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quarta-feira, 24 de junho de 2009

O surgimento das FMs no Brasil
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O rádio já teve seu fim decretado diversas vezes, como afirma Milton Jung: "A história está cheia de lamentáveis enganos sobre o rádio. Aqui mesmo no Brasil, a morte do veículo foi anunciada muitas vezes. Em nenhuma foi apresentado o atestado de óbito". Entretanto, o surgimento da TV não liquida com o rádio, mas o obriga a passar por transformações. As transmissões esportivas e de radiojornalismo foram ganhando mais popularidade, e apesar da ameaça da TV, que acabou levando seus programas de auditório, o rádio continuou forte.
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O rádio desde seu nascimento era Amplitude Modulada (AM), ou ainda denominada Onda média. Na década de 60, o rádio ganha um recomeço com a chegada da Freqüência Modulada (FM). "A freqüência modulada teve suas primeiras experiências nos anos 40, nos Estados Unidos, e se consolidou na década de 60, com transmissão de maior qualidade e de menor alcance".
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E como em toda história do rádio, há divergência sobre quem fez a primeira transmissão modulada no Brasil. Uma das pioneiras do Brasil teria sido a Difusora FM, que entrou no ar a partir de 1970. Porém, a quem diga que em 1955, a Rádio Imprensa teria usado o sistema para transmitir sua programação para lojas e escritórios, cobrando taxa dos "assinantes".
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Com uma proposta diferenciada, de tocar "música de consultório", em seus primeiros anos a FM só podia ser ouvida em equipamentos de som importados, pois os fabricantes dos aparelhos de rádio do Brasil, não acreditam que o sistema fosse viável, principalmente em termos comerciais. "O público restrito, de poder aquisitivo maior, e gosto refinado, e a qualidade de som melhor, fizeram do rádio FM o espaço ideal para música erudita. Até que o regime militar enxergou na freqüência modulada a ferramenta necessária para a estratégia política de integrar e desenvolver o país, além de restringir o crescimento das emissoras AM".
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O sistema de rádio FM no Brasil foi influenciado pela programação das emissoras americanas, que acabou ultrapassando os limites de consultórios, escritórios e receptores privilegiados para atingir os jovens. Hoje é possível encontrar rádios FM especializadas em sertanejo, MPB, música erudita, e além disso, jornalismo. A rádio CBN, por exemplo, com o slogan "a rádio que toca notícia", foi a pioneira em fazer jornalismo no País, na metade da década de 1990. "A transmissão ganhou público e a confiança dos anunciantes".
Dica cultural: revista eletrônica
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Revista Cult PB: http://www.cultpb.com
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Rede de cinema popular se inspira na pirataria
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Bruna Escaleira
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O objetivo é bem definido: difundir o cinema popular nacional. A estratégia é simples: minimizar o custo da produção de DVDs e sua divulgação por meio de alternativas criativas. Dessa maneira, a Brazucah vem se estabelecendo como modelo sustentável de rede estimuladora da produção audiovisual brasileira. Presente no Fórum Social Mundial (FSM) de 2009 em Belém, a entidade apresentou sua experiência a integrantes de organizações semelhantes vindas de diversas partes do Brasil e do mundo.
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Criada em 2004 em São Paulo, a organização, formada por 70 estudantes universitários, abriu uma sede no Rio de Janeiro em 2006 e outras duas, em Brasília e Recife, no ano passado. Responsável pela divulgação de 25% das estréias nacionais em 2008 (15 filmes, entre eles, “Meu nome não é Johnny” e “Condor”), organiza pré-estréias, exibições e debates com os diretores, tanto nas universidades como em escolas e comunidades afastadas dos centros de distribuição cultural.
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Atualmente, a Brazucah promove diversos circuitos de exibição em parceria com entidades públicas e privadas, como o “Curta na Escola”, “Cinema na Praça”, “Cinema para Todos” e o “Cine B” (em parceria com o sindicato dos bancários), destinados àqueles quem não teriam acesso ao cinema de outra forma. Além de levar o cinema ao público, de modo a formar expectadores críticos, a rede se preocupa em auxiliar os produtores utilizando técnicas de fabricação de DVDs inspiradas na pirataria, como encartes baratos e distribuição em pontos de venda estratégicos, afastados dos centros. Assim, consegue vendê-los a preços acessíveis (R$ 10) e remunerar os produtores.
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Com apoio do Fundo Nacional de Cultura do Ministério da Cultura (MinC), a organização promove a formação dos universitários que trabalham como estagiários no projeto. “A equipe é renovada a cada ano, para que mais estudantes possam passar por esse processo de aprendizado”, conta Ana Arruda, coordenadora da sede de Brasília, “mas depois que acaba o período de estágio, a maior parte deles continua colaborando conosco”. “A idéia é criar uma rede sustentável para que o trabalho numa organização como essa forneça renda para se manter”, acrescenta Leonardo Rodarte da Universidade de São Paulo, que entrou para o grupo em 2007.
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A oficina realizada durante o FSM foi um momento de troca de experiências que condiz exatamente com a idéia, defendida pela Brazucah, de organizar a distribuição dos filmes nacionais por meio de uma rede descentralizada. “É importante estar dentro do fórum para poder apontar ou aprender soluções com cada organização presente”, comenta Camila Nunes, uma das fundadoras da rede.
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Imprensa sem diploma
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Carlos Adauto Virmond Vieira (*)
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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo. Em que pese a liberdade de expressão e de informação, a exigência do diploma para o jornalista trazia garantias para a sociedade. A não obrigatoriedade do diploma desvaloriza toda uma classe profissional, escancarando as portas para que até semi-analfabetos se auto-intitulem jornalistas. A primeira consequência é o enfraquecimento da ética profissional, como já se observa na desmedida proliferação de jornalecos, criados sem qualquer compromisso com a verdade, unicamente para servir os interesses de seus financiadores. O jornalismo aos poucos deixa de ser uma profissão e passa a ser um negócio, calcado na manipulação da opinião pública. Sem dúvida que a decisão é um grande retrocesso.
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Nos países desenvolvidos há uma clara distinção entre o jornalista profissional, com diploma, e o colunista ou articulista, com especialização em outras áreas de conhecimento. Ao jornalista cabe retransmitir aos cidadãos os fatos do dia-a-dia dentro de um padrão de imparcialidade e fidelidade ao ocorrido. Ou seja, o jornalista não exprime sua opinião ou convicção pessoal, mas repercute fatos, ouvindo todas as partes envolvidas.
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Por isso a nobre profissão do jornalismo se equivale a do juiz, lhe cabendo, com serenidade, analisar o ocorrido, sopesar as versões de um e outro lado, e garantir que chegue aos cidadãos uma versão imparcial dos fatos. Por outro lado os colunistas, comentaristas ou articulistas calcam seus textos na sua ótica pessoal sobre os fatos, bem como na área de conhecimento que dominam. Deles não caberia exigir o diploma de jornalismo, mas sim criar regras para uma convivência harmônica com os demais profissionais da imprensa.
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A inexigibilidade do diploma cria problemas, por exemplo, nos concursos públicos. Quem pode se habilitar para concorrer em prova pública para preencher cargos nas assessorias de comunicação dos órgãos do governo? Após a decisão do STF a resposta seria qualquer um, mesmo que sequer saiba escrever. No Brasil de hoje se observa um enorme desequilíbrio entre a liberdade de imprensa e as garantias fundamentais do cidadão. Primeiro se coibiu a criação de um conselho de ética da imprensa, que teria como objetivo auto-regulamentar a profissão. Depois se revogou integralmente a lei de imprensa, deixando as questões judiciais da área ao sabor da interpretação casuística de cada processo. E agora se feriu de morte a formação profissional do jornalista, que passa a sofrer concorrência desleal de quem nada investiu em formação universitária e se submete a trabalhar por qualquer salário.
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Nenhuma liberdade é absoluta, nem mesmo a de expressão, e ao invés de se garantir a valorização do profissional do jornalismo, a não exigência do diploma terminará por transformar a profissão em um bico, para todos aqueles que não tenham qualquer formação profissional. Perde a sociedade, que fica exposta aos oportunistas de plantão, e perde a democracia, que sempre teve a imprensa como um de seus mais fortes alicerces, na defesa contra o autoritarismo do Estado ou dos desmandos da elite do poder. E como já dizia Nelson Rodrigues, vivemos um tempo em que os idiotas perderam a modéstia e em nome da liberdade de expressão temos de respeitar toda sorte de asneira proferida por pessoas que opinam sobre o que não sabem ou não conhecem.
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(*) Advogado, mestre em direito pela Universidade de Köln (Alemanha).
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sexta-feira, 19 de junho de 2009

São João da capital paraibana
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Neste ano, o "São João 2009 – O Melhor da Gente", organizado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) vai homenagear o paraibano Jackson do Pandeiro pelos seus 90 anos de nascimento. Serão seis dias de festa, com 13 shows na praça Antenor Navarro e mais 42 atrações artísticas ligadas à cultura popular, no Largo de São Pedro. Também está prevista a realização do 'Arraial do Varadouro', que terá a participação de cerca de 30 quadrilhas da região metropolitana.
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A abertura do São João 2009 vai acontecer no dia 23 de junho, com os shows de Pinto do Acordeon e Jorge de Altinho. O evento prossegue até o dia 28 e terá as apresentações de artistas como Santana, Antônio Barros e Ceceu, Biliu de Campina, Silvério Pessoa, Selma do Coco, entre outros. A realização e organização do evento é da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope).
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As apresentações na praça Antenor Navarro começarão sempre a partir das 21h. O objetivo da iniciativa é promover a cultura e os artistas populares da Paraíba. É também uma forma de ocupar o espaço do conjunto arquitetônico do Centro Histórico da capital, que foi tombado nacionalmente. Outra meta importante do evento é a geração de emprego e renda, que deverá ser alcançada graças à grandiosidade e organização dos festejos que atraem pessoenses e turistas de fora do estado. A festa vai contar com a realização do tradicional 'Concurso de Quadrilhas Juninas Arraial do Varadouro', que chega a 13ª edição.
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Cultura popular – No segmento de cultura popular, o São João na Capital aglutina manifestações oriundas de vários recantos da Paraíba e de Pernambuco. Neste ano a organização vai trazer os folguedos tradicionais dos municípios da grande João Pessoa, dos pernambucanos Ferreiros, Camutanga e Itambé. Esse casamento vai transformar o Largo de São Pedro em um reduto das diversas facetas da identidade nordestina.
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Mais uma vez a festividade vai priorizar as expressões artísticas e culturais regonais. Manifestações folclóricas, a exemplo de côco de roda, afoxé, reizado, cordel, mamulengo, repente, alabê alujá, forró pé-de-serra, ciranda, cavalo marinho, xaxado serão apresentadas ao público sempre, a partir das 20h. O "caldeirão" de folguedos do Largo de São Frei Pedro Gonçalves vai contar com a Tenda do Cordel. De acordo com o chefe da Divisão de Cultura Popular da Funjope, Emilson Ribeiro, o espaço vai funcionar ao lado do palco onde os artistas farão as apresentações. Durante os dias do evento, o púbico poderá adquirir CDs, DVDs e cordéis que estarão à venda.
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"A Tenda também tem o objetivo de coordenar a programação cultural, que é uma parceria com o cordelista, cantor e compositor Francisco Diniz. Ele nos dará assistência todos os dias. O local vai receber ainda material de artistas que não vão se apresentar no palco", observou. Confira a
programação completa aqui.
Piercing: mais de 5.000 anos de história
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Pedro Cassiano
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O piercing esta no mundo há mais de 5 mil anos. A origem do procedimento de perfurar o corpo vem da Antiguidade, mais precisamente a partir de Cleópatra (Egito). Registros históricos mostram que ela furava o umbigo para colocar pedras douradas e esse ritual simbolizava o aumento de sua beleza. A partir daí, populações inteiras começaram a praticar a mesma ideia, em diversas tribos dos continentes americano, africano e asiático.
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No Brasil, este fenômeno efetivou-se durante a década de 90, mas até hoje não se sabe ao certo quem foi a primeira pessoa a colocar um destes ornamentos corporais em solo brasileiro. Adolescentes, jovens e até adultos já aderiram à moda do piercing, como forma de representar uma expressão pessoal, espiritual, ou mais recentemente, associando a moda e estilo.
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Segundo Ícaro Falcão, do Tatto Studio, cerca de vinte pessoas por mês o procuram para aplicação de piercing. As partes mais comuns de perfurar são: o lóbulo da orelha, a língua, nariz, lábios e umbigo. Porém, sempre existem pessoas querendo colocar ornamentos nas partes íntimas, o que não é recomendado devido ao risco constante de contaminação. O valor do piercing varia entre 25 e 30 reais (aplicação), mais o valor da jóia escolhida pelo cliente.
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Cada piercing tem seu tempo de cicatrização, que varia de dois a nove meses, dependendo do local do corpo. Às vezes não cicatrizam no tempo previsto, por isso devem ser bem cuidados, com higiene e responsabilidade. Para ser perfurado corretamente, o profissional precisa lavar bem as mãos, usar luvas, higienizar agulhas e todo material utilizado no procedimento, evitando o risco de contaminação e possíveis doenças.
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Após tantos séculos de História, o piercing ainda luta contra os preconceitos da sociedade, mas a cada dia se torna mais frequente entre a juventude. A estudante Lílian Oliveira, 18 anos, colocou um piercing no umbigo aos 16 e agora vai por mais. A jovem revelou que no começo teve medo e também da reação da mãe. “Ela brigou comigo, mas não me arrependo. Hoje vou colocar mais um”, afirmou Lílian.
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De acordo com o estudante de Psicologia da UFPB, Alisson Monte, os jovens quando colocam piercing, a princípio, podem demonstrar vaidade, estilo ou moda. Entretanto, quando furam o corpo com freqüência, querem dizer algo mais, expressar o momento, que pode ser de felicidade, tristeza, decepção, entre outros. “É preciso que os pais fiquem atentos a qualquer tipo de alteração no comportamento dos filhos e procurem um especialista se for necessário. Quando se tatuam ou colocam piercing demais, algumas pessoas perdem a noção do perigo e acabam se arrependendo mais tarde”, concluiu Alisson.
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O poder oculto das comunidades virtuais (parte II)
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Tatiana Pereira Martins (*)
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Em termos sociais, até que ponto os brasileiros têm utilizado a tecnologia para a melhoria da sociedade e não apenas para usufruto pessoal? A internet tem propiciado aos seus usuários a grande intimidade existente entre habitantes de cidades pequenas, ou tem promovido o anonimato (ou pseudônimo) da vida metropolitana? Stephen Biggs expressa de modo efetivo este paradoxo: a internet, geralmente vista como uma vila global, tem se mostrado uma verdadeira selva urbana. Oferecendo a promessa de uma existência virtual sem contatos com a vida desconectada - compre de casa, trabalhe de casa, faça terapia de casa - a internet tem “suburbanizado” a existência humana.
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A grande flexibilidade e liberdade oferecidas pelas relações virtuais têm ocasionado a dispersão das relações pessoais e, o que é pior, da responsabilidade coletiva de cada indivíduo. Shapiro reflete em seu texto que um dos grandes desafios do mundo virtual é justamente conseguir transformar o poder de aglutinação de comunidades virtuais, de velocidade de troca de informações e de grupos organizados em interferências verdadeiras na sociedade. A evolução, a revolução e a transformação dependem de mudanças estruturais no cotidiano, na práxis social.
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Focalizando o contexto brasileiro, constata-se que as comunidades virtuais têm potencializado o contato e a organização de indivíduos em novas estruturas. Comunidades que começaram virtuais - a Comunidade Python Brasil e o Sistema de Inventário CACIC - passam a ter encontros presenciais em eventos como o PyCon Brasil e o Fórum Internacional de Software Livre (FISL). Com o crescimento destas comunidades, surge uma nova dimensão de poder, a qual muitas vezes passa despercebida pelos próprios envolvidos.
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Infelizmente, o poder das comunidades virtuais tem sido ignorado pela maioria da população, conforme pode ser observado em situações do nosso cotidiano. De um lado, milhões de brasileiros votam pela rede em programas de TV, como o “Big Brother”. Do outro, campanhas de defesa da Amazônia somam votos que não chegam à casa do milhão. Embora não seja uma análise qualitativa, os números são discrepantes e temos a mesma quantidade em potencial de votantes - os usuários conectados. Ou seja, se acessa a internet para salvar um rosto bonito do “paredão”, mas não se pode dar mais um clique para participar de uma campanha em prol do maior bioma terrestre do planeta.
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Ainda que sem reconhecimento, os movimentos das comunidades virtuais têm se tornado uma prática corriqueira e, aos poucos, as novas estruturas virtuais interagem com o mundo tradicional. O Brasil tem bases sólidas assentadas na direção da interação e integração social. Importante pensarmos em como as comunidades virtuais podem trazer resultados concretos de organização social e da reconfiguração da estrutura de poder vigente.
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Apenas tomando-se consciência deste movimento das comunidades virtuais será possível orientá-los para as ações efetivamente coletivas, tornar mais transparente o véu que encobre as relações de poder estabelecidas e reunir o que há de melhor nas comunidades virtuais e tradicionais, em benefício de uma quantidade maior de pessoas.
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(*) Engenheira de projetos no Centro de Pesquisas Renato Archer.
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FONTE: revista A Rede, n° 30, Momento Editoral Ltda.
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Racismo e novas territorialidades no mundo
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Carlos Walter Porto Gonçalves (*)
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Em 2001, a ONU realizou em Durban, África do Sul, a Conferência Mundial Contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata. O local não podia ser mais apropriado, pois aquele país acabava de por fim ao nefando regime de apartheid que lhe havia sido imposto pelos colonizadores. A conferência, infelizmente, terminou com cadeiras voando e sem que os participantes tenham conseguido dar cabo da sua agenda de trabalho. À época, preocupava aos delegados europeus a possibilidade de que fosse aprovada uma resolução que reconhecia a escravidão como crime de lesa-humanidade e, ainda, que pudesse haver alguma condenação a Israel por crime de racismo contra o povo palestino.
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Agora em 2009, nos vemos em Bruxelas novamente diante do triste espetáculo de uma reunião da ONU sobre racismo não conseguir dar cabo da sua agenda de debates. Embora a mídia empresarial tenha enfatizado o discurso do Presidente do Irã como tendo sido o responsável pelos desentendimentos, é bom registrar que mesmo antes de qualquer pronunciamento já estava em curso um boicote à conferência protagonizado pelos Estados Unidos, Itália, Alemanha, Holanda, Polônia, Austrália e Nova Zelândia que não enviaram sequer seus embaixadores a Bruxelas. Independentemente das razões imediatas alegadas por esses representantes de que recusariam o reconhecimento do sionismo como racismo, o que estaria sendo proposto pelo Presidente do Irã, é significativo que seja exatamente sobre o tema do racismo que os embaixadores, especialistas em evitar a guerra, não consigam sequer conversar quando não evitar a pancadaria aberta, como aconteceu em Durban.
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O racismo é um dos temas mais entranhados na sociedade moderna e, por isso, um dos mais difíceis de serem tratados com um mínimo de civilidade. As reuniões da ONU comprovam. O racismo está na constituição do sistema mundo desde seus primórdios e continua a constituí-lo ainda hoje. Na América Latina/Abya Yala, no Caribe e na África, não há como deixar de reconhecer o recobrimento entre o processo de formação das classes sociais e a questão étnico-racial. Dois dos mais importantes sociólogos latino-americanos, o peruano Aníbal Quijano e o brasileiro Florestan Fernandes, insistiram nessa sobreposição. Faz parte da colonialidade que constitui a modernidade sendo seu lado até recentemente silenciado.
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Desde 1492 que a colonização do novo (para os europeus) continente se fez contra os povos originários de Abya Yala, nome com que o movimento desses povos vem designando o continente afirmado como América pela elite criolla, e por meio da escravização de povos africanos nas monoculturas com fins mercantis. Foi nesse momento que os europeus se descobriram como brancos e instauraram um dos mais perversos regimes sociais que a humanidade conheceu, promovendo a morte generalizada de milhões de autóctones tanto na África, como no Caribe e na América/Abya Yala para concentrar riqueza nas mãos de poucos, sobretudo na Europa.
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A Europa só passou a ter a centralidade geopolítica, geocultural e geoeconômica que hoje possui a partir desse regime social colonial-escravista. Não esqueçamos que até 1492 tomar o rumo certo era se orientar, enfim, ir para o Oriente. Condenar o passado mantendo intactas as posições atuais que por meio dele foram edificadas é contribuir para a manutenção do problema e não para sua solução. É fato que não podemos mudar o passado, como se costuma dizer, mas o que não podemos olvidar é que as desiguais posições de poder atuais foram construídas por essa história que, assim, nos habita na sua contradição. Foram os próprios europeus que conformaram o holocausto cometendo com requintes técnicos e científicos a morte de milhões de judeus e de ciganos, entre outros povos, nos seus campos de concentração. O horror vivido pelos povos originários de Abya Yala/América e dos negros obrigados a trabalhar sob o látego do feitor depois de viajar nos navios do horror enriqueceram uma burguesia que só quer olhar prá frente porque não pode olhar o passado que lhe constituiu e que se reproduz enquanto pilhagem dos recursos naturais ainda hoje pagando salários de fome, sobretudo aos não-brancos.
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O último período da globalização iniciada em 1492, o técnico-científico-informacional (Milton Santos) e neoliberal, ao contrário da homogeneização que de certa forma era seu ideal-tipo tem que aceitar a diversidade de culturas de fato como resultado da resistência dos diferentes à nova colonização, agora em nome do desenvolvimento e do mercado. As migrações acabaram colorindo as periferias de Londres, de Paris, Amsterdã e de Berlin e, assim, aproximaram os diferentes lá mesmo no centro do poder mundial, fenômeno nada novo para quem viveu no lado colonial do sistema mundo moderno-colonial. Há uma resistência xenófoba à transculturalidade e à transterritorialidade em curso no mundo que explicita uma questão de fundo do sistema mundo moderno-colonial e que as reuniões da ONU expressam esse mal-estar.
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Não será com muros que se vai impedir a invenção de novas territorialidades de que o mundo está grávido. Os equatorianos acusados de indocumentados na Espanha brandiram a carta de Cristóvão Colombo como seu documento de identidade para que pudessem continuar vivendo de seu trabalho na Espanha e, ao mesmo tempo, contribuir para o sustento de suas famílias no Equador. Essa Espanha, que hoje quer expulsá-los, é a mesma que se enriqueceu com exploração das minas de ouro submetendo os quéchuas e os aymaras no seu próprio Tawantinsuyu.
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Enfim, vivemos um momento de bifurcação histórica, diria Yllia Prigogine. Há um processo de transformação em que a longa duração, de que tanto nos alertara Fernand Braudel, está se condensando na curta duração pela ação de velhos/atuais protagonistas agora visibilizados no novo quadro histórico que demanda por radicalização democrática. Que a dor dos povos originários de Abya Yala/América, dos negros desterritorializados e escravizados, dos judeus e ciganos confinados em campos de concentração e dos palestinos, hoje massacrados por Israel, nos inspirem na conformação de novas instituições, onde a igualdade e a diferença se combinem no sentido da emancipação das condições de exploração/opressão do sistema mundo moderno-colonial que ainda nos constitui.
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(*) Doutor em Geografia pela UFRJ. Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFF. Pesquisador do Grupo Hegemonia e Emancipações de Clacso.
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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Jovens capacitados no CRJ
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Angélica Patrícia
Pedro Cassiano
Roberto Pinheiro
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Segunda-feira, 18 de maio de 2009: começaram as oficinas (cursos gratuitos) de aprendizado artístico e sócio-cultural no Centro de Referência da Juventude (CRJ) Ilma Suzete Gama. Uma valiosa oportunidade para jovens entre 15 e 29 anos, moradores do bairro Funcionários I e comunidades adjacentes, que passam a ter a possibilidade de embarcar em uma carreira promissora (acadêmica e/ou profissional). Os alunos são orientados por profissionais qualificados nas áreas de: Teatro, Percussão, Jornalismo, Arte de Rua, Dança de Rua, Informática, Nutrição e Esportes.
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O CRJ Funcionários I funciona desde 1992. Atualmente, um dos seus principais objetivos é trazer os jovens para um espaço onde se sintam valorizados e possam compreender sua importância na vida em sociedade, desenvolvendo o protagonismo juvenil. Aos poucos, esta juventude que participa das atividades propostas pelo CRJ, passa a compartilhar os conhecimentos obtidos com a comunidade, estabelecendo novas relações sociais.
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O curso de Aproveitamento Integral dos Alimentos, por exemplo, ensina aos alunos(as) a importância de uma nutrição saudável; discute o direito humano a alimentação; apresenta noções de sustentabilidade; estimula a produção de criativas e saborosas receitas, entre outros conteúdos.
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Mesmo com a capacitação dos cursos para a juventude e a integração diversificada de conhecimentos, muitos inscritos para participar não comparecem às aulas. Parecem não dar o devido valor a esta experiência educativa, planejada de acordo com os princípios da Política Pública de Juventude (PPJ), desenvolvida em todas as regiões do Brasil.
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Infelizmente, a maioria do pessoal jovem do bairro prefere ficar passeando e ter outros interesses na vida. Todavia, com a capacidade instalada de receber mais alunos em cada curso, o Centro da Juventude vai seguindo seu caminho, sem deixar de lado o universo do conhecimento, as atividades culturais e esportivas.
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O conceito de cidadania
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Adriana Chinelatto
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Este conceito é importante para a administração pública. Ser cidadão é fazer valer seus direitos e cumprir seus deveres. Em sua origem grega, cidadão denominava o habitante da Pólis que exercia a política, ou seja, participante das discussões das questões decisivas à Pólis (organização, funcionamento e ordenamento jurídico), possuía direitos e deveres. Eram excluídos os escravos, as mulheres, os velhos e as crianças.
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Estes não possuíam cidadania. Apenas o cidadão grego participava da democracia. Na época medieval, a cidadania era exercida pelo rei, pelo clero e pela nobreza. As demais classes sociais não possuíam direitos sociais, eram posses do rei. No estado moderno as revoluções sociais tinham por objetivo a busca de direitos para todas as classes sociais. Com o surgimento do Capitalismo continua a divisão de classe social, só que agora mais difusa, pois todos são iguais perante à lei.
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No Brasil, vivemos num Estado Democrático de Direito, onde exercemos a democracia mediante a participação no debate público e possuímos cidadania. Vimos, então, que a cidadania em seus primórdios, era exercida apenas por algumas classes sociais, as que detinham poder. A desigualdade social sempre gerou direitos às classes que detinham o poder, os excluídos socialmente não possuíam direito a ter direitos.
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Uma pesquisa divulgada pelo Ibope traz dados preocupantes sobre as nossas relações de participação para a melhoria das atividades estatais. A pesquisa anima, de forma até surpreendente, quando mostra que 54% dos jovens (entre 16 e 24 anos), têm interesse pela coisa pública. Interesse que cai progressivamente à medida que a idade aumenta. A pesquisa ajuda a desmontar a idéia que se tem de que o jovem é apático ou indiferente às coisas do seu país.
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Outra pesquisa do mesmo instituto apresenta dados preocupantes sobre as nossas relações de cidadania. Indica que 56% dos brasileiros não têm vontade de participar das práticas capazes de influenciar nas políticas públicas. 35% nem têm conhecimento do que sejam essas práticas e 26% acham esse assunto “chato demais” para se envolver com ele. Nem tudo está perdido: 44% dos entrevistados manifestaram algum interesse emparticipar para a melhoria das atividades estatais, e entendem que o poder emana do povo como está previsto na Constituição. A pesquisa demonstra que os jovens têm “interesse pela coisa pública”. De que forma o jovem pode participar para melhorar as condições sociais do país? Para mudar a imagem que os brasileiros têm sobre a política, o que seria necessário fazer?
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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Em defesa de uma mídia livre
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Marco Aurélio Weissheimer
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O poder midiático no Brasil está concentrado nas mãos de um pequeno grupo de famílias e suas respectivas empresas, que dominam o sistema de produção e difusão de informações e detém a imensa maioria dos recursos de publicidade (públicos e privados). O maior grupo de comunicação do país, a Rede Globo, possui 227 veículos, entre próprios e afiliados. É o único dos grandes conglomerados que possui todos os tipos de mídia, a maioria dos principais grupos regionais e a única presente em todos os Estados brasileiros. Sozinha, a Globo controla mais da metade do mercado televisivo brasileiro.
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Segundo dados da Associação Nacional de Jornais, relativos ao período 2001-2003, apenas seis grupos empresariais concentram a propriedade de mais da metade da circulação diária de notícias impressas no país. Sozinhos, estes veículos respondem por cerca de 55,46% de toda produção diária dos jornais impressos. Além do imenso poderio da Globo, outros seis grandes grupos regionais se destacam. A família Sirotsky comanda a Rede Brasil Sul de Comunicações, controlando o mercado midiático no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A família Jereissati está presente no Ceará e em Alagoas. A família Daou tem grande influência no Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. A mídia da Bahia pertence à família Magalhães. No Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, os negócios são controlados pela família Zahran. E, por fim, a família Câmara tem grande influência em Goiás, Distrito Federal e Tocantins. Em suas manifestações editoriais, todas essas empresas afirmam a independência como um valor que, supostamente, definiria seu trabalho. Independentes do quê e de quem, exatamente? Essa pergunta nunca é respondida. E não o é, porque a resposta mostraria que o rei está nu!
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Qualquer menção à necessidade de democratizar esse cenário é rebatida fortemente por artigos e editoriais enfurecidos destes grupos hegemônicos. Quem defende a democratização da produção e do acesso à informação é imediatamente acusado de “autoritário” e “inimigo da liberdade de imprensa”. O poder das grandes corporações midiáticas é muito forte, estendendo-se também às escolas e universidades que formam os futuros profissionais da comunicação. A imensa maioria de quem se prepara para entrar no “mercado da comunicação” quer arrumar um emprego na Globo, na Folha de São Paulo, na Veja, no Estadão, na RBS, etc. Profissionais ligados direta ou indiretamente a essas empresas garimpam sistematicamente talentos nos bancos escolares. Os professores que procuram navegar contra a corrente são, o mais das vezes, taxados como excêntricos e confinados a guetos.
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É importante ter em mente que esse não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. A realidade midiática mundial não é distinta. O escritor francês Paul Virilio, ao falar sobre o papel da mídia no mundo de hoje, definiu bem o tamanho do problema a ser enfrentado. A mídia contemporânea, disse Virilio, é o único poder que tem a prerrogativa de editar suas próprias leis, ao mesmo tempo em que sustenta a pretensão de não se submeter a nenhuma outra. A justificativa para tal procedimento trafega entre o cinismo e a treva: uma vez afetada a liberdade de imprensa, todas as liberdades estarão em perigo. Cinismo, denuncia, porque esta reivindicação agressiva trata de negar o óbvio: os meios de divulgação e de formação de opinião vêm se concentrando, de forma brutal, no mundo inteiro, nas mãos de grandes empresas.
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Mas há boas notícias neste cenário. Nos últimos anos, essa hegemonia de grandes grupos midiáticos começou a ser enfrentada por um crescente número de iniciativas. A internet tornou-se um espaço privilegiado dessas iniciativas, mas não o único. Os movimentos de Software Livre, de rádios comunitárias, de construção de redes de comunicação de movimentos sociais, de sites , blogs e publicações alternativas abriram brechas no bloco monopolista da grande mídia. Além disso, jornalistas que conheceram de perto o funcionamento desses grupos passaram a desenvolver um trabalho de exposição das entranhas da imprensa brasileira. O conjunto dessas iniciativas contribuiu para a acumulação de um inédito capital crítico sobre o poder dessas empresas. Um poder, importante assinalar, que segue muito forte.
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Há aqueles que vêem a criação de uma mídia alternativa a que aí está como uma tarefa central. Outros preferem a denominação “independente” para qualificar o objetivo a ser buscado. E outros ainda preferem não se enquadrar em nenhuma dessas categorias. Todos, porém, concordam com uma coisa: a criação de um espaço nacional de encontro, debates e articulação é muito importante para a superação e modificação do atual cenário midiático brasileiro, marcado por um crescente processo de concentração e de apropriação de bens e serviços públicos por uns poucos grandes grupos privados. A proposta é que esse movimento seja construído passo-a-passo, respeitando a opinião e as particularidades do trabalho de cada um, partindo dos pontos de acordo e visando convergências mais amplas.
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Os movimentos articulados em torno do Fórum Social Mundial, como o Software Livre por exemplo, podem servir como inspiração. A defesa de uma comunicação de qualidade, como um bem público e um direito da população é um elemento que unifica a todos que enxergam, no modelo atual, um entrave ao aperfeiçoamento da democracia brasileira.
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Falar de uma comunicação de qualidade, neste cenário, significa falar, entre outras coisas, em liberdade de criação, de difusão e de acesso. Significa compartilhar conhecimentos, práticas e iniciativas. As palavras “liberdades” e “compartilhamento” expressam, em boa medida, o que é sonegado hoje à maioria da população. Elas apontam para uma visão generosa de um mundo mais solidário, onde a comunicação, o diálogo com o próximo e a criatividade não são reduzidas à condição de mais uma mercadoria destinada a gerar lucro máximo a custo mínimo. Esse é o espírito que anima a proposta de construção de um debate para o fortalecimento de uma mídia livre no Brasil, um espaço que propicie o encontro, o diálogo, a criação e a partilha de informações, práticas e experiências. Um espaço que, fundamentalmente, enxergue a comunicação como uma prática a serviço da verdade, da justiça e da liberdade
Copyleft democratiza reprodução de obras
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Daíza Lacerda (*)
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A indústria da informação, com a expansão dos meios eletrônicos e digitais, tem contribuído para a reprodução de todo tipo de obra - sejam filmes, textos, imagens ou músicas. Na contramão da pirataria - ou cópia não autorizada de obras - os direitos autorais (copyright) estão cada vez mais difíceis de serem mantidos ou fiscalizados.
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Para difundir livremente a produção e utilização de seus trabalhos por terceiros, artistas, escritores, fotógrafos e músicos vêm disponibilizando seus materiais sob a licença batizada de copyleft, onde o interessado pode usar e copiar a obra, mantendo os créditos para a fonte original. "Como o copyright significa direito de cópia, podemos dizer que o copyleft visa exatamente o contrário, ou seja, a exclusão desse direito de reprodução, tornando (principalmente em matéria de programa de computador) um direito de reprodução aberto, em que não haja necessidade de autorização. A obra pode ser reproduzida livremente, com o consentimento expresso do autor, na esfera dos direitos patrimoniais", esclarece o advogado João Augusto Cardoso, de Limeira, especialista em propriedade intelectual.
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O conceito de copyleft teve origem no início dos anos 1980, quando o programador Richard Stallman, descontente com as restrições que os monopólios empresariais impunham aos programas de computador, impedindo o aperfeiçoamento dos sistemas, criou a Fundação do Software Livre (FSF, sigla em inglês). A idéia de Stallman era criar programas em "código aberto", que pudessem ser modificados e melhorados. Assim, nenhum programador poderia registrar o copyright, ou direitos reservados. Em 1984 surgiu então o copyleft, licença que visa garantir ao programador a liberdade de copiar, modificar e passar adiante o programa. A invenção de Stallman visava o aprimoramento do sistema, sem que fosse preciso pagar por isso.
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O advogado João Cardoso explica que no Brasil, independente da licença, os direitos de autoria sobre programas de computador são garantidos desde 1998 por lei. "Assim, o software goza da proteção legal independentemente de registro". Criador do site BR-Linux.org, referência nacional em software livre, o administrador Augusto Campos complementa: "O software livre não necessariamente precisa ser gratuito". O site de Campos é dedicado ao Linux, um sistema operacional livre criado pelo finlandês Linus Torvalds nos anos 1990.
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A proposta do copyleft é o uso comunitário, possibilitando contribuições voluntárias ao conteúdo, que agreguem melhorias. A adesão à licença vem crescendo com a propagação de diversos tipos de obras na internet. Exemplo é o site Creative Commons (CC), que tem a versão brasileira desenvolvida pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e apoio do Ministério da Cultura. O CC licencia trabalhos dando ao autor opções para o grau de proteção da obra, garantindo cópia e distribuição com os devidos créditos. O autor pode disponibilizar áudio, vídeo, imagens ou textos escolhendo se permite ou não uso comercial ou modificações na obra, ou optar pelo domínio público.
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Os altos custos de uma publicação e mesmo as exigências das editoras contribuem para o aumento de livros eletrônicos - ou e-books - disponibilizados pela internet. "Isso acontece também com obras já protegidas que são disponibilizadas pelos próprios autores para livre reprodução e distribuição", ressalta Cardoso.
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Benefício social
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Com a demanda de informação e evolução dos meios digitais, a inclusão digital é um desafio. Para vencê-lo há várias ONGs trabalhando, como o Centro de Democratização da Informação (CDI) de Campinas, que alia tecnologia e cidadania. A entidade atende cerca de 120 jovens por ano. Voluntário do CDI e mestre em Engenharia da Computação pela Unicamp, André Bordignon fez uma experiência com o uso de software livre por pessoas sem acesso aos meios digitais: "Em um mundo em que cada dia mais a informática faz parte da nossa vida, temos de ter soluções alternativas para democratizar o acesso à informação. Atualmente somente 20% da população brasileira tem acesso à internet. Esse número é extremamente baixo".
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A adesão ao software livre é crescente. Segundo o administrador Augusto Campos, cresce o uso do Linux, especialmente em servidores corporativos. Campos complementa: "O que não tenho dúvida é de que a expansão do conhecimento livre é um ingrediente que pode ajudar a fazer crescer muito mais a participação do Brasil no mercado de informática". André Bordignon concorda: "Hoje a inserção do software livre se faz cada dia mais presente nas empresas privadas. Várias prefeituras de esquerda também já adotaram. Temos de continuar firmes e confiantes na busca da democratização com baixo custo".
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(*) Aluna de Jornalismo da ISCA Faculdades.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cinema CRJ estréia nesta quarta (03/06)
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Nesta quarta-feira (03/06), a partir das 19h30, estréia o "Cinema CRJ". A idéia é que nos próximos meses ocorram exibições de vários filmes, documentários e animações, agitando ainda mais o nosso Centro da Juventude. Para começar, temos o documentário "Ilha das Flores", de Jorge Furtado. Desde já, todas(os) estão convidados a participar. Nao percam!
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O que se quer ver na América Latina
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Lívia Cirne (*)
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Se você ainda é do tempo que o Brasil era reconhecido por samba, futebol e/ou bundas “abundantes”, hora de se atualizar e saber que o país anda conquistando a América Latina quando o assunto é televisão. Não, não é sobre novela. Vou explicar... É que o Peru firmou compromisso com o modelo japonês-brasileiro de TV digital, o SBTVD, conforme notícia divulgada pela Andina (http://www.andina.com.pe), agência peruana de notícias. De acordo com a informação oficial, uma Comissão Multissetorial, integrada em fevereiro de 2007, resolveu revelar a “boa nova” após exaustivos testes com o padrão “da casa” (SBTVD), o americano (ATSC), o chinês (DTMB) e o europeu (DVB).
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Bom para o Japão? Obviamente, pois o último padrão a se desenvolver e entrar na briga por mercado conseguiu expandir fronteiras e está se infiltrando, aos poucos, no território sul-americano, provando que possui um protótipo de transmissão mais robusto. E para o Brasil é tão bom quanto, já que a idéia do governo é estimular a adoção do nosso modelo-conjunto nas outras nações da América do Sul, salvo a Colômbia que já se precipitou e adotou a tecnologia de transmissão européia e o México, que segue os americanos.
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Além de promover o desenvolvimento tecnológico do Brasil, a decisão impulsiona a economia, uma vez que, no SBTVD, à tecnologia japonesa foram aplicadas inovações brasileiras. Ainda assim, considerando que a tal plataforma digital permite a integração da TV com, entre outros aparelhos, telefones móveis, o Brasil leva grande vantagem, pois, atualmente, este é o item mais exportado no país. Ainda acrescento a vocês, caros leitores, uma informação de estima: somos sede de um rico pólo tecnológico em Santa Rita do Sapucaí (MG), grande na exportação de equipamentos da TV digital. Parece-me que estamos com a bola toda na corrida digital.
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Dentre os países na fila da adoção, encontram-se: Equador, Chile e Argentina. Sobre este último, há previsões que será o próximo país a fechar acordo com o SBTVD. No Chile, o ex-global e Ministro Hélio Costa apresentou o padrão aos parlamentares na no dia 29 de abril e estes devem decidir ainda este ano. Já no Equador, os testes para comprovar o rendimento técnico do SBTVD foram iniciados em abril deste ano.
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O ministro de Transportes e Comunicações do Peru, Enrique Cornejo, divulgou por lá que a transmissão está prevista para 2011 e que os decodificadores terão preços populares (entre $30 a $40). Pode até ser que lá funcione esta política, mas aqui no Brasil, até agora não vi nada de barato nos set-top-boxes. E olhe que são os mais simples, já que a tecnologia dos serviços interativos não está totalmente fechada. Assim sendo, na minha opinião, sem interatividade não vale nem a pena quebrar o “porquinho” para investir numa TVD só para ver que Faustão é mais gordo, que Hebe é mais velha e que as rugas de Ana Maria Braga são maiores do que a gente já se acostumou a ver.
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(*) Jornalista, formada em Telecomunicações, colaboradora do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (LAVID), e Mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Culturas Midiáticas (UFPB).
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FONTE: http://www.consultesamways.com.br
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