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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Comunicação: passado, presente e futuro
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Bertrand Sousa
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As formas de transmissão de mensagens vem acompanhando o desenvolvimento humano. Na época das cavernas, os povos primitivos comunicavam-se através de gestos entre emissores e receptores. O tempo passou e o homem conseguiu desenvolver a capacidade de falar, organizando a partir daí, códigos verbais entre as diferentes comunidades que habitavam o planeta.
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Entretanto, o surgimento da escrita foi o grande marco da Comunicação entre os seres humanos e um dos principais acontecimentos da História. A partir dela, a humanidade deu um grande salto rumo ao desenvolvimento, em diversas áreas. As informações podiam agora circular com mais facilidade e rapidez, sendo aproveitadas por um maior número de pessoas. Assim como a fala e os códigos gestuais, a escrita pode (e deve!) ser considerada uma tecnologia de grande importância, que caracterizaria inúmeros sistemas de comunicação dali em diante.
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Séculos passaram e a possibilidade de reproduzir documentos escritos em larga escala, devido ao invento de Gutemberg (prensa tipográfica), deu ao homem a idéia base para a criação dos primeiros veículos impressos. Nascia portanto, o sistema publicitário e jornalístico. O sistema literário também registrou um grande impulso desenvolvimentista na época.
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Mas a Comunicação não podia ficar restrita a uma determinada região geográfica. Era preciso expandir os limites da difusão das mensagens escritas. E para solucionar este problema foram desenvolvidos os sistemas de correios e telégrafos. Além disso, o aparecimento do telégrafo representou o início da pesquisa científica com o objetivo de desenvolver o telefone, aparelho capaz de proporcionar o diálogo verbal à distância.
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Cada um destes princípios foram aprimorados ao longo dos anos, possibilitando o surgimento das transmissões televisivas, geradas a partir de sinais eletromagnéticos e distribuídas através de antenas gigantescas e satélites. Agora somavam-se texto, sons e imagens a serviço da propagação de conhecimento entre os povos da Terra.
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A evolução contínua das tecnologias de informação não parou mais, com novas aplicações e finalidades. Por mais paradoxal que possa parecer, as duas guerras mundiais possibilitaram o desenvolvimento tecnológico em vários setores, sobretudo no campo das Telecomunicações. Devido a necessidade crescente de troca de informações entre comandantes e tropas, separados por milhares de quilômetros, além do grande volume de dados envolvidos no contexto de um conflito mundial, foi criado um equipamento que pudesse processar e armazenar grandes quantidades de informação. Surgia assim o computador, cheio de alavancas, rodas dentadas e transistores.
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O aparecimento dessa máquina representou uma revolução tecnológica para a humanidade, a revolução informática. Esta por sua vez, só foi possível graças a revolução quântica, aos estudos da física quântica e seus respectivos pesquisadores. A informação passou a ter uma dimensão automática, quase instantânea. E desde então vivemos na “era digital”, onde tudo, ou quase tudo, pode ser descrito por códigos binários.Com o advento da Internet, a rede mundial de computadores, as pessoas passaram a conviver diariamente com a velocidade e o volume de conhecimento gerado pela ciência nos últimos 2 mil anos. A chamada “aceleração do tempo social”, resultante deste processo, trouxe possibilidades de comunicação e obtenção de informações nunca antes vistas, que continuam aumentando, exponencialmente.
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De acordo com filósofo francês Pierre Levy, a web não trouxe mais uma revolução; o seu desenvolvimento foi a própria revolução. E como em revoluções tecnológicas anteriores, estas transformações abriram caminho para uma avalanche de novos produtos – havendo graus variados de adequação entre eles, a demanda do mercado global e as necessidades sociais.
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Por outro lado, as redes digitais multimídias encurtaram ainda mais as distâncias. Levy afirmou em entrevista, que ao contrário do que pensam alguns, elas ocasionaram um aumento dos contatos e trocas; uma interatividade maior entre as pessoas, tanto física como virtual e que ao longo da história, os meios de comunicação se desenvolveram paralelamente aos transportes.
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Navegando pelas redes, como a Internet, podemos partilhar o ambiente e a interatividade do espaço cibernético (ciberespaço), pois ele proporciona interconexões generalizadas que se auto-organizam e se retroalimentam continuamente. O teórico francês destacou ainda que as redes de computadores caminham rumo a criação de uma “unimídia”, pois os meios tendem a ser, em sua maioria, digitalizados, havendo um centro único de recepção das mensagens, uma “consciência coletiva”. Na web, a polaridade entre um centro emissor ativo e receptores passivos deixou de existir, porque no ciberespaço cada um é, simultaneamente, emissor e receptor em potencial. Para Levy, ela representa um local onde a liberdade de expressão é melhor exercida, pois é possível que cada vez mais pessoas falem, para um público cada vez maior e de âmbito planetário. Assim, pode ser considerada como o local onde a Comunicação é mais democrática.
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Também é destaque nas tecnologias informáticas as crescentes conexões entre computadores e sistemas de telefonia móvel (celular), através de modelos de transmissão de dados como: GSM, GPRS, TDMA, WAP, entre outros. Cada vez mais os celulares se parecem com computadores e vice-versa, pois já existem micros com dimensões bastante reduzidas disponíveis no mercado.
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As perspectivas para o futuro apontam na direção de uma manipulação crescente de todas as coisas, inclusive das informações. E todos nós temos que estar preparados para conviver e interferir positivamente neste processo. A maior parte das previsões feitas pelos cientistas, podem ser consideradas como otimistas.
A tecnologia será integrada progressivamente ao cotidiano das pessoas e deve trazer vantagens competitivas no mercado globalizado, mas também pode gerar novas formas de dominação e exclusão, que terão de ser fortemente combatidas.
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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Um manifesto do Micro-Rádio
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Tetsuo Kogawa
(tradução de Ricardo Rosas)
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O micro rádio costumava ser um compromisso de se evitar usar transmissores de alta potência por causa do orçamento ou da regulamentação. O primeiro micro rádio deliberado começou em meados dos anos 1970 na Itália. Como escreveu Felix Guattari, cerca de mil estações de micro rádios livres apareceram junto com o movimento “Autonomia” na Itália e então influenciaram outros países, especialmente a França.
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O que se pretende dizer com micro? No núcleo dos movimentos, deveria ter implicado num significado diferente da mera extensão da potência de transmissão e da área de serviço. Ele conota algo qualitativamente diferente. Ser grande ou pequeno no tamanho físico não é tão importante. Portanto, a mesma coisa que fazíamos num micro radio poderia acontecer numa grande estação.
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O micro rádio é uma alternativa às comunicações globais e às mídias de massas que poderia abranger o planeta com qualitativamente a mesma e padronizada informação. Agora que nosso espaço microscópico está sob vigilância, o micro rádio deveria prestar atenção em áreas ainda mais micro, mas qualitativamente mais “micro”. Para entender isso, você deve usar experimentalmente um transmissor de muito baixa potência. Teoricamente, pode fazer a mesma coisa com um transmissor de alta potência, mas isso vai enganar a sua percepção do que é o micro, por que você tem sido circundado por numerosas transmissões de alta potência. Temos de usar uma espécie de “suporte fenomenológico” para perceber o que são as coisas.
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Dada a era dos vários meios globais, como a comunicação via satélite e a Internet, o micro rádio pode se concentrar em seu mais autêntico território: o espaço da onda de rádio microscópica. Por que você não vai a uma estação de rádio assim como vai a teatros? O teatro de micro rádio poderia ser possível. As ondas de rádio cobrem apenas um espaço de moradia. Isso é o bastante. Tenho organizado festas de micro rádio. Isto é uma tentativa de converter um espaço em algo qualitativamente diferente através de um micro transmissor.
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A Internet é basicamente um meio translocal. Diferentemente do meio impresso, o espaço existe temporariamente e está fora da posição geográfico-física. Quem se importa de onde você está transmitindo? Você pode manter um espaço “permanente” com seus ouvintes contanto que você e seus ouvintes concordem em se comunicar.
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Como um meio para cobrir áreas mais extensas, as ondas de rádio são destrutivas e não-ecológicas. A rádio grande não é mais necessária. Cedo ou tarde, as grandes e globais tecnologias de comunicação serão integradas na Internet. O rádio, a televisão e o telefone se tornarão nodos locais para ela. Conseqüentemente, os globalistas descartarão tais meios existentes. Um novo tipo de terminal multimídia conectando a Internet surgirá.
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Então será o tempo em que o rádio e a televisão (e mesmo o telefone) deverão reencontrar sua própria possibilidade emancipatória. A estação de micro rádio vai reencontrar uma possibilidade de congregar pessoas em espaços como o teatro e o clube. Ele não rejeitará os meios globais, mas os utilizará como meios de conexão e formação de rede. Pelo micro-meio translocal, mesmo os meios globais poderiam se tornar polimorfos e diferentes, não apenas nos conteúdos, mas igualmente no modo de fazer com que as pessoas se encontrem.
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Eficiência na relação legenda/fotografia
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Angélica Mendonça
Carlos Franco
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De maneira lata, quando se fala em fotografia jornalística ou fotojornalismo, fala-se, na atualidade, de fotografias que representem fatos e/ou eventos, e mais do que isto que disponibilizem um recorte desses acontecimentos, da realidade e que, dentre outras sensações e impressões que possibilitem ao seu receptor o ''testemunho dos fatos''.
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A fotografia é um dos campos da informação que possibilita inúmeras subdivisões de gênero, dentre eles, o próprio fotojornalismo que, também abrange inúmeras variedades fotográficas, como por exemplo, o fotodocumentarismo, cuja característica principal está na escolha e no planejamento estratégico prévios, do que e como se pretende fotografar.
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Sousa (2004) considera que as fotografias produzidas com diferentes fins, que não o de serem veiculadas na mídia impressa, podem também se tornar fotografias jornalísticas. O autor define estas fotografias como sendo aquelas que possuem valor jornalístico [1] ''(...) e que são usadas para transmitir informação útil em conjunto com o texto que lhes é associado".O mesmo autor ainda ressalta que: o fotojornalismo é, na realidade, uma atividade sem fronteiras claramente delimitadas. O termo pode abranger quer fotografias de notícias, quer as fotografias dos grandes projetos documentais, passando pelas ilustrações e pelos features (as fotografias intemporais de situações peculiares com que o fotógrafo depara), entre outras (SOUSA, 2004).
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Porém, mesmo considerando a afirmação de Sousa de que não há fronteiras delimitadas para o fotojornalismo, existem manuais que trazem algumas orientações que caracterizam a fotografia jornalística por meio de alguns critérios, em especial o da informatividade. A editora de fotografia do Jornal do Tocantins, Chirlis de Souza, aponta o poder de síntese da imagem como um dos principais elementos que uma fotografia deve conter para ser publicada na primeira página do jornal ''A foto tem que falar. A foto complementa o texto. Hoje a fotografia é o que chama atenção".
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Partindo do pressuposto de que a informação jornalística deve ser objetiva e eficiente, entende-se, no caso específico dos jornais e periódicos, que os textos e fotografias precisam necessariamente conter informações complementares, ou seja, que se valorizem mutuamente, possibilitando um diálogo entre esses suportes, oferecendo informações sem ''ruídos'', sem confusões; por uma leitura fluida e a própria compreensão do leitor/receptor.
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Uma imagem fotojornalística, para ter sucesso, geralmente precisa de juntar a força noticiosa à força visual. Só assim conseguirá, no contexto da imprensa, juntar uma impressão de realidade a uma impressão de verdade. Numa fotografia jornalística, os elementos representativos devem ter um posicionamento tal que o observador consiga atribuir claramente à mensagem fotográfica um determinado sentido (SOUSA, 2004, p. 115).
No espelho da mídia
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Walter Galvão
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A discussão sobre imprensa livre, liberdade de expressão, responsabilidades da mídia, direito a informação e privacidade dos cidadãos integra a agenda contemporânea dos brasileiros. Criticamos excessos e omissões, refutamos linchamentos morais, rechaçamos a censura, tememos injustiças, clamamos por verdade e prudência. Isto é muito bom. Precisamos cada vez mais analisar nossos valores como impulso permanente à superação das amarras que nos atrelam aos pântanos do preconceito, aos pesadelos do autoritarismo, ao pânico do diferente, da inovação, da mudança.
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A imprensa é sintoma da qualidade do padrão público e também íntimo de vida que construímos diariamente a partir das informações que processamos. Esse trato com a informação é uma espécie de exercício para o corpo da nossa consciência, que fazemos desde a invenção das máquinas ideológicas da comunicação.
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Um exercício que favorece nossa capacidade de apropriação de aspectos da realidade como idioma, símbolos na sociedade de consumo, apelos psicológicos dos afetos perdidos, a violência da competitividade que esmaga a fragilidade do outro, da manipulação da sexualidade, de todo esse arsenal que utilizamos para estabelecer uma identidade construída para a competência da integração em nossa sociedade... globalizada. Frente ao espelho da mídia, testemunhamos o mal-estar da civilização. Melhoremos o que somos. E a mídia soará melhor.
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FONTE: Correio da Paraíba
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Conteúdo da TV digital brasileira
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Nara Alves
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Ao contrário da escolha do padrão tecnológico, importado do Japão, o conteúdo da TV digital no País ainda é, em grande parte, nacional. A criação de novos softwares poderá acontecer aqui mesmo no País. Para o presidente do Instituto de Estudos de Televisão, Nelson Hoineff, o núcleo dessa mudança não está na disputa entre radiodifusoras e teles, mas sim na capacidade de construir conteúdo adequado às novas plataformas. “É isso que vai determinar se vamos desenhar uma televisão melhor e mais democrática, ou se vamos esperar para mais uma vez sair às compras no infame supermercado do conteúdo e da subserviência”.
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No entanto, é preciso entender algumas questões técnicas para deslumbrar as possibilidades de mudanças que a TV digital possibilita no conteúdo. Ela pode ser transmitida por radiofrequência (VHF ou UHF), por satélite, por cabo, pela telefonia ou pela Internet (iTV). A vantagem da radiofrequência, ou terrestre, é que atualmente é o sistema utilizado na maior parte dos televisores brasileiros.
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Teoricamente, seria mais fácil realizar a migração para o sinal digital. A desvantagem é a largura do espectro, que não suporta muitos canais, nem serviços interativos, por ausência de um canal de retorno. O candidato natural a esse canal de retorno é a telefonia, presente em 74,49% dos lares brasileiros em 2006, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contando aparelhos fixos e celulares.
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A questão da largura da banda seria resolvida com a transmissão de conteúdo em baixa resolução, o que possibilitaria a multiprogramação. Já a questão da interatividade depende de um componente externo à TV. Como o telefone ainda não está presente na maioria dos lares de famílias de baixo poder aquisitivo, o principal alvo da inclusão social por meio da TV.
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O desafio, portanto, é proporcionar interatividade a essas pessoas por meio da TV aberta e gratuita. No Brasil, o controle sobre a produção e transmissão de conteúdo para TV está concentrado na mão de algumas poucas emissoras, que detêm também outros meios de comunicação, como rádios, portais na internet e periódicos impressos. Tais redes, em sua maioria localizada no eixo Rio-São Paulo, não permitem que suas afiliadas distribuídas por diversos estados brasileiros tenham independência sobre o conteúdo transmitido, especialmente durante o horário nobre. Essa hegemonia faz com que a produção se concentre no sudeste do País – e se reflete, por exemplo, na contratação de atores cariocas que imitam o sotaque nordestino para interpretar um papel em uma cidade cenográfica que reproduz o Nordeste.

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A TV digital possibilita a multiprogramação (ou multicasting), isto é, a possibilidade de transmissão de até 4 programas com diferentes níveis de definição num único canal de freqüência (de 6 megahertz) utilizado pela TV digital. No entanto, isso não significa automaticamente que haverá diversidade cultural. Ainda não foi definido um marco regulatório que esclareça como será a distribuição desses novos canais. Nem ao menos se haverá realmente a abertura de novos canais digitais, mesmo que em baixa potência.

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FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br

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OFICINA DE JORNALISMO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
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Módulo I – Introdução a Comunicação


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1. Conceitos, elementos e tipos de Comunicação;


2. Cidadania e Direito a Informação;

3. Comunicação de massa e globalização;

4. Comunicação Comunitária e transformação social;

5. Folkcomunicação e participação popular;

6. Democratização da Comunicação;

7. Digitalização da Comunicação.

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Módulo II – Introdução ao Jornalismo
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1. Conceitos e história do Jornalismo;

2. Categorias e gêneros jornalísticos;

3. Estrutura da notícia jornalística;

4. Agências de notícias;

5. A imprensa na Paraíba;

6. Noções de Fotojornalismo;

7. Cinejornalismo.

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Módulo III – Meios de comunicação alternativos
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1. Fanzines;

2. Jornal comunitário;

3. Rádio comunitária;

4. Cinema alternativo;

5. Blogs e comunidades on-line.

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Módulo IV – Organizando a produção
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1. Exposição de fotos e fanzines;


2. Documentação e análise crítica dos trabalhos;

3. Avaliação final e entrega dos certificados.

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Agenda XXI: protagonismo juvenil
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Amelia Hamze (*)
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No Protagonismo Juvenil o jovem é sempre o ator principal em ações que dizem respeito a problemas concernentes ao bem comum, na escola, nos grupos sociais, nas comunidades de bairro, ou na sociedade de maneira geral. Nesse tipo de ação há a influência do jovem na conjuntura social para resolver problemas reais. É um formato de educação para a cidadania onde o jovem toma uma atitude de centralidade. Nesse aspecto a fonte de iniciativa do jovem é a ação e a fonte de compromisso é a responsabilidade.
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A palavra protagonismo é constituída por duas raízes gregas: proto, que significa "o primeiro, o principal"; agon, que significa "luta". Agonistes, por sua vez, significa "lutador". Protagonista quer dizer, então, lutador principal, personagem principal, ator principal. O jovem deve começar então, em face do protagonismo a ser aceito como solução, e não como problema.
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A ação do jovem adolescente, de maneira individual ou em grupo, para buscar soluções de problemas reais, em atuação de iniciativa, liberdade e compromisso, com participação autêntica no contexto escolar ou mesmo na sociedade e na comunidade, se traduz de maneira inequívoca no protagonismo juvenil. O jovem protagonista surge como fonte de atuação , pois é dele que parte a iniciativa, como foco de liberdade, porque a sua ação é pautada em uma decisão consciente e de compromisso , na medida em que o jovem responde por seus atos. No protagonismo juvenil a participação do jovem deve ser uma iniciativa legítima e não simbólica, onde são criadas oportunidades para que o estudante possa procurar, ele próprio, a construção de sua identidade.
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O aluno enquanto protagonista da ação educativa deve buscar a procedência dos acontecimentos, agindo de maneira efetiva na sua produção, deve decidir, produzir, questionar e buscar soluções, assim estimulando o seu crescimento pessoal e ativando a cidadania no compromisso do processo interativo de responder pelos seus atos, assumindo a responsabilidade de suas ações. Só assim o jovem adolescente poderá desenvolver a autonomia, a solidariedade e a capacidade, ampliando através do protagonismo a competência pessoal (aprender a ser), a competência social (aprender a conviver), a competência produtiva (aprender a fazer), a competência cognitiva (aprender a aprender).
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Nesse momento, enquanto o jovem se conscientiza de sua identidade, se reconhece como ser atuante, autônomo, solidário, participativo e construtor do seu destino pode se estabelecer como voluntário, transformando-se no cidadão que, oferece seu tempo, trabalho e potencial, para causas de interesse social e do bem comum.
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Os jovens são peças fundamentais na transformação social, enquanto buscam a atuação construtiva da sociedade, e é nesse momento que os mestres podem atuar como orientadores, abrindo espaços e oportunidades, considerando os alunos como parceiros e colaboradores. O jovem, considerado sujeito da ação se envolve verdadeiramente no processo do protagonismo, quando é incitado a construir e a assumir responsabilidades.
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(*) Professora da UNIFEB/CETEC e FISO (Barretos-SP).

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Dica cultural: livro
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Gilberto Alves Jr.
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Já saiu o livro “Internet: o encontro de 2 mundos”, uma iniciativa de Tiago Baeta e Nathália Torezani da i-Masters. Estão lá boas provocações de amigos como Rene de Paula, Luli Radfahrer, Bob Wollhein, Fugita, Mackeenzy, Fabiano Coura, Manoel Netto, Marcelo Coutinho, Rafael Payão, Suzana Alpenbaum e outros competentes pensadores digitais. Eles apresentam nesta publicação conselhos, desafios e reflexões sobre comunicação, tecnologia, direito, publicidade, comércio, gestão, empreendedorismo, blogs, webwriting, usabilidade, conteúdo e carreira.
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“A cada grande encontro de profissionais de TI e Mídia Interativa, novas tendências, pensamentos, polêmicas, termos, iniciativas, ações, dentre outros assuntos, são tratados da forma mais calorosa e informal possível e resultam em um conteúdo incrível, que nem sempre pode ser registrado e compartilhado para enriquecer o mercado.
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O objetivo deste livro é justamente reunir não apenas textos, mas sim conselhos, desafios e reflexões de 44 dos profissionais mais admirados e influentes do mercado brasileiro, um dos mais respeitados do mundo quando a palavra-chave é Internet.
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Você entenderá o que é “O encontro de 2 mundos” mostrado aqui de uma forma inteligente e provocante em 56 crônicas. Leitura indispensável para profissionais de Internet e Comunicação e recomendada para todos os seres vivos que trabalham falando ao telefone, lendo um blog, vendo um filme e conversando via instant messenger ao mesmo tempo.”

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Política, cidadania e democracia
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Amélia Hamze
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A instituição escolar não pode abster-se do mundo da política, porque isso provocaria a impossibilidade total da cidadania e democracia. Estas palavras e ações se aproximam. Os conhecimentos de política estão apoiados em um vocábulo grego, polis (cidade) e cidadania se fundamenta em uma expressão latina correspondente, civitatem. Os dois termos indicam que se reflita na atuação da vida em sociedade.
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Quando falamos em cidadania , nós a enaltecemos como se fosse uma dimensão superior à política. Não devemos desmerecer a política, como se fosse pertencente a um campo menos expressivo e inferior à cidadania. Através da política é possível construir a cidadania e a democracia, na definição política do termo: bem comum, igualdade social e dignidade coletiva. E, nesse sentido a cidadania e a democracia se revigoram e se reinventam. Como afirma Boff: "o ser humano é um ser de participação, um ator social, um sujeito histórico e coletivo de construção de relações sociais o mais igualitárias, justas, livres e fraternas possíveis dentro de determinadas condições histórico-sociais".
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O conhecimento social e o desenvolvimento político são dois aspectos que cada vez mais vem se desvendando como instrumentos de emancipação e autonomia do cidadão que deseja entender a sociedade e atuar como autor, construtor e reconstrutor de realidades.
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Ao pensarmos a democracia unicamente como ideal de igualdade, acabamos por aniquilar a liberdade. Existe um grande perigo em conceber todos os indivíduos como iguais , pois excluiremos o direito democrático da diferença, a possibilidade de pensar de maneira diferente e de ser diferente. Ao falarmos em democracia na escola, devemos, ao mesmo tempo, reconhecer a diferença de papéis sociais e buscar aqueles aspectos em que todos os membros da comunidade escolar têm os mesmos direitos. Dentro da Instituição Escola, o respeito à hierarquia, o trato com urbanidade aos colegas, configuram a igualdade de direitos, que por sua vez consideram a cidadania.
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A educação para a cidadania é componente fundamental da democracia. A instituição escolar deve contemplar em seu projeto educacional, a vontade, a intenção de ser escola que trabalhe os ideais da cidadania. Portanto, ações isoladas, de uma ou outra área (ou grupo), talvez não tenham força de mobilização para iniciar, realizar e dar autonomia ao projeto de uma escola cidadã.
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“É preciso que a cidadania do outro seja preocupação de cada um. A cidadania é pessoal, intransferível, ninguém terá mais se o outro tiver menos”, dizia Amarildo Vieira de Souza. Necessitamos, todos nós, ter consciência do que realmente significa o exercício a cidadania. Cidadania é a coragem de compartilhar os esforços para instituir uma sociedade livre, justa e solidária como trata a nossa Constituição Federal.
Oficinas arte-culturais
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Rádio digital no Brasil
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Bia Baldim
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Sucesso no exterior, o novo sistema está em fase de testes no Brasil. Em agosto de 2005, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, deu sinal verde para que algumas redes – Sistema Globo de Rádio, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e Eldorado – iniciassem transmissões experimentais. "A idéia, neste primeiro momento, foi analisar a qualidade da transmissão", disse José Inácio Pizani, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
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Qualquer emissora de rádio pode pedir autorização à Agência Nacional de Telecomunicações e iniciar a transmissão digital. O Brasil possui cerca de 4 000 emissoras e é considerado o segundo maior mercado de radiodifusão do mundo, em número de aparelhos. Fazer esta mudança custa caro. A Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp) estima que o custo de migração de cada emissora fica entre 50 000 e 150 000 dólares, dependendo do grau de digitalização existente na produção. "Como 70% das emissoras são de pequeno ou médio porte, a mudança será bastante gradual", diz Nelia Del Bianco, professora da Universidade de Brasília e especialista em rádio digital.
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O sistema adotado aqui, até agora, é o americano in-band on-channel (Iboc), que permite que as transmissões analógica e digital caminhem na mesma freqüência, sem necessidade de utilizar novos canais. Isso permite que o ouvinte continue a usar seu aparelho analógico atual, com chiado e interrupções. Mas quem comprar um rádio digital ouvirá AM com a qualidade de FM e FM com som de CD. O motivo é que as ondas analógicas convencionais sofrem a influência de fatores externos, como a presença de prédios ou nuvens carregadas. O sinal digital passa intacto por qualquer obstáculo.
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A grande mudança, porém, não é simplesmente a qualidade superior do som. Segundo John Sykes, diretor do projeto de rádio digital da BBC, os ouvintes ingleses só passaram a comprar rádios digitais quando as emissoras lançaram novos programas. "Conteúdo novo é o estímulo mais potente para aumentar a demanda", diz ele. Um equipamento simples para captar sinais digitais custa em torno de 250 dólares. Para que se justifique um investimento de mais de 500 reais por parte do consumidor, as emissoras terão de produzir algo especial. A rádio digital permite exatamente isso. Como os aparelhos têm tela de cristal líquido, as emissoras podem emitir informações por escrito, como nome da música e do cantor, previsão do tempo, dados sobre trânsito e propaganda. No futuro, poderão transmitir também imagens. Não como a televisão, antes que alguém pergunte. Basicamente, o canal digital servirá para mostrar gráficos e pequenos clipes. Haverá certamente maior segmentação, pois cada canal de rádio poderá transmitir até três programas simultaneamente. Com a superespecialização, surge inclusive a possibilidade de canais pagos, como acontece com a televisão.
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Espera-se que as novas possibilidades do rádio digital sejam aproveitadas por um mercado cada vez mais segmentado. No passado, nem sempre isso aconteceu. A freqüência modulada, ou FM, foi lançada nos Estados Unidos na década de 1940. Embora transmitisse um som de qualidade superior à do rádio AM, tinha alcance mais limitado. Por isso, só foi despertar o interesse das emissoras brasileiras na década de 1970. De lá para cá, o mercado mudou muito, e há rádios para todos os gostos, das evangélicas às eruditas. Embora a digitalização dos serviços radiofônicos seja considerada uma tendência mundial, ainda são poucos os países que operam o novo sistema – nas Américas, Estados Unidos, México e Canadá. "O Brasil foi um dos primeiros no mundo a usar o rádio como meio de comunicação. Agora, confirmamos nossa tendência ao pioneirismo", gaba-se o diretor da Aesp, Antonio Rosa Neto. A questão, para o consumidor, é se essa primazia dará alternativas novas para o ouvinte...
Foto-notícia
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Paraíba hoje: o perfil da crise
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Giovanny Lima (*)
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Reporto-me ao nosso queridíssimo paraibano Celso Furtado, a partir do título de suas memórias, que acabo de reler - onde relata com máxima fidedignidade sua rica experiência como planejador na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste(Sudene) e no cargo de Ministro do Planejamento - para caracterizar a administração do Estado da Paraíba na atualidade: “A fantasia organizada”.
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Mais que restritos índices de crescimento econômico, é essencial que Paraíba recupere sua capacidade de planejar. Um planejamento participativo e flexível do desenvolvimento, com real promoção da justiça social; negociado e pactuado, com intensa e permanente participação, principalmente dos trabalhadores e representações dos movimentos sociais, real expressão da sociedade civil organizada. Sem isso, continuaremos perplexos, assistindo a existência de um Estado e um Governo desfilando através da monumental publicidade, práticas de paternalismo, populismo, clientelismo e assistencialismo estéril. O que impede a distribuição efetiva da renda e riqueza no território paraibano?
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A Paraíba se defronta com graves problemas, dignos de enfrentamento e urgente superação, entre os quais destacamos: estrutura fundiária subdesenvolvida, com acentuada concentração da posse da terra, produtora de marginalização social de milhares de trabalhadores; elevado índice de analfabetismo absoluto e funcional; grande evasão escolar, sobretudo das crianças e jovens; sub-aproveitamento do patrimônio cultural, arqueológico, arquitetônico, ecológico e histórico, como atributos capazes de incrementar o turismo no Estado; ausência de uma sistematizada e democrática política pública de defesa, proteção e valorização da rica e heterogenia arte e cultura popular, produzida pelos paraibanos; avanço do processo de desertificação em diversas áreas do território paraibano, notadamente nas regiões do Agreste e Sertão, identificadas por pesquisadores e veiculadas na imprensa; urbanização desordenada e acelerada, que evoluiu nos últimos quatro anos, com profundos impactos sócio-econômicos e ambientais em João Pessoa, Campina Grande, Patos, Cajazeiras, Bayeux, Santa Rita e outras importantes cidades do Estado, ensejando a proliferação das favelas; déficit habitacional superior a 70 mil moradias; mais de 900 mil paraibanos estão vivendo em áreas onde não há saneamento básico; temos um expressivo contingente de crianças (menores de 14 anos) envoltas com o trabalho infantil; elevadíssimo índice de desemprego, vitimando principalmente os jovens na faixa etária de 17 aos 29 anos; crescimento das práticas de violência e criminalidade nas grandes cidades da Paraíba, com a permanência de uma polícia mal remunerada e mal aparelhada; superpopulação carcerária, além da ociosidade da maioria dos presos e inexistência de infra-estrutura adequada nos presídios, gerando freqüentes rebeliões; incipiente defesa, proteção e preservação de nossos principais ecossistemas, em todas as regiões do Estado – a tese do eco-desenvolvimento ou desenvolvimento sustentável não foi ainda assimilada.
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Por conta disso a flora e a fauna vem sendo destruída de forma avassaladora, com prejuízos visíveis para as atuais e futuras gerações. Quais os cuidados que o atual governo estadual vem assumindo com nossas bacias hidrográficas, a cobertura vegetal e o patrimônio energético da Paraíba? O que fizeram nos últimos 4 anos para elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em nosso Estado? O que diriam grandes vultos paraibanos sobre esta situação, se estivessem convivendo conosco? Nomes como: Pedro Américo, Augusto dos Anjos, Epitácio Pessoa, José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Assis Chateaubriand, João Pessoa, Ministro Abelardo Jurema e Celso Furtado. Certamente ficariam muito decepcionados com a violação dos direitos que martiriza milhares de paraibanos.
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Como se percebe, não há um projeto claro, democraticamente construído e definido para o desenvolvimento econômico e social da Paraíba. Muito embora existam excelentes contribuições técnico-científicas, edificadas com autenticidade por vários educadores e cientistas sociais de nossas principais academias: UFPB e UEPB, que continuam sendo negligenciadas e menosprezadas pelo vigente governo estadual. Compartilho da compreensão que nos dias atuais um valor mais alto se impõe: o conhecimento, pressupondo pesquisa científica, tecnológica e qualitativo padrão de educação em todos os níveis. O ápice de uma economia hoje é intangível, o que se chama de “capital intelectual”. Nesse sentido, é necessário que se introduza no cotidiano paraibano, como política de Estado e no dia-a-dia do cidadão, a “economia do conhecimento”. Mas será que a Paraíba tem chances de participar deste processo com a mediocridade imperando nas práticas governamentais?
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Se não fosse a rede de proteção social viabilizada pelo atual Governo Lula, através de vários programas sociais, tais como: Bolsa Família, Pão e Leite, Luz para Todos, Agente Jovem, ProUni, entre outros, teríamos uma verdadeira barbárie sócio-econômica sendo vivenciada pelas camadas populares da Paraíba. A simbiose ultra-conservadora PSDB-DEM representa profunda estagnação política e empecilho para implementação de novos paradigmas econômicos e sociais.
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Sem a pretensão de ter retratado a totalidade da tragédia econômica e social que assola a Paraíba, acreditamos que são necessárias medidas urgentes para reverter o panorama posto. Entre as medidas estão: erradicar a pobreza e a fome; garantir que todas as crianças concluam o ensino básico; fortalecer a agricultura familiar de subsistência; realizar um programa estadual de reciclagem e capacitação de professores do ensino fundamental e médio, com a conseqüente revitalização da Escola de Serviço Público do Estado da Paraíba (Espep); incluir a valorização do trabalho da mulher; criar um programa estadual de trabalho digno e produtivo para os jovens paraibanos; oferecer suporte a projetos de pesquisa e formação na área ambiental; integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas estaduais, evitando a perda de recursos ambientais.
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Também é essencial para a população que o Governo do Estado realize programas de apoio à saúde da mulher, como a melhoria da saúde materna; implante políticas de diversidade, com a inclusão de minorias étnicas; desenvolva profundos esforços de cooperação para realizar a Reforma Agrária na Paraíba, extirpando os latifúndios improdutivos; formule acordos de cooperação permanentes e convênios com as universidades públicas locais. Na Paraíba de hoje somos mais de 3.595.886 pessoas, de corações e mentes sensíveis, desejosos de uma realidade essencialmente mais justa, solidária, fraterna e verdadeiramente igualitária.
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(*) Mestre em Educação pela UFPB.
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