação na hora, de forma simples e tudo em desafiadores 140 caracteres.
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Jornalistas, blogueiros e profissionais de comunicação estão hoje fazendo cobertura via sistemas de micro-blogging, artistas estão mais próximos do seu público, pessoas públicas, como por exemplo o Ministro Paulo Bernardo (do Ministério do Planejamento) tem estreitado laços com a população e diminuído a distância imposta por seu cargo e seu trabalho. Hoje você pode simplesmente mandar uma mensagem para @Paulo_Bernando e muito provavelmente o Ministro vai lhe responder.
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O governo está usando o Twitter, a TV, o Rádio, as escolas, as empresas, sejam estas públicas ou privadas, estão aos poucos descobrindo, evoluindo e saindo da letargia social. Estas mudanças permitem que eles utilizem as ferramentas de SNA para alcançar o seu público, independente do nicho. Eu mesmo sigo vários Ministérios e perfis governamentais que publicam diariamente informações que em segundos se tornam milhares de RT’s (Retweets) pela rede, divulgando e massificando algo que pode reverberar até os rincões de nosso país.
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Comunicar é também mobilizar, esse é um outro uso constante e eficiente das SNAs, estou falando da aplicação do conceito e da tecnologia para organizar atos públicos, combinação que tem sido um sucesso. Um exemplo disto foi o ato público que questionou o editorial da Folha de São Paulo, aquele que afirmava que a Ditatura no Brasil havia sido branda, comparando algo incomparável. Divulgado mundialmente como ‘Ato contra a #Ditabranda’, em poucos dias a iniciativa de algumas pessoas ganhou forma, força e a comunidade organizou de forma horizontal e descentralizada o ato em si. Todo este movimento e opiniões percorreram a rede em centenas de blogs, sites e sistemas SNA, e após o movimento virtual, a maciça divulgação foi parar na frente da Folha de SP, onde estiveram presentes mais de 400 pessoas e 30 entidades com foco em Direitos Humanos. As pessoas se fizeram ouvir e toda a cobertura foi feita na hora via 3g + Twitter + Twitpic. O mesmo tipo de organização foi feito no #MEGANÃO contra o AI5 Digital do Senador Azeredo.
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Hoje as pessoas não dependem mais dos veículos de comunicação convencionais para expressar suas ideias, a internet e as SNAs possibilitam que todas estas vozes ecoem nos porões de quem acredita que controla a informação, e faz isto incomodando, promovendo mudanças e retratações, como aconteceu no caso da ditabranda. E isto tudo continua crescendo, libertando pessoas, lugares, pensamentos, modificando o que já não se considerava mais mutável. O twitter como muitas outras ferramentas de SNA é mutante, é constante, é viral, e isso está nos levando a caminhar por trilhas que apontam para um mundo mais coerente, justo e verdadeiro, onde todos podem falar e ouvir o que quiserem.
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FONTE: http://gutocarvalho.net
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O latifúndio midiático no Brasil
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Altamiro Borges (*)
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No Brasil, por vias transversas, o processo de monopolização também é uma dura realidade. Na década passada, nove grupos familiares controlavam o grosso da mídia nativa: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Mesquita (Estado), Frias (Folha), Levy (Gazeta), Nascimento e Silva (Jornal do Brasil). Hoje são apenas cinco, com a débâcle das famílias Mesquita, Bloch, Levy e Nascimento, que já não exercem mais o controle sobre os seus antigos veículos. Por outro lado, surgiram alguns grupos regionais, associados aos impérios nacionais, como a RBS, que atua no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
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No caso brasileiro, a concentração da mídia vem de longa data e foi impulsionada pela ausência na legislação de qualquer norma proibindo a propriedade cruzada – a posse de inúmeros veículos em diferentes setores (jornais, rádio, televisão). Nos EUA, país citado pelos radiodifusores como exemplo de “liberdade de expressão”, desde 1943 existem regras para limitar a concentração. No Brasil, nunca existiram. Desde as normas que iniciaram a regulação da radiodifusão nos anos 30 (decretos 20.047/31 e 21.111/32), passando pelo Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº. 4.137, de 1962), nunca houve a preocupação com a monopolização. A Constituição de 1988, no seu Capítulo 5, até fixou normas para evitar a concentração, mas nunca foram regulamentadas.
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O resultado foi uma histórica concentração neste setor estratégico, impedindo a pluralidade e a diversidade de opinião. O grupo Diários Associados, que começou com a compra de um pequeno jornal no Rio de Janeiro, em 1924, rapidamente se expandiu. Em 1959, já era o maior império da mídia na América Latina, com 40 jornais e revistas, mais de 20 estações de rádio, uma dezena de emissoras de televisão, uma agencia de notícias e uma empresa de propaganda – “além de um castelo na Normandia, nove fazendas espalhadas por quatro estados, indústrias químicas e laboratórios farmacêuticos”, segundo descrição do Atlas da Fundação Getúlio Vargas.
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Ele foi desbancado pela Globo, que também começou com um jornal em 1925, consolidou-se na ditadura militar e hoje é hegemônica na mídia. Levantamento do Instituto de Pesquisas e Estudos em Comunicação, concluído em 2002, revelou que a TV Globo possui 223 emissoras próprias ou filiadas e controla o maior número de veículos em todas as áreas: 61,5% das emissoras de TV em UHF, 40,7% dos jornais, 31,8% das TVs VHF, 30,1% das rádios AM e 28% das FM. Em 2003, as TVs abocanharam 60,4% do total da verba publicitária do país (R$ 6,53 bilhões). Destas, 78% foram para a Rede Globo. Em 2005, a Rede Globo, sem incluir as filiadas, teve um faturamento líquido de R$ 4,3 bilhões - cerca de três vezes o faturamento da Record e SBT juntos.
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Além da concentração, a mídia brasileira passa por um perigoso processo de internacionalização. Desde a aprovação da Emenda Constitucional 36/2002 e de sua regulamentação pela Lei 10.610, de dezembro de 2002, no final do reinado de FHC, o capital estrangeiro foi autorizado a adquirir até 30% das ações das empresas jornalísticas e de radiodifusão. Já a Lei da TV a Cabo permite o ingresso do capital externo em até 49% e as normas que regem a telefonia fixa e celular e a TV paga em MMDS (via microondas) e em DTH (via satélite) não estabelecem nenhuma restrição ao capital estrangeiro. Nesse sentido, o próprio discurso nacionalista das emissoras de televisão, em disputa com as teles pelo controle da digitalização, parece meio hipócrita e oportunista.
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Como denuncia Gustavo Gindre, no artigo “Globo: discurso nacionalista, negócios nem tanto”, os interesses nacionais foram, há muito, abandonados por esta empresa. “A Globo negociou a venda da Net Serviços (a operadora do grupo) à Telmex, de propriedade do homem mais rico da América, o mexicano Carlos Slim Helu. Helu é dono, no Brasil, da empresa de telefonia celular Claro, da Embratel e da antiga AT&T Latin América... A Telmex passa a controlar diretamente 37,5% das ações da Net Serviços e, indiretamente, através da GB, mais 24,99%. Ou seja, ainda que não tenha formalmente o controle da Net Serviços, a Telmex fica com 62,49% das ações ordinárias (com direito a voto) da Net Serviços. E a Globo apenas com 24,99%”.
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O mesmo ocorre em outras empresas do setor. Em julho de 2004, a Abril anunciou a venda de 13,8% de suas ações para a Capital International, gestora de fundos dos EUA. Já em maio de 2006, emitiu comunicado informando “a sociedade com o grupo de mídia sul-africano Naspers, que passa a ter 30% de capital do grupo”. Em junho último, ela vendeu a TVA à multinacional Telefónica. Com o agravante da internacionalização, o professor Venício Lima resume o quadro da mídia: “O sistema brasileiro de mídia, além de historicamente concentrado, é controlado por poucos grupos familiares; é vinculado às elites políticas locais e regionais, revela um avanço sem precedentes de igrejas e é hegemonizado por um único grupo, as Organizações Globo”.
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(*) Jornalista, editor da revista Debate Sindical.
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FONTE: http://altamiroborges.blogspot.com
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Folia de Rua: prévia do Carnaval 2010
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Natália Xavier
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A prévia carnavalesca “Folia de Rua 2010”, em João Pessoa, acontecerá entre os dias 5 e 13 de fevereiro e neste ano homenageará dona Creusa Pires, uma das líderes do movimento da Melhor Idade que morreu em maio do ano passado. De acordo com o presidente da Associação Folia de Rua, Clóvis Júnior, os principais blocos da prévia já têm dia definido para ganhar as ruas da capital. “O Picolé de Manga e o Anjo Azul saem no dia 5, as Virgens de Tambaú vão sair no dia 7, o Cafuçu vai sair no dia 12 e o Boi do Bessa, bloco do Pinguim e o Confete e Serpentina, no dia 13”, destacou.
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Já o Bloco Muriçocas do Miramar, que não faz parte da Associação Folia de Rua, mas integra a programação da prévia carnavalesca de João Pessoa, irá desfilar no dia 10 de fevereiro. “Ainda não foi definido quem fará a abertura do projeto Folia de Rua nem quem será a atração principal das Virgens de Tambaú. Mas já está quase tudo organizado”, disse Clóvis Júnior.
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No início deste mês de janeiro, representantes da Associação Folia de Rua se reuniram com a Prefeitura Municipal de João Pessoa e com o governo do Estado para definir detalhes sobre atrações e apoios ao projeto. “Já nos reunimos com o governador e com o vice-prefeito de João Pessoa. Eles garantiram que vão nos apoiar. Só ainda não temos quanto em dinheiro será destinado para o Folia de Rua neste ano”, afirmou Clóvis Júnior.
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Na edição de 2010, a rainha do Folia de Rua será a cantora Renata Arruda e o rei será o colunista social Ricardo Castro. A prévia carnavalesca Folia de Rua começou em 1983 com a união de vários blocos da capital. A Associação Folia de Rua foi criada dez anos depois e atualmente reúne 32 blocos.
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FONTE: http://www.paraiba1.com.br
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Jornalismo investigativo: conceituação
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Regiane Santos Barbosa
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Uma das medidas para mudar a realidade é a adoção do jornalismo investigativo pelos profissionais. Primeiramente, é fundamental entender o conceito de jornalismo investigativo para depois compreender como esta prática interfere na sociedade. Não existe um conceito definido para jornalismo investigativo. Como a maioria das investigações jornalísticas é direcionada por técnicas desenvolvidas por cada repórter, os profissionais conceituam o termo de forma subjetiva e particular.
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Para Cleofe Monteiro de Sequeira, jornalismo investigativo se diferencia das outras práticas pelo "processo de trabalho do profissional e métodos e estratégias operacionais" (SEQUEIRA, 2005, p.15). Para Marcelo Beraba, ex-ombudsman da Folha de S.Paulo e presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), jornalismo investigativo resume-se a uma reportagem com mais "fôlego" que as demais. "Qualificação específica para as reportagens de maior investimento de apuração. Aquela que exige mais tempo e paciência para pesquisas, entrevistas, observação direta, checagem e rechecagem". O jornalista Alberto Dines conceitua jornalismo investigativo como a busca de ligação entre os fatos e o encontro da explicação de sua ocorrência.
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O jornalismo investigativo pressupõe que o repórter trabalhe na descoberta de atividades e fatos desconhecidos pela população, ou invés de esperar ser informado por alguém da existência daquele fato. No Brasil, o jornalismo investigativo ainda está associado ao denuncismo, que consiste no repasse de informações sobre escândalos encobertos pelos envolvidos. Segundo Percival de Souza, em entrevista a Edileuson Almeida, reproduzida em Jornalismo Investigativo, dezenas de denúncias, dossiês e gravações chegam às redações diariamente. Ele observa que alguns dossiês já chegam editados, com grifos e fotos escolhidas. Normalmente, esta doação de dados, documentos ou mesmo de uma confissão está atrelada a diversos interesses particulares da fonte. Ou seja: "muito mais um mérito das fontes do que, propriamente, do repórter".
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Um pouco da História
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O jornalismo investigativo, termo literalmente traduzido do inglês para o português, torna-se mais conhecidos após a Segunda Guerra Mundial e quase todos se originam dos Estados Unidos, especialmente a partir de 1955. Durante a Guerra do Vietnã, parte dos jornalistas norte-americanos, posicionados contra o governo, começaram a analisar criticamente a atuação dos políticos. Apesar de os trabalhos serem publicados em revistas como Life e Look, o público americano deu pouca atenção.
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Só em 18 de junho de 1972 é que o jornalismo investigativo ganhou destaque mundial com a publicação, pelo The Washington Post, do caso Watergate, reportagem política de autoria de dois jornalistas desconhecidos, Carl Bernstein e Bob Woodward, que culminou, com a queda do presidente dos Estados Unidos na época, Richard Nixon. O caso consistia na investigação de cinco homens que haviam sido presos na noite de 16 de junho de 1972 tentando instalar aparelhos eletrônicos de espionagem no comitê do Partido Democrata, no edifício Watergate, em Washington. Ao investigar o caso, Woodward e Bernstein acabam chegando à Casa Branca.
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Em 21 de março de 1973, James McCord, um dos cinco detidos no edifício Watergate, rompeu o silêncio e enviou ao juiz John Sirica, encarregado de instruir o processo, uma carta repleta de acusações. Os jornalistas do Washington Post sabiam, desde o começo, a verdade sobre James McCord. Tratava-se de um consultor de segurança da CIA (Agência Central de Inteligência), oficial de reserva e coordenador de segurança do comitê para a reeleição do presidente Nixon. A partir dessa carta, lida publicamente no Tribunal, em 23 de março de 1973, a insistente investigação jornalística de Bernstein e Woodward sobre Watergate começou a ganhar força e credibilidade. Com a imagem abalada diante da opinião pública, o presidente Nixon pediu demissão do cargo, sob ameaça de acusação política.
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FONTE: www.observatoriodaimprensa.com.br
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O que é Ciberativismo?
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Os conceitos de cibercidadania e ciberativismo estão cada vez mais presentes no nosso cotidiano. As mudanças que ocorreram (e ainda ocorrem) nas relações sociais após o advento das tecnologias na sociedade marcaram para sempre o modo como os cidadãos se comportam e se manifestam. A Internet, vista como uma ferramenta que facilita a comunicação e ponto de fuga aos meios tradicionais, se tornou palco de novos modelos de mobilizações, manifestos e reivindicações comunitárias a favor de uma causa. No ciberespaço vozes marginalizadas possuem o poder de emissão de informação jamais antes possibilitado. A congregação de interesses e necessidades por estas comunidades on-line tornou-se comum dentro da esfera virtual, caracterizando a internet como braço político, civil e cidadão do “mundo real."
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Mas ser um cidadão digital emprega direitos e deveres, assim como na vida off-line. A cibercidadania é, conforme descreve Pierre Lèvy, "um conjunto de técnicas, de práticas, de atitudes, de modos de pensar e valores no ciberespaço". O cibercidadão pratica suas manifestações sociais cibernáuticas conforme um conjunto de leis e códigos propostos em acordo com os indivíduos-usuários deste mundo virtual. Para Jean Jacques Rousseau " a base desse acordo seria atender a vontade, identificada com a coletividade, e portanto, a soberania seria a marca significante da cidadania entre o desejo individual e o geral" (In: NICOLA, Ricardo. 2007, 14). Para a professora de Comunicaçao Social/ Jornalismo do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria (UNIFRA), Liliane Dutra Brignol, a cibercidadania "trata-se de uma condição de cidadania diferenciada, com a possibilidade de participação social, acesso, troca e construção de informação".
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O ciberativismo, ou ativismo digital é uma forma de manifestação através dos meios eletrônicos, como a Internet, que, compete uma série de movimentos sociais motivados a atingir determinados objetivos em prol da sociedade ou busca corrigir injustiças da própria rede. Maria Eugenia Reginato descreve sua utilização da seguinte maneira: “A partir da incorporação da Internet, os ativistas expandem suas atividades tradicionais e/ou desenvolvem outras. A utilização da rede por parte desses grupos visa, dentre outras coisas, poder difundir informações e reivindicações sem mediação, com o objetivo de buscar apoio e mobilização para uma causa; criar espaços de discussão e troca de informação; organizar e mobilizar indivíduos para ações e protestos on-line e off-line."
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Através de blogs, sites de relacionamento, fóruns, emails e petições o cibercidadão busca uma alternativa aos meios de comunicação de massa tradicionais para a divulgação e apoio a suas causas. A partir de apenas um clique você pode mudar o mundo. Mas o ciberativismo não se restringe apenas a isso. De acordo com o professor de comunicação da Universidade Federal Fluminense, Denis de Moraes, o ativismo digital é uma esfera "complementar de mobilização e politização, somando-se a assembléias, passeatas, atos públicos e panfletos.
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O ciberativismo alicerça campanhas e aspirações à distância, no compasso de causas que se globalizam (combate à fome, defesa do desenvolvimento sustentável, preservação do equilíbrio ambiental, direitos humanos, luta por um sistema de comunicação pluralista). As entidades civis valem-se da Internet enquanto canal público de comunicação, livre de regulamentações e controles externos, para disseminar informações e análises que contribuam para o fortalecimento da cidadania e para o questionamento de hegemonias constituídas." Sendo assim, as ações podem se dar tanto no âmbito virtual, quanto no real, e na maioria das vezes se dão um em complemento ao outro.
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FONTE: http://ciberativismosm.blogspot.com
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Ser jovem nos dias atuais
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Ana Amélia Camarano
Juliana Leitão e Mello
Maria Tereza Pasinato
Solange Kanso
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Entender as imagens produzidas a respeito da juventude e o que significa ser jovem além dos estereótipos e estigmas pode contribuir para a elaboração das políticas públicas mais adequadas às necessidades da juventude. As representações sobre juventude elaboradas pela sociedade são geralmente marcadas pela ambigüidade. Os jovens são comumente vistos como agentes propulsores da mudança social. Por outro lado, como já evidenciado, a juventude é também vista pela ótica negativa dos problemas sociais, seja como “protagonista de uma crise de valores e de um conflito de gerações”, tal como em meados dos anos 1960, seja, ou atrelada aos “problemas de emprego e de entrada na vida ativa”, a partir dos anos 1970 [Sposito e Carrano (2003, p. 3)]. É como se a ela fosse atribuído o caráter de mudança social, com o privilégio do novo que, por sua vez, pode sempre esbarrar nas limitações do presente, sejam políticas, econômicas ou culturais.
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A mais comum das imagens da juventude parece ser a de uma fase de transição entre o mundo das crianças e o mundo dos adultos, entre a infância e a maturidade. É observável, na literatura, que nas sociedades modernas há uma demarcação, mais ou menos clara, entre a infância e a maturidade, com períodos intermediários que seriam a adolescência e a juventude. No entanto, tal abordagem tem merecido ressalvas. Se é verdade que os jovens não têm o status nem de uma criança — já são capazes de optar sozinhos por parte de seus caminhos — nem de um adulto — têm autonomia parcial em relação a seus atos —, percebê-los apenas sob a ótica da transitoriedade de sua condição dificulta, por exemplo, enxergá-los como sujeitos de direito. Os jovens passam a ser definidos, novamente, pelo negativo, pela ausência, “pelo que não seriam”.
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A outra dimensão crítica à abordagem que considera os jovens apenas como sujeitos em transição refere-se ao status de estabilidade atribuído ao mundo adulto. A vida adulta aparece como a condição por excelência a que se quer alcançar, caracterizada pela estabilidade plena. Tal visão atribui o caráter de instabilidade à juventude em oposição à estabilidade da vida adulta, sem se dar conta de que a sociedade está sempre em transformação. Em outras palavras, o mundo adulto não é suficientemente rígido e estático, para que não possa, em determinados momentos, ser também instável [Vianna (1997)]. Parece decorrer dessa percepção a fragilidade, ou ainda a ausência, de políticas públicas que atribuam à juventude um recorte afirmativo de identidade.
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Optar por uma definição de juventude como fase de transição pode ser útil, no entanto, para se observar como os processos de inserção social e econômica dos jovens transformam-se no tempo. A importância dessa definição reside no fato de que, nesse período, escolhas e decisões fundamentais são tomadas em direção a um futuro com menores sobressaltos. De acordo com Casal (1988), tomar a juventude como transição permite incorporar ao discurso da juventude os conceitos de processo, transformação, temporalidade e historicidade. Desse modo, coloca-se em evidência que a realidade juvenil é determinada por processos de transição desiguais, em que trajetórias diferenciadas exercem papéis diferenciados sobre as diversas maneiras de ser jovem.
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Além disso, o processo de transição não se dá de forma linear. Por exemplo, se é verdade que a escolarização não é mais suficiente para se conseguir emprego e uma posição mais confortável na escala social, também é verdade que ela é hoje, no mínimo, uma condição necessária para que qualquer indivíduo possa ter maiores possibilidades de inserção no mercado de trabalho. No entanto, essa condição já garantiu no passado recente a certeza de ascensão social para muitos jovens. O processo tradicional de transição — escolarizar-se, entrar no mercado de trabalho, sair da casa dos pais, casar-se e ter filhos — não ocorre hoje, necessariamente, nessa ordem. As etapas desse processo podem ocorrer em idades mais ou menos avançadas, sendo marcadas, como observa Galland (2003), pela “dessincronização” dos eventos. Entender essa mudança pode ajudar a observar como a definição de juventude pode mudar historicamente.
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A Assembléia Geral da ONU definiu juventude, pela primeira vez, em 1985 na ocasião do Ano Internacional da Juventude. Ao subscrever as diretrizes para as ações futuras e o acompanhamento desse subgrupo populacional, a Assembléia considerou como jovens as pessoas entre 15 e 24 anos de idade, sem prejuízo de outras definições de Estados membros. Como enfatizado pela Cepal, o entorno etário escolhido baseia-se em fundamentos apropriados, pois as entradas e saídas dessa fase coincidem com importantes períodos de transição no ciclo de vida.
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O limite inferior considera a idade em que já estão desenvolvidas as funções sexuais e reprodutivas, que diferenciam o adolescente da criança e repercutem na sua dinâmica física, biológica e psicológica. O limite superior diz respeito ao momento em que os indivíduos normalmente concluem o ciclo da educação formal, passam a fazer parte do mercado de trabalho e constituem suas próprias famílias, caracterizando assim, de forma simplificada, a transição para a fase adulta.
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É comum se considerar o intervalo etário que vai de 21 anos a 60 ou 65 como a idade adulta. Para alguns autores, como Sheehy (2003), essa demarcação está bastante ultrapassada. A puberdade tem começado mais cedo do que antes e a adolescência está se prolongando. Para alguns segmentos populacionais mais favorecidos ela pode se estender até os 30 anos, ou seja, uma parte dos jovens está adiando a saída da casa dos pais. Da mesma forma, o final da vida adulta também está sendo postergado pela queda da mortalidade e melhoria das condições de vida.
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O que se quer salientar, portanto, é a consideração de que qualquer definição de jovens utilizada é arbitrária. Além disso, deve-se reconhecer que o subgrupo populacional de 15 a 24 anos é bastante heterogêneo. Assim o é, por pelo menos duas razões que se sobrepõem. O intervalo etário é muito extenso, não diferenciando, por exemplo, as pessoas que têm 15 anos das que têm 24. O grupo de jovens que se situa entre 18 e 24 anos é menos privilegiado pelas políticas públicas do que o de jovens menores de 18 anos. Muitos são os projetos na área de saúde, sexualidade e capacitação profissional que abarcam todo o período da adolescência. Por outro lado, os jovens que já completaram ou estão completando o ciclo de ensino médio e têm que tomar decisões quanto a sua inserção no mercado de trabalho, com necessidades distintas daquelas experimentadas pelos menores de 18 anos, nem sempre são contemplados por políticas específicas.
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Associam-se à heterogeneidade no interior do próprio grupo populacional jovem as diferenças condicionadas pela sua posição social e de sua família, sua origem, raça e sexo. Os jovens são indivíduos que estão sendo construídos com base nas suas características pessoais e nas informações, experiências e oportunidades propiciadas pela família e pelo contexto social em que vivem, aí incluídas as políticas públicas. Os contextos diferenciados ampliam ou restringem as possibilidades desses jovens e definem vulnerabilidades diferenciadas.
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FONTE: http://feppj.files.wordpress.com
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Dia do jornalista: 29 de janeiro
Parabéns a todos(as) colegas de profissão.
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Mais indispensáveis do que nunca
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Philippe Massonnet
Juliette Hollier-Larousse
Tradução de Lana Lim
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Pode o mundo da mídia ficar sem agências de notícias? Essa questão, recorrente desde que a internet começou a se impor como vetor indispensável de informação, às vezes agita as salas de redação, uma vez que a crise econômica abala gravemente o cenário midiático. Às vezes a questão se transforma em fórmula fácil, ou até em afirmação mágica. Especialistas em mídia acreditam que as agências de notícias não estão adaptadas às necessidades de seus clientes, e, portanto, de seus usuários, e também inadaptadas ao mundo da internet, à informação do século 21, ao universo do Facebook e do Twitter. Enfim, estão "caretas".
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Nos Estados Unidos, na Europa, na França, alguns jornais atingidos pela crise e atraídos pela repentina inflação de fontes gratuitas de todo tipo estão reconsiderando as assinaturas dos serviços das agências. Não são a qualidade ou a pertinência das informações fornecidas pelas agências que são as culpadas, mas sim seu preço.
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Diante dessas questões e críticas, as agências de notícias devem afirmar em alto e bom som que são um ingrediente insubstituível para uma informação completa e de qualidade. E encontrar os meios para fazer isso. Além disso, é a busca por um financiamento mais garantido, respeitando a lei européia, que faz com que a Agence France-Presse (AFP) queira se dotar de um novo estatuto, que proteja sua independência tanto quanto o estatuto atual.
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Diversidade de temas
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Decana das agências mundiais, a AFP continua sendo uma referência, um farol em um oceano de notícias mais ou menos confiáveis, de rumores, de afirmações tendenciosas, publicadas e republicadas todos os dias em todas as mídias. Para ela, uma declaração, uma afirmação ou uma confidência só se tornam informação depois de serem rigidamente verificadas junto a suas fontes.
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Diante das rádios e dos canais de televisão especializados em notícias, dos websites dos jornais, dos blogueiros e de outros twitteiros, a AFP se viu diante de uma exigência cada vez maior de rapidez. Mas o que ela busca não é necessariamente ser a primeira. Não, é primeiramente e acima de tudo oferecer uma informação confiável, certificada, que as outras mídias poderão transmitir, divulgar, analisar, comentar sem perigo. Informação de confiança, mas também pluralista, imparcial, independente, variada, aberta para o mundo.
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Nessa época de restrições orçamentárias, de redações que se estreitam, de postos de correspondentes no exterior que desaparecem, da fusão superficial de notas, a AFP mantém e estende sua rede mundial e multicultural feita de jornalistas, de fotógrafos, de cinegrafistas. Ela alimenta continuamente as redações com informações vindas das grandes capitais internacionais, das zonas de conflito – Afeganistão, Iraque, Paquistão, Somália –, mas também de países esquecidos, perigosos ou de difícil acesso, como Mianmar, República do Congo, Colômbia ou Tchetchênia. É sua missão.
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A Agência aplica essas mesmas regras para relatar o mundo em sua diversidade sobre todas as temáticas que ela cobre: política, economia, sociedade, estilo de vida, meio ambiente, esportes, alta tecnologia, cultura... Ela o faz em seis idiomas, em texto, foto, vídeo, infográficos.
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FONTE: www.observatoriodaimprensa.com.br
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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Terremoto atinge Rio Grande do Norte e Paraíba
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Pedro Fonseca
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Um terremoto de magnitude 4,3 registrado nesta segunda-feira em Taipu, no litoral do Rio Grande do Norte, provocou tremores de terra em cidades do nordeste do país, mas não há relatos de danos ou feridos, informou o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília. De acordo com o observatório, o tremor desta segunda-feira, ocorrido às 14h (de Brasília) é o segundo registrado no mesmo local em três dias, após um tremor de intensidade 3,7 ocorrido no sábado (09/01).
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"Felizmente não houve relatos de danos estruturais. Foi informado que as pessoas nas cidades de João Câmara, Natal e na própria Taipu (RN) sentiram o tremor e viram objetos balançando nas prateleiras e caindo no chão", disse por telefone Diogo Farrapo Albuquerque, analista de sinal sísmico da Universidade de Brasília.
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"O tremor também foi sentido na Paraíba, na região de João Pessoa até Campina Grande, mas em menor intensidade por conta da distância", acrescentou. O analista afirmou que a intensidade do tremor é considerada entre moderada e forte. Segundo o Observatório Sismológico, a região atingida tem histórico de atividade sísmica e os terremotos recentes foram causados pela reativação da falha sismológica de Poço Branco.
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FONTE: Último Segundo
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sábado, 9 de janeiro de 2010

Oficinas de férias nos 11 Centros da Cidadania
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Os interessados em participar da quinta edição do Projeto Férias, Artes e Cidadania ainda podem se inscrever para uma das 22 oficinas que estão sendo oferecidas nos 11 Centros de Referência da Cidadania (CRCs), da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), da Prefeitura de João Pessoa (PMJP). As aulas, que iniciaram no dia 04/01, acontecem nas segundas, quartas e sextas-feiras, nos dois turnos. O encerramento acontecerá no dia 5 de fevereiro, a partir das 17h, com uma grande exposição na Feirinha de Tambaú, mostrando o resultado de todos os trabalhos desenvolvidos durante as oficinas.
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As inscrições são totalmente gratuitas e as pessoas poderão escolher entre Hip Hop, Bijuteria, Artesanato de Boneca de Pano, Grafitagem, Pintura em Tecido, Biscuit, Circo, Flauta, Teatro, Cerâmica, Violão, Xadrez, Pintura em Tela, Cestaria e Desenho Artístico. O objetivo é propiciar a jovens e adultos de várias comunidades de João Pessoa durante o período de férias o contato com arte, lazer e cultura.
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A expectativa é que cerca de 500 pessoas sejam beneficiadas. Durante as oficinas, os alunos também terão a oportunidade de realizar passeios por pontos turísticos da cidade, com o acompanhamento da Secretaria de Turismo.
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A diretora de Organização Comunitária e Participação Popular da Sedes, Cassandra Figueiredo, explica que a procura por determinada modalidade artística, feita pelo público de cada localidade, é que define toda a programação das oficinas oferecidas. "Trata-se de um processo sócio-educativo em que a arte atua como meio de interação, inclusão e expressão".
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Segundo a diretora, nos quatro anos anteriores, o Projeto Férias, Artes e Cidadania beneficiou mais 2.000 pessoas de diversos bairros da Capital, propiciando a construção de valores culturais, éticos e cidadãos. "Essa participação vem praticamente dobrando a cada ano que o projeto acontece. Muitos desses jovens já realizaram alguma atividade ligada aos CRCs e gostam tanto que sempre voltam. Eles já fizeram amizades, trocam experiências, se aperfeiçoam em alguma área que tem mais habilidade ou aproveitam para conhecer mais, fazendo oficinas diferentes", concluiu.
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FONTE: www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=12846
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Liberdade de imprensa
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Rodrigo Constantino (*)
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Nenhum governo gosta da liberdade de imprensa. Afinal, a imprensa investiga fatos, sendo importante fator de contenção do avanço do poder estatal sobre nossas liberdades. Governos com viés autoritário toleram ainda menos esta liberdade de investigar e criticar. Não por acaso, todas as ditaduras tentam controlar a imprensa, vista como inimigo prioritário em seus projetos de poder absoluto.
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Na América Latina, a liberdade de imprensa está cada vez mais ameaçada. Na Argentina, o casal K vem desferindo duros golpes nos principais veículos de imprensa. E no Brasil, desde a tentativa fracassada de controle através do Conselho Nacional de Jornalismo, o governo não desistiu do sonho de amordaçar a imprensa.
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Existem diversas formas de o governo tentar manipular a imprensa. A mais óbvia é através de suas polpudas verbas de propaganda, incluindo as estatais. Num país com enorme presença do governo na economia, este fator merece destaque. O cão não morde a mão que o alimenta. Além disso, o governo decide sobre as concessões, mantendo as empresas como reféns. Por fim, num país com excesso de leis e burocracia, onde o custo da legalidade plena é praticamente proibitivo, o governo sempre pode ameaçar as empresas com o achaque dos fiscais.
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O arsenal de munições do governo é vasto. Até mesmo uma herança da ditadura Vargas sobrevive, a “Hora do Brasil”, que invade as rádios do país todo na hora do “rush”. Um canal “chapabranca” de televisão também foi criado, mas felizmente o público o ignora por completo. O custo acaba sendo “apenas” os impostos cobrados para sustentar a máquina de proselitismo.
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Em “Areopagítica”, publicado em 1644, John Milton defendia que cada um pudesse julgar por conta própria o que é bom ou ruim: “Todo homem maduro pode e deve exercer seu próprio critério.” Para ele, a censura “obstrui e retarda a importação da nossa mais rica mercadoria, a verdade”. Thomas Jefferson, influenciado por tais ideias, afirmou que escolheria uma imprensa sem governo no lugar de um governo sem imprensa, se tivesse que decidir.
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Portanto, nós não precisamos do filtro do governo na imprensa. O que precisamos é de mais liberdade ainda. Se alguns grupos concentram muito poder por conta de seu tamanho, então a solução é mais competição, não mais governo.
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(*) Rodrigo Constantino é economista.
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FONTE: www.comunique-se.com.br
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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


História da TV Pública/Educativa no Brasil (parte 2)
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Alexandre Fradkin (*)
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A solução encontrada para permitir a expansão do sinal educativo de TV foi dada pelo Decreto nº 96.291, de 1988, e pela Portaria MC nº 93, de 1989, que estabeleceram os parâmetros para que as retransmissoras de televisões educativas pudessem inserir, a nível local, programas de interesse comunitário, desde que estas inserções não ultrapassassem a 15% do total da programação da geradora a qual a retransmissora estivesse vinculada. Com isto, as emissoras geradoras não precisaram mais implantar, elas mesmas, suas retransmissoras simultâneas, pois a possibilidade de inserção de programação local passou a atrair diversas entidades privadas, universidades e prefeituras que cuidaram, com recursos próprios, da implantação de retransmissoras. Com efeito, esta abertura provocou um crescimento enorme do número de retransmissoras existentes e, em conseqüência, de todo o sistema. Essas retransmissoras, tecnicamente conhecidas como retransmissoras mistas, passaram a autodenominar-se de TVs Comunitárias.
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Cabe ressaltar que a TV Comunitária já existia em vários países do Ocidente com outras denominações como “TV Pública”, “TV Alternativa”, “TV de Quarteirão” ou “TV de Baixa Potência (Low Power Television)”. Nesses países, este tipo de TV refletia iniciativas de grupos ou de comunidades que, utilizando-se do acesso à tecnologia de baixo custo, reagiam contra as formas de controle social decorrentes do aparato estatal centralizado, ou então, das grandes empresas de comunicações, privadas ou públicas. Em todos os casos, tornou-se patente que, muito embora a moderna tecnologia de televisão tivesse efeitos concentradores, a TV Comunitária colocava à disposição do público recursos que tinham um sentido contrário, com efeitos democratizantes.
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Não obstante a idéia original tivesse aspectos muito positivos, a implantação dessas retransmissoras não apresentou os resultados esperados. A ausência de uma legislação balizadora fez com que as primeiras autorizações para o funcionamento deste tipo de retransmissora fossem dadas principalmente a políticos e a grandes empresários cujas intenções nada tinham a ver com os reais objetivos da legislação referente à programação de caráter comunitário.
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Somente em 1991, os Ministérios da Educação e das Comunicações baixaram a Portaria nº 236 que procurava disciplinar a concessão das autorizações para a retransmissão em caráter misto. No entanto, a má utilização, a politização e o abuso na veiculação de comerciais por parte dessas retransmissoras, aliado ao lobby liderado pela ABERT para eliminá-las, fez com que, em 1998, fosse promulgado o Decreto nº 2.593 que instituiu o novo Regulamento Dos Serviços de Retransmissão e Repetição de Televisão, extinguindo a retransmissão mista, mas abrindo a possibilidade da transformação das retransmissoras mistas já existentes em geradoras. Em decorrência desta possibilidade de transformação, o Ministério das Comunicações, nos últimos dois anos, concedeu a outorga a 138 novas emissoras geradoras criando, com isto, uma imensa confusão no setor, que até 2001, era constituído por apenas 19 emissoras geradoras, 17 das quais localizadas nas capitais de unidades federadas.
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Em 1990, de acordo com o disposto na Lei nº 8.029, a FUNTEVÊ passou a denominar-se Fundação Roquette Pinto – FRP. A partir de 1993 a FRP e suas emissoras, a TVE do Rio de Janeiro e a Rádio MEC, enfrentaram uma séria crise econômica que resultou no declínio de sua programação e numa diminuição significativa do apoio técnico e financeiro que prestavam às co-irmãs. Ao mesmo tempo, a TV Cultura de São Paulo passou a ter, também, acesso ao satélite, provocando uma imediata ruptura no frágil equilíbrio que sustentava o SINRED (na área da televisão), pois sua programação, àquela época, era de qualidade indiscutivelmente superior. A programação do SINRED passou a ser gerada pelas duas emissoras e, em 1994, o MEC tentou manter a FRP como coordenadora do Sistema por meio da Portaria nº 1.014, que reformulava o SINRED e da Portaria nº 1.015 que criava o PROSINRED, um programa destinado a reequipar todas as emissoras educativas de rádio e de televisão, com recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
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Em 1995, com a mudança de Governo, a FRP foi transferida do âmbito do MEC para a Secretaria de Estado de Comunicação do Governo – SECOM e o SINRED foi desativado. Em 1997, iniciaram-se as negociações, no âmbito do Governo Federal para a extinção da Fundação Roquette Pinto e sua substituição por uma Organização Social, fato que se concretizou, em janeiro de 1998, com a implantação da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto. Também em 1997, a TV Cultura de São Paulo concluiu as gestões para a criação de uma entidade privada que substituiria o SINRED, somente em relação ao segmento televisão.
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Assim surgiu a Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais – ABEPEC , à qual a TVE do Rio de Janeiro só viria a aderir em 1998. Em julho de 1999, as emissoras integrantes da ABEPEC criaram a Rede Pública de Televisão – RPTV com o objetivo de estabelecer uma grade de programação comum e obrigatória para todas as emissoras associadas.
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Esta programação não tem um caráter estritamente educativo, como ocorria no início das transmissões dessas emissoras. A tendência atual é a da transmissão de programas jornalísticos, culturais e de entretenimento, todos tendo a educação como fio condutor. A veiculação de programas didáticos passou a ser feita, com sucesso, em circuito fechado, como ocorre com a “TV Escola”, programação sob a responsabilidade do Ministério da Educação, gerada pela TVE do Rio de Janeiro. Atualmente, apenas a TV Ceará e a TVE do Maranhão continuam transmitindo os programas didáticos que atendem aos alunos de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental.
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(*) Assessor da presidência da TV Educativa do Rio de Janeiro.
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A tentação da superficialidade
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Regiane Santos Barbosa
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Grande parte dos jornalistas, por imposição do mercado e por comodismo, faz questão de alimentar o efêmero – que nas redações se traduz em privilegiar textos enxutos, fragmentados, em blocos previamente estabelecidos, para facilitar a diagramação das páginas e o processo de fechamento da edição.
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Os profissionais correm, diariamente, em busca de notícias. Invadem as páginas dos jornais com inúmeros fatos relevantes ocorridos na cidade, no estado, no país e também no mundo. A pesada e atribulada carga de trabalho desses profissionais, associada à tensão do horário de fechamento do periódico acarretam, na maioria dos casos, notícias apuradas superficialmente, ou seja, o repórter procura saber, no local do ocorrido, somente quatro dos seis elementos do lead (primeiro parágrafo de uma notícia) o que, quem, quando e onde.
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Normalmente o como e o por quê do fato são deixados de lado, uma vez que a apuração demanda mais tempo e consulta a documentos e fontes. Devido a esses fatores, o repórter produz, diariamente, muitas matérias, mas, sem profundidade, interpretação e contextualização. "A atividade jornalística cotidiana em nosso tempo mostra sua trivialidade".
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Para o professor português e pesquisador de teorias relacionadas à análise do discurso, Jorge Pedro Sousa, o jornalismo é "uma forma de contar histórias" (ARRANZ, p. 1). A definição, à primeira vista, apesar de simples, explicita uma das funções básicas do jornalista. Mas, após uma reflexão mais aprofundada, surge um questionamento: como narrar, de forma fidedigna, histórias da vida real?
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Ainda na ânsia de ocupar as páginas do jornal, os repórteres, subeditores e editores selecionam alguns dos milhares releases que transbordam nas caixas de correio eletrônico e modificam seu texto, para que, no outro dia, as informações carregadas de interesses, provindos das assessorias de comunicação de grandes instituições públicas e privadas estejam estampadas nas páginas do periódico. Neste processo de produção de notícias, a apuração é abandonada pelo repórter, uma vez que a preocupação do profissional concentra-se mais na estrutura textual da matéria. O objetivo do jornalista é adaptar as informações contidas no release em notícia.
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A verdade é que muitos dos textos estampados nas principais páginas dos jornais chegam prontos às redações no formato de press releases, produzidos por assessorias de imprensa ou secretarias de comunicação social de órgãos públicos e privados. Neste caso, o jornalismo é praticado sem nenhuma investigação, pelo menos por parte da reportagem que os publicou.
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A atitude, repetida diariamente na maioria dos veículos de comunicação, representa a mercantilização da notícia, disseminada em meados da década de 1950, a partir da extinção dos jornais político-partidários, da profissionalização dos jornalistas, da divisão do trabalho nas redações e da hierarquização de cargos e salários.
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FONTE: www.observatoriodaimprensa.com.br
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