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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Maioridade penal
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Rachell Shallon
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A sociedade brasileira vem buscando alternativas para melhorar a resposta do Estado a quem comete um crime. A faixa etária é um dos fatores considerados neste processo. Entretanto, devemos procurar, acima de tudo, formas de coibir a impunidade, um dos principais problemas do sistema jurídico do País.
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Apesar dos constantes esforços, o Brasil ainda não encontrou a forma adequada de conduzir esta questão. Enquanto isso, pilhas de propostas e soluções aumentam nos escaninhos das autoridades competentes. Embora exista a necessidade por medidas eficazes de contenção da violência, registra-se nos últimos anos uma série de pequenas ações, como forma de responder a crimes de comoção nacional cometidos por delinqüentes juvenis. Nesse contexto surge o debate nacional sobre a diminuição da maioridade penal - dos 18 para os 16 anos.
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O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa define o termo maioridade como: “a idade em que o indivíduo entra no pleno gozo de seus direitos civis”; e maioridade penal como: “condição de maioridade para efeitos criminais”. Ou seja, a maioridade penal não coincide, necessariamente, com a maioridade civil, nem com as idades mínimas necessárias para votar, dirigir, trabalhar, casar, etc. Surgido em 1985, o artigo 228 da Constituição Federal Brasileira, fixa a maioridade penal acima dos 18 anos.
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O questionamento sobre a maioridade penal varia imensamente entre as nações estrangeiras – conforme a cultura jurídica e social de cada país – indicando uma falta de consenso mundial sobre o assunto. Nesse caso, a diversidade de opiniões não indica, necessariamente, um sinal de avanço ou barbárie deste ou daquele país, apenas revela diferentes “visões de mundo”, concepções e teorias jurídicas. Entretanto, os países que adotam maioridade penal inferior aos18 anos possuem regime de tratamento especial. Os jovens cumprem pena em locais específicos para sua idade, ficando totalmente separados dos presos adultos.
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Segundo a Constituição Brasileira um menor infrator não pode ficar mais de três anos interno em instituição penal. Sendo assim, as punições cabíveis são chamadas de “medidas sócio-educativas”. Apenas crianças até 12 anos são inimputáveis, ou seja, não podem ser julgadas ou punidas pelo Estado. De 12 a 17 anos, o jovem infrator será levado a julgamento numa Vara da Infância e Juventude e poderá receber punições como: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semi-liberdade; ou internação em estabelecimento educacional, não podendo ser encaminhado ao sistema penitenciário – diferentemente de paises da Ásia, Oceania e África, em que a maioridade penal é de apenas sete anos.
Festival de videos alternativos
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Bertrand Sousa
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A produção audiovisual dos moradores dos Funcionários I e adjacências - localidades da zona sul de João Pessoa - terá espaço garantido, a partir deste ano, na agenda cultural da Cidade com a realização do '1º Festival de Vídeos Alternativos' do bairro. Surge, assim, uma oportunidade valiosa para a manifestação artística das comunidades, revelando aspectos de suas realidades e características culturais.
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O evento, promovido pelo Centro de Referência da Juventude Ilma Suzete Gama (CRJ Funcionários I) - através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedes) - em parceria com o Conselho Gestor da Praça Lauro Wanderley (Congeplaw), acontecerá entre os dias 18 e 20 de junho de 2008 no próprio CRJ e no anfiteatro da Praça.
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Por meio de temáticas que envolvem o cotidiano da juventude - faixa etária dos 15 aos 29 anos - o Festival abre suas portas para o talento desse público, residente nos Funcionários I ou nas proximidades. Também podem participar os pais e/ou responsáveis legais por estes jovens, bem como agentes culturais e demais moradores do bairro. As inscrições estão abertas até o dia 15/06/2008 na coordenação do CRJ Ilma Suzete Gama ou pelo blog do Festival (http://f1festvideos.blogspot.com). Os participantes devem preencher a ficha de inscrição e entregar juntamente com o(s) vídeo(s), impreterivelmente, até a data citada anteriormente. No ato da inscrição, os participantes devem doar um livro paradidático para a futura biblioteca do CRJ Funcionários I.
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Os vídeos inscritos corretamente serão divididos, de acordo com o formato e meios de captação, em quatro categorias: vídeos de câmeras digitais e filmadoras; vídeos de celular e webcams; animação livre; vídeo-clipe. Em seguida, subdivididos em cinco eixos temáticos: juventude, cidadania, esporte, cultura e humor. As notas em cada categoria vão de cinco a dez. Em caso de empate, os jurados votam entre si. Os filmes devem ter no máximo 5 (cinco) minutos de duração. O mesmo vídeo poderá ser premiado mais de uma vez, segundo os critérios de avaliação estabelecidos. De cada categoria sairá um vencedor, que receberá troféu e premiações. Ainda serão premiados o Melhor Vídeo-Denúncia, o Vídeo Mais Criativo, Melhor Roteiro e Melhor Vídeo do Festival.
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A programação será composta por palestras, mini-cursos, debates, exposições e sessões de cinema (realizadas no CRJ), e pela mostra competitiva de vídeos na Praça Lauro Wanderley. Finalizando o evento, grupos culturais do bairro farão apresentações diversas: música; dança; teatro; entre outras expressões artísticas. Além do estímulo a produção audiovisual comunitária, o Festival tem como objetivos: reforçar o processo de protagonismo juvenil; refletir sobre os principais temas que interessam à juventude e fortalecer ações culturais produzidas localmente.
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Com efeito, a realização do '1º Festival de Vídeos Alternativos dos Funcionários I' representa um grito popular em favor da liberdade artística e criativa das comunidades, um contraponto ao silêncio e falta de iniciativas culturais que marcaram a história de tantas administrações anteriores. Mais informações sobre o evento pelo telefone (83) 3218-9397, por e-mail (
f1festvideos@hotmail.com) ou através do blog do Festival (http://f1festvideos.blogspot.com).

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Convergência digital e divergência de mídia
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Em relação à chamada convergência de mídia, há um grande debate no que diz respeito à substituição das diversas formas de mídia existentes hoje e as que poderão vir no futuro. Qual aparelho deve consolidar o rádio, televisão, computador, jornais, telefone etc?
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A favor dos PCs, um argumento simples é o de que este aparelho já apresenta características necessárias à convergência, faltando apenas uma pequena modificação de hardware para que ele possa receber sinais analógicos. A favor dos televisores, há o argumento de que embora seja necessário instalar mais hardware, o preço seria muito pequeno. A discussão a respeito do “super aparelho” porém, está tirando a atenção do ponto principal de todo o processo de evolução tecnológica em curso: o aumento das possibilidades de comunicação, troca de informações e de produção de conhecimento.
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Ao invés de querermos adivinhar se as pessoas vão assistir tv nos PCs ou se vão navegar na internet em seus televisores, ou se ainda o acesso móvel irá superar o fixo, devemos imaginar que todas essas possibilidades existirão e que as próprias pessoas deverão compor seu portfólio de alternativas de acordo com a renda, idade, região, cultura. Ou seja, não faz sentido assumir que existirá um único aparelho capaz de substituir todos os outros.
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Chega-se a conclusão, em relação à convergência de mídia, que deve haver sim novos aparelhos com a capacidade de receber informações hoje dispersas nas várias formas de mídia. Olhando por outro ângulo porém, podemos dizer que vai haver na realidade é uma divergência dos conteúdos para as diversas formas de mídia. Essas diversas formas de mídia terão condição de, individualmente, comunicar conteúdos que hoje estão restritos a aparelhos específicos. Ou seja, vão existir sites de busca nos PCs, na televisão, no celular...
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Um outro ponto é que existem muitos tipos de linguagens ou formatos: as informações podem estar em arquivos de texto, Excel ou HTML por exemplo, e um aparelho específico pode não conseguir trabalhar essas informações. O próximo passo seria padronizar os diversos tipos de formato de conteúdo em um formato único. Desta forma, os novos aparelhos (tv, celular, entre outros) precisariam entender apenas um único tipo de formato para poder disponibilizar os mais diversos tipos de conteúdo. Pensando de forma mais ampla uma questão que se coloca para possibilitar a convergência (e a divergência de mídia) é a integração dos diversos tipos de sistemas já existentes. Essa evolução poderá se dar com a substituição dos atuais sistemas ou com a implantação de camadas intermediárias de sistemas.
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Concluindo, a idéia de convergência existe enquanto padronização de formatos, linguagens, métodos, processos. Ou seja, a possibilidade de se digitalizar os mais diversos tipos de informação está possibilitando a padronização e , consequentemente, a convergência. Para mídia, entretanto, preferimos pensar na escolha das pessoas, o que nos permite concluir que é muito mais provável que ocorra um processo simultâneo de convergência e de divergência de mídia.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Dica cultural: festival universitário
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Nesta semana acontece o "I Festival Universitário de Música, Cultura e Arte" (Fumuca), no campus I da UFPB. A proposta dos organizadores é apresentar ao público o resultado de um mapeamento artístico-cultural que contemple as mais novas tendências do cenário nacional. O tema do Festival é "Cultura popular X Indústria cultural". Além dos shows e apresentações artísticas estão ocorrendo exposições de artes visuais, debates e palestras. O encerramento será neste sábado (24/05), a partir das 16h, com a finalíssima do concurso musical.


Funjope inscreve para curso sobre audiovisual
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'Linguagem e estéticas do audiovisual: um percurso do olhar' é o tema do curso que a Prefeitura de João Pessoa (PMJP) vai promover, através de sua Fundação Cultural (Funjope), no período de 3 a 7 de junho próximo. As inscrições, no entanto, já começam nesta sexta-feira (23) e prosseguem até o dia 30 deste mês, na Unidade Cultural Casarão 34.
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A atividade é coordenada pelo pesquisador de cinema Zonda Bez e vai acontecer no Casarão 34, localizado na Praça Dom Adauto, Centro da Capital, para um público com idade mínima de 18 anos. Qualquer pessoa interessada pode se inscrever para as 25 vagas disponíveis, desde que tenha concluído ou esteja cursando o último ano do ensino médio ou técnico, além de possuir alguma experiência com audiovisual comprovada em breve currículo.
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O curso – 'Linguagem e estéticas do audiovisual: um percurso do olhar' busca apresentar através da percepção provocada pelos filmes, as discussões, os seminários em grupo e análises de textos, um percurso pela linguagem audiovisual e suas principais estéticas. Serão exibidos filmes que abrem as portas para o conhecimento do cinema desde quando essa arte surgiu até a atualidade, atentando-se às principais marcas e processos que alimentam o desenvolvimento da atividade na contemporaneidade.
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No último encontro do curso vai acontecer uma mesa-redonda com a presença de realizadores e críticos que atuam na Capital, a fim de uma aproximação com a produção local e suas perspectivas, levando em conta as inovações tecnológicas. Em paralelo aos módulos do curso, acontecem sessões de filmes, também abertas ao público na mostra 'Um percurso do olhar', reservada à apresentação de trabalhos que se integram a perspectiva de expansão do olhar sobre o produto audiovisual e seu processo de recepção.
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Programação – No dia 3 de junho (uma terça-feira), serão abordados os temas 'A imagem e o movimento: das cavernas a Muybridge; 'Da fotografia ao cinema: relações entre imagem e movimento a partir de 1895'; 'Cinema e a construção da linguagem: as contribuições dos pioneiros'; 'O início do cinema brasileiro'; 'Distribuição de textos e preparação dos grupos para seminários'.
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Na quarta-feira (4 de junho), o curso pauta os temas 'De D. W. Griffith à vanguarda européia: a linguagem em transformação'; 'O som no cinema: o cantor de jazz e o surgimento do gênero cinematográfico'; 'A violência chega às telas: os filmes de gangsteres e o film noir' e 'Orson Welles e Cidadão Kane': o que há de revolucionário?'. A partir das 19h, a mostra 'Um percurso do olhar' exibe os filmes 'O cão andaluz', de Luis Buñuel, e 'O violino e o rolo compressor', de Andrei Tarkovsky.
A quinta-feira (5 de junho) está reservada a 'As novas ondas de cinema pós-1945: neo-realismo italiano'; 'Nouvelle vogue francesa' e seminário. Na mostra 'Um percurso do olhar' tem os filmes 'Sorria, você está sendo filmado', de Chico Caprario, e 'Um olhar estrangeiro', de Lúcia Murat.
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Já na sexta-feira (6 de junho), serão abordados 'Chanchadas: uma indústria para o cinema brasileiro?', 'Cinema Novo: um Brasil diferente revela-se na tela'; 'As origens do cinema paraibano' e 'O cinema brasileiro na ditadura militar: boca do lixo e pornochanchadas'. Na tarde desse dia tem 'Cinema experimental no Brasil: videoarte e super-8'; 'O fim da Embrafilme e a retomada: o cinema brasileiro no fim do século XX'; 'Vale tudo: o cinema brasileiro abre caminho em várias frentes' e 'O cinema paraibano no século XXI: perspectivas'. O último dia do curso, no sábado (7), prevê seminários e exibição de curtas de bolso - pequenos formatos, além da mesa redonda de encerramento 'Linguagem e estéticas do audiovisual na era digital: pra onde vão?', com a presença de convidados, encerrando com entrega de certificados.
Feirinha de Tambaú: a preferida de Jampa
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Bertrand Sousa
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A cidade tranqüila e pacata que nós e os turistas do Brasil e do mundo, adoram, cresceu e se desenvolveu. Contudo, as opções de diversão parecem não ter acompanhado esse crescimento. Uma prova disso é que a juventude pessoense busca a cada final de semana formas diferenciadas para se divertir, de preferência sem gastar muito dinheiro. Cinemas, bares, boates, shoppings, pizzarias, são alguns dos locais mais freqüentados pela moçada. Mesmo assim, muitos terminam escolhendo – com certa freqüência, inclusive – um tradicional ponto de encontro: a Feirinha de Tambaú.
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"A Feirinha teve a sua formação decorrente do movimento noturno em torno da lanchonete “A Nutritiva”, na quadra próxima ao Hotel Tambaú. É uma área que conta com urbanização privilegiada e é ponto de encontro de artistas, intelectuais e estudantes.” (Honorato, 1999)
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Durante o dia, ela é um tranqüilo espaço para a comercialização de inúmeros produtos artesanais, tais como: barquinhos de madeira, roupas, colares, pulseiras, anéis, brincos, entre outros artigos. Esses produtos revelam aos visitantes, e a todos nós, uma pequena amostra da cultura popular nordestina. Representam signos que caracterizam nossa cidade e o jeito simples e trabalhador do nosso povo. Além de área comercial, a Feirinha é ponto de encontro das pessoas que fazem caminhadas no calçadão da praia – pela manhã ou no fim da tarde – proporcionando-lhes um local agradável para conversar e descansar, ao sabor de uma água de coco bem gelada.
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Ao anoitecer, principalmente nos fins de semana, aquele curto espaço do baixo Tambaú é invadido pela juventude, que se mistura aos turistas na busca por lazer e entretenimento (formas adjacentes ao comércio). Os diversos bares, boates, lanchonetes e restaurantes ficam lotados. E essa concentração converge para a sociabilidade entre todos os tipos de pessoas e classes sociais: do "mauricinho" ao "suburbano", do "fashion" ao "brega". Cada tipo comunicando algo sobre sua personalidade, e ao mesmo tempo formando uma mistura humana bem interessante de se observar. Para ajudá-los neste processo, existem opções para diversos gostos, estilos e padrões sócio-culturais. Desde o sofisticado restaurante chinês até a barraca da tapioca, passando pela boate da moda e o barzinho com música na calçada.
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Após a grande reforma proporcionada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) restaram apenas estes aspectos negativos: o tráfego de carros na Feirinha é intenso nas primeiras horas da madrugada, dificultando o deslocamento dos pedestres; o policiamento é pequeno em relação à quantidade de pessoas que circulam por lá durante as noites. Além disso, é muito comum a galera jovem ocupar aquele espaço apenas para beber com os amigos. Por esse motivo, às vezes acontecem confusões envolvendo pessoas embriagadas.
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Apesar de tudo, a Feirinha nunca perdeu sua majestade. O lugar ainda resiste e pode ser considerado o destino preferido dos jovens pessoenses, dos mais pobres aos endinheirados, dos quem vem do outro lado da cidade até os que moram nas redondezas. Ou seja, ela é uma espécie de "caleidoscópio social" em intensa atividade, um rico sistema de codificação cultural.

Caixa de ressonância
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Ricardo Coutinho (*)
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Plástica por natureza e lapidação dos seres, a cidade de João Pessoa tem sido, por décadas, o cenário perfeito para pintores, desenhistas, escultores, entalhadores, fotógrafos, arquitetos e outros poetas das formas e cores registrarem, através de ângulos eternos, grandes aventuras humanas neste pedaço oriental do planeta. A Paraíba como um todo, aliás.
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Nomes contemporâneos das artes plásticas, de repercussão internacional, seguem, assim, a trajetória de Pedro Américo, símbolo maior desta capacidade hereditária de materializar emoções através das artes plásticas. Talento que se renova no dia-a-dia, através de crianças, jovens e adultos, que aproveitam essa genética privilegiada e agregam a luminosidade peculiar da cidade para criar um patrimônio artístico de valor imensurável. Nossa cota de beleza aos que enxergam com a alma.
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A realização do “XII Salão Municipal de artes plásticas da Cidade de João Pessoa”, o Samap, referenda esta aptidão nata e contribui para o surgimento de expressões sólidas, num processo de contínua renovação. Mais que isso, até. O Salão – que este ano conta com a participação de representantes de todas as regiões do Brasil – serve como “caixa de ressonância” da produção artística nacional, colaborando com a inventividade e o talento brasileiro.
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O Samap – realizado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), através de sua Fundação de Cultura (Funjope) – reedita, mais uma vez, a oportunidade de aproximação do público com novas linguagens e técnicas, provocando deleites e reflexões que a rotina dos dias nos impede de fazê-los. Convidamos, pois, a todos(as), para um passeio lúdico de rara formatação, cujos meios de transporte serão: colagens, desenhos, fotografias, infogravuras, pinturas, xilogravuras, vídeos, instalações, esculturas, performances e intervenções urbanas. Já o combustível, fica por conta das emoções e sonhos de cada um
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(*) Prefeito da Cidade de João Pessoa

O primeiro voto
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Ana Karla Ribeiro
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A palavra voto origina-se do latim voluntas (vontade). Nas sociedades democráticas tornou-se a forma legal de escolher os representantes políticos. Logo, podemos afirmar que o alistamento eleitoral, o processo que permite votar e ser votado, é uma das principais maneiras de exercer a cidadania.
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No Brasil, o voto é obrigatório para os maiores de dezoito anos e facultativo aos analfabetos, aos maiores de setenta anos e aos jovens de 16 e 17 anos. A jovem Karina confessa sua ansiedade para votar pela primeira vez. “Tirei o título eleitoral e estou me sentindo muito importante. Tenho certeza que meu voto possui um poder bem forte e faço questão de participar, apesar de saber que sozinho ele não pode mudar o País. Para isso acontecer é preciso um grande número de pessoas dispostas e preparadas. Espero que meu primeiro voto ajude a iniciar esta mudança”.
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Em 2008 teremos eleições para escolher o prefeito e os vereadores de nossas cidades. Por isso é necessário saber o que estes políticos representam – em todos os sentidos – e a qual função deles na estrutura de controle social. O prefeito é o principal integrante do poder executivo municipal. Tem a função de cuidar da cidade em todos os setores: saúde, educação, segurança, habitação, finanças, infra-estrutura, turismo, meio ambiente, cultura, esportes, entre outros. Por sua vez, a figura do vereador surgiu em Portugal no séc. XV. A palavra vem de vereda, e veredar significa cuidar das estradas, dos caminhos, das ruas e praças de uma cidade. Nesse sentido, o vereador é um representante legítimo – no poder legislativo – daqueles que o elegeram nas urnas.
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Quando votamos, delegamos poder e funções para outras pessoas. Sendo assim, devemos escolher candidatos qualificados, responsáveis e honestos, que nos representem adequadamente no comando da cidade ou no plenário municipal. Homens e mulheres que lutem por nossos direitos, por melhores condições de vida para o povo, pelo bem estar e justiça social. Diante deste quadro político marcado por escândalos, corrupção e sacanagens, temos que continuar lutando para transformar nossa realidade. E isso também passa pela maneira correta de votar, pois existem muitos candidatos por aí, mas fazendo política em benefício da população são pouquíssimos!
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De acordo com o estudante Lenilton, sempre que alguém vota pela primeira vez espera que algo diferente aconteça. “Com uma atitude nossa – a escolha certa durante as eleições – podemos alterar um pouco a difícil situação social do País, além de implementar mudanças em relação aos destinos políticos do nossos estados e municípios”.
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Enfim, não podemos votar em pessoas que pertençam ao “bando dos corruptos”, filhos do suborno e da anti-ética, que queiram comprar votos com pratos de comida ou pequenos favores, pois estes, provavelmente vão nos tirar a comida e qualquer tipo de benefício quando eleitos. Não podemos vender nem trocar nossos votos por nada, em hipótese alguma! O voto da juventude é muito precioso. Dele depende nosso futuro e o futuro de uma nação chamada Brasil.

Considerações sobre a juventude
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A juventude é uma condição social, parametrizada por uma faixa-etária, que no Brasil congrega cidadãos e cidadãs com idade compreendida entre os 15 e os 29 anos. Sendo tema de interesse público, a condição juvenil deve ser tratada sem estereótipos e a consagração dos direitos dos/das jovens precisa partir da própria diversidade que caracteriza a(s) juventude(s). Em termos políticos e sociais, os e as jovens são sujeito de direitos coletivos. Sua autonomia deve ser respeitada, suas identidades, formas de agir, viver e se expressar valorizadas.
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Os desafios no reconhecimento dos direitos dos jovens são muitos. O mais difícil de ser superado é a própria dubiedade advinda das contraditórias representações sociais sobre a condição juvenil. Não é exagero afirmar que a sociedade contemporânea é, paradoxalmente, “juventudocêntrica”, ao mesmo tempo em que é crítica da juventude. Em outras palavras, nos aspectos da vivência pessoal e da consciência coletiva, ser jovem é um “estado de espírito”, uma dádiva, um “dom” de um momento passageiro da vida que não deveria passar, por ser o mais “interessante” e “vibrante”.
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Desse modo, ser jovem é ser empreendedor, expressar força, ter ânimo, se aventurar, ser espontâneo, ter uma boa apresentação física, ser viril, se divertir acima de tudo, priorizando o “bem viver” em detrimento das responsabilidades mesquinhas da vida. Contudo, no âmbito profissional, no aspecto do compromisso cidadão ou no tocante à participação nos processos de tomada de decisão – inclusive nas esferas políticas – ser jovem é residir em um incômodo estado de devir, justificado socialmente como estágio de imaturidade, impulsividade e rebeldia exarcebada. Nesse caso, é possível afirmar que o jovem é aquele que ainda não é, mas que pode ser, ou que será.
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Em síntese, são dois lados da mesma moeda. Os mesmos estereótipos que constroem um imaginário social de valorização da juventude são aqueles que a impedem de uma participação social plena. A manutenção dos estereótipos dificulta a ação política. Em termos gerais, ser jovem é uma condição social com qualidades específicas e que se manifesta de diferentes maneiras, segundo características históricas e sociais.
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A classificação etária da juventude serve apenas como um parâmetro social para o reconhecimento político da fase juvenil, servindo como uma referência imprescindível e genérica para a elaboração de políticas públicas. Em um entendimento mais amplo, ser jovem no Brasil contemporâneo é estar imerso - por opção ou por origem - em uma multiplicidade de identidades, posições e vivências. Daí a importância do reconhecimento da existência de diversas juventudes no país, compondo um complexo mosaico de experiências que precisam ser valorizadas no sentido de se promover os direitos dos/das jovens.
Uma paisagem musical
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Camilla Brito
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A Praia do Jacaré, conhecida por todos pelo seu famoso pôr-do-sol, localiza-se na cidade de Cabedelo, a 10 km da capital paraibana. É uma praia fluvial, às margens do rio Paraíba, com uma atividade turística que vem sendo intensificada ao longo dos anos. Com seus bares as margens do rio, artesanato local e área de lazer para crianças, o Jacaré se inclui na lista dos lugares mais procurados por turistas que visitam nosso estado.
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O Parque do Jacaré, também localizado na Praia, é um calçadão bem conservado e arborizado, com uma vista maravilhosa para o Rio Paraíba, de onde podemos contemplar o pôr-do-sol. Mosaicos com desenhos de animais marinhos completam o belo cenário.
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Uma atração que merece destaque especial é o saxofonista Jurandy do Sax. É ele quem executa diariamente, a partir das 17h, o famoso “Bolero de Ravel”, do músico francês Maurice Ravel. Jurandy encanta a todos com os acordes suaves do bolero em seu sax, enquanto os turistas, emocionados, contemplam um belíssimo pôr-do-sol e desfrutam de nossa culinária. Há cinco anos o saxofonista Jurandy faz esse trabalho: ele começa a tocar o bolero em um barco, em um ponto qualquer do rio, e vai percorrendo os bares até chegar ao bar Golfinho, onde ele desce e vai percorrendo o caminho entre as mesas até o palco, onde termina o último acorde da música concomitantemente ao último raio de sol.
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Mas nem sempre o bolero foi executado com tal tradição. Tudo começou há vinte anos atrás, com o casal de proprietários do Jacaré Bar. Eles assistiram ao filme “Retratos da Vida” e se reuniram com amigos em sua casa para ouvir a trilha sonora. Coincidentemente o Bolero de Ravel tocou na hora do pôr-do-sol. Eles acharam o fato interessante e passaram a tocar o Bolero em seu bar, que ficava aberto seis meses (durante o verão) e permanecia fechado no resto do ano. Daí vem à tradição a qual o músico Jurandy vem dando continuidade.
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Em dezembro de 2005, o músico completou 2.000 execuções do Bolero, sendo assim o artista que mais vezes executou a mesma música, e por esse motivo passou a integrar o Livro dos Recordes (Guiness Book). Enfim, pôr-do-sol, música, artesanato, bares e comidas típicas são algumas das atrações que podemos encontrar nesse lugar tão maravilhoso que é a Praia do Jacaré. Uma beleza natural, abençoada por Deus e pelos filhos da terra.


quarta-feira, 14 de maio de 2008

A nobre arte do maracatu
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Breno Castro Alves
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O primeiro elemento a ser vestido é o chocalho, quatro sinos de metal presos numa estrutura de um metro de madeira e, para não machucar o caboclo, recobertos com pelúcia e palha de bananeira, tudo pendurado nas costas. Pesa 15 kg. Por cima vai a gola, espécie de poncho grosso que ostenta algo como 30 mil lantejoulas multicoloridas e o mesmo número de miçangas em desenhos elaborados. Outros 5 kg.
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A cabeça traz um chapéu de palha modificado, ampliado com uma estrutura de arame e taboca (espécie de bambu). São mais 5 kg. Nas mãos está a vara ou lança, misto de arma e brinquedo, que mede entre 1,80 e 2,20 metros e carrega centenas de metros de retalho de fita amarrados. O toque final é o delicado cravo branco carregado entre os dentes, totalizando mais de 30 kg de fantasia. Acrescente-se a isso tudo os 30 e poucos graus Celsius do carnaval pernambucano e se pode ter uma medida da força de um caboclo de lança, figura símbolo do maracatu rural.
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Conhecido como maracatu de baque solto (ou de orquestra), essa manifestação popular de raízes híbridas ressignifica e funde elementos de origens diversas, como autos religiosos e a música de orquestra, com metais. Em relação a seu irmão, maracatu nação (ou de baque virado), não tem reis e rainhas, e os caboclos de lança são os que abrem espaço em meio à festa. Passa, desde o fim dos anos 90, por um período de valorização dentro da cultura pernambucana e brasileira. Hoje o caboclo de lança é um símbolo de seu estado, tão significativo quanto o dançarino de frevo e sua sombrinha.
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A prática vem da Zona da Mata Norte de Pernambuco, região intermediária entre o litoral úmido e o sertão seco, dominada desde o ciclo do açúcar pela monocultura da cana. A relação entre maracatu rural e cana-de-açúcar é visceral, quase a totalidade dos foliões trabalha em sua colheita ou nos engenhos e usinas.
As dinastias midiáticas
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Emir Sader

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Na imprensa brasileira mandam as dinastias estamentais. Os pais proprietários entregam a direção dos jornais, das revistas, das rádios e das televisões – das suas empresas – aos seus filhos, que repassam para os netos, perseverando todos no direito que se auto-atribuíram de decidir quem é e quem não é democrático, quem fala e quem não fala em nome da nação!
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Assim tem sido ao longo de toda a história da imprensa no Brasil. No momento mais decisivo da história do século XX, em 1964, essas dinastias pregaram e apoiaram o golpe militar, assim como a instalação de uma longa ditadura, que mudou decisivamente os rumos do nosso país. Enquanto os militares intervinham nos poderes Judiciário e Legislativo, enquanto suspendiam todas as garantias constitucionais, enquanto fechavam todos órgãos de imprensa que discordaram do golpe e da ditadura, enquanto a maior repressão da nossa história recente se abatia sobre milhares de brasileiros presos, torturados, exilados e mortos, enquanto isso, as dinastias da imprensa mercantil se calaram sobre a repressão e apoiaram o regime militar!
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Eram estes mesmos Mesquitas, Frias, Marinhos, Civitas, estes mesmos que transmitem por herança – como se fosse um bem privado – seu poder dinástico, transferindo-o para os seus filhos e netos. Os júlios, os otávios, os robertos, os victor, vão se sucedendo uns aos outros, a dinastia vai se perpetuando. Que se danem a democracia e o país, mas que se salvem as dinastias!
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Mas, hoje, elas estão vendo seu poder se esvaindo pelos dedos. Conta-se que um desses herdeiros, rodando em torno da mesa da reunião do conselho editorial, herdada do pai, esbravejava irado: “Onde foi que nós erramos? Onde erramos?”. Estava desesperado porque a operação “mensalão” não conseguiu derrubar Lula elegendo o tucano, da sua preferência.
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Se ele tivesse olhado os gráficos escondidos na sua sala, teria visto que, nos últimos dez anos, as tiragens dos jornais despencaram. A Folha de São Paulo, por exemplo, que é um dos de maior tiragem, perdeu em 10 anos, de 1997 a 2007, quase cinqüenta por cento dos seus leitores! Depois de quase ter atingido 600 mil leitores, vai fechar o ano de 2008 com menos de 300 mil! Uma queda ainda mais grave se considerarmos que, nesse período, houve crescimento demográfico, aumento do poder aquisitivo, maior interesse pela informação e elevação do índice de escolaridade dos brasileiros.
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As dinastias podem continuar a ter filhos, netos e bisnetos, mas é possível que já não dirijam jornais. Esta pode ser a última geração de jornalistas dinásticos que, talvez exatamente por isso, revelam diariamente o desespero da sua impotência, assumindo o mesmo papel que ocuparam nos anos prévios a 1964. É o mesmo desespero da direita diante da popularidade de um Getúlio e do governo Jango. Nos dois casos, só lhes restou apelar à intervenção das Forças Armadas e dos EUA, estes mesmos EUA que nunca fizeram autocrítica, nem desta nem de qualquer outra das suas intervenções contrárias à democracia da qual pretendem ser os arautos! Depois de terem pedido e apoiado o golpe militar, porque ainda acreditam que podem dizer quem é democrático e quem não é?
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(*) Emir Sader é sociólogo e professor da USP e da UERJ.
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FONTE: http://www.consciencia.net
Conferência define prioridades da juventude
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Cristiane Bonfanti

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Foram quatro dias de intensos debates, mesclando momentos de seriedade e pura descontração. A primeira Conferência Nacional de Juventude foi um marco no esforço, que une governo e sociedade civil para consolidar a política nacional de juventude e incluir, de forma permanente, o tema na agenda das políticas públicas. Ao final do encontro, foram apresentadas as 22 prioridades dos jovens brasileiros, representados no evento por mais de dois mil delegados eleitos nas etapas preparatórias, que envolveram mais de 400 mil pessoas em todo o Brasil. Para o secretário nacional de Juventude, Beto Cury, a Conferência foi um exemplo de mobilização e mostrou o interesse da juventude brasileira em participar da vida política do país.
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As 22 prioridades incluem os seguintes temas: Ensino Superior, Educação Profissional e Tecnológica, Educação Básica, Trabalho, Cultura, Sexualidade e Saúde, Meio Ambiente, Política e Participação, Tempo Livre e Lazer, Esporte, Segurança, Drogas, Comunicação e Inclusão Digital, Cidades, Família, Povos e Comunidades Tradicionais, Jovens Negros e Negras, Cidadania GLBT (diversidade sexual), Jovens Mulheres, Jovens com Deficiência, Fortalecimento Institucional da Política Nacional de Juventude e Juventude do Campo.
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Entre as sugestões voltadas para a cultura, os delegados sugeriram, com 453 votos, a criação, em todos os municípios, de espaços culturais públicos, com gestão compartilhada e financiamento direto do estado, que abriguem as mais diversas manifestações artísticas e culturais, possibilitando o aprendizado e apresentação das produções culturais dos jovens. Na área de esporte, com 520 votos, os participantes sugeriram a ampliação e qualificação dos programas e projetos, com criação de núcleos nas escolas, universidades e comunidades, democratizando o acesso.
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Sobre o eixo temático “Comunicação e Inclusão Digital” surgiram as seguintes propostas: (1) ampliar as concessões para rádios comunitárias, garantindo a democratização e desburocratização da comunicação, com prazo máximo de dois anos para legalização, além da criação de um órgão próprio para fiscalizar essas atividades; (2) ampliar oportunidades de capacitação e qualificação de professores e jovens para produção de projetos de comunicação e inclusão digital – com a participação dos jovens da periferia e suas respectivas comunidades – visando à produção, exibição e distribuição dos conteúdos audiovisuais feitos pela juventude; (3) pela manutenção do primeiro substitutivo do Dep. Jorge Bittar ao Projeto de Lei 29/2007, garantido o percentual mínimo de 10% para a produção independente em todos os canais.
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Os participantes foram divididos em 23 grupos de trabalho que discutiram as propostas e apresentaram as 22 prioridades para a Política Nacional de Juventude. Segundo o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira, essas prioridades representam a opinião de mais de 400 mil pessoas que participaram do processo, democraticamente construído com a participação de jovens de todo o país. “Espero que essas prioridades sirvam de referências para os governantes na elaboração de políticas públicas que possam efetivamente mudar e melhorar a qualidade de vida da juventude brasileira”.
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No último dia do evento, uma comissão de 60 jovens – organizada pelo Conselho Nacional de Juventude – foi à Câmara dos Deputados entregar um abaixo-assinado, com 1.800 assinaturas de delegados da Conferência, pela aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC 138), que insere o termo “Juventude” no texto da Constituição Federal, no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais. Isso vai facilitar, por exemplo, a aprovação de projetos como o Plano Nacional da Juventude (PL 4530/04), que estabelece um conjunto de metas relacionadas aos direitos dos jovens que o País deve cumprir. Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara Federal, se comprometeu em submeter a proposta a votação tão logo a pauta seja destravada.
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FONTE: http://www.juventude.gov.br

Seminário de Direito Humano à Comunicação
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Dias 16 e 17 de maio de 2008;
Local: Serviço Social da Indústria (Sesi);
Rua Telegrafista João Oscar, s/n, Centro / João Pessoa-PB.
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Inscrições via Internet. Basta enviar um e-mail para:
assessoria@amazona.org.br Ou inscrever-se pelo telefone: (83) 3241-6020. Taxa de inscrição: R$ 5,00 (cinco reais) a ser pago no dia do evento, durante o credenciamento dos participantes. O valor será revertido para atividades da Associação Brasileira de RádiosComunitárias (Abraço) na Paraíba.
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terça-feira, 13 de maio de 2008

A importância da universidade e do Mov. Estudantil
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Carla de Sant’Ana Brandão
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Considerando-se que a socialização dos indivíduos ocorre nos diversos domínios da sociedade, como a cultura, a religião e a tecnologia, o campo da política ocupa um lugar fundamental neste processo. A socialização política refere-se ao conjunto de experiências que contribuem particularmente para a formação da auto-imagem do indivíduo em relação ao sistema político e em relação às instituições da sociedade (Oppo,1986). Porém, é importante ressaltar, que a socialização não se restringe à um período específico da vida, pois trata-se de um processo inacabado e em contínuo desenvolvimento, restaurado em cada situação na qual o indivíduo participa (Camino,1996; Oppo, 1986; Rodriguez,1988).
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Até os anos 80, a perspectiva de maior destaque nos estudos da socialização política convergia seus estudos para a análise do modo pelos quais crianças e adolescentes assumiam suas atitudes políticas, concedendo grande ênfase aos agentes clássicos de socialização - família, igreja, escola, etc. (Berger e Luckmann,1961). No entanto, estudos mais recentes têm demonstrado que as informações políticas, obtidas através dos meios de comunicação e dos agentes clássicos, são interiorizadas distintamente, devido à pertença social de cada indivíduo (Camino e Da Costa, 1994).
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De acordo com Ferreira (1995), ainda que a família exerça certa influência nas decisões políticas dos jovens, durante as fases de adolescência e adulta o desenvolvimento do processo de socialização política é fortemente influenciado pela instituição escolar. É no interior desta instituição, nas relações com colegas e professores, que são construídos os conteúdos e atitudes políticas. Este resultado é fortemente evidenciado em seu estudo, realizado com estudantes secundaristas de escolas públicas e privadas do Rio Grande do Norte.
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Estudos acerca da participação social dos universitários da UFPB, realizados no período de 1988 a 1996, demonstram que alguns grupos são de suma importância para a formação política dos estudantes, destacando especialmente a importância da participação no movimento estudantil. (Da Costa, Torres, Burity e Camino, 1994). No entanto, sabe-se que os universitários participam de outros grupos e organizações formais e informais que contribuem no seu processo de socialização.
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Nesta perspectiva, tanto a identidade social dos indivíduos, construída pelo sentimento de pertença a grupos sociais, como as alternativas políticas, formadas pelos interesses dos diversos grupos sociais, são conseqüências das formas concretas que tomam as relações intergrupais no interior de uma determinada sociedade. Esta abordagem postula que a identidade social dos indivíduos e a representação sócio-política dos partidos, como percebidas pelos indivíduos, estão intimamente relacionadas e esta relação de participação do sujeito nas organizações da sociedade civil (Camino, 1996).
Em cartaz: nova 'Feirinha de Tambaú'
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A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) inaugurou neste sábado (10/05) a nova 'Feirinha de Tambaú', localizada na Praça Santo Antônio, no bairro do mesmo nome. O equipamento passou por um processo de reurbanização e será entregue à população com uma nova estrutura de boxes e área para a realização de shows e apresentações culturais.
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O secretário de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), Ivan Burity, entende que o projeto vai além da revitalização de um equipamento público da cidade. Na sua opinião, o espaço serve como uma verdadeira vitrine para o turismo. "A Feirinha estava entregue ao abandono. Agora ela se transformou em um aparelho turístico moderno, que vai fazer parte da convivência da comunidade e das pessoas que visitam João Pessoa", comentou.
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As obras tiveram início no mês de setembro de 2007. O projeto foi orçado em R$ 841 mil, recursos provenientes de um convênio firmado entre a Prefeitura de João Pessoa (PMJP) e o Banco do Brasil (BB), através do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável.
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Estrutura – A nova estrutura da Feirinha conta com 26 boxes destinados a alimentação, que terão mesas fixas em granito com cadeiras móveis. Nos boxes vão funcionar lanchonetes e pequenos restaurantes. A praça tem ainda uma ampla área de passeio, onde serão realizados shows e diversas apresentações artístico-culturais. Oito mudas de ipês amarelos foram plantadas no lugar, que também ganhou uma iluminação especial. O local tem agora banheiros públicos e uma casa de resíduos destinada ao armazenamento do lixo produzido pelos comerciantes e usuários, adotando o critério da coleta seletiva.
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Artesãos – Com a conclusão dos trabalhos na primeira parte da Feirinha, a PMJP iniciou há cerca de 10 dias a revitalização da vizinha Praça Vicente Trevas, destinada à comercialização de artesanato. O local ganhará 44 boxes de alvenaria, além de um novo tipo de piso e nova arborização. Por conta dos trabalhos no local, os comerciantes foram transferidos para o calçadão situado em frente ao mercado de peixes do bairro. A previsão é que as obras sejam concluídas em quatro meses.
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II Integração Cultural
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Priscila Lima
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A história dos povos africanos efetivamente faz parte da História do Brasil, assim como a história dos povos indígenas e a dos europeus. Na escola, aprendemos que os negros africanos foram trazidos ao Brasil pelos europeus para serem escravizados, através de muito sofrimento nos navios negreiros e senzalas. Após mais de 500 anos de História, o sistema educacional vigente ainda esquece de ensinar um conteúdo de suma importância para nós: a cultura afro-brasileira.
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Além de ajudar na formação da vida em nosso País, os africanos deixaram uma imensa riqueza cultural. Apesar da falha mencionada no parágrafo anterior, pode-se dizer que todos nós temos um pouco desta referência “afro” em nossa formação. Falamos, comemos, vestimos, cantamos, vivemos negritude. Quem nunca ouviu falar em capoeira, cuscuz, samba, candomblé? Tudo isso é herança afro!
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Com objetivo de propagar esta herança afro-brasileira, nos dias 25 e 26 de abril do corrente ano, foi realizada a “II Integração Cultural de Cruz das Armas”, uma promoção do coletivo cultural Pérola Negra, em parceria com o Centro de Referência da Juventude (CRJ) Ilma Suzete Gama e o Conselho Gestor da Praça Lauro Wanderley (Congeplaw). Durante o evento foram realizadas oficinas de dança e penteados afro, ocorridos no CRJ dos Funcionários I.
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Oficinas arte-educativas
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A oficina de Dança Afro, conduzida por Adélia Gomes, contou com a participação do grupo de percussão Pérola Negra e do ex-professor da UFPB, José Wagner. Quem participou dessa atividade tomou conhecimento da história das danças africanas e passou a saber quando e porque as tribos africanas dançavam.
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Na oficina de Dança de Rua, ministrada por Anderson Negrito – b-boy do grupo 1ª Fórmula Break Art’s Crew – os participantes aprenderam um pouco da filosofia Hip-Hop e alguns passos do Breakdance. Já na oficina de Penteados Afro, o público aprendeu a ser mais paciente. Calma, eu explico. Muita gente queria fazer, ou melhor, que fizessem os penteados em seus cabelos. E apesar de Suzane Soares e Rayza dos Santos (as oficineiras), serem bastante ágeis, eram muitas as pessoas a espera de “mudar o visual”. Eu que o diga!
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Enfim, a “II Integração Cultural de Cruz das Armas” foi muito proveitosa, tanto para os participantes que obtiveram novos conhecimentos, quanto para os ministrantes das oficinas, pois tiveram uma chance de passar adiante sua arte, valores e técnicas da cultura afro.
II Integração Cultural
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Ana Karla Ribeiro
Clóvis Felipe
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O evento organizado pelo coletivo cultural Pérola Negra, em parceria com o Centro de Referência da Juventude (CRJ) Ilma Suzete Gama e o Conselho Gestor da Praça Lauro Wanderley (Congeplaw), movimentou os Funcionários I nos dias 25 e 26 de abril. Oficinas, exibições de vídeos e apresentações culturais formaram a programação do evento, sempre com a participação de jovens moradores do bairro. A seguir, mais detalhes e os principais momentos desta celebração artística.
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Logo de início, o coletivo Pérola Negra fez a cabeça da galera ficar mais bonita, devido ao sucesso da oficina de Penteados Afro. Suzane Soares e Rayza dos Santos mostraram ao público como desenvolver esta técnica capilar e revelaram muita habilidade para fazer a moda afro acontecer.
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Grupos culturais
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O pessoal da capoeira Badauê realizou várias apresentações no CRJ e na Praça Lauro Wanderley durante o evento. O grupo formou-se há oito anos e é composto por 20 pessoas – dois mestres, um professor e 17 alunos. Os ensaios da equipe são realizados na comunidade Santo Agustinho. A capoeira era usada pelos escravos como forma de defesa, mas hoje representa um instrumento de resistência cultural-popular.
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Já o grupo Orin Axé – música alegre, em dialeto africano – possui um estilo “popular-afro” de ser, tocando músicas de origem africana que destacam as raízes negras, repletas de percussão e energia. O estilo chama-se Afoxé, ritmo que pode ou não reverenciar orixás – divindades da cultura negra. A banda, formada há quatro anos por jovens da cidade de Bayeux, trabalha apenas o lado cultural do Afoxé, realizando um resgate histórico da cultura negra.
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Outros grupos também marcaram presença, tais como: Afronordestinas (Hip-Hop); 1ª Fórmula Break Art’s Crew (Dança de Rua), composto por moradores dos Funcionários I – alunos e ex-alunos da oficina de Break do CRJ Ilma Suzete Gama; além da banda paraibana Vôti, que produz uma sonoridade bem interessante, misturando ritmos nordestinos com o Mangue Beat da Nação Zumbi (PE). Os integrantes tocaram antigos sucessos e sacudiram o público, encerrando a festa em grande estilo, chamando todo mundo para dançar em uma ciranda.


segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dica cultural: na TV
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MTV Debate
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Um programa que fala de assuntos sérios de forma descontraída. É assim que podemos definir esta atração da MTV Brasil (canal 32). Apresentado pelo irreverente e polêmico Lobão, o programa consegue estabelecer no "horário nobre" diálogos importantes e produtivos com os espectadores, inclusive com a participação direta através da Internet.
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A cada semana um tema atual e pertinente, geralmente de interesse da juventude, é discutido por profissionais e pesquisadores das mais diversas áreas. Portanto, vale a pena ficar ligado nas edições inéditas - toda segunda, às 22h - ou nas reprises: terças (02h) e sábados (12h). As edições anteriores estão disponíveis em podcasts no site da emissora (link abaixo).
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sábado, 10 de maio de 2008

Alcoolismo entre os jovens
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Bertrand Sousa
Gabriela Santos
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Nos últimos anos a presença do álcool na vida dos jovens têm sido constante. Alguns utilizam a bebida alcoólica - droga lícita em nosso País - para fantasiar suas vidas em determinados momentos ou como válvula de escape para problemas domésticos, escolares, afetivos, entre outros. Entretanto, na maioria dos casos, o motivo da ingestão é o simples fato da sua turma de amigos beber. Ou seja, um duplo erro passa a ser cometido. Observando de perto este dilema, chegamos a preocupante constatação que isso se tornou normal entre ajuventude: a banalização da bebida alcoólica.
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A maior parte destes jovens experimenta o álcool muito cedo, sem o conhecimento ou autorização dos pais ou responsáveis, que no atual estágio da sociedade deixam de perceber diversos fatos do cotidiano de seus filhos. Em muitos casos, os genitores só descobrem o problema "na última gota", quando o estrago foi feito e seus filhos tornaram-se dependentes.
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A bebida alcoólica é traiçoeira e pode deixar uma grande marca negativa em nossas vidas. Existem inúmeros relatos de pessoas que experimentaram o álcool na adolescência - ou até mesmodurante a infância - e tiveram suas vidas destruídas pelo vício. Para eles, o hábito de "tomar uma no fim de semana",definitivamente, não "desceu redondo".
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Outro grave problema associado ao consumo de bebidas alcoólicas: as mortes no trânsito. São cada vez mais constantes os acidentes envolvendo jovens bêbados ao volante, voltando para casa após festas com amigos, na certeza que nada poderia acontecer com eles. Contudo, as estatísticas oficiais dizem exatamente o contrário: são milhares de acidentes provocados pelo consumo de álcool no Brasil.
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Portanto, o uso indiscriminado e freqüente de bebidas alcoólicas no âmbito juvenil, adquiriu tamanha relevância que se tornou uma questão de saúde pública e de segurança do trânsito. Medidas urgentes e eficazes precisam ser colocadas em prática. A facilidade de aquisição desta droga pelos mais novos cidadãos - imposta por poderosas corporações nacionais e internacionais - deve ser melhor combatida, fiscalizada e punida.
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A mídia é outro setor que contribui decisivamente para o momento crítico que vivemos. Uma parte das quantias milionárias investidas em publicidade de bebidas, que incentivam diariamente os jovens a experimentarem diversas marcas "com moderação", poderia ser revertida para as vítimas desta tragédia social. Vale ressaltar que o primeiro gole pode ocasionar dependência, mas a primeira atitude corajosa das autoridades contra o álcool, pode gerar uma mudança de paradigma.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

As mídias convergem, se adaptam e sobrevivem
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Bianca Alighieri
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Quando a TV surgiu no Brasil, na década de 1950, anunciaram a provável morte do rádio e do cinema; com a chegada da internet, anunciou-se o possível fim dos jornais impressos. Ao final de tudo, todos sobreviveram. Por conta da televisão, o rádio abriu mão da radionovela e das notícias como foco principal; voltou-se para a música e sobreviveu. Nos dias atuais, ele retoma as notícias, com emissoras voltadas exclusivamente para isto, servindo de grande valia para os milhares de motoristas que estão parados no trânsito das grandes metrópoles, um nicho que não existia na década de 1950. A evolução mostra que há espaço para todos desde que cada um se adapte às mudanças que acompanham uma sociedade.
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Cada veículo com sua linguagem, ajustando-se do seu jeito ao novo mundo que surge, cativa um público novo ou atrai de volta um público que havia se distanciado. Sobre o assunto, Marília Scalzo (2006) escreve: "Daí a importância de observar os fenômenos sob uma perspectiva histórica e, no caso, perceber qual a verdadeira vocação de cada meio de comunicação... Cada meio encontrou seu próprio caminho".
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Quando os jornais diários passaram a oferecer aos seus leitores muito mais que textos factuais e incluíram entre suas páginas os suplementos especializados, esta atitude foi logo taxada de "revistalização", fortalecendo, assim, a principal característica do veículo revista: a segmentação. No Brasil, a "revistalização" surge em 1964 com "as primeiras coberturas especializadas, como a de economia, do Jornal do Brasil, e os primeiros exemplares do conhecido, hoje, como suplemento de "Turismo" no jornal Folha de S.Paulo" (CARVALHO, 2007).
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Mundo interativo
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O que os jornais fizeram foi adaptar-se utilizando características, até então exclusivas, de um veículo que dobrou, na virada do século, o número de exemplares vendidos anualmente. Se deu certo com as revistas, por que não daria com os diários? A absorção ainda inclui a linguagem e a estética visual, o que concedeu à informação "um aspecto mais profundo e mais permanente", conforme observa Alberto Dines (apud Carvalho, 2007).
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O diário, então, perde um pouco da sua característica efêmera com os suplementos e se torna mais atemporal. O que se observa a partir deste fenômeno é que nos dias atuais é difícil afirmar que determinada característica é exclusiva de um veículo. Se os jornais diários tiveram seu tempo de vida estendido para depois das 24 horas habituais, como acontece com as revistas, em pouco tempo os telejornais sairão das salas de nossas casas e nos acompanharão nos celulares, palmtops... Levar a informação para onde quiser já não é mais um privilégio de um veículo específico, é característica comum.
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Cada meio, devido ao seu formato possui suas características específicas, mas nada os impede de agregar as idéias um do outro. A televisão, por exemplo, nasceu com o entretenimento e absorveu a notícia do rádio. E mais, nos dias de hoje, os blocos de notícias rápidas no meio da programação televisiva diária são atividades comuns na mídia radiofônica, que tem por hábito colocar informações rápidas entre a programação musical – a TV não morreu por ter absorvido isso.
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Rasgue a primeira folha da revista que não tiver um website que complemente os assuntos abordados na versão impressa ou uma rádio que transmita ao vivo também da internet. A evolução e acesso à tecnologia e o aumento da informação da população fez da convergência de veículos um caminho normal da adaptação da comunicação. O mundo hoje é interativo e o que é exclusivo de um pode, através do processo evolutivo, se tornar comum para outro.
A natureza pede socorro
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Bertrand Sousa
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A luta em defesa do meio ambiente tem sido tema largamente divulgado nos últimos anos por governos, grupos ecológicos, técnicos e cidadãos comuns. Deste a conferência "Rio ECO-92" passamos a refletir com mais intensidade sobre as questões ecológicas. Apesar disso, percebemos que a cada dia a diversidade ambiental vai sendo destruída pelas mãos (e máquinas) do homem. Infelizmente, um verdadeiro oceano de atrocidades contra a natureza vem desenvolvendo-se ao longo do tempo.
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"Neste contexto, visando ampliar as discussões sobre os temas globais e as implicações locais, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com apoio de importantes instituições governamentais e privadas, está realizando a "Conferência da Terra: Fórum Internacional do Meio Ambiente" em João Pessoa, de 21 a 24 de maio de 2008. O evento reunirá dezenas de cientistas e centenas de participantes, proporcionando uma melhor compreensão dos fenômenos naturais e sociais, sugerindo alternativas limpas para reduzir seus efeitos no meio ambiente", explica o material publicitário do evento.
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Em última análise, todos nós somos responsáveis pela degradação ambiental, mas existem pessoas e organizações - muito poderosas, por sinal - que fazem isso de maneira criminosa. Exemplos não faltam: proprietários de madeireiras clandestinas, que estão destruindo as florestas; mineradores inescrupulosos, que poluem rios com mercúrio e outros metais pesados; grandes empresas petroquímicas, que despejam resíduos nos rios e mares devido a constantes "acidentes"; multinacionais gananciosas, que liberam gases tóxicos e poluem o ar, entre outros.
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Os motivos e justificativas apontadas para este massacre contra a natureza são absurdos e inaceitáveis! Coisas do tipo: quem é mais desenvolvido tem direito a poluir mais; não há progresso sem um pouco de poluição; o meio ambiente pode resistir; entre outros argumentos. Mas até quando? Até a última árvore ser derrubada, ou até a última espécie ser extinta? O ser humano precisa fazer algo para mudar este quadro de devastação urgentemente, dar um basta em tudo isso. Antes que seja tarde demais.
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Medidas como: promover campanhas de conscientização ambiental; debates entre autoridades responsáveis por orgãos de preservação e a sociedade organizada; protestos contra aqueles que fazem da poluição uma rotina; são formas de diminuir este problema tão grave, que ameaça a sobrevivência do Homo sapiens - no presente e futuro - em seu habitat natural.

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Aplicações práticas desta postura de defesa da natureza são uma realidade nos dias de hoje. Organizações Não-Governamentais como: Greenpeace, WWF, SOS Mata Atlântica, entre muitas outras, desempenham um papel fundamental nesta causa. Entretanto, ainda temos muito para fazer antes de chegarmos a uma condição ideal, aliando proteção do meio ambiente a resultados econômicos e sociais. Mãos a obra!

Rádio digital: como ficam as comunitárias?
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André Gardini
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Uma questão importante na discussão sobre a mudança para o padrão digital no sistema de radiodifusão do Brasil é a situação das emissoras comunitárias e, em geral, das pequenas. Se as coisas continuarem caminhando como estão, dificilmente as rádios comunitárias e as não comerciais, poderão se integrar à nova ordem tecnológica.
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Dois padrões podem ser escolhidos de acordo com os testes realizados: o norte-americano - In-Band On-Chanel (IBOC) - e o europeu - Digital Radio Mondiale (DRM). A Anatel, responsável pela autorização dos testes, afirma que os sistemas não concorrem entre si, apenas definirão qual modelo se aplica ao tipo de transmissão utilizada (ondas curtas ouondas médias).
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Magda Cunha, da PUC-RS, destaca que a escolha está vinculada ao histórico de exploração do sistema de radiodifusão no Brasil. Segundo afirma, não é preciso fazer novas licitações ou outorgas, pois não há modificações no espectro. "O modelo IBOC mantém o status atual das emissoras, além de preservar a base de ouvintes associada àquele dial", afirma.
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Álvaro Americano explica que é preciso ficar atento às oportunidades que surgirão com as novas tecnologias. Apesar de todas as dificuldade sencontradas pelo rádio para sobreviver, é através dele que acontece a grande frente de batalha pela democratização dos meios decomunicação no Brasil. Para ele, é através das rádios livres ecomunitárias, e não das comerciais, que uma pessoa ou uma comunidade pode utilizar um veículo de comunicação para se expressar livremente.
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Para a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) o padrão preferido é o IBOC. Segundo afirma Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Abert e diretor do Grupo Paranaense de Comunicação (GPP), o padrão norte-americano é o preferido das emissoras porque é compatível com o analógico. "O importante é não perder o horizonte de que no mundo em que vivemos, fortemente influenciado pelos meios de comunicação, a democratização desses meios é uma das condições para a verdadeira democratização da sociedade", finaliza Americano.
Políticas públicas para os jovens brasileiros
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No Brasil, a Constituição de 1988 e também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) expressam importantes lutas sociais e são importantes parâmetros para a elaboração de políticas públicas. A despeito da existência de um hiato entre o país legal e o país real, isto é entre a vigência das leis e sua aplicação prática, as políticas públicas e ações da sociedade civil direcionadas à proteção das crianças e de adolescentes "em conflito com a lei" têm se firmado em ritmo crescente nos últimos anos. Por outro lado, em um país formado por uma parcela bastante significativa de jovens com demandas específicas nas áreas do trabalho, da educação e da cultura, constata-se um vazio muito grande no tocante à legislação e a políticas públicas para juventude brasileira.
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Com efeito, no Brasil, a incorporação da juventude como tema específico de ação governamental, centrada na formulação de políticas públicas, é recente e pouco consolidada, ao contrário do que ocorre na maioria dos países europeus e mesmo em alguns vizinhos latino-americanos. Somente nos últimos anos, se iniciou em nosso país o debate público sobre quais são as principais questões que afetam os jovens, quais delas devem ser objeto de resolução por parte dos poderes públicos, que tipos de políticas e programas devem ser estruturados e de que modo os diferentes atores, juvenis ou não, que se mobilizam em torno do tema, podem participar destas formulações e definições.
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Projetos e programas, governamentais e não governamentais, podem contribuir para a supressão de certas marcas da exclusão através do aumento da escolaridade, da capacitação profissional, da consciência étnica, de gênero, de pertencimento local comunitário. Através deles, uma parcela dos jovens constrói novas maneiras de sociabilidade e produzem integração societária que resultam em determinadas modalidades de inclusão.
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Neste contexto, surge o potencial criativo ligado à produção cultural: os grupos musicais, rappers, rádios comunitárias, guias de turismo presentes em diferentes regiões do país e incentivados pelos Projetos. Foi inicialmente entre organizações e entidades da sociedade civil que se esboçou uma nova percepção da cultura como forma de expressão de múltiplas identidades juvenis. O momento atual é de diálogo e avaliação da experiência acumulada para transformar programas e projetos em políticas públicas nacionais. Isto é, garantir não só sua continuidade - tão rara nos dias de hoje - quanto uma abrangência que contemple a diversidade dos diferentes segmentos juvenis.
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O desafio é buscar a universalização de acessos à educação, ao trabalho e à cultura e lidar com a diversidade - de gênero, raça, local de moradia, opção sexual, religião - sem cair na fragmentação. Por um lado, o objetivo seria implantar mecanismos de transferência de renda, acesso à educação de qualidade, mecanismos que facilitem acesso ao mercado de trabalho, capacitação e apoio para diversas novas ocupações de geração de renda. Por outro, criar condições materiais e simbólicas para a construção dos espaços públicos com atividades que respeitem as diferenças e favoreçam a construção de laços identitários e afetivos.
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Para tanto, é preciso começar por um extensivo trabalho de coleta, identificação, mapeamento, sistematização e análise. Só com base em tais estudos e pesquisas as discussões poderão se aprofundar até atingir um novo patamar de compreensão e alcance para as propostas. Os debates a serem realizados nesse processo devem ser os mais amplos, contemplando distintas posições, diferenças e divergências, e mobilizando o maior número de atores comprometidos com uma visão democrática da sociedade brasileira